A Interbrand divulgou ranking anual Best Global Brands 2025 que mostra valor combinado das 100 marcas mais valiosas do mundo em US$ 3,6 trilhões, crescimento de 4,4% versus 2024. Mas números agregados escondem história mais dramática: Nvidia registrou maior aumento de valor de marca na história do ranking (26 anos de existência) com salto de 116% até US$ 43,2 bilhões, alcançando posição 15. Instagram entrou no top 10 pela primeira vez com crescimento de 27%. Apple continua no topo mas perdeu 4% de valor. Tesla despencou 35% para posição 25. Gucci caiu para 69 depois de queda de 35%.
Por que importa: É retrato de mercado onde disrupção acelera tudo. Marcas que dominavam por décadas estão perdendo terreno em meses. Nvidia passou de fabricante de placas de vídeo para motor simbólico da era de IA. Instagram virou ecossistema comercial completo, não apenas rede social. Marcas de luxo que subiram preços pós-pandemia estão perdendo consumidor de classe média aspiracional. O ranking mostra que “depender apenas de legado” é caminho para declínio, segundo Gonzalo Brujó, diretor-executivo global da Interbrand.
1. Apple – US$ 470,9 bilhões (-4%) 2. Microsoft – US$ 388,5 bilhões (+10%) 3. Amazon – US$ 319,9 bilhões (+7%) 4. Google – US$ 317,1 bilhões (+9%) 5. Samsung – US$ 90,5 bilhões (-10%) 6. Toyota – US$ 74,2 bilhões (+2%) 7. Coca-Cola – US$ 60,1 bilhões (-2%) 8. Instagram – US$ 57,3 bilhões (+27%) 9. McDonald’s – US$ 53 bilhões (estável) 10. Mercedes-Benz – US$ 50,1 bilhões (-15%)
Apple mantém liderança que conquistou em 2013 (cinco anos depois de entrar no ranking), mas pela primeira vez em anos está perdendo valor enquanto Microsoft e Amazon ganham terreno. Instagram chocou ao entrar no top 10 porque essas posições geralmente são estáveis, disse Interbrand. É primeiro não-gigante tecnológico tradicional a quebrar clube (lembrando que o app pertence a Meta).
YouTube cresceu 61% e subiu para posição 13. Netflix aumentou 42% e saltou 10 posições até 28 (expansão para videogames, esportes e eventos ao vivo está funcionando). Uber cresceu 38%. Nintendo subiu 35% (filme de Super Mario Bros. e Switch 2 ajudaram).
Greg Silverman, diretor global de economia de marca da Interbrand, prevê que YouTube e Nvidia são desafiantes para top 10 do ano que vem.
Ranking teve maior número de novos entrantes na história: BlackRock (31), Booking.com (32), Qualcomm (39), GE Aerospace (44), Uniqlo (47), Schneider Electric (65), Monster (70), Nasdaq (85), BYD (90) e Shopify (99). São 10 marcas novas, sinalizando aceleração de mudança.
Uniqlo é história única em varejo enquanto maioria encontra dificuldades (IKEA -9%, H&M -13%). Entrou na posição 47 com valor de US$ 17,7 bilhões via expansão internacional e consistência de marca.
Setor mostra resiliência mas também sangra. Toyota cresceu 2% e mantém posição 6. Mercedes (10) e BMW (14) seguem no top 20 mas com quedas de 10-15%. Tesla despencou 35% até posição 25 por causa de aumento de competição em veículos elétricos. BYD entra pela primeira vez no ranking na posição 90.
Manfredi Ricca, diretor global de estratégia da Interbrand: “BYD é maior disruptor do mercado automotivo desde chegada de Tesla. Seu produto é de classe mundial e logrou grandes avanços no mercado europeu desde sua base na Ásia. Com tudo, esse crescimento, para ser duradouro, tem de cimentar-se na construção de narrativa de marca sólida.”
Ferrari foi exceção que cresceu 17% graças a posicionamento como marca de estilo de vida de luxo, expandindo-se para moda, acessórios e licenças.
Marcas de luxo que desfrutaram anos de crescimento estão sentindo peso de aumentos de preços pós-pandemia. Hermès (21) cresceu 18% e Louis Vuitton (12) caiu 5%, movendo-se em direções opostas. Gucci saiu do top 50 para posição 69 com queda de 35%. Chanel manteve-se no top 25 na posição 24 mas caiu 8%.
Interbrand cita aumentos de preços pós-COVID como obstáculo que desalentou consumidores de classe média aspiracional. Mercado que sustentou crescimento de luxo por década está recuando.
Greg Silverman, diretor global de economia de marca: “Marketing de produto de Nvidia e seu domínio total do ecosistema impulsionaram seu ascensão meteórico. No entanto, aparecimento de disruptor poderia desestabilizar marca se não investir nela a longo prazo. Tem escala, mas isso não é estratégia de marca.”
É alerta para empresa que virou sinônimo de IA mas ainda é vista primariamente como fabricante de chips. Nvidia precisa construir narrativa emocional além de performance técnica, ou será vulnerável quando próximo disruptor aparecer.
Interbrand batizou edição de “Radical Realities” e tem tese clara: no mundo dominado por IA, apenas marcas percebidas como indispensáveis sobreviverão. Relatório introduz conceito de “agentic commerce” – universo onde decisões de compra são tomadas por algoritmos. Parceria entre Shopify e OpenAI já permite comprar produto diretamente desde conversa com ChatGPT, sem publicidade, navegação ou avaliações de clientes.
Resultado: se marca não é “preferida” por humano, corre risco de virar invisível nas sugestões desses novos intermediários digitais. Interbrand distingue duas categorias emergentes: marcas “negociadas por agentes” (dependem de preços e performance, controladas por IA) e marcas “escolhidas por humanos” (capazes de suscitar preferência emocional e cultural).
Indicador-chave: Role of Brand Index (RBI), medida do papel real da marca na decisão de compra. RBI elevado significa que consumidor escolhe marca pelo que representa, não apenas pelo que vende. Segundo Interbrand, cada aumento de 1% no RBI corresponde a 2,3% de aumento na bolsa. Emoção e confiança criam valor financeiro mensurável.
Gonzalo Brujó resumiu: “Serviços digitais e auge da IA produzem vencedores mais rápido que nunca. Disrupção é principal força que molda marcas atualmente. Aquelas que inovam em distintas indústrias, que entram em novos terrenos, constroem relevância cultural e investem em estratégias de marca a longo prazo são as que estão ganhando. Aquelas que dependem unicamente de seu legado estão enfrentando desafios de crescimento.”
A real: Ranking mostra seleção acelerada em ação. Marcas que foram dominantes por décadas (Tesla, Gucci, Samsung, Mercedes) estão perdendo valor enquanto disruptores (Nvidia, Instagram, YouTube) explodem. Não se trata apenas de tecnologia versus tradição – Ferrari cresceu 17% sendo marca de luxo de 77 anos. É sobre capacidade de criar conexão emocional que IA não pode replicar. No futuro onde algoritmos intermediam compras, única defesa é ser marca que pessoas insistem em escolher por si mesmas. Marcas “boas o suficiente” virarão commodity selecionada por ChatGPT baseado em preço. Marcas amadas manterão controle sobre próprio destino. Próximos anos devem separar as duas categorias de forma brutal.
Ranking completo Best Global Brands 2025 disponível em interbrand.com
Driblando a sujeira (e a ironia), Cif estreia no universo do futebol com o movimento “Jogo Limpo”, sua primeira grande…
O fim de um carro nunca pareceu tão animado. Na nova campanha criada pela DDB Paris, o Volkswagen transforma o…
A Gatorade voltou no tempo - mais precisamente para 1987 - para entrar de cabeça na última temporada de Stranger…
Felca acaba de estrelar sua primeira grande campanha publicitária e o match com a Vans faz sentido. Depois do vídeo…
A GWM escolheu o humor (e um primeiro encontro improvável) para apresentar o Haval H9, seu primeiro SUV nacional de…
Lego lançou sua campanha global de Natal com um apelo direto — e melódico — aos pais e crianças que…