9 filmes de 2021 que você talvez não tenha visto (mas deveria) • B9

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9 filmes de 2021 que você talvez não tenha visto (mas deveria)

Alguns dos filmes que saíram nos cinemas e nas plataformas brasileiras nos últimos 12 meses e merecem mais atenção nessa reta final do ano

por Pedro Strazza

A variante ômicron ameaça nesta reta final, mas já é possível escrever que em algum nível 2021 foi um ano de renascimento para muitos. O lento avanço da vacinação no mundo segue uma questão, mas pode-se dizer que por pelo menos alguns meses foi um bom momento poder deixar o confinamento e voltar a viver, encontrando amigos e familiares do jeito que deu.

No cinema, esse renascimento é de ordem prática. Depois de um ano de incerteza e paralisação, o audiovisual voltou aos trabalhos e a distribuição buscou dar conta em um semestre de 18 meses de acúmulo, o que com alguma tranquilidade alimentou a FOMO de muitos. Se os últimos três meses funcionaram como dois anos, pelo menos não faltou filme para encantar audiências – e quem diria, voltou ao debate até mesmo as preocupações da concentração dos lançamentos no circuito tradicional.

No B9, a cobertura de cinema em 2021 foi intensa. De “Uma Noite em Miami” a “Matrix Resurrections”, mantivemos o olhar atento durante o ano sobre todas as produções que saltaram aos olhos do público brasileiro este ano, seja nas telonas ou nas telinhas. Foi uma lógica que valeu para os grandes blockbusters, como “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa”, “007: Sem Tempo Para Morrer”, “Maligno” e “Luca”, mas também obras de menor escala e alcance como “Druk”, “Schumacher” e “Annette”. Entrevistas também não faltaram, com nomes de filmes como “First Cow”, “7 Prisioneiros”, “A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas” e a trilogia “Rua do Medo” trocando ideia sobre seus caminhos criativos nestes novos projetos.

Agora, como nos últimos anos a gente busca trazer à luz alguns filmes cujo lançamento passou pelo radar de muita gente em 2021. Seja pela pandemia ou as irresponsabilidades de sempre do circuito, são produções cujo mérito é gigante, mas sua repercussão não ficou à altura. De uma comédia francesa a dois documentários, passando por suspenses inusitados a até mesmo um blockbuster afetado pelo puxa e repuxa da pandemia.

A seguir, listamos nove dessas produções, lançadas este ano no circuito de cinemas ou nos serviços de streaming disponíveis em território brasileiro, que podem ter passado batidas em meio ao caos de 2021, mas valem a sua atenção neste fim de ano de recomeços.

“All Hands on Deck”

Uma das surpresas – e filmes franceses – da lista de melhores do ano da Cahiers du Cinéma deste ano, “All Hands On Deck” funciona como espécie de primeiro grande momento do diretor Guillaume Brac no circuito, dado que além da segunda menção na revista sacrossanta da sétima arte ele também foi exportado para todo o globo através da distribuição da MUBI. Um excelente retorno para uma grande obra, uma comédia de verão nos moldes de Éric Rohmer e situada nos dias de hoje sobre um jovem que decide ir atrás de uma garota pela qual se apaixonou e acaba arrastando o amigo e seu “carona” para estes esforços românticos.

A parte linda do filme mora muito na suavidade com a qual as relações da história se desenrolam, sobretudo porque o ponto de Brac com o projeto parece ser mesmo mostrar que o plano que idealizamos nunca dá certo, mas faz valer pelas pequenas coisas que desperta no caminho para sua tentativa de completude. O desfecho é de encher o coração, por sinal.

“All Hands on Deck” está disponível na MUBI.

“Azor”

Com tantos filmes de corrupção se proliferando no cinema brasileiro nos últimos anos para tentar dar conta dos efeitos da Lava-Jato no país (e agora da ascensão do bolsonarismo), é fascinante perceber que a produção que chegou mais perto de entender os mecanismos da deturpação dos sistemas de poder é esta co-produção francesa, suíça e argentina sobre um banqueiro que vai para a Argentina da ditadura militar. Ele vai para substituir um colega que desapareceu há semanas, mas é claro que o filme a partir daí se concentre nesse trabalho de investigação para entender o paradeiro deste homem e – mais importante – o porquê do sumiço.

Quem espera um thriller nervoso e feroz na velocidade a partir dessa premissa pode se desesperar, porém, dado que a direção de Andreas Fontana é estacionada e muito atenta nos ritos que o protagonistas presencia em solo argentino. Com o perdão do trocadilho, o barato de “Azor” mora exatamente neste mecanismo e em como o personagem assimila o cenário e busca lugar na hierarquia de poder, que passa dos militares à Igreja sempre através de sussurros e conversas amigáveis que, na verdade, são ameaçadoras. Um filme fascinante para se deixar perder.

“Azor” está em exibição nos cinemas.

“Duas Tias Loucas de Férias”

A comédia estadunidense há anos se encontra numa espécie de marasmo entre os filmes de puro improviso e as produções tocadas à base de esquete, então é uma bela surpresa que um projeto como este “Duas Tias Loucas de Férias” soe tão refrescante mesmo quando seguindo algumas das várias fórmulas do gênero dos últimos anos. Idealizado e estrelado por Kristen Wiig e Annie Mumolo, o longa-metragem parte dessa jornada do título, vivida por Barb e Star após elas perderem o emprego na loja onde trabalham, e joga todo o humor em cima do absurdo, incluindo uma trama de espionagem e salvação do mundo que parece saída de um capítulo perdido de “Austin Powers”.

O interessante é como isso se dá na narrativa, porém, e a partir daí é praticamente impossível não se deixar levar pela sincera felicidade da direção de Josh Greenbaum em permitir que o caos reine. Além de Wiig e Mumolo estarem muito engraçadas como as duas “tias”, há ainda o trabalho de Jamie Dornan como vilão que se vê em conflito com a missão ao se apaixonar pela primeira, culminando num número musical com gaivotas que sem dúvida é uma das cenas mais divertidas de 2021.

“Duas Tias Loucas de Férias” está disponível no HBO Max.

“No Caminho da Cura”

É apenas uma questão de tempo até o Vaticano conseguir empurrar para debaixo do tapete todos os escândalos de pedofilia que assolam sua entidade desde os anos 2000, mas até lá um registro poderoso dos efeitos desses ataques sistemático de padres em suas próprias comunidades é este “No Caminho da Cura”. Dirigido por Robert Greene, o documentário é uma grande aula de dramaterapia com seis sobreviventes de abusos do tipo e que moram no meio-oeste estadunidense, com todos trabalhando em cenas que os ajudem a processar os crimes dos quais foram vítimas e enfim seguir em frente emocionalmente.

O ponto crucial para o sucesso do projeto é que Greene não cai em armadilhas emocionais e permite que os homens ocupem a tela do jeito que melhor entendam. Há pouca reflexão da parte da narrativa sobre os protagonistas, ainda que o peso das feridas esteja impresso em cada canto das imagens compartilhadas, sobretudo no acompanhamento das vítimas durante seus trabalhos de terapia. Os retornos a locais importantes de seu sofrimento e as cenas produzidas são fortes, mas são momentos como o desmonte emocional no meio de uma filmagem que define o projeto e seus méritos.

“No Caminho da Cura” está disponível na Netflix.

“Stillwater: Em Busca da Verdade”

Exibido em Cannes e completamente ignorado depois disso (salvo talvez as controvérsias que Matt Damon levanta em entrevistas), “Stillwater” é mais um desses casos peculiares de 2021 onde o cinema norte-americano tenta navegar contra a corrente cada vez mais unidimensional do circuito central de filmes de estúdio. Dirigido pelo mesmo Tom McCarthy que há cinco anos levou o Oscar por “Spotlight”, a produção é centrada na jornada de um trabalhador do meio dos EUA (Damon) que viaja a Paris para visitar a filha encarcerada e encontrar uma resolução que a tire da prisão. A premissa de suspense logo se dissolve em nome de uma narrativa de registro, com o longa muito mais interessado em acompanhar o dia a dia do personagem e as relações que permeiam sua longa estadia no estrangeiro.

Se o filme acaba um pouco difuso na longa duração, o exercício rende muito ao diretor e seu astro, com Damon entregando uma de suas melhores atuações nos últimos anos. “Stillwater” é feito inteiro nas reações e passividade do ator perante o mundo, com sua jornada o transformando gradativamente aos olhos do espectador sem que ele o perceba ou com grandes atos que demarquem isso. Uma experiência muito peculiar nos tempos ferozes e velozes de hoje.

“Stillwater: Em Busca da Verdade” está disponível para compra e locação digital, com pré-venda para Blu-Ray e DVD.

“Tempo”

Coitado de M. Night Shyamalan, desta vez seu filme polemizou, mas mal foi assistido graças ao lançamento atravessado em um momento bem frágil da vacinação no país. Apesar das circunstâncias, “Tempo” é mais uma obra do diretor que supera a recepção dividida e proporciona um impacto dos mais interessantes no espectador, sobretudo porque sua história de uma praia misteriosa que envelhece rapidamente os corpos é aproveitada de maneira bastante inteligente para refletir a própria relação da humanidade com a passagem rápida do tempo.

É claro que a vocação de Shyamalan ao filme B incomoda um pouco aqui (sobretudo porque amarra de forma mastigada o desfecho), mas no mais a produção conta com momentos fortes e uma base muito boa no trabalho de fotografia de Mike Gioulakis e do elenco, em especial Gael García Bernal e Vicky Krieps. Em seus travellings e planos detalhe, “Tempo” de fato é uma meditação tensa.

“Tempo” está disponível para compra e locação digital e venda em Blu-Ray e DVD.

“The Velvet Underground”

Muito se falou de “Get Back” neste fim de ano e em como a minissérie de Peter Jackson ensaiava ser o melhor documentário musical destes últimos meses pelo trabalho de registro da banda, mas a verdade é que esses adjetivos talvez caiam melhor para o projeto de Todd Haynes sobre o Velvet Underground. Dedicado a Jonas Mekas, o filme como a produção do Disney+ leva a um limite quase experimental a narrativa documental, só que ao invés de estender a aproximação com os membros faz isso pelo esforço de registro emocional do cenário cultural efervescente em que o grupo formado por Lou Reed, John Cale, Sterling Morrison e Angus MacLise foi criado.

A diferença entre os dois longas, porém, é que o resultado da abordagem de Haynes é magnética. Por duas horas, “The Velvet Underground” vai muito fundo na mistura de relatos e registros sem nunca se deixar levar pelo caminho fácil, imprimindo ao espectador as fricções que fundamentaram, popularizaram e acabaram com a banda em todas as suas diferentes encarnações, prestando contas ao talento de Reed e Cale sem nunca esquecer de localizá-los na História. Há quem diga que o documentário se enquadre como filme de fã, mas o raciocínio é bem mais fundamentado que isso.

“The Velvet Underground” está disponível no Apple TV+.

“Zeros e Uns”

Quem poderia imaginar que o filme pandêmico definitivo viria de Abel Ferrara? Vencedor do prêmio de direção do Festival de Locarno e lançado discretamente na locação digital por aqui, “Zeros e Uns” não poderia ser mais honesto em suas pretensões de registro do turbilhão emocional e desesperador que vivemos desde março de 2020, num esforço coroado pelas duas mensagens gravadas por Ethan Hawke que antecipam e refletem sobre a premissa esquisita de espionagem que busca ser retratada aqui.

A questão é: que filme é esse, exatamente? Se a história é incompreensível e inacessível, incapaz de sequer criar um ponto de partida e chegada à trama do homem que precisa lidar com as irresponsabilidades do irmão espião, é justo o registro das ruas vazias e do corpo de Hawke por Ferrara e a câmera do diretor de fotografia Sean Price Williams (mais conhecido pelo seu ótimo trabalho em “Bom Comportamento”) que fazem render o filme em todos os seus propósitos e ideal futurista – até porque ele é muito coerente com o teor apocalíptico que parece nos acompanhar em todos os atos nos últimos meses.

“Zeros e Uns” está disponível para compra e locação digital.

Zola

Recordista de indicações pro próximo Spirit Awards e mais um desses filmes “sobre a internet”, “Zola” tem um norte muito peculiar e que deriva bastante do fato de ser a adaptação de um fio viral de Twitter. A história é simples, mas das mais instigantes: uma stripper (Taylour Paige) conhece uma moça (Riley Keough) que promete um fim de semana de grandes ganhos na Flórida, mas ao embarcar na jornada acaba presa numa espiral de eventos malucos que envolvem um cafetão (Colman Domingo) e muitas frias.

Por se inspirar numa porção de tweets, é meio óbvio que a direção de Janicza Bravo busque comentários sociais mais incisivos nas relações estranhas que se criam na trama, mas o que de fato chama a atenção no filme é a capacidade da produção de repercutir a sensação viciante e de buraco sem fundo que é o ecossistema atual das redes sociais. A narrativa de “Zola” não é tão inteligente quanto imagina ser, mas é por meio dessa crença que ela se torna magnética ao olhar, quase tóxica em como instiga o público a querer saber o próximo passo dos acontecimentos. A trilha sonora de Mica Levi une tudo com muita habilidade, enquanto o elenco se sobressai nesta lógica – até Nicholas Braun consegue fazer bastante do que na prática é a versão sem grana do seu primo Greg de “Succession”.

“Zola” está disponível para compra e locação digital.

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