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Capa - Novo “Aladdin” se perde entre a adaptação literal e a releitura da animação da Disney

Novo “Aladdin” se perde entre a adaptação literal e a releitura da animação da Disney

Remake busca trazer novas ideias à trama do filme de 1992, mas o desejo de restaurar a nostalgia a qualquer custo prevalece

por Pedro Strazza

Desde que se enveredou no ritual anual (ou, talvez a partir de agora, trimestral) de relançar seus sucessos do passado em novas versões, a Disney tem praticamente realizado dois tipos de remakes. De um lado há as releituras, que reconhecem a passagem do tempo impregnada nestas produções e buscam adaptar estas histórias a novas dinâmicas contemporâneas sem perder de vista as qualidades dos originais, caso dos novos “Meu Amigo, o Dragão”, “Christopher Robin”, “Malévola” e até seu “Mogli”; no outro ramo estão o que vamos chamar aqui de restaurações, em que persevera acima de tudo a noção de refazer os caminhos narrativos e visuais deixados pelos antecessores com poucas ou nenhuma alteração, tal qual o ocorrido em “Cinderela”, “Dumbo” e “A Bela e a Fera” – este último sendo talvez o maior exemplo do valor financeiro e das limitações criativas presentes neste exercício de repetição literal movimentado a serviço da nostalgia.

Discutir aonde cada uma destas novas versões contribui e prejudica para a solidificação da mitologia dos contos de fadas do estúdio é uma discussão à parte, mas dentro desta lógica de divisão tão pontuada talvez seja interessante notar a inexistência de produções desta safra dispostas a tentar funcionar entre as duas partes. Pelo menos até aqui não parece haver um meio termo entre a renovação e o saudosismo que atenda anseios mercadológicos ao mesmo tempo que se busque uma atualização da fábula apresentada, e isso cada vez mais ensaia ser o principal desafio criativo por trás destes remakes.

Neste sentido, o novo “Aladdin” parece vir como um primeiro grande experimento da empresa no campo de alinhar estes dois objetivos, ainda mais dado que ao mesmo tempo que se mantém extremamente popular a animação já perdeu quase todas as principais forças por trás de seu sucesso há algum tempo. Além do falecimento de Robin Williams (que marcou o personagem do Gênio para uma geração), o original de 1992 também foi o último trabalho do compositor Howard Ashman para o estúdio, tendo colaborado com o maestro Alan Menken na concepção de parte da trilha sonora antes de sua morte prematura um ano antes do lançamento.

Guy Ritchie (à direita) conversa com Will Smith no set do filme

Não é à toa, então, que apesar de buscar grande parte do referencial visual da animação o remake não demore muito a se mostrar afastado de suas origens como espetáculo típico da Broadway e esteja mais próximo do pop contemporâneo. O fato da direção caber ao inglês Guy Ritchie (cuja reputação parece construída justo em cima do pastiche, graças a seu trabalhos nos dois “Sherlock Holmes”) já é um grande indicativo desta transição, mas é nas canções que se repara melhor esta mudança de tom: junto de Will Smith, que assume o papel de Gênio e interpreta grande parte das músicas, a dupla de compositores Benj Pasek e Justin Paul aposta bastante no ritmo pontuado pela batida para atualizar as letras de Ashman ao cenário contemporâneo.

A medida tem seus altos e baixos. Se por um lado ela revigora as canções de maior energia (como “Arabian Nights” e “Prince Ali”, duas cujo valor de espetáculo sonoro é bem alto), em outras que requerem maior compasso o batidão chega a ficar deslocado na lógica do momento – a nova versão de “A Whole New World”, por exemplo, é praticamente destituída de significado ao trocar a intimidade pela cacofonia. Mais intrigante, porém, é observar o posicionamento de “Speechless” dentro da narrativa, já que a canção em teoria é a grande adição do remake à história e portanto possui uma origem distinta das outras, algo que nas mãos erradas só ressaltaria o grau de costura por trás da produção.

O remake não demora muito a se mostrar afastado de suas origens como espetáculo da Broadway, estando próximo do pop contemporâneo

É uma pena, então, atestar que o filme esteja mesmo em mãos erradas, até porque nestas necessidades de renovação a presença de Ritchie na direção mostra-se justificada apenas para traduzir o ritmo acelerado da animação para live-action à partir de mecanismos da ação. Todo o trabalho de Pasek, Paul e Menken nunca ganha corpo na narrativa, que se mostra incapaz de fazer o mínimo em termos de números musicais a ponto de recorrer ao uso do procedimento “personagem cantando enquanto anda no espaço” mesmo em momentos cruciais da história. O próprio “Speechless”, que em teoria surge em cena como grande momento de libertação moral de Jasmine (Naomi Scott) das razões patriarcais por trás de seu casamento, segue este esquema de zero criatividade em nível do ridículo, “ilustrando” a ira da protagonista desfazendo em poeira os guardas que a prendem a mando de Jafar (Marwan Kenzari).

Esta inadequação do diretor perante a produção que dirige é imensa, estando presente em quase todos os momentos do longa mesmo quando este arrisca boas adaptações do original e servindo de empecilho ao clima nostálgico buscado pelo projeto a todo instante. A dificuldade de Ritchie com “Aladdin” passa em parte pela falta de vocação que ele mesmo tem com o manejo de CGI, uma característica vital para o filme dado não apenas a importância dos efeitos visuais para diversos elementos da história (o Gênio em si só não arrisca causar maior estranhamento dado que seu “visual mágico” tem pequena participação na trama), mas também para uma narrativa desenvolvida por ele junto de John August no roteiro e o qual busca traduzir os temas de desejo e virtude através do uso da tecnologia. É uma noção sugerida, mas bastante presente na forma como os poderes do Gênio e de Jafar nunca ratificam as ambições dos personagens mas sim os garantem uma falsa sensação de poder – e são sacadas deste tipo que só acentuam a sensação geral de frustração do longa.

A dificuldade de Guy Ritchie com o filme passa pela sua falta de vocação com o manejo de CGI

Assim, o live-action de “Aladdin” aos poucos vai se revelando na prática uma grande gororoba de ideias, perdidas em um caldeirão pop cujo cozinheiro não parece ser capaz de dar sentido ou ordem aos ingredientes. Boas soluções de adaptações como a citada acima não faltam no texto de August e Ritchie, especialmente com os arcos de Jafar e Jasmine que aqui ganham corpo e mesmo um melhor fechamento em relação à animação: enquanto a sede do poder do vilão termina numa espiral de loucura que desta vez só é acentuada pelos seus três desejos ao Gênio, a mocinha tem sua trajetória reconfigurada às urgências dos tempos atuais de maneira bem resolvida ao perfil da personagem – e melhor, com uma Naomi Scott que entende tanto o potencial deste novo arco a ponto de ocupar o vácuo deixado pela performance de Mena Massoud como Aladdin.

A grande moral que fica do remake, porém, é uma que engloba não apenas o deslocamento da equipe criativa perante a produção, mas também esta linha divisória em volta do grande projeto do estúdio de refazer seus maiores clássicos em busca do resgate do sentimento nostálgico de seu público. Para além da venda de ingressos e o esperado retorno financeiro, estas novas versões que circundam o núcleo de restauração até o momento parecem confinadas a este único propósito, mas precisam ir além deste exercício para fazer valer o esforço criativo envolvido. No caso de “Aladdin”, existem de sobra visões originais que não interfiram no saudosismo, mas faltou efetivamente colocá-las em prática ao invés de restringi-las a ponto morto.

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