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Ação inventiva de “Kingsman: Serviço Secreto” é prejudicada pela falta de foco

Com referências aos espiões do passado, diretor Mathew Vaughn articula visão própria do gênero

por Virgílio Souza

⚠ AVISO: Contém spoilers

Em vários momentos, “Kingsman: Serviço Secreto” faz referência direta aos filmes de espionagem “do passado”, como ele mesmo se refere, buscando se distanciar de seus pares recentes, que supostamente se levam muito a sério, e se definir como um exemplar atualizado e ainda mais absurdo dos episódios da franquia 007 estrelados por Roger Moore entre os anos setenta e oitenta – um exercício que, entre erros e acertos e maior ou menor inventividade, já se estende por mais de 50 anos.

Com estética cartunesca, Mathew Vaughn repete sua predileção por violência gráfica e estilizada

Este distanciamento parece evidente e bem solidificado: o filme não possui nem sombra do cinismo com que, ao menos no âmbito do mainstream, a temática tem sido tratada nas últimas duas ou três décadas. Ele carrega consigo, porém, os aspectos mais problemáticos das obras a que remete, dentre eles uma misoginia que há tempos não possui mais lugar, e acaba se estabelecendo aos trancos e barrancos como uma obra irreverente, mas que jamais alcança o equilíbrio conseguido, em certa medida, pelos James Bond daquela época, que culminam em “007 Contra Octopussy”.

Há uma sequência em especial em que vilão e herói discutem seus sonhos de infância e, por tabela, seus próprios papéis na história, explicitando ainda mais essas referências. Valentine (Samuel L. Jackson) afirma que seu maior desejo era se tornar um espião elegante, um verdadeiro gentleman, ao que Harry Hart (Colin Firth) responde dizendo que o melhor daqueles filmes eram os arqui-inimigos, principalmente os “megalomaníacos futuristas”. O desenrolar e a conclusão da cena (“É uma pena que ambos tivemos que crescer”) dá indícios de como o gênero será explorado.

Mathew Vaughn no set, entre Colin Firth e Samuel L. Jackson

Mathew Vaughn no set, entre Colin Firth e Samuel L. Jackson

Kingsman

A forma como o diretor Mathew Vaughn articula referências e uma visão própria se assemelha tanto a seus trabalhos anteriores, sobretudo “Kick-Ass: Quebrando Tudo”, quanto a algumas obras de seu colega Guy Ritchie, em particular quando se pensa no caráter tipicamente britânico de “Kingsman”. Traços marcantes como o gosto pela violência gráfica e estilizada que não desvia o olhar, a transposição da estética cartunesca das histórias quadrinhos em que se baseia (aqui, escritas por Mark Millar e Dave Gibbons, especialistas na categoria), a trilha a serviço daquela atmosfera agitada e nostálgica, mesmo que cafona, e a utilização de recursos contrastantes como o slow motion e a movimentação acelerada da câmera na construção de uma ação frenética e intensa se fazem presentes com competência.

O roteiro, escrito pelo próprio Vaughn ao lado de Jane Goldman, parte de uma premissa simples e eficiente: Valentine (Samuel L. Jackson) quer destruir parte da raça humana, o espião Harry Hart (Colin Firth) precisa impedir que seu plano se concretize e Eggsy (Taron Egerton) é o pupilo escolhido para a função. A sintonia entre Egerton e Firth é um dos grandes trunfos do filme. O garoto talvez seja o elo mais sutil de toda a narrativa, capaz de sinalizar sem maiores escândalos sua evolução e seu ganho de centralidade na trama, ainda que seu arco não passe muito além de uma história de origens conturbadas. Ele é órfão de pai, desperdiça sua inteligência com drogas e pequenos crimes, tem padrasto abusivo, uma família sem recursos e deve ser adaptar a um universo completamente diferente do seu – e o faz com relativa tranquilidade, mostrando-se gradualmente mais confortável ao percorrer este caminho.

Firth, por sua vez, é capaz de manter a seriedade de um aristocrata mesmo nos segmentos mais abertamente ridículos da trama, como quando explica o porquê de ter um cachorro empalhado na sala de casa. Sua habilidade nas sequências de combate é também digna de nota, principalmente pela forma como as mesmas são coreografadas e montadas – ora com cortes rápidos, ora alongando sua duração para explorar o espaço, mesmo que em uma demonstração de puro exibicionismo visual.

Kingsman

Existe um problema com a veia cômica que Vaughn tenta assumir e que peca não apenas pela falta de timing, mas também por distrair o filme do confronto físico

A dupla funciona, separadamente, nas sequências de ação e, conjuntamente, durante o treinamento e em interações pontuais. Existe um problema, porém, com a veia cômica que Vaughn tenta assumir e que peca não apenas pela falta de timing, mas também por distrair o filme do confronto físico, seu aspecto mais positivo. Ainda, os momentos de maior intensidade sofrem na disputa por espaço com toda a discussão relacionada ao plano do supervilão – controle populacional, implantação de chips, cabeças virando fumaça, sequestro de políticos e princesas etc. É como se o filme, bem sucedido ao se apropriar de uma estética de videogame, inclusive optando pela primeira pessoa em certos trechos, preferisse por vezes perder tempo em momentos desinteressantes que o espectador de cinema não tem a opção de saltar.

Nesse sentido, aquilo que, graças ao apelo imagético de Vaughn, parece ser a celebração visual e sonora do completo caos esbarra em uma série de elementos que impedem o filme de se assumir por completo como tal. Preocupado com questões paralelas e não simplesmente com colocar os personagens em movimento, “Kingsman” sofre até mesmo durante o ato final, quando se divide em diversos espaços sendo que apenas um deles é verdadeiramente envolvente. A desordem visualmente interessante acaba brigando por espaço com – e muitas vezes perdendo de – aspectos que tornam o longa tudo o que ele, por princípio, não poderia ser: cansativo e carente de foco.

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