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Refilmagem de “Poltergeist” é competente, mas apenas mais do mesmo

Remake tenta atualizar tecnologicamente o clássico de Steven Spielberg e Tobe Hooper

por Virgílio Souza

“Poltergeist: O Fenômeno” é uma produção de terror bastante eficiente, que opera dentro de padrões muito convencionais do gênero e que sofre mais pelo vínculo com o cultuado longa de mesmo nome realizado nos anos 1980 do que por suas próprias falhas de condução. O filme até consegue se esquivar de comparações imediatas com a obra de Steven Spielberg e Tobe Hooper através de saídas interessantes e mudanças pontuais de enfoque, mas revela suas limitações justamente por ser um produto invariavelmente derivativo.

Na trama, os Bowen (Rosemarie DeWitt e Sam Rockwell) se mudam para uma casa em uma vizinhança menos requintada com seus três filhos, Kendra (Saxon Sharbino), Griffin (Kyle Catlett) e Madison (Kennedi Clements), e passam a sofrer com espíritos de um antigo cemitério sobre o qual aquele condomínio havia sido construído. Fugindo do estereótipo de “família perfeita que tem sua felicidade abalada por elementos externos”, sobretudo no ato introdutório, quando o terror ainda é um aspecto apenas insinuado, o roteiro de David Lindsay-Abaire não hesita nem demora em introduzir elementos de tensão e instabilidade.

Eric, o patriarca, perdeu o emprego e agora busca manter a promessa feita à esposa, Amy — ele sustentaria a casa para que ela pudesse escrever um livro, após anos dedicados a cuidar das crianças. A temática da frustração é uma constante importante: ele não consegue um emprego, a mãe tenta finalmente concretizar seu sonho profissional, e a filha mais velha, adolescente, se incomoda com o novo bairro e a nova casa. O diretor Gil Kenan é hábil ao apresentar esses traços dos personagens e as relações entre eles: seu trabalho com a câmera é dinâmico, muitas vezes optando por revelar cenários e interações através de movimentos, não de cortes.

O diretor Gil Kenan (à esquerda) e o produtor Sam Raimi

O diretor Gil Kenan (à esquerda) e o produtor Sam Raimi

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É também por meio deste recurso que o elemento do medo se insere na narrativa. O filho é retratado de maneira mais próxima do que as irmãs, em planos fechados, e frequentemente acompanhado enquanto caminha, sempre temerosamente, por aquele ambiente ainda desconhecido. Ele é o explorador, a figura responsável por alertar sobre os eventos paranormais e também o principal atingido por eles. Ainda que o desenrolar da trama se dê diretamente através da caçula, é Grifin o mediador desses acontecimentos para os pais e espectadores. Os sustos a que ele é submetido dão o tom para todo o filme, crescendo em intensidade desde a diversão inocente com uma maçaneta magnetizada até a derradeira tentativa de abdução pelos espíritos, passando pelas aparições inspiradas de palhaços mal-assombrados. De modo similar, suas falas pontuam cada uma das viradas de roteiro, como quando faz um apelo explícito à equipe de especialistas logo na primeira visita a eles, acompanhado pela mãe.

O foco no pai e no garoto é indicativo de outra marca desta refilmagem capaz de diferenciá-la do original: uma ideia de masculinidade relacionada a crises de frustração e medo. Eric, interpretado com competência por Rockwell, representa a primeira entre a leveza e a angústia, ao passo que Griffin, se aproximando da adolescência, carrega o peso de não se render aos temores infantis e se portar como um exemplo para a irmã mais nova. Até mesmo o especialista Carrigan Burke (Jared Harris) se encaixa na categoria em função de sua relação com a Dra. Powell (Jane Adams), muito embora sua presença — espécie de substituição a Tangina (Zelda Rubinstein), do filme original — seja pouco satisfatória.

O trabalho com a câmera é dinâmico, muitas vezes optando por revelar cenários e interações através de movimentos, não de cortes

No que diz respeito à forma como “Poltergeist: O Fenômeno” trabalha os elementos basilares do gênero — e, mais especificamente, do subgênero “casa mal-assombrada” —, fica evidente uma tentativa de atualização temporal em termos tecnológicos. A apresentação da nova moradia dos Bowen por uma corretora de imóveis, carregada de informações sobre a modernidade do local, todo conectado por redes de segurança e sistemas de som, é sinal disso, e ainda há espaço para outra dezena de itens do tipo, que, possuídos pelos espíritos em uma sequência-chave, compõe uma orquestra bastante interessante.

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É curioso, porém, que um filme tão localizado no tempo do ponto de vista da tecnologia se saia melhor nos momentos em que depende menos de efeitos visuais carregados, marcas muito próprias do terror recente. Kenan se sai melhor na preparação do suspense, recorrendo a planos mais longos e tensão crescente, do que nos momentos de choque, os quais surgem mais investidos de computação gráfica, em especial durante a segunda metade da projeção.

Diretor se sai melhor na preparação do suspense, recorrendo a planos mais longos e tensão crescente, do que nos momentos de choque

Nesse sentido, o principal mérito do filme reside nos trechos em que a presença dos espíritos é insinuada, quando o diretor pacientemente faz com que seus personagens percorram os espaços enquanto manipula sons e luz para construir suspense. Exemplo disto é o segmento em que os pais se ausentam para um jantar e os filhos ocupam cômodos diferentes da casa, o que dá contornos distintos aos três momentos tanto pelos barulhos particulares de cada um deles quanto pelo modo como os espíritos agem sob cada circunstância. Este aspecto do trabalho de Kenan parece aproximar o filme mais de seu longa anterior, a animação “A Casa Monstro”, do que do primeiro Poltergeist — um distanciamento do original que, se feito mais constante ao longo da refilmagem, aliando a premissa e o tom preexistentes à criatividade do cineasta para explorar o gênero, traria somente benefícios.

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