“Terremoto”: The Rock e bons efeitos visuais não sustentam mais um filme-desastre • B9

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“Terremoto”: The Rock e bons efeitos visuais não sustentam mais um filme-desastre

Estrutura irregular e trabalho problemático do diretor Brad Peyton produzem um filme errático que não encontra bem seu formato até o ato final

por Virgílio Souza

⚠ AVISO: Contém spoilers menores

“Terremoto – A Falha de San Andreas” é uma experiência irregular e frustrante por não se entregar completamente a sua principal característica: ser um filme em formato de videogame. Girando em torno da cessão da falha de San Andreas, na Califórnia, responsável por causar um abalo sem precedentes de magnitude 9.6 na escala Richter, o longa nunca se entrega a sua premissa de caos completo, acaba se desviando para elementos paralelos que o tornam um confuso monstro de várias cabeças e prejudicam a imersão por completo na experiência.

A trama é extremamente simples, mas sofre por uma tentativa clara de relacionar as histórias de Ray (Dwayne Johnson), um exímio piloto de helicópteros de busca e resgate recém-divorciado de Emma (Carla Gugino), e Lawrence (Paul Giamatti), um sismólogo capaz de prever os trágicos acontecimentos e alertar a população do desastre iminente. A união entre duas esferas tão distintas, ainda que relativamente próximas, ocorre de modo explícito pela presença de uma repórter (Archie Panjabi) que acompanha ambos os personagens no desempenho de suas funções e insiste em se repetir por toda a projeção.

Por mais que a participação inicial do cientista seja útil para estabelecer a premissa e os riscos envolvidos, seu pano de fundo e seus conflitos pessoais, que envolvem a perda de um colega de trabalho, Dr. Kim (Will Yun Lee), nada têm a oferecer. Ainda, as seguidas interrupções da ação para que novas explicações a respeito do fenômeno — na televisão e em seu centro de pesquisas na Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia) — soam desnecessárias, evitando que a trama se desenrole com naturalidade mais do que dimensionando a seriedade dos eventos — uma vez dito que se trata do maior terremoto da história, pouco (ou nada) precisaria ser repetido para que o espectador compreenda a gravidade da situação.

O diretor Brad Peyton, à esquerda, no set com Art Parkinson e Alexandra Daddario

O diretor Brad Peyton, à esquerda, no set com Art Parkinson e Alexandra Daddario

Terremoto

Piora a avaliação perceber que, a despeito dos esforços, “Terremoto – A Falha de San Andreas” é incapaz de construir um senso de consequência que resista a suas quase duas horas de acontecimentos. Exceção feita à sequência inicial, quando Ray tenta salvar a vítima de um acidente automobilístico e os riscos são não apenas claros, mas também muito bem definidos, a catástrofe aumenta de proporção sem que as figuras em cena pareçam impactadas por ela em um nível além do meramente físico. Personagens secundários desaparecem, sofrem acidentes e até morrem enquanto o mundo ao redor deles entra em colapso, mas o isolamento em que o protagonista se encontra é tamanho que nada parece afetar seu único objetivo, pessoal e intransferível: salvar a própria filha, Blake (Alexandra Daddario).

O foco quase exclusivo na relação com a garota poderia ter seu potencial desenvolvido não fosse ela, no limite, apenas isso: um objetivo. Deve-se reconhecer o esforço do roteiro de Carlton Cuse (baseado na história de Andre Fabrizio e Jeremy Passmore) em construir uma personagem feminina forte. Blake não se porta como a típica mocinha indefesa e demonstra habilidades que a tornam capaz de, em meio a uma atmosfera caótica, cuidar de dois outros personagens dependentes dela — o interesse amoroso, Ben (Hugo Johnstone-Burt), e seu irmão mais novo, Ollie (Art Parkinson), pouco notáveis.

A companhia dos dois na luta da jovem pela sobrevivência, porém, parece servir apenas para que a personagem explique sua confiança em Ray, ao passo que sua aparente autonomia é mais um artifício para demonstrar suas semelhanças com o pai e o respeito que possui por ele do que um traço genuíno de sua personalidade independente. Além disso, a condição da garota faz com que ela funcione como espécie de acessório do roteiro para que seus pais se unam, forçando uma nova subtrama de romance.

Terremoto

De certo modo, no entanto, a reaproximação de Ray e Emma permite que o filme explore o melhor aspecto de The Rock: suas one-liners, curtíssimas frases de efeito que existem ora como piadas (como quando ele aterrisa em um campo de beisebol), ora para pontuar suas ações de forma dramática e um tanto cafona (como no momento em que ele salva um grupo de um desabamento). Vale notar também que o ator, embora protagonista absoluto, divide espaço e atenção com os demais personagens inclusive em sequências de maior exigência física, permitindo que seus momentos de explosão ganhem em relevância — algo que, após anos de instabilidade e alguns fracassos em sua carreira, a franquia “Velozes e Furiosos” pareceu compreender bem.

“Terremoto” é incapaz de construir um senso de consequência que resista a suas quase duas horas de acontecimentos

A regularidade das aparições de Johnson colabora para que o filme estabeleça a já citada lógica de antigos jogos virtuais de ação e aventura — há trechos em que a inclusão de uma barrinha de energia no topo da tela não seria estranha. Como uma figura interessante de se acompanhar, Ray enfrenta e supera fase após fase, utiliza armas e veículos distintos, se envolve em vários diálogos explicativos e se encontra imerso em um trilha sonora voltada para a manutenção de um ritmo constantemente alucinante (composta por Andrew Lockington, acostumado a produções de tom semelhante), mas que por vezes é interrompido de forma abrupta em prol de outros elementos.

Distrações deste tipo, contudo, impedem que “Terremoto – A Falha de San Andreas” mantenha seu dinamismo. Frutos de uma estrutura irregular e do trabalho problemático de Brad Peyton, um diretor que demonstra pouco controle sobre movimento e dimensão espacial, tais desvios de curso produzem um filme errático que não encontra bem seu formato até o ato final. Sem assumir e confiar plenamente em seu caráter frenético, sobretudo em meados da trama, o longa investe em segmentos que mais parecem um misto de survival movie e drama familiar, mas o que poderia vir a ser uma virada poderosa de roteiro — suportada pelos eficientes efeitos visuais — acaba dando a impressão de que falta foco e tudo aquilo está deslocado de seu principal interesse: uma catástrofe de proporções megalomaníacas centrada em um protagonista carismático.

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