9 filmes de 2018 que você talvez não tenha visto (mas deveria) • B9

9 filmes de 2018 que você talvez não tenha visto (mas deveria)

Descubra alguns dos ótimos lançamentos do streaming e dos cinemas que podem ter passado batido pelo seu radar nos últimos doze meses

por B9

// Seleção por Matheus Fiore e Pedro Strazza

2018 foi um ano produtivo para o B9 no campo do cinema. Além das mais de 50 críticas que publicamos ao longo destes doze meses – que foram dos grandes nomes do último Oscar a pequenas produções de gênero do Brasil – tivemos a chance de entrevistar diversos nomes da indústria nacional e internacional, incluindo figuras celebradas como o francês Olivier Assayas e a brasileira Gabriela Amaral.

Também foi um ano em que cobrimos alguns dos principais destaques das edições mais recentes do Festival do Rio e da Mostra de Cinema de São Paulo, em especial projetos que já despontam para serem alguns dos principais nomes da próxima cerimônia de premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood como “Roma” e “Se a Rua Beale Falasse”.

Isso porque ainda houve o Cinemático, que embora tenha passado por alguns hiatos foi eleito um dos melhores podcasts do ano pelo iTunes com pouco mais de um ano de vida. Foram dezesseis episódios produzidos e lançados em 2018 sobre os mais diferentes filmes e contando com uma extensa gama de convidados.

Mesmo que a cobertura tenha sido ampla e os filmes comentados tenham sido vários, ainda houveram produções muito bacanas que passaram pelo radar geral de forma desapercebida e que merecem, nas últimas horas do ano, um destaque especial. Listamos a seguir nove grandes obras de 2018 que, por conta do calendário corrido de estreias, podem ter ido e vindo sem a atenção merecida. Tem de tudo, da produção nacional à internacional, de grandes produções com distribuição apequenada no país até os independentes minúsculos mas de grande coração.

Confira abaixo e não deixe de contar pra gente nos comentários o que mais te chamou a atenção nos cinemas este ano!

 

“Arábia”

O novo filme da dupla mineira Affonso Uchoa e João Dumans acompanha Cristiano, um operário do interior de Minas que viaja pelas cidades da região em busca de pequenos trabalhos. Como em “Ponto Cego” (que comentamos mais abaixo), “Arábia” trabalha muito em cima da alienação e da ignorância de seus personagens. O objeto de análise do filme brasileiro, porém, é diferente.

O filme, afinal, tem como foco mostrar o avançado processo de desumanização da classe trabalhadora brasileira, desde as condições desumanas às quais os trabalhadores são submetidos até o desamparo e a lenta perda de individualidade dessas pessoas. É um filme de bolhas que mostra a marginalização daqueles que, para a classe média e para as elites, acabam sendo ignorados – algo muito bem representado pela fotografia de Leonardo Feliciano, que constantemente isola os trabalhadores pelos enquadramentos, movimentos de câmera e profundidade de campo. (M.F.)

 

“A Câmera de Claire”

Visto no Brasil pela primeira vez durante o Festival do Rio do ano passado, “A Câmera de Claire” é um dos novos trabalhos do prolífico sul-coreano Hong Sang-soo, que já esteve presente em nossa lista de recomendações do ano passado com “Na Praia À Noite Sozinha“. No filme, Hong utiliza a fotografia como ponto de partida para analisar como a arte registra as mudanças que o indivíduo passa ao longo de sua vida.

“A Câmera de Claire” é um belo exemplar do prolífico momento que o cinema sul-coreano vive, integrando a parte mais intelectualizada de um cinema que está sendo chamado por alguns de “new wave sul-coreana”, uma referência à nova Hollywood americana dos anos 70. (M.F.)

 

“Hereditário”

Uma das grandes sensações do último Festival de Sundance, o filme de terror produzido pela A24 causou certo furor lá fora e por aqui por conta de sua proposta de horror um tanto inusitada. Acompanhando de uma família classe média deslocada, o longa de estreia do diretor Ari Aster a princípio tem toda a cara de mais um projeto que acredita firmemente no conceito ultrapassado de “pós-horror”, mas aos poucos a pose contemplativa e silenciosa vai destrinchando-se até a completa histeria de todos os envolvidos.

Seja nas caras e bocas da performance magnética e assustadora de Toni Collette ou na forma como a câmera de Aster usa cada vez mais da metalinguagem lúdica e implícita na relação da casa da família com as minúsculas construções criadas pela protagonista vivida pela atriz, “Hereditário” vai firmando seu horror de tal maneira que transita entre o completo escárnio das situações – cenas de ironização aos acontecimentos não faltam – a um tipo de terror mais desesperador e focado no pavor perante aquilo que não se entende. Aster é definitivamente um nome a ser acompanhado de perto. (P.S.)

 

“Lazzaro Felice”

Assim como “Cam”, “Noite de Lobos” e outros bons filmes de 2018, o italiano “Lazzaro Felice” de Alice Rohrwacher, foi lançado apenas na Netflix, não tendo passado por nenhum festival brasileiro nem pelo circuito comercial depois de ter sido comprado pelo serviço em virtude de sua passagem pelo último Festival de Cannes. Por conta deste lançamento menos convencional, o longa acabou não sendo tão visto e pouquíssimo discutido ao longo do ano.

O que Rohrwacher faz na obra é criar uma narrativa que flerta com o onirismo e desapegar-se de convenções cinematográficas para criar uma dura crítica à sociedade atual e suas estruturas de poder. Com um protagonista deliberadamente passivo, vemos em “Lazzaro Felice” uma análise de como a classe trabalhadora é silenciada e explorada pelas elites e grandes corporações ao longo da história. (M.F.)

 

“A Melhor Escolha”

Já faz algum tempo que Richard Linklater vem se firmando cada vez mais como uma espécie de cronista cinematográfico dos Estados Unidos, especialmente depois do sucesso e a indicação ao Oscar de seu épico geracional “Boyhood: Da Infância à Juventude”. Com “A Melhor Escolha”, porém, o cineasta responsável por obras como “Jovens, Loucos e Rebeldes” e a trilogia de filmes “Antes do…” dá um passo além ao redirecionar seu cinema a uma de suas influências que é o diretor Hal Ashby.

O longa de Linklater, afinal, funciona como uma continuação não oficial do “A Última Missão” que Ashby lançou nos anos 70, acompanhando os mesmos três soldados em idade mais avançada – vividos agora por Bryan Cranston, Steve Carell e Laurence Fishburne – e em missão para enterrar o filho de um deles, cuja vida foi perdida enquanto servia ao exército na Guerra do Iraque. De uma “aventura” que orbita entre a amargura e a frivolidade, o diretor faz aqui uma análise sóbria do nacionalismo estadunidense dos anos 2000, um tomado por sentimentos conflitantes perante a terrível aura 11 de setembro e o envio de tropas a uma guerra precipitada. De certa forma, um dos filmes mais doloridos de Linklater. (P.S.)

 

“O Outro Lado do Vento”

O lendário último filme de Orson Welles (de “Cidadão Kane” e “A Marca da Maldade”) ficou mais de três décadas engavetado até a Netflix investir no lançamento da obra. “O Outro Lado do Vento” segue uma ideia similar a do longa-metragem anterior de Welles, “Verdades e Mentiras”, e baseia-se na desconstrução de sua estrutura narrativa para tecer comentários sobre o cinema e sua forma.

O filme acompanha o último dia de vida de um diretor de cinema prestes a lançar “O Outro Lado do Vento”, seu novo trabalho. A obra de Welles acompanha de forma paralela, então, a trajetória do diretor fictício e de sua obra para subverter qualquer lógica interpretativa e criar uma experiência abstrata e desafiadora. É sem dúvida um dos mais complexos, mas mais audaciosos trabalhos da década. (M.F.)

 

“O Passageiro”

Jaume Collet-Serra hoje é sem dúvida um dos cineastas mais subestimados no meio. Diretor de produções de ação, suspense e horror de médio orçamento, o diretor de origem espanhola vem ganhando mais e mais destaque nos últimos tempos graças à sua parceria recorrente com o ator Liam Neeson, uma que rendeu este “O Passageiro” que passou de forma bastante discreta nos cinemas.

De certa forma uma “continuação espiritual” do “Sem Escalas” que ambos trabalharam em 2014, o longa usa de uma premissa um tanto simples – um homem (Neeson) é intimado por uma mulher misteriosa (Vera Farmiga) a encontrar uma pessoa durante uma rotineira viagem de trem – para fazer um comentário ácido sobre a vida no hiperbólico capitalismo norte-americano do século XXI e o constante sentimento de frustração do cidadão em uma lógica onde o poder do capital impera acima de tudo. É uma analogia embalada em uma narrativa altamente criativa, desde o prólogo que reconta a vida do protagonista à partir de sua rotina até o delicioso plano-sequência da luta mano a mano que Neeson encerra usando uma guitarra. (P.S.)

 

“Ponto Cego”

Bastante elogiado no Festival de Sundance deste ano, “Ponto Cego” acompanha os últimos três dias de liberdade condicional de um jovem negro da cidade de Oakland. Partindo deste recorte regional bem específico, o roteiro de Daveed Diggs e Rafael Casal (dupla que também protagoniza o longa) fala sobre o racismo em suas mais variadas formas.

O grande diferencial de “Ponto Cego” é o fato de o filme conseguir fazer uma análise do racismo estrutural e da gentrificação de regiões historicamente predominantemente negras e, ainda por cima, conseguir aliar a narrativa cinematográfica ao rap. Com composições da própria dupla protagonista, “Ponto Cego” utiliza a música para expressar aquilo que seus personagens não conseguem verbalizar naturalmente. (M.F.)

 

“Sem Rastros”

Demorou quase oito anos, mas a diretora Debra Granik enfim conseguiu lançar um novo projeto depois do sucesso de seu “Inverno da Alma” – que, além de revelar Jennifer Lawrence ao mundo, também foi indicado ao Oscar de Melhor Filme. Em “Sem Rastros” (que chegou no Brasil diretamente em serviços de streaming), a norte-americana nascida em Massachusetts volta a tratar de personagens envolvidos em trauma, desta vez focado na história de uma família formado por pai (Ben Foster) e filha (Thomasin McKenzie) que vivem isolados nas florestas de Portland.

Ao invés de tema central aos rumos da história, esta questão de isolamento dos personagens é usado pela diretora como ponto de partida para o contínuo desbalanço da relação familiar entre os dois, conforme a filha vai descobrindo (e abraçando) o mundo e o pai se afunda mais e mais nas tragédias do passado que o levaram a buscar distância da sociedade. De certa forma, o filme trata as mesmas questões de ambiguidade entre laços familiares e sociais de “Capitão Fantástico” com melhor convicção, ancorado ainda por trabalhos de atuação de Foster e McKenzie que dão conta de vocalizar as atrações e repulsas de seus papéis a estes dois núcleos. (P.S.)

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