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SXSW 2025: CEO do Bluesky defende protocolo aberto contra o controle dos bilionários

Com mais de 32 milhões de usuários, a plataforma oferece alternativa radical ao modelo tradicional de redes sociais

por Carlos Merigo

“Nossa meta é tornar as redes sociais mais parecidas com a web”, afirmou Jay Graber, CEO do Bluesky, durante sua keynote no SXSW 2025. A rede social que está rapidamente ganhando usuários (já são 32 milhões) não é apenas mais uma alternativa ao Twitter/X – é uma proposta de reinvenção completa da forma como interagimos online.

Em conversa com Mike Masnick do TechDirt, Graber explicou como o Bluesky está construindo um novo paradigma para redes sociais, baseado em um protocolo aberto que devolve o controle aos usuários e promete ser à prova de bilionários – uma referência não tão sutil a Elon Musk e sua aquisição do Twitter.

A mensagem silenciosa na camiseta

Quando Graber subiu ao palco, sua camiseta preta aparentemente simples escondia uma mensagem poderosa. Imitando o estilo de uma camiseta recentemente usada por Mark Zuckerberg, o texto em latim dizia “Mundus sine caesaribus” – “um mundo sem Césares”.

A escolha não foi acidental. Zuckerberg tem se comparado diretamente ao imperador romano Júlio César, usando camisetas com a frase “Aut Zuck aut nihil“, uma variação de “aut Caesar aut nihil” (ou César ou nada). A resposta sutil de Graber representa perfeitamente a missão do Bluesky: criar um mundo de redes sociais sem “imperadores” bilionários controlando a conversa.

Uma história de protocolo, não plataforma

“Moderação é governança. É escolher como você quer que seu espaço digital seja governado.”

A jornada do Bluesky começou de forma inusitada em 2019, quando Jack Dorsey, então CEO do Twitter, anunciou que a empresa financiaria um protocolo no qual o próprio Twitter eventualmente rodaria. Graber, que já pesquisava protocolos sociais descentralizados, se interessou imediatamente.

“Mandei uma mensagem direta para a conta do Twitter, e eles me colocaram numa sala de chat com outras pessoas”, relembra. “Por cerca de um ano e meio, esse foi o estado do projeto Bluesky: apenas uma sala de chat.”

Em meados de 2021, Twitter finalmente fez entrevistas e escolheu Graber para liderar o projeto. Prevendo possíveis instabilidades, ela decidiu que seria melhor estabelecer o Bluesky como uma organização independente, contratada pelo Twitter para desenvolver o protocolo.

Foi uma decisão profética. Quando o Twitter foi vendido para Musk e passou por transformações radicais, o Bluesky já era uma entidade separada, permitindo que continuasse seu desenvolvimento sem interferências.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=B7OwcXCE5Rg?feature=oembed&w=500&h=281]

O que torna o Bluesky diferente?

A diferença fundamental está no chamado Protocolo AT (App Protocol), desenvolvido como fundação do Bluesky. Ao contrário de plataformas tradicionais, onde uma empresa controla todo o ecossistema, o protocolo AT permite:

  • Moderação em camadas: Usuários podem instalar serviços de moderação independentes além da moderação padrão do Bluesky
  • Feeds personalizados: Qualquer pessoa pode criar algoritmos que organizam o conteúdo de formas diferentes
  • Auto-hospedagem: Usuários técnicos podem hospedar seus próprios dados e ainda interagir com toda a rede
  • Aplicativos alternativos: Desenvolvedores podem criar novas interfaces para a mesma rede

“Se você quiser ter um cantinho da rede onde só vê notícias científicas e fotos de gatos, você pode personalizar assim”, explica Graber.

Mike Masnick, moderador do painel e autor de um importante artigo sobre “Protocolos, não Plataformas”, destacou como essa abordagem pode resolver problemas estruturais das redes sociais atuais.

À prova de bilionários?

“Algoritmos de redes sociais viraram xarope de milho com alto teor de frutose, viciantes e prejudiciais.”

Uma das promessas mais ousadas do Bluesky é ser “à prova de bilionários” – ou seja, não pode ser sequestrado por um único dono rico com visão controversa, como aconteceu com o Twitter.

“Se um bilionário viesse e comprasse o Bluesky, ou decidisse amanhã mudar as coisas de uma forma que as pessoas realmente não gostassem, elas poderiam migrar para outro aplicativo, mantendo sua identidade e dados”, explica Graber.

Esse conceito pode ser revolucionário. Quando Musk comprou o Twitter, os usuários insatisfeitos tiveram que reconstruir suas redes sociais do zero em outras plataformas. Com o protocolo AT, se o Bluesky mudasse drasticamente, os usuários poderiam simplesmente mudar para outro cliente que use o mesmo protocolo – sem perder seguidores, posts ou identidade.

“A barreira para sair atualmente é muito alta porque você essencialmente tem que começar do zero, reconstruir todo seu gráfico de seguidores, reconstruir todo seu histórico de posts, e começar com uma nova identidade”, diz Graber.

Laboratório de inovação social

“No Bluesky, há uma feira de agricultores de algoritmos onde você escolhe a experiência que prefere.”

O modelo aberto do Bluesky já está permitindo experimentos que seriam impossíveis em plataformas tradicionais. Masnick citou um exemplo inusitado: um aplicativo chamado Flushing.im que permite aos usuários registrarem… quando estão no banheiro.

“Isso parece muito bobo, mas é o tipo de coisa que você pode fazer [com esse protocolo]”, comentou Masnick. “Ninguém construiria isso por conta própria e teria que atrair usuários, mas como é construído no protocolo, com base de usuários e conexões comunitárias, as pessoas podem construir esse tipo de coisa.”

Outro aplicativo citado foi o Flashes, desenvolvido independentemente para mostrar somente imagens postadas no Bluesky, funcionando como uma alternativa ao Instagram, mas conectada à mesma rede social.

“É basicamente tratar a rede de dados aberta como uma rede compartilhada que qualquer um pode construir em cima”, explica Graber.

“Algoritmos não são o problema”

Um ponto intrigante do painel foi a defesa dos algoritmos – quando sob controle dos usuários. Enquanto muitos criticam os algoritmos das redes sociais, Graber argumenta que o problema não são os algoritmos em si, mas sim quem os controla.

“O problema principal que as pessoas experimentaram com algoritmos é que é apenas um algoritmo, uma caixa preta. Você não sabe o que ele faz e não tem nenhum controle significativo sobre ele”, explicou. “Se você pode escolher o que o algoritmo faz, ou se pode escolher entre algoritmos, você tem um mercado aberto.”

Graber comparou os algoritmos atuais ao xarope de milho com alto teor de frutose – otimizados para provocar dopamina e engajamento. Como alternativa, ela propõe “uma feira de agricultores de algoritmos”, onde as pessoas podem escolher desde opções mais complexas até simples feeds cronológicos ou filtros temáticos.

Futuro financeiro e sustentabilidade

O modelo de negócios do Bluesky ainda está em desenvolvimento, mas Graber mencionou assinaturas, serviços para desenvolvedores e uma abordagem de marketplace como possíveis fontes de receita. O importante, segundo ela, é manter os incentivos alinhados com os usuários.

“Se fizermos coisas que centralizem demais, os usuários têm a opção de sair. Acredito que na história de protocolos abertos, muitas grandes empresas foram construídas. A web em si consiste em protocolos abertos.”

O futuro das redes sociais

Ao final do painel, Graber compartilhou sua visão para o futuro: “Espero que as pessoas não vejam o social como inerentemente tóxico. Há muito para amar nas redes sociais, e há muito que pode ser feito para melhorá-las.”

Ela vislumbra um mundo onde as pessoas não se sintam impotentes diante dos problemas das redes sociais – gritando com empresas ou governos para fazerem algo – mas sim empoderadas para construir as experiências que desejam.

“Espero que daqui a alguns anos tenhamos um ecossistema social muito mais diverso e variado. Todo tipo de aplicativos diferentes, experiências diferentes, feeds diferentes, serviços de moderação diferentes.”

O Bluesky, com seu modelo, parece estar recuperando aquela empolgação inicial que muitos sentiram com as redes sociais em seus primórdios – antes da centralização, monetização agressiva e efeitos colaterais problemáticos. Como lembrou Masnick, movimentos como a Primavera Árabe, Black Lives Matter e #MeToo não teriam acontecido sem as redes sociais.

Para quem quiser participar, Graber deixa o convite: “Este é um projeto comunitário. É de código aberto. Foi projetado para construir uma infraestrutura de comunicação que permanece e dá às pessoas controle sobre sua experiência.”

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