Transcrição: Mamilos 69 - Conversa sobre pornô no banheiro feminino • B9

Transcrição: Mamilos 69 – Conversa sobre pornô no banheiro feminino

Jornalismo de peito aberto

por Mamilos
Capa - Transcrição: Mamilos 69 – Conversa sobre pornô no banheiro feminino

Essa transcrição é resultado do trabalho colaborativo de Jonas Rocha, Lu Machado, Ysabel Myrian, Jefferson Deroza, Rafael Verdu, Matheus Teixeira, Lucas Gabriel, Kátia Kishi e Gisele Prado. Um time que só fica mais lindo com o tempo.

Se você utiliza essa transcrição e ainda tem qualquer dificuldade de acessibilidade, por favor, entre em contato conosco no [email protected].

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Vem fazer o Mamilos <3

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Cris: Mamileiros e Mamiletes! Bem vindos ao programa meia nove! Em que muita sacanagem e muita putaria vai rolar. Tirem as crianças da sala! Eu sou a Cris Bartis e essa é a minha cumpanheira de pornografia…

Ju: Ju Wallauer.

Cris: Essa semana o papo está quente!

Ju: Vamos para o som do Mamilos? Mas dessa vez, Caio, nem é você que vai apresentar. A gente tem um convidado todo especial para apresentar a trilha dessa semana.

Rico: Olá! Mamileiros! Aqui é o Rico Dalasam…

Ju: Ahhh!!! [grito euforico de fã]

Cris: Chora bi!

[risos]

Rico: Vim me apresentar.

Cris: Rico!

Rico: Oi!

Cris: Obrigado por ter vindo. É uma delícia te receber aqui. Eu já queria te conhecer a muito tempo. Bis! Ele é muito mais bonito pessoalmente. E eu queria que você falasse um pouquinho do disco novo. Eu queria que você falasse do trabalho que está pra lançar, como é que foi, o que você vai fazer para divulgar esse disco, além de… Disco é muito velho, né?

Ju: Álbum! Álbum!

Rico: Não, não. Disco! Pode falar.

Ju: Não o… Felipe Cruz disse que é álbum.

Rico: Álbum! Álbum!

Cris: Álbum!

Rico: Full álbum!

Cris: O quê que você vai fazer para divulgar o seu “álbum”?

Rico: Prazer imenso estar aqui com vocês todos, mamileiros. Estamos a poucos metros de lançar o meu primeiro álbum que se chama “Orgunga”, que vem de meus melhores orgulhos. Começamos as atividades nos próximos dias com o silgle chamado “Esse Close Eu Dei”.

[risos histéricos]

Rico: Que tem um clipe incrível! Muito incrível!

Cris: É mesmo?

Rico: Procurem no You Tube.

Cris: Já está lançado?

Rico: Sai na próxima segunda-feira.

Cris: Delícia! Vai sair quase junto com o programa.

Rico: Sim! E na sequência vem o “Orgunga”. No dia 29 de maio estaremos no auditório do Ibirapuera dividindo as músicas de “Orgunga” e as músicas do trabalho anterior, “Modo Diverso”, com o público. Espero todos vocês lá!

Aproveita para falar um pouquinho do processo deprodução desse disco. Escolher as músicas, escolher qual dessas músicas você vai gravar o clipe e lançar.. Como que é esse trabalho?

Ah! A gente tem muita música só que ao mesmo tempo você olha para o quanto as pessoas já compreenderam a minha existência, né? E para o número de pessoas que eu já alcancei até aqui e aí você fala… Poxa! Eu não quero lançar 16 músicas. É muita música! E a gente ficou nessa, entre 10 e 8, 10 e 8… Que eu acho que é o suficiente para as pessoas compreenderem essa nova curva da história. Né? Com o EP “Modo Diverso” a gente lançou cinco músicas. Que era para as pessoas saberem que eu existo, e como eu existo, como eu me vejo, como eu amo e como eu acho que me veem. E o “Orgunga” eu consegui juntar uma história onde eu passo por referências de música Árabe com música nordestina no rap…

Cris: Que demais!

Rico: E a intenção maior desse disco, além de continuar celebrar, celebrar, celebrar, celebrar… Orgunga fosse uma definição de melhores orgulhos não tão vaga assim. Né? Melhores orgulhos pode ser mil coisas. Tem o orgulho do meu time, o orgulho do… Mas é um orgulho que vem depois de uma vergonha. De uma vergonha da sua própria natureza. Sabe? Quanta coisa da nossa própria natureza que a gente já sentiu vergonha… Ou ainda sente! Né? E quando você troca esse lugar de vergonha para o lugar de orgulho, naturalmente isso acontece e se torna um marco diante das realizações da vida, assim. Na vida de todas as pessoas. De todas as pessoas. Toda vez que algo que era vergonha ela encontra o orgulho daquilo, aquilo provoca um episódio novo porque você já deixa de ser daquele formato que você era antes disso acontecer. Né? Você é um formato novo, resulta de outra forma. Você se abre e entrega, se relaciona com o mundo de outra forma, então…

Cris: Que mensagem poderosa para passar em um álbum!

Rico: É muito poderosa. Mas acho que é a que eu tenho nesses 26 anos, assim de entender…

Cris: De pura magia e beleza!

Rico: De entender tudo isso, né? De entender o tempo da vergonha. De entender o tempo do orgulho e o quanto isso transforma. Porque o tempo da vergonha ainda é maior diante dos meus 26 anos do que o tempo do orgulho. Mas um dia de orgulho ele vale mais que uma vida, sabe?

Cris: Muito bom! É muito bom te receber aqui. Estou olhando olhos nos olhos de Rico, morram de inveja! E eu espero que a gente toque muito aqui, ouça muito essas músicas que já vem com a vibe boa.

Rico: Sim!

[sobe trilha]

[desce trilha]

Ju: Beijos para:

Cris: Mamileiros de Recife;

Ju: Um beijo para Marília, que fez aniversário nessa segunda;

Cris: Nossos ouvintes de Diadema;

Ju: E para os lindos e maravilhosos que foram me apoiar no Talking Heads. Comecei a palestra perguntando se tinha mamileiros na palestra e, gente! Quando eu vi aquelas mãozinhas levantadas eu fiquei muito tranquila. Juntos a gente pode muito, né? Um beijo especial pro Charles que tem o sorriso mais lindo do mundo!

Cris: Ah! E eu, assistindo no Periscope, com a mão toda suada de norvoso!

[risos]

E o pessoal achando que eu que estava filmando, e eu nervosa no serviço. Ai, gente! Foi sensacional! A Juliana divou muito!

Ju: Eu queria mandar beijo também para todo mundo que mandou email falando da Lolo, que choraou comigo no programa passado. E, olha! Não falem mais, pelo amor de Sagan, que engoliram choro porque são homens. Porque isso de que homem não chora me exaspera! Abaixo esse patriarcado castrador embolorado aí gente, pelamor!

Um beijo especial para a querida Ana que nos escreveu uma história linda sobre a sua sobrinha Lorena, dela. E para o mamileiro, gente… Que foi até a Kombi do Chef para dar um abraço apertado no meu irmão e fez o meu irmão me ligar chorando; Então, assim… Realmente isso aqui é uma comunidade, e é lindo né?

Cris: Segura comunidade! Vamos então para o fala que discuto?

[sobe trilha]

“…que pra varia-aar! [bang, bang!] Esse close eu dei”

[desce trilha]

[sobe trilha]

“Não me pegue não, não, não! Me deixe à vontade!

Mais que selo de boy
Vim pra ser seu men. Vem!
Paris, Nova Iorque
Olhe, no meu olhar tem, hein?
Muda esses teus lances prum romance nota cem.
Já me viu nas festas, já me viu com alguém.

Minha saga é de quem
Pegou dois busão e trem
pra faculdade, trampo porque a grana convêm
Mistura o Brasil, Sri lanka e Barém
Quem vem da lama aqui não tem medo de rain

[desce trilha]

Cris: Começando com o Danilo Carreiro:

“Ouço o Mamilos…”

É muito boa essa mensagem!

[risos]

Escuta só!

“Ouço o Mamilos na academia (troquei minhas trilhas gays cheias de close, pra ouvir vocês, vejam só?). Hoje fiquei sem graça, pois ao ouvir o Mamilos e Ju comentarem sobre o irmão, eu chorei. Gente! Viado na academia, é pra dar close, não choro.

Adoro vocês, meninas!

Ju: Email da Elói Araújo:

“Algumas coisas faladas durante o programa me fizeram lembrar uma cena que vi num seriado que, por coincidência, comecei a assistir nesse fim de semana: “Battlestar Galactica”.

Na cena, a presidenta recém-empossada e buscando legitimidade pede auxílio ao comandante das forças militares para conter um princípio de revolta. Diante disso, o comandante responde algo como:

“Há uma razão para separarmos as forças armadas da polícia. Uma luta contra os inimigos do Estado. A outra serve e protege a população. Quando as forças armadas tornam-se também polícia, os inimigos do Estado tendem a se tornar a população.””

Fica bem uma reflexão. Acho que vale um dia um Mamilos sobre desmilitarização da polícia, né? E ainda tem um “ps.”:

ps.: Cris, sua voz me faz querer passar um café e preparar um bolo pra te receber em casa <3. Oin! [risos] Cris: Eu fico tímida! Obrigada pelo carinho. A voz tem um poder muito grande.Eu aceito o bolo e aceito o café. Café der coador, por favor.

[risos]

Gica: É porque vocês não viram o sorriso dessa mulher!

[risos]

Cris: Agora o Messias! Messias Martins:

“Meninas, fiquei muito feliz quando soube da pauta do programa e fiquei mais feliz ainda quando ouvi. Na verdade foi um misto de sentimentos. Felicidade por vocês estarem falando a respeito de Rafael como também revolta e ódio por toda injustiça que ele é obrigado a conviver.

É osso! E saber que Rafael não é um caso isolado machuca mais a alma da gente. Eu sou negro também, favelado também, que já sofri com ações violentas da polícia também, mas nunca nas proporções que Rafael. Nem de perto. É necessário aqui reconhecer meu privilégio de instrução. Faço faculdade e tenho uma rede de pessoas que brigariam por mim. Mas eu também sou Rafael Braga. Ando de bike por todo canto aqui em Olinda-Recife e em qualquer horário. Constantemente cruzo com uma viatura da polícia e… é aquele aperto na hora, sabe? Eu, sozinho na rua, e a PM’s. Ainda estou aqui, mas convivo com a insegurança de que a próxima viatura pode ser a última.

Enfim, enquanto essa não for vou continuar tretando pelo Rafael e por quem mais precisar. Obrigado por vocês duas, de alguma forma, estarem juntas comigo nessa treta.”

Ju: Email do Gustavo Angeleas:

Nunca entendi o futebol como coisa especificamente masculina pelo simples fato de quem me passou essa paixão foi a minha mãe. Sim, Dona Mônica me levou ao Maracanã para assistir o Flamengo jogar inúmeras vezes e foi junto dela que eu aprendi a ser flamenguista e a gostar de futebol. Minha primeira vez no estádio foi com ela e vimos alguns títulos juntos.

Os anos foram passando e eu continuei apaixonado pelo esporte, minha mãe ficou um pouco mais velha e eu passei a frequentar estádio sozinho. Era natural xingar os jogadores que eu não gostava de viado. Xinguei muito o Richarlyson nas vezes que o São Paulo jogou aqui no Rio. Xinguei o traidor do Ronaldo Fenômeno (peço perdão pelo clubismo) quando ele jogou contra o Flamengo na Libertadores de 2010, exaltando o Adriano Imperador, que, como dizia a música, “o Adriano é foda, só pega mulher gostosa, meu bem, não pega traveco na orla”.

Ontem, dia 14 de maio, fui ao Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, a trabalho. E na hora de chamar de viado o Diego Souza, um jogador que eu tenho asco, bateu a desconstrução. Por que xingar um cara que está trabalhando de viado? Qual problema de um viado jogar futebol? Quão opressivo é esse ato pras crianças que estão naquele estádio e talvez não tenham clara sua orientação sexual?

Como o Peu falou, a comunidade LGBT precisa bater o pé e ocupar esse espaço que é negado a elas. Mas, além disso, eu acho que é FUNDAMENTAL que haja essa desconstrução dos torcedores. Não imagino que isso vá acontecer de uma hora para outra. Nem acho que vá ser algo amplo nesse momento tão conservador da história brasileira. Mas nas pequenas rodas de discussão, as pessoas que aceitam mais o diferente, precisam passar a plantar essa semente.

Cris: agora vamos então para o merchand. Assim, tá difícil, tá difícil essa pessoa divando em todos os campos…

Ju: todos os canais…

Cris: tá difícil…

Ju: pensa o quanto eu to trabalhando… Vamos lá… Nem tá no ar ainda, mas ontem eu gravei entrevista com a Dani Cachich VP de Marketing da Heiniken pro Código Aberto e gente a bicha é destruidora. To absurdada com o quanto essa menina é carismática, inteligente, divertida, como ela quebrou todas as respostas preguiçosas, confortáveis e seguras de marketing na entrevista. Então assim aguardem logo menos no seu feed do Código Aberto, Merigo me prometeu que na segunda ou terça feira vai estar aí então corram pra baixar porque assim tá absurda essa entrevista.

Cris: to doida pra ouvir.

[sobe trilha]

Permita-se ser seu pleno querer
Fuja da síndrome do pequeno poder
Mocinhos sim precisam de dublê
Nós, vilões, somos o que tiver que ser
Engane-se: Essa é sua força pra crer
Difame, esse é o amor que você sabe reter

O fato de não me achar virou razão pra morrer
O sonho de voar fez dick vigarista correr
Sorti, sorti, eu sou avant premiére

[desce trilha]

Cris: e vamos então para o Trending Topics, quem são essas vozes que estão povoando o Mamilos aqui? Se apresentem garotas. Vamos começar por quem vem de longe? Vamos começar com quem vem de longe por quem pegou um voo para gravar esse Mamilos.

Gica: oi gente sou eu a Gica. Quem gosta fica feliz, quem não gosta vai ter que escutar porque eu tô aqui né?! Vai fazer o que agora?

Ju: você é muito amada! Os ouvintes… Todos vez que você vem é um programa super retuitado, as pessoas no Twitter falando “aí eu amo a Gica”

Gica: é porque eu sou da empatia, porque como eu falei eu represento o ouvinte que não tá preparado pra pauta. Eu faço a pergunta que as pessoas têm medo de fazer… Mas o que que é isso?

Cris: vamos então importar a hashtag #gicanomamilosfixo.

Ju: Isso. Gica no elenco fixo. Que mamilos fixo é meio ruim né?

Gica: RISOS. Mamilo fixo é…

Ju: não né? Dá uma aflição

Gica: tipo um mamilo que não…

Ju: não, é Gica no elenco fixo. E quem mais? Quem mais essa linda maravilhosa que tá aqui?

Cris: quem que tá aqui que já faz xixi de porta aberta?

Thaís: Oi gente!

Ju: que vocês já conhecem e já amam…

Thaís: eu sou a Thaís Fabris. Pra quem não me conhece, já devia me conhecer desse Mamilos não ouviu todos os episódios volte. É… Sou diretora de criação, publicitária e umas das sócias da 65dez que é uma consultoria especializada em comunicação com mulheres.

Ju: não perde a oportunidade de fazer se jabá amor, por favor.

Gica: ah eu também sou consultora tá, quem tiver precisando fala comigo. Terá glíteres, coisas que brilham. RISOS. E a gente tomou vinho gente…

Thaís: vende gliter a menina.

Gica: eu já recebi um e-mail assim. Eu queria fazer um pedido de gliter pra vestuário. Aí que bonitinho!!! É consultoria de comunicação mesmo.

Cris: é as amigui! E a gente tem a presença ilustre continuando aqui conosco no Trending Topics Rico!

Rico: Rico Dalasam tá na área. Olá Mamileiros! Ah eu vim aqui dar um alô, além do close, que eu já vinha adiando há alguns dias, hoje eu vim aqui dar um grande close, falar do meu disco que to lançando nos próximos dias e encontrar pessoas que eu sempre ouço falar através do meu amigo Oga…

Cris: beeeeijo!

Rico: beijo no Facebook! E nunca pude estar perto. E assim, você falar que sente um carinho por mim eu vou dar um jeito de ir até você porque a gente quer estar perto de quem sente carinho pela gente.

Todas: aaaaaaaaaaaaiii

Ju e Cris: todos amam!

Gica: tá fácil hein gente, manisfesta seu amor e Rico Dalasam… Disque Rico

Ju: Disque Rico!

Cris: Disque amor.

Ju: então vamos lá gente, organizar essa bagunça no Mamilos 69 a gente resolveu reunir as meninas do banheiro feminino. O que que é o banheiro feminino? É um grupo que a gente tem eu, Cris, Gica e Thaís prolífico que não para, que bomba no Facebook e a gente pensou em dar acesso pra vocês pra essas conversas divertidas e provocativas que a gente tem lá.

Thaís: Banheiro feminino é onde a gente vai pra segurar o cabelo uma da outra quando a gente precisa vomitar o dia a dia.

Gica: é verdade! Você falou isso aquela vez… Toca aí,

Ju: muito já seguramos o cabelo uma da outra não é mesmo? então vamos lá. Já que o número é sugestivo a gente vai falar nesse programa 69 com essas meninas do banheiro sobre pornô, mas antes calma, antes de começar vale o disclaimerde que esse assunto merece muito, precisa muito de uma teta. Por que? Com pesquisa, com entrevista, com diferentes enfoques, diferentes pontos de vista, porque pra falar sobre o impacto da indústria pornográfica na iniciação sexual de jovens, na representação da mulher, na vida dos trabalhadores dessa indústria, no tráfico de mulheres, no estímulo à violência contra mulheres e crianças, na exploração do sofrimento humano pro entretenimento, é necessário, é preciso falar sobre pornô e liberação, fantasia, quanto a indústria do sexo já empurrou o desenvolvimento de tecnologias e do quanto o acesso e as narrativas pornô são um ato político. A gente entende isso, sabe que isso é necessário, faremos uma teta. Porém o que a gente vai fazer hoje não é isso, é um bate-papo entre amigas. Então baixe a expectativa tá? Controla a ansiedade. Puxa uma cadeira se estiver em São Paulo um edredom também encha a sua taça de vinho porque Seagan sabe que a nossa já tá cheia inclusive já vazia e já cheia já vazia e deixa a chuva rolar lá fora enquanto a gente solta o verbo sem compromisso. E aí meninas o que temos pra falar sobre pornografia agora que já estamos bem soltinhas, bem levezinhas?

Gica: posso começar?

Ju: pode.

Gica: eeeeeee… Quem aqui é usuário de pornografia?

Thaís: quem for levanta a mão…

Ju: eu fiz uma descoberta ótima. Choque-se você eu não gosto de pornografia mas eu fiz uma descoberta ótima estudando pra pauta desse programa. Eu descobri por quê, Ó que boba…

Thaís: conta mais…

Ju: bom vocês sabem aqui, quem é ouvinte do programa a muito tempo sabe Juliana a pudica né? Então o que acontece, vi pornô algumas vezes e não senti a menor dessas tipo… Não é que assim, pra mim era péssimo, era tipo…

Thaís: era tipo deu ruim, assim?

Ju: não, era assim ó eu assistindo Vikings – meu deus, tudo molhado. Eu assistindo pornô – ver minha mãe lavando louça é mais interessante, tipo nada acontece. Aí lendo pra essa pauta…

Gica: mas porque te dá uma vergonha…

Ju: não, não… lendo essa pauta eu entendi porque. A minha leitura disso, mirim que sou foi não, não gosto disso não é pra mim é lendo essa pauta eu descobri que a esmagadora maioria de mulheres, inclusive heterossexuais, não tem pesquisa se é hetero ou não mas pelo número inclui muitas mulheres heterossexuais prefere, busca, consome muuuito mais, quase 100 por cento pornô lésbico. E aí a explicação é brilhante…

Thaís: mas você procurou pornô lésbico? porque eu tenho uma teoria…

Ju: calma, calma… descoberta muito recente… o pornô lésbico ele tem um olhar sobre o prazer feminino sobre o que nos faz gozar no que a gente gosta enquanto que o pornô mainstream normal é o olhar masculino, submissão feminina, foco em penetração foco em coisas que não deixam a gente excitada.

Gica: você usa pornô feminino? Pornô lésbico?

Thaís: eu uso pornô lésbico sim. Mas eu ia falar pra Ju que eu acho que pornô é meio igual esporte você não gosta de pornô porque você não achou o pornô que você gosta.

Ju: isso mas é que isso, quando eu li tudo o que estava escrito sobre pornô lésbico eu falei mano é isso, eu adoraria isso.

Thaís: porque é um termo muito amplo. E o pornô mainstream é ruim.

Gica: ma você não foi lá Googar o negócio?

Ju: amiga você viu tudo o que fiz nos últimos dias? Eu só queria saber se você de fato viu?

Gica: RISOS
Thaís: prioridades erradas na vida…

Ju: é filho, comida, marido, casa… tudo errado.

Gica: Cris Bartis você consome?

Cris: eu não sou uma ávida consumidora mas eu não tenho nenhum problema com isso.

Gica: mas você tem alguma prefência? Prefiro pornô lésbico, pornô hetero, pornô zoofilia, pornô…

Cris: não, não tenho uma preferência, não um grande catálogo, uma grande preferência.

Gica: então eu, olha só, eu ja tinha escutado isso aí, não sei que. Pornô né, minha relação com pornô, vejo pornô e falo Ahhh gente tá esquisitinho esse negócio. Tipo não, não.

Ju: não, é que é tudo muito perfeito. As mulheres muito depiladas o corpo muito perfeito, isso não me excita…

Gica: não, nem perfeito assim… sei lá.

Ju: os atores são muito ruins, então por exemplo quando você vê um filme normal que tem cenas de sexo, então sei lá a gente vai ver um Game of Thrones que tem uma indicação de sexo, aquilo é mais excitante pra mim porque como são bons atores você acredita, você acredita que eles estão de fato querendo e tem toda uma história por trás do que um pornô que é uma coisa gratuita que não tem história você não acredita que aquela mulher tá gostando daquilo, então assim, aquilo ali pra mim não tem nada.

Gica: Mas aí tá. Aí tem isso, também acho tudo isso aí… isso aí dei um retuíte em você. Aí…vamos ver o pornô lésbico aqui. Todo pornô lésbico que eu vi até hoje, e eu vi, não pode falar palavrão aqui, vi bastante, eu sinto tudo a mesma coisa por mais que Ah daí são mulheres em busca do prazer feminino, tal, não sei o que, mas são duas atrizes pornôs que não são lésbicas que tem unhas de trinta centímetros…

Thaís: é pelo amor de deus…

Gica: que estão lá fazendo caras de [Gica faz gemidos].

Ju: eles me fizeram acreditar num texto que não era assim…

0:21:00 fim da transcrição por Lu Machado

Gica: Mas são duas atrizes pornôs que não são lésbicas, que têm unhas de 30 centímetros.

Thaís: É, pelo amor de Deus…

Ju: Ah, é assim?

Gica: E ficam lá fazendo caras de (sons irônicos de gemidos).

Ju: Não, mas me fizeram acreditar no texto que não era assim.

Thaís: Mas é que assim, eu acho que tem uma diferenciação importante pra gente largar dela.

Gica: Vamo.

Thaís: Tem o pornô mainstream, e aí isso é o pornô lésbico com a unha comprida.

Gica: Com uma francesinha de 30 cm.

Ju: Mas então ele é feito para homens. Que é a fantasia masculina do sexo lésbico.
Thaís: O pornô é uma coisa muito ampla, tem pornô de filme, mas também tem pornô, sei lá, de gif, de foto, de texto, de quadrinho…

Gica: Thaís, é verdade, hein? Olha aí, você trazendo aqui outros formatos de pornô pra essa discussão.

Ju: Ô, Gica, mas então, por exemplo, aquele livro pornô que ‘cê indicou, como que era o nome mesmo? Da menina…

Thaís: Milo Manara?

Thaís: A Casa dos Budas Ditosos?

Ju: Não, esse eu ainda não li. Catherine lá…

Gica: The Sexual Life of Catherine M.

Ju: Também não funcionou pra mim. Por quê? Porque ela era tipo: “cheguei, transei com 5, 10, 20” , mas, gente… cadê a história? Cadê o momento…?

Thaís: Mas é isso, você tem que achar o pornô que funciona pra você. Não é o mainstream, e o mainstream não funciona pra mulher.

Cris: Então, mas peraí…

Ju: Ju fazendo o papel de menininha, né, da mesa. Precisa da história pra se envolver.

Cris: Então, eu não preciso de história nenhuma, eu quero action, história eu tenho na vida real. Eu encaro o pornô um pouco como videogame, eu acho que ‘cê joga o videogame pra matar as pessoas, pra passar com o carro em cima das pessoas porque isso é o extra-social, é quando você extrapola. Eu acho que o pornô te leva pra um mundo da imaginação, pra um mundo do não-fazer, mas que é muito interessante.

Thaís: Você materializa algo que não necessariamente você vai fazer.

Cris: Onde materializa uma tripla-penetração que teoricamente no meu corpo (…)

Ju: Mas se não tiver historinha eu não cheguei lá. (risos)

Thaís: Mas tudo bem precisar de historinha e tudo bem não precisar de historinha .

Cris: Exato, o que eu quero dizer é que não é uma regra. Eu não gosto da historinha, por exemplo, eu acho mais fake que o action em si. Eu acho que hoje a produção tá bastante diversificada, existem sites e bastante conteúdo de gif e de texto muito voltado pra mulher, e eu não to falando de 50 Tons de Cinza.

Thaís: Nossa, pelo amor de Deus, gente… Só um parênteses, se 50 Tons de Cinza é a sua referência de pornô (…)

Gica: Não julga!

Ju: Não julga…

Thaís: Não julgo, acho legal.

Gica: Deixa a amiga lá.

Thaís: Acho legal, mas acho que pode diversificar esse repertório. Se você curtiu isso, você também vai curtir…

Cris: Eu queria dizer que tem coisas interessantes, por exemplo, eu acredito que Azul é a Cor Mais Quente é um filme que funciona perfeitamente pra excitação.

Ju: Sim, sim.

Cris: Porque o sexo tem um contexto de uma história que te envolve.

Ju: Sim, super sim, super funcionou… (risos)

Cris: Tipo assim, sentei aqui para assistir a um pornô, eu não quero ver Azul é a Cor Mais Quente, mas se eu sentei aqui pra ver um filme (…)
Thaís: Até porque tem 3 horas…

Gica: E aí de repente brotou um coisa e aí, fazer o quê?

Cris: Eu acho o seguinte, que tem uma série de questões filosóficas, éticas e de formação da sexualidade que envolve exploração e tudo mais. Mas eu acho que o pornô te leva pra um mundo lúdico do sexo, que não é uma coisa que você vai necessariamente fazer.

Gica: Que não tem lá em casa.

Cris: Não é uma coisa que você vai fazer todo dia, mas que faz parte do seu imaginário, do seu fetiche. Então tem duas mulheres com dois homens, tem homens com homens, tem de tudo ali misturado.

Thaís: E isso é o legal do pornô na internet, né? Porque quando a gente era criança o único pornô que tinha era o mainstream, que é criado de um ponto de vista masculino, heterossexual, branco, etc.

Gica: Tinha a revista e tinha aquele corner esquisito na locadora que a minha mãe tinha pavor.

Thaís: Passava na TV também, depois da meia-noite, Sexy Hot, Sexta Sexy…

Gica: É, isso.

Thaís: Mas aquilo era muito mainstream pra homem, assim, né. E hoje se você é sei lá, uma menina lésbica do interior, ‘cê vai ter acesso a um pornô que mostra mulheres.

Cris: E é por isso que as mulheres se mostraram um cenário vasto de consumo desse conteúdo. Estudando minimamente pra pauta, porque é muito bate-papo, mas a Juliana me mandou um texto bem legal sobre a análise de diversas diretoras de filme pornô, e existem safras totalmente diferentes de “faça amor, não faça pornô”, e aí ‘cê tá assistindo muito mais como um voyeur a uma cena de sexo de um casal, teoricamente comum, e expressões muito mais realistas, sons muito mais realistas.

Ju: Então, mas isso eu queria entrar um pouquinho nisso (…)

Gica: Pelos mais realistas…

Cris: Foliculos, foliculite… (risos)

Ju: O quanto a indústria pornô interfere na vida real, no relacionamento real e na percepção que as pessoas têm do que é sexo? Porque veja bem, a gente tem um tabu de falar sobre sexo. Mesmo quando você tá com suas amigas, com seus amigos, enfim, não parece respeitoso da sua parte falar sobre detalhes porque você não tá envolvendo só você, você tá invadindo a intimidade de outra pessoa. Então, por regra, não se fala muito, se avita falar sobre isso. E aí isso gera um super vácuo de ignorância, então, ninguém sabe o que acontece ali dentro. Eu to imaginando que na casa da Gica é uma loucura, to imaginando que na casa da Cris é mais ou menos, to imaginando que na casa da Thaís é comportado.

Cris: É, porque eu não gostei…

Thaís: Imagina assim (…)

Gica: Ah, gente, por mim tudo bem, não sei vocês, eu to ótima aqui. (gargalhada)

Ju: A questão é que é tudo especulativo e eu não sei o que é a realidade. Aí a única chance que eu tenho de ter uma janela, de enxergar o que acontece na intimidade, porque o ser humano só constrói por comparação, então a gente não consegue entender uma coisa absoluta, a gente compara pra saber se é bom, se é ruim, se é grande, se é pequeno.

Gica: Tá, aí a referência é o pornô.

Ju: Aí a referência é o pornô…

Thaís: Até porque a nossa educação sexual é pelo pornô.

Cris: Então, mas eu acho que é reforçar demais. É igual falar que a pessoa vai assistir o videogame e matar os outros.

Ju: Deixa eu fazer o raciocínio só. Concordamos no cenário de que não falamos sobre sexo e que a janela que a gente tem é o pornô, então você olha o pornô e você entende isso como normativo, tipo, isso é o normal, sacou? O acesso que eu tenho a sexo, a ver sexo, a falar de sexo é o normal, o pornô é assim, a vida é assim. A vida é o pornô, sexo é assim.

Gica: Isso é o normal, desde: esse é o shape que o peito deve ter (…)

Ju: Desde esse, até o acting, até o que se espera…

Gica: É assim que trepa…

Ju: Tudo, tudo, exatamente.

Thaís: Aí eu discordo da Cris no sentido de que pra todas as outras coisas a gente tem referências, então a gente não vai realmente sair na rua matando as outras pessoas porque você sai na rua todos os dias e você não vê as pessoas se matando.

Gica: É verdade, bom ponto, hein. Bom esse ponto aí. (bate palmas)

Thaís: Você não vê o pornô, você não vê o sexo dos outros, você só vê o seu.

Cris: Então, mas a gente tá colocando nesse parâmetro que as pessoas usam o pornô pra formar a sua identidade sexual.
Ju: De fato.

Cris: Então a gente tem um problema.

Ju: Sim, temos.

Cris: E aí o problema não é o pornô, é usar o pornô como formador da identidade sexual.

Ju: Exato.

Thaís: O pornô hétero normativo e o pornô (…)

Gica: Cis, branco, velho… (risos)

Thaís: Ele é uma representação de um tipo de sexualidade.

Gica: É um ponto de vista.

Thaís: E que é super válido, cara, ‘cê gosta de sexo hardcore, porradão, gozada na cara, que legal! Mas não é o único que existe.

Ju: Encontra alguém que gosta também e que fica muito excitada com isso e seja feliz.

Thaís: O problema é que pra muita gente essa é a regra, e aí a gente tem as pessoas esperando uma performance sexual de pornô no quarto e se forçando a uma performance de pornô no quarto ou na sala ou na cozinha.

(risos)

Ju: Onde quiser, na cachoeira também, ou no banheiro do restaurante também.

Thaís: Acontece. O que não é realista.

Gica: Eu queria fazer uma pergunta que é a seguinte, a gente, meninas héteras, falando aqui, como (…)

Ju: Meio, médio.

Gica: (gargalhando) Ficou legal esse negócio.

Cris: Eu quero dizer que a gente é hétero por falta de oportunidade.

Ju: 1/4

Gica: Fale por você, meu amor…

(risos de todos)

Thaís: Eu não estou falando nada…

Cris: A gente é hétero por falha na merda da Matrix.

Gica: Não, mas vamo lá que o bagulho é sério aqui.

Thaís: Eu acho legal diversificar aqui as aplicações.

Gica: Negócio é sério, ó. Como que é o pornô gay? Como que é?

Ju: E aí, Rico? Vai.

Gica: Como que é, Rico? O que eu quero saber é, do mesmo jeito que a gente tem lá os nossos 12, 13 anos e a gente “ai, tem esse negócio, sexo, e tem a Sexy Hot” e vê lá, a mulher é sempre a putona, é sempre gozada na cara, sempre nanana, nanana…

Ju: Sempre depilada…

Gica: Sempre depilada, sempre totalmente a puta que tá lá pra servir o cara e tal, nanana… Tem esteriótipo no pornô gay também?

Rico: Tem, mas você consegue nichar mais, sempre nichar as categorias, né? Tem os lolitos, tem chubbys (…)

Gica: Que é que é um lolito? Fala aí, dá o glossário. O que é lolito?

Rico: Lolito, é o novinho.

Cris: É tipo um jovem.

Gica: Ah, um jovenzinho?

Rico: É, entendeu? É um mocinho. Aí tem o chubby, que são os gordos.

Gica: Os gorditos.

Ju: Ai, olha isso, olha que libertador.

Thaís: Eu acho que é muito mais diverso, né?

Rico: Tem os ursos, bear, que são os (…)

Gica: O que configura o urso daí, é o gordinho and peludinho?

Rico: É.

Cris: E com alguma coisa de couro, eu acho, né?

Rico: Não, aí já entra pra uma outra linha de fetiche, que aí mil linhas de fetiches, que aí tem sites. Pensando né, internet, quando eu era pequenininho tinha as revistas, mas bem difícil, porque a revista fica sempre no branco (…)

Gica: Jogador de futebol…

Rico: É, branco, pau médio e malhado e, desculpa, mas isso não faz o gosto de todo mundo.

Thaís: Mas a revista hétero só tem a mulher do peito de silicone, inteiramente depilada, loira na maior parte das vezes.

Rico: No primeiro instante é porque é a primeira coisa que ele vai achar até… isso não foi diferente na minha imersão dentro das publicações pornôs gays, aí você descobre que ele se viu em outras opções aí primeiro você por curiosidade, aí depois você fala: Nossa mas eu me identifico mais com isso, ahh tipo, eu curto um urso entendeu? E tchau, nunca mais entrei lá no musculoso ou nunca mais entrei no lolito entendeu?
Ou então a pessoa fala, ahh tem a coisa assim tipo, bunda grande! Aí você vai ver os vídeos porque você gosta de bunda grande, você vai ver bunda grande.
Ahh pau grande, pau grande negro… pau grande negro e enfim…

Cris: É vai ter uma gama bem maior.

Gica: Então a resposta é sim, existe um estereótipo quando a gente pega, tipo…

Rico: Eu não sei a quantas anda esse acesso raso, porque né? Com a internet você vai muito longe.

Gica: Viva o big data.

Rico: Se você quiser ver só japonês, você vai ver só o de japonês.

Cris: Mas além do… tá, questão corporal eu acho super importante, porque se você não se vê representada nunca, né? Tipo assim, você está vendo… olha só, imagina num… acho que é a mesma coisa pra vocês, você está vendo com o seu namorado, aí seu biótipo é negro e aí você só está vendo com o seu namorado, ele só está se excitando vendo homens brancos, isso pra mim me brocha, eu estou vendo um pornô com meu namorado, a mina é um corpo completamente diferente do meu, ele está se excitando tipo, pra mim eu já, assim… eu não sei se é só uma coisa de mulher mas eu já fico assim: Cara!
Eu já fico me sentindo mal, já fico me sentindo menos, já não estou afim de transar, já, pra mim não… às vezes que eu… não funcionou. Não sei pra vocês é igual, mas além da questão do estereotipo de corpo, tem a questão do ACTING, do que acontece, como é sexo, então… é sempre a mesma coisa no pornô gay ou tem variações maiores.

Cris: Não, mas tem de tudo eu acho que muita mulher assiste pornô gay masculino também.

Rico: Então, tem os rasos e tem os super mais destrinchados, tem inter-racial sempre né? Nas inúmeras categorias você vai achando lugar onde você se encontra e se vê, agora essa coisa do ACTING, ahh tem as grandes produtoras de filmes gay e aí tem aquela coisa que eles tentam tornar o real, só que tem vídeo real, o amador, o amador é bafo né?

Comentários gerais: Sempre é. O amador é sempre mais legal.

Rico: É o amador, porque o amador é realidade, o amador está meio sabe, a câmera não tem muita definição pros planos ali, o corte, mas é de verdade, é de verdade. Você vê verdade naquilo.

Thaís: Eu tenho problema de senso estético, eu gosto de coisa bonita, de ver coisas bonitas.

Cris: Eu gosto de coisa bonita, eu gosto de ver cenário.

Thaís: É cenário, é fotografia.

Cris: Edredon bonito

Risos

Thaís: Eu não gosto de ver, sabe cama de motel pobre? Eu acho que é um trauma de ter frequentado, eu não gosto de ver não.

Gica: Peraí, perái… pára tudo. Motel que coisa né? Donos de motel, me ajuda a te ajudar. Só queria dar esse recado, talvez algum dono de motel ouça.

Cris: Meu pavor com vídeo amador é ser vídeo de alguém que não deixou mostrar e eu estou assistindo alguma coisa que alguém não queria que tivesse estar sendo vista.
Tatá: Nunca tinha pensado, obrigado por estragar isso pra mim.

Risos

Ju: Tatá, mas sabe o que que é pra mim, obviamente eu não sou uma pessoa visual porque eu não consigo… não entendo de arquitetura, de maquiagem, de… visual não sou.

Cris: Eu só verifico a usabilidade
Risos

Ju: Visual eu não sou, porém, uma coisa que me excita é o tesão. Eu ver o tesão na cara da… eu ver que a pessoa está muito afim disso, pra mim é muito excitante. Então, no pornô normal isso é tão… tão zero, não mas é menos doze, tipo é isso. A minha mãe lavando louça tem mais tesão pela louça do que aquelas pessoas ali.

Cris: Inclusive eu acho que lavando louça a gente consegue fazer aquele som, de tão fake que ele é.

Thaís: A gente falou que a gente ia fazer.

Risos

Cris: Não dá pra fazer em um ônibus, dá pra fazer em qualquer lugar, é realmente muito feio. Mas eu acho que tem gente que é boa nisso, tem gente que me faz acreditar que está sendo legal.

Gica: E sempre tem um, a puxadinha pra dentro assim… [gemidos e risos], e com essa cara de nojinho assim ó, e enfiando o dedo lá na outra da amiga assim. Sempre, eu vejo essa cara brocha.

Risos

Thaís: Tem também a arara né? [imitação de arara]

Risos

Cris: Sabe o que que eu não aguento? É as conversas: Ohh, yes, e aí você declarou o seu imposto de renda. Olha tá muito bom, você declarou?

Risos

Thaís: Gente e aí peraí, um parênteses. Nunca me aconteceu, uma amiga me contou. Mas dizem que acontece, de você sair com o boy e ele gozar em inglês porque ele assistiu tanto filme pornô na vida.

[Comentários gerais] Mentira. Cala a boca, é mentira.

Gica: A pessoa goza em inglês?

Thaís: Nunca me aconteceu não sei, mas falaram que acontece.

Gica: Não, a pessoa gozou em inglês comigo porque era…

Thaís: Porque era inglês né? Porque só falava inglês, vai gozar em que língua né?

Gica: Ia ser esquisitinho se ela gozasse em latim né?

Risos

Gica: Ai, ai ai… já virou programa da exposição. Tira o vinho dela. Mas zuado isso aí hein? Olha que sintomático esse negócio.

Cris: Gozar em latim deve ser muito engraçado.

Thaís: Tem também uma amiga minha me contou, do moço que gosta de comer olhando no espelho, porque quer ver no espelho? Porque é como se estivesse vendo um filme pornô.

Gica: Aí eu não acho, eu não acho. Não vamos julgar quem curte se olhar no espelho, deixa se olhar no espelho, deixa se olhar no espelho.

Thaís: Mas eu não estou julgando! Mas eu tô falando que tem coisa que a gente aprendeu no filme pornô, algumas são legais para quem gosta, outras não são legais.

Ju: É, não… ,mas aí que está. Como tudo na vida é porque é seu, é porque é autêntico, porque é uma demanda que vem de você ou você só está mimetizando o que você viu entendeu? Essa é a questão.
Cris: Pra mim o problema é esse, é a sua fonte de formação ser isso. É você… então assim, migo… se o seu campo de formação sexual é pornô, pelo menos diversifique o pornô. Vai assistir uns pornô de diretora feminista, vai assistir uns pornôs gays, vai assistir uns amadores.

Gica: Até porque nesse pornô mainstrming aí da galera do Sexy Hot não sei o que, o que acontece? Tudo é a mesma coisa que a gente sempre vê, e é o cara vai lá e penetra a mina e aí ele goza em algum momento e aí ela goza com ele. Ahhh então o orgasmo é isso?

Thaís: Sem nunca chegar perto do clitóris. Nunca! Posso dar uma informação pras meninas que estão ouvindo? Pros meninos também: Não existe orgasmo sem estimulação do clitóris, não existe. Mesmo o orgasmo com penetração, ele acontece porque em algum momento alguma coisa passou ali perto, porque o seu clitóris ele é aquela pontinha que você vê, ela é só a pontinha do iceberg, ele também está lá pra dentro.

Gica: Gente tem todo um paranauê pra dentro, pro lado.

Thaís: E eles são diferentes de mulher pra mulher Marisa.

Cris: Eu preciso falar palavras duras, vamos traduzir isso de uma forma bastante simples pra qualquer homem: A mulher tem um pênis! O nome desse pênis é clitóris, e é assim que funciona.

Gica: Ixiii gente, vai dar ruim esse negócio, vai ter gente chorando em posição fetal.

Cris: Ele está ali você vai ver só um pedacinho, só que tem mais coisa pra dentro. Inclusive tem o dobro de terminações nervosas que um pênis tem, então imagina o poder de sucção do universo que esse órgão tem. Então assim, existe sim né, toda uma série de outras cavidades no processo, porém o lugar onde deve ser trabalhado…

Ju: O principal estímulo da mulher…

Cris: Vamos lá, o lugar que deve ser trabalhado é ali! Foco, foco no job! O job é esse, a terminação nervosa está ali.

Ju: Exato.

Thaís: A maior chance de acerto é ali, eu acho que super dá pra gozar sem nenhuma estimulação dali, mas a maior chance é 100% ali.

Ju: Não o número é absurdo Tatá, eu acho que precisa ser dito, tipo 80% das mulheres não conseguem gozar só com penetração. 80%… é muito.

Cris: E tem um outro número muito bom.

Ju: A chance da sua esposa, da sua namorada, da sua ex, de todas as mulheres que você conhece não ter gozado até hoje com o sexo que você fazia é muito grande.

Gica: Agora, para tudo, para tudo: Ahhh então ela estava fingindo até agora? Não, ela achava que isso era orgasmo.

Thaís: Ahhh no dia que ela tiver!

Cris: Menino.

Gica: No dia que ela tiver um orgasmo e aí ela fala, é isso?

Cris: Ouve só, é tão sério isso que a Juliana está falando que é… especialista britânicos, mas existe pesquisa mostrando que uma mulher que assistiu qualquer situação estimulante e ela se masturbou, ela chega ao orgasmo em quatro minutos.
Porque ela sabe exatamente onde tem que ir, então assim… quatro minutos, tá? Nem um homem consegue ejacular tão rápido.

Thaís: Olha que tem… olha que…
Risos

Gica: #conheço, a audiência que está presente aqui também está se manifestando.

Cris: Gente é que é quatro minutos, aí…
Thaís: Não fala assim, que a pessoa que goza em dois minutos vai se sentir mal. Quer dizer, sinta-se, procure ajuda, não é legal também né?

Risos

Cris: O que acontece é o seguinte, se você está a 45 minutos tentando enquanto você ouve esse programa, talvez você não esteja no lugar certo.

Thaís: Amigo! é então…

Cris: Então assim, inclusive acho que os filmes pornôs tem um pouco desse desserviço de uma penetração…

Gica: Nossa, mas muito desserviço, não é nem pouco, é muito…

Cris: De qualquer forma, né. Não, porque eu acho que tem uma diversidade de filmes hoje que não existia antes, então quem assistia esse pornô super da mulher que fica nos berros loucos, o cara está ligando para ela e ela já tá gemendo (risos).

Gica: Não vamos lá, nós estamos aqui nos trinta e “picos” aqui, nos trinta e “picos”, na idade que a gente está aprendendo o que é sexo e não sei o que a gente tem lá, sei lá, sei lá vocês (risos), eu tinha sei lá, tipo 12 entendeu, com 12 o que tinha era o sexy hot e o não sei o que “nãnãnã”…

Cris: e aquele da Band lá? Lembra? Que as pessoas faziam sexo na barriga…

Gica: Sexta sexy, sei lá.

Cris: Cine Prive.

Gica: Sim, essa era nossa referência. Então tem toda uma geração que se formou com isso, então não é que tem pouco papel, tem um papel grande e veiúdo nessa história aí, entendeu? Porque a galera de trinta e poucos aprendeu que sexo é assim que faz e que mulher tem que ficar gemendo igual uma cadela esquisita no cio e que é assim que goza, e assim que faz e é assim que não sei lá o que. Aí de repente você fala, mas quando eu transo eu não chego nesse timbre aí tá errado isso aí então né.
(risos)

Cris: Não, e depois que você tem filho então, você vai chegar nesse timbre como? Amigo?

Gica: De que jeito?

Cris: não temos timbre mais.

Ju: Sabe que tem um filme que acho super bom para discutir o papel do pornô na iniciação sexual e na experiência do que é a normatização do sexo que é o ‘Don John’, que é a história do menininho fofo…

Gica: Gênio, gênio, esse filme é gênio.

Ju: Sim, cara, quando eu vi esse filme o Merigo não entendeu porque que eu fiquei tão “caramba, que filme, que filme”, que ele falou “hum é só um filme”.

Gica: Esse filme é gênio, com o Joseph Gordon-Levitt, o menino fofo que amamos.

Ju: O menino do ‘500 dias com ela’ né, que é isso.

Gica: do ‘3rd rock from the Sun’.

Cris: Eu curto.

Ju: O que ele fala além de tudo isso que a gente já falou, a grande questão é que o pornô mostra uma despessoalização do sexo né, então assim, é uma coisa, é uma boneca inflável, é qualquer coisa, não tem um sentimento, não é, porque assim, o tesão, o que dá tesão é o fato de olhar para uma outra pessoa e a pessoa olhar para você e você ter tesão nela e ela ter tesão por você e vocês se descobrirem e ter o frio na barriga de que você não sabe se ela quer, se você não quer e daí vocês vão se descobrindo e vocês vão, a coisa vai indo.

Gica: O seu tesão né?

Ju: É, sim.

Gica: Tem outros tesão por aí.

Ju: Milhares, trezentos. Mas a questão é sempre é o encontro de duas pessoas.

Thaís: Não necessariamente.

Ju: Não é você e uma boneca.

Thaís: Pode ser você com você mesmo.

Ju: Não, pode, okay, mas quando é com duas pessoas, não pode ser você e uma boneca, quando você está fazendo com duas pessoas é uma pessoa, ela está ali.

Thaís: Teve uma menina que mandou um texto para a gente quando você colocou a pauta no twitter que achei bem legal, que ela falava sobre como o problema talvez não seja o pornô, o problema talvez seja que a gente tá transando sozinho né, muitas vezes, quando a gente faz muito sexo casual as vezes você transa sozinho com a outra pessoa…

Cris: Sim.

Thaís: Tá aí essa despersonalização do parceiro também sabe, é uma constante masturbação mas as vezes você está com outra pessoa ali, mas aquela pessoa não tá ali.

Gica: É a pessoa acessório assim né.

Thaís: Ela é uma pessoa acessório, ela é um objeto, tanto o homem quanto mulher.

Ju: Pra mim não rola isso.

Cris: Pois é, mas é que existe diferentes fórmulas né, igual tem gente que quer estória, igual tem gente que quer ligação no dia seguinte, tem gente que não quer.

Thaís: Tem gente que só quer um buraco.

Gica: Mas todo mundo aqui concorda que, mancada, a gente aprender o que é sexo no pornô e o pornô ser essa palhaçadinha aí.

Cris: Exato, mas pode.

Ju: Então qual é a alternativa, se falar sobre sexo é tão tabu qual seria a alternativa real essa é a questão, porque eu concordo…

Gica: Não, falar sobre sexo, não tem cara, não dá para contornar, a gente tem que resolver essa bagaça.

Thaís: Acho que não tem, é tirar o tabu.

Ju: Então, não, porque a questão é essa, a questão é, acho que todo mundo concorda com os problemas a gente não concorda com as maneiras de solucionar. Então assim, definitivamente, – inclusive tem um programa sobre drogas que a gente fala bastante sobre isso – eu não acredito que proibir vá resolver, porque se a pulsão tá lá, se o desejo tá lá, se a demanda está lá, a oferta estará lá…

Gica: Vai rolar.

Ju: Não vai ser uma lei, não vai ser, que nada que vai resolver.

Gica; Concordo.

Ju: Então a questão é a gente dar conta dessas vazões e dessas pulsões de outras maneiras.

Gica: Então vamos combinar que a gente tem que falar, por exemplo, ninguém fala sobre sexo okay? Ninguém fala sobre sexo! Eu sou uma menina de doze anos que mora em Blumenau e nossa, daí mesmo que ninguém fala sobre sexo ‘big time’, sexo é aquela coisa que as pessoas fazem e aí tem um filho, esse é o sexo, nada mais é sexo. Então assim eu vou procurar pornografia, agora, se uma pessoa que é uma referência para mim fala, “cara e tem sexo, e sexo é massa, e sexo é assim e sexo é assado e sexo é aquilo e aquele outro e ‘nãnãnã’ ” não basta falar sobre sexo, eu acho que as pessoas que são importantes para você precisam falar sobre sexo entre elas e com você e você tem que ver isso e ouvir isso acontecendo saca, não que tenha que vir para a mesa do café da manhã, ou que você…

Thaís: Mas que talvez sim, por que não?

Gica: Ou talvez sim, ou talvez, não, eu não vou falar isso que eu ia falar.

Cris: Então eu vou falar, eu vou comentar um negócio que uma amiga falou num almoço nesses dias, e ela virou e falou que – e foi muito engraçado o jeito que ela contou – e ela falou assim “ um casal muito estranho, parece você e o Agê”

Gica: Ah que bom (risos)

Thaís: Legal, bacana.

Cris: E aí ela chegou e falou assim “Nossa a gente estava assistindo uma novela, uma coisa assim, e o casal se beijou e começou com umas caricias e a nossa filha de nove anos falou, “nossa mamãe, quando eu vejo esse beijo dá um choquinho na pepeca” “ …

Gica: Eita!

Cris: E aí minha amiga falou assim “Eu travei” e ela falou “não é bonitinho, ela tá descobrindo a sexualidade dela” e eu falei “Cris, é a sua cara”, eu falei “cara, mas é verdade ela tá descobrindo a sexualidade dela se você vira nessa hora e fala “tá louca” e isso …

Gica: Aí lascou, aí eu vou lá no sexy hot porque lá não é coisa de louco.

Cris: Aí você vai no sexy hot, então assim a gente tá falando da nossa geração que passou todo esse momento de alienação sexual, de uma vergonha sexual muito grande, a gente tá falando de 2016, criando uma nova geração que tem um acesso a internet que a gente não tinha, eles já nasceram com isso…

Gica: Pior que internet Cris, mobile. Entendeu?

Cris: Mobile!

Gica: O computador da sua casa você controla, o celular na mão do seu filho já era.

Thaís: Vai pro banheiro o celular.

Cris: Eles não só estão vendo como eles estão filmando eles mesmo fazendo, compartilhando, essa geração Dalasam (risos) e o que acontece com isso é que ou a gente conversa ou danou-se, não existe mais outra saída, precisamos conversar sobre isso, eu sou, eu Cris Bartis, quando eu perdi minha virgindade eu nunca tinha assistido pornô eu nunca tinha visto isso antes.

Gica: Jura?

Cris: Nunca.

Gica: Mas um pinto você já tinha visto?

Cris: Nunca, eu nunca tinha visto, eu nunca tinha acessado.

Gica: Era tudo novo.

Cris: Era tudo ‘news’, aquele corpo era ‘news’, aquilo ali era diferente, eu fui por um instinto hormonal e foi uma descoberta incrível, porque eu era muito apaixonada, foi o primeiro namorado, ele também era virgem, ninguém sabia direito como é que as coisas funcionavam, eu sei que essa história não serve de base para história nenhuma, o que eu quero dizer é que as pessoas não precisam necessariamente dissomcomo um tutorial para descobrir a sua sexualidade.

Gica: Ah sim, que também dá pra ir no automático.

Cris: Não, e dá para muito mais, dá para você… existem outras fontes dentro dessa mesma fonte existem categorias, eu não sou anti pornô, só queria deixar isso bem claro.

Thaís: Mas ninguém aqui é.

Ju: Ninguém aqui é.

Cris: Concordam?

Todas: Sim!

Thaís: O pornô tem que existir…

Gica: Viva o pornô.

Ju: Independente da gente achar que tem ou não, ele vai existir.

Gica: (risos) A gente não é tão foda assim a ponto de falar “ Ei pornô, pare!”
(risos)

Thaís: Sou contra, sou contra a lei da gravidade.

Ju: É, exatamente, não assim, nem que todos os governos quisessem, que todas as igrejas quisessem, nunca na história da humanidade não teve pornô, então assim, isso vai existir…

Cris: Exato, e inclusive…

Ju: Comer, transar …

Thaís: Eu acho que até justamente por essa curiosidade de saber como o outro transa…

Cris: E tem uma outra questão…

Thaís: Porque a gente só vê a gente, se a gente não for procurar como o outro faz você só vê você né.

Cris: Eu sei que hoje o pornô coloca muitas vezes a mulher em uma situação de submissão muito pejorativa, o que eu quero dizer é que existem milhares de mulheres hoje, eu sei que não é a realidade da esmagadora maioria, mas existem mulheres em posição de poder, poder no trabalho, poder em casa, poder em tudo, e tudo que ela quer na cama é ser submissa.

Gica: E é valido pra caramba.

Ju: e pode também, tá liberado.

Thaís: O problema é a única… Tem a Chimamanda Ngozi Adichie, que é minha autora preferida…

Cris: Você consegue falar o nome dela…

Thaís: Não sei se falei direito…

Gica: É a moça de uma história só?

Ju: Isso.

Thaís: Ela fala o perigo de uma história só, quando você sempre ouve só a mesma versão da história você está perdendo todos os outros pontos de vistas possíveis né, então assim, procurem esse TED.

Cris: O problema é ter essa história só que é sempre a mulher submissa, quando a gente parte para uma história de pornô que já tem outras mulheres e até outros homens trazendo outras visões, outros formatos, outras histórias, o Rico citou esse negócio do amador, essa coisa meio voyeur né, ser meio voyeur, é como se você tivesse prestando atenção ali numa câmera oculta, então a gente começa a ter caminhos, e eu acho que por exemplo nós aqui na mesa, muitas de nós, criando filhos, a gente tem um grande desafio que é fazer diferente, e pior, sem ter um parâmetro, a gente não tem parâmetro, nós sabemos exatamente que o que os nossos pais fizeram não é satisfatório mas a gente não sabe exatamente como fazer, então é um grande desafio, o que a gente vai levar para nossas crianças.

Ju: Então, mas o que eu acho, a gente tem uma frase que é clássica que é “tudo é sobre sexo, menos sexo, que sexo é sobre poder”, então o que te excita, o que te move tem muito a ver com quem você é, então assim, acho sim que a gente tem que falar sobre sexo, mas acho que as forças que fazem você ter uma liberdade, ter uma curiosidade para ir atrás, não necessariamente tem a ver com sexo apenas, então assim, quando você estimula uma menina a ser consciente dela mesma a ter orgulho do corpo dela a conhecer o corpo dela a ser protagonista da história dela, é mais difícil ela chegar em uma situação que ela vai ter iniciação dela, se você trata sexo como uma coisa normal, é mais difícil ela se submeter ao desejo dos outros sem pensar o que ela quer, mesmo que você não fale sobre sexo, sacou? Então assim, se eu falar, 3 anos, “ O que é sexo? ”, Sexo é brincadeira de adulto, é como adulto se diverte, já entendeu que sexo não é para criança. Ok, eu não acho que não é só falar sobre sexo é falar com respeito é falar sobre descoberta…

Cris: Intimidade.

Ju: É falar com intimidade é falar sobre você tem direito a seu corpo, você tem direito a tudo que tem no seu corpo, a descobrir, a explorar a potencialidade dele, a se divertir com seu corpo, você tem que respeitar o seu corpo e respeitar o corpo das outras pessoas, você não faz com as outras pessoas nada que elas não queiram, essa conversa não é necessariamente sobre sexo e já cria uma sexualidade muito mais saudável.

Gica: E a gente não ta nem falando da conversa que a gente vai ter com nossas filhas, essa é a grande ficha que caiu na minha cabeça esse ano, entendeu?
Não é que “Nossa quando a gente for criar nossas filhas e nossos filhos, não sei o que” manolo quando a gente for falar com a nossa amiga que acha que sexo é de um jeito e que ela tem que se portar sempre do mesmo jeito e que o orgasmo, coitada, o que ela acha que é um orgasmo, amiga, então não é… E ai ele é bem mais legal, ele é de outro jeito, sabe?

Thaís: É que eu acho que quando a gente coloca sexo numa caixinha, a gente isola ele de todo o resto, tem dois perigos ai.

Ju: Isso. Isso.

Gica: Exato!

Thaís: O primeiro é: Nada pode. E ai você fica..

Gica: É tudo esquisito

Thaís: É tudo esquisito, tudo é proibido..
Cris: Nojento..

Thaís: E tudo é nojento.. E você tem que deixar aquilo ali naquela caixinha e ela, a sexualidade, só pertence, a libido, só pertence ali

Gica: Aquele momento que tem que ser a noite e na cama.

Cris: E coberto e tudo escuro

Gica: E com a luz apagada..

Thaís: Mas tem outro perigo também que eu enchergo muito, acho que principalmenjte nas minhas amigas que estão solteiras também, que é a obrigação da libertação sexual. E isso porque você tem que meio que dever de ser ultra sexual.

Ju: Sim.

Thaís: E isso as vezes não respeita sua natureza.

Gica: Tipo de você ser alta, solteira..

Ju: Não, manual secreto nova. Eu assim, eu não posso dizer que eu fui criada, minha educação sexual foi por porno, mas foi por Nova. Revista Nova. Então aquilo era normativo pra mim. Aquilo é o que uma mulher sente, aquilo é o que uma mulher.. e eeu não me via representado em nada disso.

Gica: Logo, seu esquisitona né?

Ju: Não, não, não. Bem pior do que isso. Logo é isso que eu tenho que fazer. Então performei muito bem no sexo por muito tempo e eu não tive prazer porque eu estava lá performando. Eu estava fazendo manual da Nova. Eu estava provendo muito prazer, mas cadê o meu? Porque se você ta no Job, como que você ta aproveitando se você ta no job? Como que isso funciona? E ai, por isso que eu falo que “o ter uma sexualidade diferente é aproveitar o sexo de uma maneira diferente, as vezes pouco tem a ver com vconversar sobre sexo” porque se eu fosse mais dona do meu corpo, já não teria isso. Se eu fosse mais segura de mim, nunca que eu ia aceitar dar prazer pra um homem, se eu não tivesse nada..

Gica: Não, o Ju, clitóris! As pessoas não sabem que.., as meninas não sabem que ela tem clitóris e pra que que serve. Eu não preciso nem ir pra um plano conceitual.

Ju: Não, perai, só uma coisa…

Thaís: Pega um espelho!!

[Risos]

Ju: Deixa eu só terminar um pensamento, que é uma coisa simples, quanta mulher tem ai achando que ta ok a equação de “eu dou prazer, eu tenho em troca intimidade”. Quanta mulher não se reconhece nisso? Porque pra mim é o suficiente que a gente fique proximo, que a gente se conhece, que a gente tem carinho, então se pra você ta bom, pra mim ta bom e pronto.

Gica: Vamos terminar essa história? Vamos lá: eu dou prazer, você me da intimidade; vamos considerar que estamos falando aqui uma relação hetero, né. A menina da prazer pro cara, o cara da intimidade pra ela. E ai ela vai estar sempre seguindo o manual da amiga resvita.

Ju: Da Nova.

Gica: Mas quando você não tem prazer no sexo, você também fica meio chata, por mais que você esteja oferecendo muito prazer…

Cris: Então, Gica, mas, na verdade, você precisa ter um gancho. Eu acho que o não ter o prazer, ou seja, precisa ter um parametro do que que é prazer.

Ju: Exato. Exato.

Cris: Pra você saber o que não é prazer.

Gica: Não, mas olha só!…
Ju: Cara, quando eu descobri o que era, eu falei: cara, como que eu estive disposta a passar o resto da minha vida sem saber que era isso, eu achava que era bom.

Gica: Mas olha onde vai essa história..

Thaís: Eu vou dar um passo pra trás e voltar na história do espelhinho, pega o espelhinho, se conheça, pega os teus dedinhos ou o que você tiver a mão e descubra o que te da prazer.

Cris: O Thais, mas isso volta pra conversa: minha filha tem cinco anos, e ela agacha no espelhinho, ela sabe o que existe dentro dela. Porque o orgão sexual masculino é pra fora. Então você não precisa de espelhinho. Ela tem cinco anos, até pra ela fazer a própria higiene ela precisa entender o que ela precisa lavar, cuidar bem, não por a mão suja, então tudo parte da conversa sim! Mesmo que a conversa não esteja atrelada ao porno.

Gica: Não, mas e quem não tem mais cinco anos, como faz agora pra resgatar essas amigas.. eu to preocupado com elas, porque as nossas filhas eu sei que a gente vai arrazar até o chão, uhul!!

Cris: Eu não sei se eu vou arrazar, mas eu to tentando fazer de um jeito diferente..

Gica: Não, a gente vai. A gente vai. A minha preocupação é com as minhas amigas de 30, de 40, de não sei o que anos, que estão ai fazendo [gemidos sexuais]… aah ai amor, gozei..

Cris: A gente prometeu que não ia fazer sexo no microfone.

Gica: A não, a gente vai ta fazendo sim!

Thaís: Não, mas a gente prometeu que a gente ia fazer!

Gica: Assim, eu to preocupada com essas amigas, eu to preocupada com essas mulheres, que ai continuando a histórinha, “a beleza então se eu sou a putona, não sei o que nananan, eu to fazendo meu cara gozar, ai ele vai ficar em divida comigo” “não, po, legal ela me faz gozar não sei o que nananan”

Ju: Não, não é em divida. Você se satisfaz com a intimidade do sexo. É só isso, entendeu? Você acha que isso já ta bom.

Gica: Então, mas olha ai, olha a merda que vem daqui pra frente: quando a gente já chegou lá na plenitude do uhul, a gente já entendeu o que tem do outro lado do clitoris, da porra toda e tal. E galera, é massa! É tipo petit moar.

Cris: E tipo, ta, o que que tem do outro lado?

Gica: A gente chegou lá do outro lado, e quando a gente chega do outro lado a gente vira outra coisa, outro bicho na cama, e quando a gente vira esse outro bicho na cama, ou na quina da mesa, ou sei lá onde.. a coisa inteira fica massa PACAS entendeu? Pra gente, pro cara, pra vizinhança, sei lá..
Quando você não sabe o que tem do outro lado, chega uma hora que tudo bem, cê ta lá provendo alguma coisa, mas que aquilo ta sem gracinha também, entendeu? E ai o que que acontece, o seu amigo lá que ce chupando, não sei o que, fazendo isso, fazendo aquilo, tudo que a Nova mandou.

Thaís: 15 maneiras de enlouquecer seu homem na cama

Gica: 39 maneiras lalalalala. aii.. ãhh.. érh.. e ai ele vai lá e pega outra. Ou vai lá e pega o outro também, e vai lá e não sei o que nananana.

Ju: Mas isso ele vai anyways né, Gica. Não é.. isso não depende de você também.

Gica: Não, Ju!! Não depende de mim, mas assim.. enquanto eu entendo que sexo é só isso, porque a minha referencia é a revista Nova, é o porno que a mulher vai lá echupa o cara e depois da aqui na frente, atrás, nanana e beleza. Entende?
A gente não ta falando só de sexo, a gente ta falando de relacionamento.

Cris: Então, Gica, mas eu acho que a gente foca muito na mulher, mas eu acho que o homem ta meio no mesmo caminho do perdido.

Ju: Ééééé, é exatamente! Você acha que ta arrasando, ele acha que ce ta arrasando e ta dodo mundo feliz, entendeu? Nessa farsa que não é verdade.

Cris: Se a Juliana ta falando que se foca na pauta, ou na Nova, ai o cara se foca no porno. Ele também ta achando que ele ta arrasando. Eu não acho que não é um jogo que ninguém ta ganhando. E ai eu acho que tem um resumo da opera é: Pessoas..

Gica: Então é pior ainda.

Ju: É.

Cris: Eu não acho que os homens tão felizes também não, tá? Eu acho que muitas vezes o cara ta assim: é isso ai mesmo, quanto mais eu fico lá e faço com força, mais ela ta feliz.
E ai ficam os dois se enganando, que é o porno mainstream.
Pessoas, assim, apenas conheçam seus corpos e conversem com as outras pesssoas. E você não precisa falar “olha, miga, você não sabe o que que eu gosto. Eu gosto que você me chupe 35 minutos antes.” eu acho que é uma coisa de envolvimento, né? que ninguém chega no seco e fala realmente o que gosta, mas você vai guiando a pessoa pelo seu corpo, pelos seus desejos, pelas suas ansiedades, então eu acho que a intimidade é que promove que cada um, seja dois homens, seja duas mulheres, seja um homem e uma mulher, guiem um pelo outro do seu corpo.

Gica: Mas e o sexo casual?

Cris: Então, mas como você vai guiar o outro pelo seu corpo? Conhecendo seu corpo.

Gica: Exato!

Cris: Entende? Tanto o homem, quanto a mulher.

Gica: Então eu não preciso ter intimidade com outro, é isso que eu to falando.

Thaís: Você tem que ter intimidade com você, homem ou mulher, e ai acho que com o seu corpo e com sua cabeça, saber o que te excita. Que pode ser muito maior do que o que você acha que é, sabe? As vezes, ta bom, é aquilo que você sempre viu, que sempre te excitou, mas de repente você já experimentou ver outra coisa? Se aquilo te excita? Se conhecer!
E ai você sabe guiar o outro pelo que te excita.
Cris: Eu acho que tudo é esse caminho do autoconhecimento. Eu me conheço, eu transo com você hoje, nunca mais vou te ver, mas eu sei te guiar no que me faz bem. E eu entendo seu código do que te faz bem.

Gica: É, porque é reciproco né, gente? Não é só ficar lá, tipo, ooooo.

Thaís: E ai o porno é super útil pra isso. Porque você não vai ter tantos parceiros assim dispostos a experimentar uma porrada de coisas que ce nunca, ce nem sabe se gosta, de repente ce vai lá, ve “puta isso me parece legal”. Sei lá, uma tripla penetração, pode ser que isso seja legal, vou buscar isso pra minha vida.

Cris: Exato. A curiosidade move o homem..

Thaís: É, isso me deixou curioso

Cris e Gica: e a mulher!

Thaís: E o homem com homem, e a mulher com mulher.

Cris: voltando ao porno, eu acho que é importante deixar registrado aqui que a geração que ta aqui na mesa conhece um tipo de produção que já se diversificou hoje em dia.

Thaís: Fato!

Cris: Existem coisas realmente diferentes, existe uma literatura muito rica também, existem pra.. homens, mulheres e independente da orientação sexual, aquilo que promove o conhecimento, porque em algum momento você vai experimentarr, vai ver se é bem aquilo que te faz bem ou não e vai presumir como você quer guiar o outro no caminho mais interessante que existe, que é o seu próprio corpo.

[1:00:19 – Fim da transcrição por Matheus Teixeira]
[1:00:20] transcrição por @gigamensa

Ju: É, e principalmente, toda ficção é pálida diante da realidade, então, por exemplo, quando eu tive filho toda ficção sobre como é ter filho ridícula, porque ela não dá conta do como é ter filho, ela é pálida diante da realidade. Então, por favor, tenha noção de que quando você ta vendo um pornô você ta vendo uma ficcçao, a realidade não é aquilo…

Cris: Video-game…

Ju: A realidade nunca vai ser aquilo, então não tem como você reproduzir aquilo, e você tem que ter muto mais sensibilidade de que na realidade são duas pessoas reais, então assim, no filme pornô tinha um roteiro, o ator não tinha que pensar sobre aquilo, ele tinha que simplesmente executar. Na vida real são duas pessoas, vocês vão ter que construir essa química, essa vontade. É completamente diferente, então de tudo isso, quando a gente fala de pornô o mais importante é isso, porque voltando pra amarrar como início, como a gente não tem acesso à vida dos outros, a gente só tem à nossa, a gente busca no pornô a normatização, tipo “ah, ok, é normal” isso o pornô te da de muito legal, porque ele tira a label de freak de você. Como o Rico falou, tem pornô de diversos nichos, então se você gostava de uma coisa que você achou que nunca ninguém ia gostar, você googla lá e você vê gente que gosta e que tudo bem gostar disso, então beleza

Gica: bicho estranho, sozinho, que gosta disso

Ju: Então isso é muito bom, mas tem que ter sempre essa coisa de que “tá bom, as pessoas tão atuando, ali tem um roteiro, a ficção nunca vai dar conta da realidade. Há que se ter muito mais experimentação, muito mais sensibilidade quando você vai pra realidade.

Thaís: Daí pros meninos: busquem consentimento.

Gica: risos – sabe Et Bilu, Et Biléia

Thaís: Et Bilu feminista, ele diz “Busquem consentimento. O consentimento pode ser um olhar, um sorriso.

Gica: Mas Thaís, o que é consentimento, Thaís? Vamos dramatizar:
“Oi, você quer transar comigo? – Não.

Ju: Não, o vídeo do chá, vai. O vídeo do chá, nada vai ser melhor que o vídeo do chá.

Cris: Consentimento é alguém deixar claro pra você que deseja aquilo.

Gica: Isso, isso. Seja chá, chupada…

Cris: Se você tiver dúvida, não vá. Consentimento…

Thaís: Não goza na cara da amiguinha sem avisar. – Risos

Ju: Vamos falar sobre isso?

Gica: Isso ai, errou rude, errou feio…

Ju: Mais uma coisa de consentimento que ninguém fala, acho que pro lado do patriarcado, né. Porque justamente por a mulher não pode gostar de sexo, a mulher não pode ter desejo, que você precisa invadir o meu corpo sem meu consentimento. Quando eu desejar muito um homem, eu não posso dizer que eu desejo. O cara tem que…

Thaís: O não que quer dizer sim…

Ju: O cara tem que me violentar pra eu poder ter prazer, porque eu não posso demonstrar que eu tenho prazer.

Gica: Aff, gente. Que pesado isso.

Ju: Mas isso é sociedade patriarcal, Bonita.

Thaís: Quantas vezes você disse não pra fazer joguinho? Quando você era menos informada.

Gica: Risos – Nunca!! Eu nunca consegui! E ai os meninos olhavam pra mim e falavam “Você é estranha”, porque eu falava “Será, e se a gente fizesse sexo?” e eles falavam “Nossa!” E aí.. Que cagado isso, né.

Ju: Mas o jogo do patriarcado é assim, a mulher tem que dizer não, e o cara tem que ficar tentando em cima do não até conseguir. Então assim, o que a gente tá combinando aqui no Mamilos, as tias do Mamilos tão combinando com você: Se você encontrou uma mina que tá jogando o jogo do patriarcado, que tá falando não quando ela quer dizer sim, o que que você faz? Vaza! Correndo. Deixa ela descobrir o que ela quer e assumir o que ela quer pra então você entrar no jogo. Não me venha com essa pergunta “Mas Ju, ela ta dizendo não mas eu sei que ela quer dizer sim”. Então ela é problemática, ela não se descobriu.

Gica: É, vaza, vaza. Sai daí.

Ju: Você vai em quem te quer, te deseja e te fala isso. É sim.

Gica: Ai vai ser massa.

Ju: Quando a mulher disser “vem” você vai. Quando a mulher disser “hmm” com um olhar nãnãnã, você vaza, vai pra próxima que disse sim.

Thaís: E o outro lado dessa história pras meninas é: Digam sim quando vocês quiserem.

Gica: Digam siiiiiiiiiiim.

Thaís: Se ele não lidar bem com sua vontade, vaza! Sai correndo porque esse cara não vai nem te comer bem.

Gica: E é legal quando alguém não come bem? É chato, é chato né, gente?

Ju: Ô meninos, comer bem não quer dizer ficar duro em um segundo, não quer dzer durar muito tempo, não quer dizer ser um Ás na cama, quer dizer nada disso. Quer dizer estar em sintonia, tá? Quer dizer estar lá, estar afim, estar com tesão, estar disposto a jogar junto o jogo. É só isso, não fiquem com medo. Tá tudo certo.

Gica: A gente tá muito hétero nesse programa. E as meninas, como faz? Será que rola problema de consentimento entre lésbicas?

Cris: Claro.

Gica: Tipo, uma agressividade assim?

Cris: Na verdade a sexualidade e o desejo de pertencer e ser pertencido, dominar e ser dominado, esse jogo indifere no momento da orientação.

Thaís: É transversal… tá… É porque as lésbicas não deixam de ser mulheres criadas denro dessa estrutura patriarcal.

Cris: É um sistema, não são as pessoas

Gica: É, eu fui muito idiota agora

Cris: No último lugar o que a gente quer dizer aqui é apenas libertem-se e entendam que existe um jogo fictício chamado pornô que serve pra fantasiar, brincar, se masturbar, talvez até se inspirar mas que aquilo é um jogo, igual video-game, igual um monte de outras coisas. Escutem os sinais que lhe são dados, você vai ser guiado no caminho do amor.

Gica: Tipo “Menina, desliga esse video-game e vai brincar lá fora!” – RISOS – Desliga essa televisão, vai ler um livro, vai la fora no sol, vai viver…

Cris: Menos cobrança, mais naturalidade.

Gica: Não, isso que a Thaís falou é fundamental, meninos consentimento e meninas digam sim. Tudo bem dizer sim… Ah, mas daí é puta né, Juliana?

Ju: Mas nós somos todas putas, amor. No final do dia você vai ser puta, então já seja de início que é mais fácil.

Cris: Tá liberado

Gica: Então fala sim, fala sim que ta tudo bem.

Cris: Temos Rico ainda na mesa?

Ju: Temos sim, temos muito.

Rico: Eu descobrir minha sexualidade não quer dizer que eu estava vivendo minha sexualidade com plenitude. E creio que eu esteja num caminho de descoberta, sem dúvida. Eu ter descoberto com, sei lá, 8 – 9 anos, que alguém do mesmo sexo que eu me gerava mais atração e estimulava reações no meu corpo, isso tudo foi se desdobrando até eu passar a viver isso, que levou algum anos. E viver plenamente como eu vivo hoje, com um relacionamento dentro da sociedade…

Cris: Um relacionamento gato, diga-se de passagem.

Rico: Sim, sim, sim!

Cris: Um relacionamento cheiroso.

Gica: Essa close ele deu, gata.

Cris: A gente sentiu o cheiro desse relacionamento.

Rico: Risos – E tudo isso tem um espaço, e o pornô hétero esteve presente durante muito tempo, dando essa aula errada, essa escola errada.

Gica: Você podia ter escutado 90 minutos de Mamilos, ou podia ter escutado o Rico falando “Então, o pornô deu essa aula errada”. -Risos- Num tuíte ele resumiu tudo esse negócio que a gente falou.

Rico: Então acaba construindo, depois você tem que arrancar isso, porque depois você vai pra uma outra história. Você vê um cara, uma mina, vê esse questão da submissão que vocês descreveram, ai você vai pra uma situação onde você não precisa exatamente, mas existe um pensamento sobre ser passivo, ser ativo, ser versátil, e cada relação, porque primeira não é o seu príncipe encantado, e talvez não seja nunca…

Gica: Não sei vocês, mas a minha…. Príncipe encantado talvez não exista?!

RISOS

Rico: Sim, sim! Príncipe encantado talvez não exista! Existem pessoas que te deixam mais encantadas, outras que deixam mais diante de um príncipe, mas os dois talvez não existam de fato, mas até você chegar nesse lugar onde você fala “nossa, parece que eu to vivendo o ponto mais alto da lucidez da minha sexualidade, como eu vivo isso, como isso se desdobra no meu corpo, na minha mente, no meu diálogo e tudo mais, eu ouvindo outros amigos e pautando na minha história mesmo, durante um tempo eu fiquei pensando “nossa, mas se eu for passivo eu não posso ser ativo? Ou os dois?

Gica: É, não ter essa obrigação, você tem que ser só um negócio.

Rico: E aí entra em outras mil questões, que aí vai pra políticas né, sobre o corpo negro e mil outras coisas que a gente discute que nunca chega nesse mundo gay, branco, lalala, entendeu? Que é a coisa do corpo livre, como ele se relaciona com outros corpos, e aí…

Gica: E aí nada, o que é isso do corpo livre? Explica isso aí.

Rico: A liberdade do corpo, de como você se relaciona sozinho com o seu corpo, e como você, no ato sexual, se relaciona.

Gica: Mas você relacionou isso, o corpo negro é mais livre que o branco?

Rico: Não, não, não, não.

Thaís: O corpo livre é um movimento.

Gica: Ah não, beleza! Por um momento eu entendi que o corpo negro era mais livre que o branco.

Rico: É, entendeu? Ah, você vai transar com todo mundo, você vai transar com um cara só, você vai transar como? Com o cachorro? Como você entende isso de forma pública? Você vai numa festa onde as pessoas transam e todo mundo vê? Você vai na festa que tem sexo ao vivo, e vai com seu namorado, vai sozinha? Enfim, um mundo, um universo.

Thaís: Um corpo livre é um corpo sem regra.

Gica: Por um momento eu entendi que o corpo negro era mais livre.

Rico: Não! Existem esteriótipos. Tipo o corpo negro transa melhor, dá mais prazer. Tem pau grande.

Gica: Foi feito pra isso né? E a mulher negra é ancuda, né? Tá.

Rico: É tudo isso, e que cria um imaginário, né?

Cris: Cria um imaginário de super sexualização, tira toda sua cultura intelectual. Porque hiper sexualizar é diminuir sua capacidade de julgamento, de discussão.

Gica: É, porque você serve só pra isso, né?

Rico: Sim, por exemplo: no pornô gay, você procura lá um cara negro, sei lá, o inter-racial, o cara negro ele é ativo na maioria das vezes.

Gica: Ah, porque ele é o cara pauzudo, não sei o quê, nã nã nã nã…

Rico: É. Entendeu?

Gica: Entendi.

Rico: E aí você tem que discriminar mais ainda na sua busca, pra você achar o cara negro que está sendo passivo. E tudo isso, quando vai pra vida real, pra night, pro aplicativo de pegação, pra onde for, tudo isso tem a sua… isso é tendencioso, né, e acaba trazendo… e é o resultado, entende?

Gica: Entendo.

Cris: É super interessante isso.

Rico: E por que eu tenho que estar ali já pronto pra repetir o que o filme está propondo?

Gica: Então, tipo, você ser um negro passivo é esquisitíssimo, como assim?

Rico: É, entre outras coisas.

Cris: Não é só isso. Eu sou um homem negro que não tem uma jeba. Eu não tenho um mega pau. E eu não sou uma mulher negra que tem um mega apetite sexual. Então, quer dizer, o estereótipo do homem negro é que ele é superdotado, e da mulher negra é que ela tem as partes quentes. Então, quer dizer, quando você tira isso e mostra que a biologia, a ciência e o corpo não explicam uma hipersexualidade do corpo negro, as pesssoas falam: “Jura?”. E eu tô te falando, pessoas que tem alto conhecimento. Eu não tô falando de qualquer um. O que eu tô falando é que existe essa hipersexualização e as pessoas não entendem que isso funciona pra você rebaixar o intelecto. Não é porque você quer valorizar essa pessoa, é porque você quer restringir essa pessoa a esse quadrado. Então, como pode um homem, ou mesmo mulher negra, hipersexualizado ser passivo? Não pode. Então, a gente vai pra um outro padrão, tem essa repetição de ciclos.

Rico: E num pressuposto colonialista, isso é o ponto de vista do homem europeu que chega à África e cria essa concepção. Estávamos todos lá dançando, transando e sendo incríveis, [risos], entendeu? E aí chega esse ponto de vista que se desdobra pelo mundo todo, e quando você vai pro mundo gay isso perdura. Entende? E aí é outro nó. Você pensa nessa trajetória: um garoto gay que tem acesso ao pornô hetero e ali ele cria uma noção errada sobre as coisas. Aí ele entra no universo do pornô gay, e aí no pornô gay ele encontra essa outra construção errada. Só que nisso, o encontro de construção errada não provoca desconstrução. Você vai somando isso, somando isso e isso desova na sua performance sexual ou no jeito que você se relaciona no aplicativo, da forma que for, entendeu?

Thaís: No jeito que você se vê também.

Ju: Você reproduz o que você vê.

Rico: É, você reproduz até você ver que não tem nada a ver. Você não tem que estar obedecendo nenhum naqueles requisitos ou critérios, e isso não tem nada a ver com o prazer que você vai encontrar e com a pessoa que você vai encontrar pra sentir prazer.

Cris: Rico, se tem uma coisa boa nisso, é que você tá numa mesa com mulheres com mais de 30, e você tem 26 e já sabe. Olha que maravilha!

Rico: É mágico! Eu acho muito mágico. Toda questão de esclarecimento é sempre mágica. Eu lido com fãs que são mais novos que eu…

Gica: Ah, é? Seus fãs são, tipo… Você consegue falar…?

Rico: Tem gente da minha idade…

Gica: OK.

Rico: Tem gente com mais idade que se identifica…

Gica: Tipo a gente, com mais idade. [risos]

Rico: Se identifica e acha incrível. E tem o mais novo. Ah, tem o mais novo que acha que eu sou normativo, porque ele já é muito lá na frente.

Cris: Olha que demais! Se você é normativo, imagina a gente, amigo.

Thaís: Desculpa, esse close ele já deu faz tempo.

Rico: Você entende o quanto é muito mágico isso?

Gica: Você já escutou essa?

Rico: Tem uma galerinha que acha que eu tô num caminho de se enquadrar. Quem é mais militante ou quem é mais resistência ou que se considera mais, né, porque cada um tem seu critério. Eu ando na noite aí, de uma forma pública, e, sei lá, quando eu vejo um cara meio skinhead eu não vou ficar esperando pra saber se ele é mesmo.

Gica: [risos]

Rico: Só que eu preciso voltar do meu show, entende? Não tenho carro, às vezes eu quero ir a pé porque vou comer a duas quadras, não vou pegar um carro. E tô exposto, entende? Não sei, se isso não for resistência ainda, o que será, né? É estar no Facebook, pondo foto ou dando texto, que também é uma outra forma.

Gica: Também válido. Sim. OK.

Rico: É. Mas existem garotos de 16 anos que já tem uma clareza muito maior, entende? Sobre o seu próprio corpo e sobre o quanto a indústria pornô não representa ele e o que ele precisa ver e como se dá isso. E, pronto, tchau. Entende?

Cris: Que legal! Eu acho que você tem toda razão. Minha filha tem 5 anos e eu acho que ela não vai ser feminista, porque ela vai olhar pra isso e vai falar: “what?””

Thaís: “A gente precisa discutir isso?”

Cris: “What?” Ela já tá lá! Eu tô aqui, ela tá lá.

Thaís: Eu tenho muita fé na próxima geração.

Cris: Então, acho que são esses meninos que você tá falando, tipo, nós estamos lutando pra trazer pessoas conosco, mas eles já estão numa outra via.

Rico: Sim.

Gica: Quem aqui é irmão mais velho?

Thaís: Eu.

Gica: Irmão mais velho é isso.

Rico: Eu sou mais novo.

Gica: É, eu acho que é meio tipo irmão mais velho, sabe? Quem é irmão mais velho foi tratado pelos pais de um jeito. E aí a gente vê o irmão mais novo e fala: “Hã?”

Cris: “Pode isso?”

Gica: Né? Tipo, eu com 18 anos tinha que estar em casa às 10 da noite. A minha irmã com 12 anos podia estar em casa à meia-noite. Enfim…

Cris: Temos uma conversa muito produtiva! Fizemos sexo grupal aqui. [risos]

Ju: É, assim, a gente sabe…

Gica: Não fez porque não gemeu! [risos]

Thaís: Não fizemos, não. Sexo é outra coisa, queridinha. Tá todo mundo vestido aqui. [risos]

Cris: Desculpa, gente, era só uma brincadeira. [risos]

Thaís: Precisamos falar sobre sexo. [risos]

Gica: [risos]

Ju: Eu espero que a gente tenha feito um pouquinho do que a gente falou que precisava, que é falar sobre sexo fora desse padrão, desse jeito normativo, pra quebrar um pouquinho a cabeça. Porque a gente sabe que a gente tem muito ouvinte novinho, a gente tem muito ouvinte do interior, a gente tem muito ouvinte que é conservador, de família conservadora. A gente sabe que a gente tem muito ouvinte super mais velho que nunca ouviu esse tipo de conversa. Então, assim, o objetivo com essa conversa aqui era só realmente se expor um pouco, abrir uma coisa que ninguém quer abrir porque tem vergonha, porque, enfim, não quer justamente mostrar sua intimidade. Enfim, abrir justamente pra ajudar a enxergar outros caminhos, enxergar outras formas e, principalmente, provocar curiosidade. Então, assim, a partir disso procurem saber mais, vão explorar outros caminhos, vão explorar outras narrativas.

Cris: Nós temos aqui uma conversa e eu queria pedir carinho e respeito pelo quanto a gente se expôs pra conversar com você sobre isso.

Gica: Puta, eu também queria pedir.

Cris: A gente veio aqui, todo mundo sem calcinha, todo mundo conversando numa boa, trazendo conhecimento.

Thaís: Eu vim com uma calcinha bonita.

Gica: [risos]

Cris: [risos] Eu sei que é muito difícil pegar todo o aspecto da conversa, mas foi uma cutucada. Foi um início. Foi uma conversa pra colocar a pauta sobre: liberte-se, conheça seu corpo, seja feliz; onde o pornô pode ir, até onde ele pode te ajudar, até onde ele pode ser prejudicial. O Rico tá aqui pra trazer um pouco da beleza de um olhar crítico sobre isso. A gente tá aqui compartilhando com vocês nossas experiências. Então, assim, na verdade é um programa de bate-papo. Não é um programa científico, não tem nenhuma voz de autoridade aqui.

Ju: Mas faremos, tá? Faremos um programa mais sério.

Gica: É, aí eu não venho. Aí vem, tipo assim, a médica, o cientista…

Thaís: E se o assunto interessou, tem conteúdo pra caramba…

Ju: Muito!

Cris: Tem!

Thaís: Inclusive, tem o Uol Tab sobre isso. Super bom.

Ju: É, então, até vou pedir pro Dantas fazer isso.

Cris: Pera aí, guarda pro farol.

Ju: Eu vou pedir pro Dantas fazer isso. A gente vai colocar, pra quem quiser se aprofundar nesse assunto, a gente tem vários links que aprofundam, que falam sobre esse assunto…

Gica: Aprofunda gostoso!

Ju: Então, vai ficar disponível.

Cris: O Dantas é o homem por trás de duas mulheres.

Ju: Olha aí…

Cris: Nesse programa acho que pega bem. [risos]

Gica: Não é, não! Não é, não!

Thaís: Ai! Gente, eu preciso contar do meu primeiro emprego, porque eu prometi que eu ia contar do meu primeiro emprego.

Cris: Ha! Vai, Thaís.

Gica: Nossa, gente! Isso é bonus track, motherfucker!

Cris: Vai, Thaís, porque você vai contar e vou encerrar.

Thaís: Meu primeiro emprego como redatora, que eu trabalhei na DirecTV. Faz muitos anos, tá, gente. A tia é velha. E na época eu fazia todos os textos do site da DirecTV, e aqueles que aparecem na TV também. E aí, uma parte do meu trabalho era fazer as resenhas dos filmes, e todos os canais mandavam as coisas meio prontas, assim já, os textos quase quase prontos, eu só dava um tapinha. Menos o canal de filme pornô hardcore gay, sendo que hardcore é a palavra-chave. E aí o que eu tinha que fazer era assistir durante dias filme pornô hardcore gay, e escrever resenha com o enredo do filme pornô hardcore gay.

Gica: Você ganhava bem, Thaís?

Ju: [risos]

Thaís: Não, óbvio que não, gente. Então, quando você reclamar do seu emprego de merda, lembra que eu fazia isso quando eu comecei.

Gica: [risos]

Ju: [risos]

Thaís: E, além de tudo, o meu computador era o único aberto pra pornografia na empresa inteira. Era uma empresa bem coxinha. E atrás de mim sentava o pessoal do financeiro, e as pessoas olhavam pra mim, eu tinha uma cara muito de menina, bem loirinha, assim, bem quietinha, e eu passava dias assistindo filme pornô hardcore gay. E eu vou dar aqui uma palavra-chave pra vocês do que eu via, que era “trenzinho de macho”. Bastante. Trenzinho de macho.

Gica: Tá. Vem cá, a sua mãe sabia disso?

Thaís: Não.

Gica: Alguém sabia disso?

Thaís: Todos os meus melhores amigos.

Gica: Tipo, da sua família? Seu pai?

Thaís: Não. ninguém. [risos]

Gica: [risos]

Cris: Eu só queria dizer o seguinte pra vocês: você, que tá começando a sua carreira agora, olha só, você pode começar como redator de filme pornô hardcore gay e acabar como a Thaís. Então, siga em frente.

Gica: E virar um puta diretor de criação.

Cris: Siga em frente. Foco.

Thaís: Pode virar uma puta diretora de criação. [risos]

Gica: [risos]

Ju: [risos]

Cris: Foco! [risos]

Thaís: Vírgula. Diretora de criação. [risos]

Gica: [risos]

Cris: Vamos, então, pro farol aceso?

Ju: Bora!

Gica: Vamos!

[sobe trilha]

One more night
One more night
One more night
One more night

[desce trilha]

[sobe trilha]

O tempo para e o relógio não gira
Quando você diz que vem e o neguinho aqui pira
Quando tu vai, todo amor vira ira
E eu tô na mira do dia que tuas coisas junta com as minhas
Mata a minha marra quando tua cara me encara
E eu perco o comando quando os nossos olhos se falam
Conexão que não falha há anos
E eu contos os dias mais lindo da vida de dois humanos

Me faz sentir o vento que eu só sinto de long
Se você vem lá longe meu corpo fica étrange
Super
Je t’aime
Seu amor, eu sou fã, no terminal Butantã
Minha paz, meu haram
Eita…

[desce trilha]

Cris: Vamos então para o farol acesso! A gente vai começar com: Gica, conta para a gente o que o que você vai indicar, sua linda! Sua gostosa!

Gica: Ui, delícia! Eu vou indicar duas coisas: Primeira coisa é… Tudo a ver com esse assunto aqui, aí tem sexo e tem câncer. Eu tenho uma ONG (sou sócia-fundadora de uma ONG) que se chama “Beaba” (http://www.beaba.org/). Ao contrário do que muitas pessoas pensam, várias pessoas perguntam para mim “Ah, mas vocês recebem dinheiro do governo, né? Porque ONG recebe dinheiro do governo!”. Amigo, não! A gente não recebe dinheiro do governo! O “Beaba” é uma ONG desmistifica o câncer infantil para pacientes criancinhas. Crianças com câncer que não sabem o que é câncer, a família delas não sabe o que é câncer e a sociedade não sabe o que é, enfim, a gente trabalha para desmistificar, a gente trabalha com informação! A gente acabou de fazer uma cartilha que explica os principais verbetes e coisas, termos, do universo oncológico de modo que qualquer pessoa possa entender. Foi uma cartilha feita com apoio de várias pessoas no crowdfunding e com apoio de profissionais sensacionais e tem uma cartilha lá (e ela é massa!). Então, se você conhece alguma criança que esteja em tratamento, entre em contato conosco: beaba.org, compre uma cartilha e se você quiser dar para a criança… Enfim, vocês entenderam a tônica do negócio, né? Beaba.org. Tudo isso está acontecendo lá e esse foi o jabá da minha ONG. Agora eu vou para o farol acesso, tá?

Ju: Muito bem.

Gica: Farol acesso que rolou um alinhamento de planetas esquisitíssimo aqui hoje, porque Juliana Wallauer foi lá e compartilhou um texto do Ricardo Terto, ou “Tértol”, desculpa se eu estiver falando o seu nome errado, Ricardo, mas é isso (não dá nenhuma pista aqui). E com um texto que fala “Hey, você, esquerda da classe média. E hey, você, todo mundo. E hey, você…”

Ju: Ele fala a diferença entre frustração e raiva. E ele fala sobre a gente parar de cagar regras sobre “o povo não sabe o que está escolhendo”, sobre “olha aí, a galera foi massa de manobra”, ele dá uma boa real. Quem quiser, é só entrar na página dele, é muito bom!

Gica: E aí tem na página dele esse texto e outros tantos textos. Mas , hoje, eu liguei para ele para saber mais sobre ele. E faz três semanas que existe essa página, gente! E até então, ele era só um cara que vendia calça e camiseta em uma loja no shopping que não vamos identificar a loja (risos – A loja não está pagando um boleto aqui). E é um cara que falou “Puta, vou escrever!”, e é um cara de periferia, é um cara que… Como chama aquela autora, Taís… por favor?

Taís e Ju: “Chichamanda”

Gica: Então, é assim, é outra historia. É um cara de periferia que tem um outro background e ele tem uma outra visão, ele fala sobre isso de um modo bem interessante, então, procure no Facebook essa fanpage do Ricardo Terto e eu tenho certeza que vocês vão amar, não vão se arrepender…

Cris: Ricardo, obrigada pelo texto. A gente não sabia, pelo menos eu não quando
compartilhei, estou duplamente emocionada pela mensagem, eu acho que valeu muito a pena o tapa na cara. Vamos então… Ó! Tem convidado para mais de metro. Então, agora, eu vou pedir plateia. Vamos lá! Plateia! Orlando, seu gato! O que você vai indicar?
Orlando: Bom, aproveitando a temática do programa e a situação que todos nós estamos vivendo, eu li ontem que a grande empresa de filmes pornográfico brasileira “Brasileirinhas” está lançando um filme pornô baseada na lava jato.

Gica: Oi? (gargalhada forte)

Orlando: Que recebe, inclusive, o nome de operação lava jato.

Gica: Claro que sim!

Orlando: Enfim, vão ter várias pessoas, vários atores nesse filme…

Gica: Vários jatos!

Orlando: Vários jatos!

Cris: E vários Mouros?

Orlando: E uma declaração que a “Brasileirinhas” deu (e é muito boa), segundo a produtora, o filme é uma homenagem à porra que o nosso país está vivendo com a operação Lava Jato.

Gica: Acho justo.

Orlando: Né?

Gica: Isso não é do “Sensacionalista”?

Orlando: Não.

Gica: É verdade?

Orlando: Está rolando! Pode… Tem o acesso, caso você seja assinante do “Brasileirinhas”, você já tem acesso ao filme. Eu gostaria de destacar um ator que se chama Big Mac, eu ouvi dizer que é um dos grandes sucessores do Kid Bengala, nosso grande Kid Bengala.

Thaís: Grandes!

Orlando: Enormes sucessores de Kid Bengala.

Gica: Taís!

Thaís: Eu estou só grifando.

Gica: A Taís está só com o marca texto nas pessoas.

Orlando: É isso. Essa é a minha indicação, assistam à “Operação Lava Jato” por “Brasileirinhas”.

Cris: Obrigada. Dantas! Seu Lorde da Winter, o que você tem para divulgar para a gente? Lord Commander! Todas amam Dantas!

Dantas: Então, eu ia falar ia falar “Interessante, né, gente!”, sério.

Cris: Olha, seu bandido, respeita esse podcast! Não vem com essa putaria não! Dantas, olhe nos meus olhos! Respeita!
Dantas: Desculpa! Desculpa, mãe!

Cris: Tá bom!

Dantas: Ok. Minha dica de farol acesso não tem nada a ver com o pornô!

Cris: Que pena!

Dantas: Eu fico muito sem graça falando de pornô, eu não consigo!

(Gargalhadas profundas)

Thaís: A gente claramente não!

Ju: Ele é novinho, gente.

Dantas: É um aplicativo chamado “Citymapper”, eu descobri ele essa semana. Talvez as pessoas possam usar o meme “Feliz 2007” para mim, porque eu não sabia. Mas eu achei tão útil! Eu gosto muito mais de andar de ônibus do que de metrô porque eu gosto de ver a paisagem do que só ver túnel, mas eu tenho muito medo de descer no ponto errado e é uma catástrofe, talvez esteja em um lugar desconhecido e no “Citymapper” você diz onde você está e onde você quer ir e ele mostra várias linhas de ônibus, e o mais genial, ele acompanha você passo a passo como se fosse um “Waze” de ônibus, então quando está chegando no ponto que você precisa descer, ele te manda uma notificação “Desça no próximo ponto!”, mesmo se você estiver ouvindo música, estiver fazendo qualquer coisa. E aí, ele fala: “Agora, você anda até tal lugar.” ou “Agora você espera o próximo ônibus.”. Eu achei genial porque o site que eu trabalho, “Papel Pop”, agora está num lugar novo que eu nunca ouvi falar! Alto de Pinheiros!

Cris: Um dos lugares, né, Dantas que você trabalha!

Dantas: Aí, desculpa, Cris!

Cris: Aquela traição toda, né!

Dantas: Então…

Cris: Beijo, filho!

Dantas: O meu segundo emprego agora está em outro lugar. (Risadas)

Cris: Querido, a gente está muito feliz com sua sede nova.

Dantas: E agora eu tenho que ir de ônibus e foi tão natural e tão lindo. Eu não me senti perdido! Parecia que estava andando com a minha mãe explicando o caminho.

Cris: Adoro!

Dantas: E é isso, o aplicativo se chama “CityMapper”. C-I-T-Y e mapper de M-A-P-P-E-R. Acho que tem para Android e iOS.

Cris: Taís querida, conte para gente!

Thaís: O meu farol acesso hoje é uma mulher que é feminista negra, mestre em filosofia em política, uma das mais influentes pensadoras da nossa geração. É a Djamila Ribeiro. Ela não é só tudo isso, ela já é uma baphonica por ela só, e você pode acompanhar os textos dela no Facebook, ela é ótima! Ela é uma voz super ponderada em várias questões como a nossa aqui do Mamilos e ela é a nova secretária adjunta da secretária municipal de direitos humanos e cidadania de São Paulo. Não tem o porquê a gente estar falando tanto da representatividade, da importância da diversidade nas mais diversas equipes, passando aí pelo Ministério só de homens, brancos,, heterossexuais (a princípio) e velhos no governo interino do Michel Temer, a gente ter a Djamila na prefeitura de São Paulo é muito valoroso, não só porque ela é uma voz importante, mas por tudo o que ela representa!

Ju e Cris: Beijo, Haddad.

Cris: Tempo isso, hein, Ju?

Ju: Então, menina, mas, né… Tô tentando.

Cris: Perdi a prática do beijo.

Thaís: E o meu outro farol acesso, tem que ser dois, senão fica meio vesgo! É… O MC Queer, dá até um pouco de vergonha de indicar um migo que está começando na música agora, aqui na frente do Rico, mas o MC Queer é super importante! Se você gosta de Funk, ele é a sua oportunidade de descer até ao chão e protestar ao mesmo tempo! Ele é o primeiro funkeiro gay do Brasil e ele vem para trazer mais representatividade para esse gênero musical que é tão pautado pelo baile de favela para “comer a buceta dela”. Então, é outra forma de usar o fervo como luta, a gente fala muito sobre isso, que o fervo também é luta. Que você descer até ao chão, também é uma forma de protestar, então, ouça MC Queer, ele já está disponível em todas as plataformas, Spotify, SoundCloud e tudo mais. E ele é bapho e vai sair um clipe dele tão bonito, que eu já vi um pouquinho, eu acho que até o final dessa semana, logo menos.

Cris: Rico, conta para a gente! Indica aí, vai!

Rico: Bom, vamos lá. Quero convidar a todos para no dia 29 de maio no auditório do Ibirapuera, às 19h, o lançamento de Ogunga, meu primeio álbum, estão todos convidadíssimos! E no outro farol acesso, eu quero indicar uma página que se chama “Bicha Nagô” do Ezio Rosa, um jovem da zona leste que agora entrou na universidade federal e muito antes disso ele já tinha textos incríveis sobre essa existência do jovem negro gay na sociedade e como isso tudo é inviabilizado. Enfim, procurem saber. Ele é Bapho!

Cris: Ju, conta aí que você está super recheada.

Ju: Primeiro, eu tenho um canal de jornalismo explicativo no YouTube, o “Justificando”, que fala principalmente sobre temas políticos, é super bom! Canal “Justificando”, vale a pena conhecer. Outro canal do YouTube, o “Supervivente”, onde a Jussara que vive com câncer há nove anos conversa sobre a rotina dela. Porque eu estou indicando esse canal? Para a Luciana que nos escreveu contando que está aprendendo a viver com o câncer, porque um monte de ouvintes nos escreveu falando sobre isso, indicando mais texto e tal, que a gente inclusive está mandando para ela. E foi indicação de outra ouvinte, a Patrícia que está na corrente do bem aí. E por fim, a participação do Oga Mendonça, a voz mais gostosa do Mamilos, que se chama “O jogo do privilégio branco”, vale super a pena assistir, é um vídeo curtinho e muito bacana, muito didático. Cris, o que você indica?

Cris: Menina, vou falar uma besteira hoje. Eu quero indicar o “Waze”. O “Waze” é um aplicativo que faz com que as pessoas se locomovam daqui para lá. Eu sei que a maioria das pessoas usa, eu sou uma pessoa que me perco muito nos caminhos. Eu tenho várias inteligências, a espacial não é uma delas. Então o “Waze” é um aplicativo que me deixa confortável para achar os lugares. Embora pareça besteira, muitas vezes antes eu não ia nos lugares porque eu tinha medo de me perder. Olha que libertador! Então, agora eu uso isso. Então eu indico sempre, use o “Waze”.

Ju: Temos um programa então, gente?

Cris: Ô! Fica a gostosa sensação. Rico, não tenho nem como falar, obrigada. Eu vou levar isso como presente de aniversário. Desculpa! Sei que não era essa a inteção, mas estou levando mesmo assim.

Rico: Ah, tudo bem então. Eu que agradeço a todas, todos os mamileiros aí, prazer em estar com vocês aí, dividindo minha voz e esse assunto que foi incrível, né? Obrigado.

Cris: Obrigada, gente.

Ju: Obrigada e até mais. Até a próxima semana.

Cris: Beijo.

Gica: Obrigada!

Thaís: Obrigada, beijo.

[Sobe som – Trecho da Trilha: “Sei que a luz que tu precisa tem dentro de você, sei, deixa o mundo saber!”]

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