“Guardiões da Galáxia”: Sob o domínio do riso • B9

“Guardiões da Galáxia”: Sob o domínio do riso

Novo filme da Marvel arrisca com o roteiro mais galhofa do estúdio e emenda piadas em meio a uma montanha-russa de ação e aventura. Resultado? Sucesso instantâneo

por Fábio M. Barreto
Capa - “Guardiões da Galáxia”: Sob o domínio do riso

A estreia de “Guardiões da Galáxia” (Guardians of the Galaxy), dirigido por James Gunn (roteirista do remake de “Madrugada dos Mortos”), expõe alguns sintomas tanto do comportamento social atual quanto da mentalidade dos estúdios. A primeira delas é clara: o pessoal quer dar risada. Pura e simplesmente.

A segunda é o alinhamento cada vez mais aperfeiçoado da linguagem multimídia dos quadrinhos encontrando uma voz maior, e mais efetiva, no cinema. A última delas diz muito sobre a Marvel Studios: eles inventaram a receita do blockbuster perfeito e colocaram algum código secreto nela que ninguém consegue copiar.

E essa é uma das realidades mercadológicas modernas mais interessantes, pois ver uma narrativa semeada pela Marvel no começo da década de 1970 (onde “Star Wars” também tem suas raízes) aparecer no cinema com uma mescla efetiva de humor, saudosismo, cinismo, tecnologia e esperança é uma grata surpresa e reflexo da habilidade da Marvel Studios de saber entreter a audiência moderna.

O diretor James Gunn

O diretor James Gunn

Guardian Of The Galaxy

Na maioria composta por jovens, essa plateia tem, cada vez mais, vivido à base do humor do YouTube, dos memes, das piadas de ocasião e da diversão que isso gera. Ou seja, querem ser entretidos. Nada errado nisso. E a Marvel sabe. Entretanto, dessa vez, eles não repetiram o erro com a superficialidade dos fogos de artifício de “Homem de Ferro 3” e apostaram em outro elemento comum entre esse público: o sentimento de rejeição. E todo mundo adora uma história de superação, não é mesmo?

Tudo isso poderia ter gerado uma história piegas e desinteressante, mas a mistura de efeitos especiais, trilha sonora fabulosa (disparada, a melhor coisa da obra, que, inclusive é utilizada com valor narrativo bem interessante, com Marvin Gaye, Bowie e até The Runnaways) e elementos inusitados criam algo inegavelmente divertido, claro, se você gosta de batalhas espaciais, música velha, galhofa declarada e situações non-sense.

Sério, as reuniões criativas desse filme devem ter sido as coisas mais alucinadas que um filme de quadrinhos já fez. Ele vai na contramão total da Christopher Nolanização do gênero ao não se levar a sério. StarLord, o líder dos “Guardiões da Galáxia”, em intepretação sólida de Chris Pratt, é o suprassumo da tosquice e dos problemas afetivos (Han Solo aos 15 anos de idade pode ser uma boa comparação).

Ele simboliza tudo isso e a cena de créditos iniciais é emblemática. Bom, o filme tem um guaxinim falante (Bradley Cooper, em momento inspirado). Dá para levar a sério? Claro que não! Especialmente quando Groot (voz de Vin Diesel), uma versão vegetal de Hodor, resolve ser expressiva, ou prestativa, de formas bem não-convencionais.

Elenco no set

Elenco no set

“Guardiões da Galáxia” é superior a “Os Vingadores”, pois não precisa lidar com a carga dramática e os conflitos dos heróis mais famosos

O roteiro reflete cada um desses elementos e não se contém, chegando até a arriscar cruzar algumas barreiras a lá Monty Python, sem a mesma qualidade, claro, mas no mesmo espírito irresponsável. John C. Riley, por exemplo, tem um dos diálogos mais surreais de todos os filmes da Marvel até agora! Mas, é preciso dizer, não passa disso. A diversão é bem pensada, se encaixa na trama e motiva os personagens.

Há uma identidade clara aqui e ela é construída rapidamente em cena. Mas o cerne da narrativa é a família, ou a ausência dela, e o clássico tema de um escolhido para algo grandioso e salvar a galáxia, as baleias e as fitas cassete! Nada demais, tampouco transformador. Mas serve a um propósito e, pelo aspecto do estúdio, faz exatamente o que se propõe. Entretém e faz valer o investimento no ingresso.

Nesse aspecto, “Guardiões da Galáxia” é superior a “Os Vingadores”, pois não precisa lidar com toda a carga dramática e os conflitos embutidos nos heróis mais famosos. É praticamente um Star Wars se George Lucas tivesse senso de humor. E, por consequência, deve muito a Joss Whedon, tanto pela construção do formato em Vingadores quanto pelo aprimoramento desse humor sarcástico em “Firefly”.

Entretanto, Whedon era mais profundo e “Firefly” servia tanto como plataforma crítica quando reflexo social. “Guardiões da Galáxia” passa longe disso e talvez seja sua maior falha: depender única e exclusivamente da comédia.

Guardians of The Galaxy
A Marvel Studio entendeu muito bem seu lugar na cadeia evolutiva: nivelar o entretenimento e permitir que qualquer um se divirta

Tire o humor e o que sobra? Um bando de rejeitados tentando fazer algo de bom. Grandes clássicos foram feitos nessa premissa (“Os Sete Samurais”, por exemplo), mas sempre permitiram espaço para a contemplação. “Guardiões da Galáxia” não tem esse luxo. Ele não para. A alopração também não. E assim o filme se desenvolve, com direito a problemas gritantes de edição.

O correto seria questionar se há algum plano da Marvel para garantir relevância e profundidade em mais filmes, como fez com “Capitão América 2: O Soldado Invernal”, por exemplo. Mas eles parecem compreender muito bem seu lugar na cadeia evolutiva: nivelar o entretenimento e permitir que qualquer um se divirta. De qualquer forma, o cinema mais cabeça sempre encontra um modo de existir, vide o sucesso on demand “Snowpiercer”, que consegui ver no cinema (foi exibido em 8 – oito! – salas nos Estados Unidos) e podemos curtir as duas coisas.

Fato é que a Marvel Studios conseguiu um verdadeiro milagre: pegou uma propriedade desconhecida e a transformou num fenômeno em potencial. Algo que parece ter sido concebido para chegar aos cinemas e surpreender todo mundo. A continuação já está mais que garantida, alias, é a primeira vez que vejo um fim de filme dizer, em letras garrafais, “Vamos Voltar!”.

É a vitória do formato sobre o conteúdo.

————–
Fábio M. Barreto é escritor, jornalista e também quer salvar a Galáxia! Autor do romance “Filhos do Fim do Mundo” e do conto “O Céu de Lilly” (disponível na Amazon).

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