“Dois Caras Legais”: Nova comédia old school de Shane Black tem elenco afiado e ótimo texto • B9

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“Dois Caras Legais”: Nova comédia old school de Shane Black tem elenco afiado e ótimo texto

Em retorno do diretor à comédia de ação, gênero que ajudou a redefinir nos anos 1980 e 1990, destaques são Ryan Gosling e a jovem Angourie Rice

por Virgílio Souza

⚠️ AVISO: Pode conter spoilers

Shane Black é uma das figuras mais importantes na história do cinema de ação americano. O esquema buddy cop, que consiste em uma dupla de homens superando radicais diferenças de personalidade para resolver situações complicadas, é central na maior parte de seus trabalhos como roteirista e/ou diretor. Em “Maquina Mortífera”, um policial veterano se junta a um jovem suicida; no subestimado “O Último Boy Scout”, um detetive cínico e um ex-jogador de futebol americano formam um inusitado par; e em “Beijos e Tiros”, o caso une os destinos de um ator/bandido, um investigador e uma atriz iniciante.

Sob muitos aspectos, “Dois Caras Legais”, escrito ao lado de Anthony Bagarozzi, é uma continuação natural para essa trajetória. O que diferencia o exemplar mais recente dos anteriores é a maneira como o cineasta encara seu material. Aqui, a tentativa de reinventar seguidas vezes o modelo que ele mesmo havia consagrado dá lugar à reunião de uma porção de elementos convencionais desse tipo de ação, em tom de pastiche e forma de colagem.

Shane Black com Ryan Goslin e Russel Crowe no set

Shane Black com Ryan Goslin e Russel Crowe no set

Dois Caras Legais

A atmosfera, fundamental para a empreitada de Black, começa a ser construída logo nos primeiros segundos de projeção. Ao som de “Papa Was a Rolling Stone”, dos Temptations, o antigo logo da Warner (assinada por Saul Bass) surge, antecedendo a paisagem noturna de uma Los Angeles setentista que acompanhará o restante dos créditos.

As três cenas seguintes nos levam diretamente ao que interessa: o mistério e os protagonistas. Ao menos nesse caso, primeiras impressões são precisas. Jackson Healey (Russell Crowe) nos é apresentado dando um soco em um homem que seduzia garotas adolescentes. Cheio de sensibilidade, conclui seu variado monólogo dizendo que “Casamento é como comprar um apartamento para alguém que você odeia”. Holland March (Ryan Gosling), por sua vez, aparece logo na primeira ocasião tentando sair de uma banheira vestindo terno e gravata, ao mesmo tempo bêbado e enfrentando uma ressaca.

É o desaparecimento de Amelia (Margaret Qualley) que faz com que o investigador bruto “que não está nas páginas amarelas” se una ao “pior detetive do mundo”. O sumiço, que pode estar por trás de uma grande conspiração envolvendo a indústria pornô e segmentos do governo, impulsiona a trama, e a ação segue adiante quando vão se revelando as pistas seguintes, a maior parte delas sustentada em coincidências inacreditáveis.

Dois Caras Legais

Parece evidente que Black, mais do que em qualquer outro de seus filmes, aposta no ritmo intenso para fazer comédia e ação funcionarem em conjunto. Em “Dois Caras Legais”, as piadas são ditas com a mesma agilidade com que as balas são disparadas, e o aspecto físico não se resume às lutas e perseguições, uma vez que o humor também depende de quedas e outros acidentes, como aquele envolvendo March em uma festa, que produz uma das sequências mais engraçadas do ano.

Shane Black, mais do que em qualquer outro de seus filmes, aposta no ritmo intenso para fazer comédia e ação funcionarem em conjunto

Crowe e Gosling se aproveitam bem do material, de acordo com suas habilidades. O primeiro investe na postura robusta e consideravelmente mais séria que a do parceiro, se comportando como o bad cop responsável por manter a credibilidade da missão. Ainda, é dele a maior parte das sequências de combate, que inevitavelmente contém elementos fortes de comédia graças à habilidade do roteiro em desenvolver a ação nas circunstâncias mais curiosas — e de fazer brotar humor em momentos impensáveis.

O segundo investigador, um tanto mais medroso e despreparado, recorre a tiradas e respostas passivo-agressivas para enfrentar o colega, mas faz rir, sobretudo, quando se mostra completamente vulnerável e desligado da realidade. A histeria diante de uma abelha, as comparações entre os vilões e Hitler, as anotações que faz sobre cinema pornô, e a crença infantil na inocência de uma assassina declarada são alguns dos ótimos exemplos dessa característica.

Dois Caras Legais

Quem melhor se adapta ao estilo do diretor é a jovem Angourie Rice, no papel de Holly, filha adolescente de March

Juntos, os dois até ensaiam movimentos combinados (um prepara o golpe, outro o efetua), mas não são páreo para a excelente concorrência. Quem melhor se adapta ao estilo de Black é a jovem Angourie Rice, no papel de Holly, filha adolescente de March que se converte em parte essencial da missão sem renunciar aos elementos mais extremos do roteiro. A personagem funciona tanto pela subversão de expectativas (aparência indefesa x ações maduras) quanto pelas relações que constrói com os demais (basta um diálogo sobre o passado para que ela fortaleça a ligação entre os protagonistas).

Além disso, são dela os instantes mais serenos do filme. Com preocupações estéticas mais moderadas, concentradas nas cores vibrantes neon e na caracterização exagerada de roupas e cenários, Black consegue algumas imagens preciosas aqui, com destaque para a cena em que a garota visita a antiga casa com o auxílio de uma lanterna. Engrandece esse trecho a relação estabelecida com a cena anterior, de viés cômico, em que March dorme em cima de um trampolim — ambos, pai e filha, são vistos sozinhos e recebem a companhia de Healey, mas respondem a ela de modos diferentes.

Dois Caras Legais

“Dois Caras Legais” parece confirmar, anos depois, que seu realizador permanece um dos melhores do gênero

No restante do longa, a lógica é mais simples: a ação é desencadeada ao mesmo tempo em mais de um local, o que torna as reações dos personagens mais urgentes e a necessidade de movimento, ainda maior. Em uma só luta, por exemplo, o filme desdobra a atenção em pelo menos três espaços: o primeiro e o último andares de um prédio, além de sua área externa.

O diretor usa essa descentralização a seu favor, carregando um momento de adrenalina e tensão e outro, de humor pleno, nos moldes de “Os Três Patetas”, até chegar ao ponto em que as duas coisas se confundem, como quando um dos detetives tenta desesperadamente alcançar um carro para salvar uma vítima enquanto tropeça e derruba todos em seu caminho na piscina.

A descrição de tantos episódios diferentes pode até sugerir descontrole, mas a verdade é que Black nunca mostrou tanto domínio sobre um projeto quanto agora. Embora algumas questões sejam passíveis de contestação (a subtrama envolvendo Kim Bassinger é interessante, mas ocupa uma fatia muito pequena da narrativa, e o filme somente esboça tratar Los Angeles como personagem), “Dois Caras Legais” parece confirmar, anos depois, que seu realizador permanece um dos melhores do gênero.

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