Transcrição: Mamilos 66 - Votação e ameaça terrorista • B9
Mamilos (Transcrição)

Transcrição: Mamilos 66 - Votação e ameaça terrorista

Jornalismo de peito aberto

Essa transcrição é resultado do trabalho colaborativo de Jonas Rocha, Matheus Teixeira, Rafael Verdu, Caio de Carvalho, Keity Takamune, Lu Machado, Jefferson Deroza e Denis Guilherme, um time que só fica mais lindo com o tempo.

Se você utiliza essa transcrição e ainda tem qualquer dificuldade de acessibilidade, por favor, entre em contato conosco no [email protected].

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Vem fazer o Mamilos <3

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Locutores: Ju Wallauer, Cris Bartis, André e Barata

Cris: Mamileiros e mamiletes! Ó eu aqui de novo! Os mares agitados resolveram dar um tempo e depois dessa loucura i’m back! Saudades muitas e agradeço Yassuda, querido, salve salve, que esteve aqui dando o seu já habitual show. Yaya no elenco fixo, diria aí eu influenciada por uma tal de Wanda. Mas saudade mesmo eu estava dessa loirinha aqui que senta do meu lado toda semana. Eu sou a Cris Bartis e essa é minha companheira…

Ju: Ju Wallauer.

Cris: Vem com a gente!

Ju: Som do Mamilos!

Cris: Caio, menino! Nem te conto. Esse final de semana eu fui na Casa das Caldeiras, que é um lugar incrível, que eu nem conhecia. Achei legal demais da conta! E eu assisti um show da Espetacular Charanga do França. Eu tô num apaixonamento… Pode tocar aqui pra gente, por favor? Porque é muito legal! E eu tenho certeza que nesse clima que a gente está vai animar todo mundo. Toca ae, coisa linda!

Caio: Olá Personas! Corraíne aqui novamente para trazer pra vocês os responsáveis por dar mais cor ao Mamilos dessa semana!

Lembrando sempre que se você quiser colaborar com o conteúdo musical desse programa pode nos recomendar bandas ou artistas independentes brasileiros no e-mail: [email protected]

[email protected]

E facilita e muito a minha vida se vocês enviarem os links do site oficial do artista ou então onde nós podemos buscar o download direto das músicas dele para utilizar no episódio. E hoje, com a volta desse amor que é a minha querida chefa mineira, eu não posso fazer nem charminho além de atender o pedido da Cris. Então fiquem aí com a “Espetacular Charanga do França” no Som do Mamilos!

[sobre trilha]

“O capitão do sax mandou avisar, só de fantasia vai brincar! Confete e purpurina vai faltar. É a Charanga do França vai passar”

[desce trilha]

Ju: E o beijo para:

Cris: Daniel e Thais em Nottingham UK.

Ju: Beijo para a Paola. O Roger foi um dos nossos primeiros apoiadores. Ele até virou noite pra editar o primeiro Mamilos. Ele é um dos grandes responsáveis por a gente estar aqui hoje. Obrigada por botar tanta fé na gente seu lindo!

Cris: Renato Affonso, que é mamileiro lá da Suécia.

Ju: Para Fortaleza.

Cris: Para Pato Branco, capital do sudoeste paranaense

Ju: Daí! Fale com o Mamilos.

Cris: Vem com a gente! Tem canal pra mais de metro! Você pode falar no:

Facebook do Mamilos
Tem Twitter, Periscope, Instagram e Pinterest com o perfil @mamilospod
Tem email: [email protected]
E a página do Mamilos no B9 onde rola um monte de conversa legal e os melhores ouvintes podem interagir.

Ju: Você também pode pode contribuir com esse projeto pelo Patreon: patreon.com/mamilos

E no merchan dessa semana… Gente! Eu acho que já acabou as vagas do workshop então nem adianta divulgar. Mas eu fiz uma versão pocket lá na agência que eu trabalho e foi super legal! Todo mundo ficou super empolgado, foi super bacana. Então, assim… Vai que você não conseguiu uma vaga no curso e você queira levar o workshop para a sua agência e você já faz um bem bolado, não é mesmo?

Cris: Como assim? Como assim? Juliana Wallauer na minha agência?

Ju: Não é muito legal?

Cris: Eu quero agora!

Ju: Eu acho também. Está aí uma ideia.

Cris: Fica a dica.

Ju: Fica uma ideia no ar, não é?

Cris: E o leitinho das crianças agradece.

Ju: Isso mesmo.

[sobre trilha]

[desce trilha]

Cris: Vamos então para o “Fala que Discuto”?

Ju: Vamos! O que o Mateus Lima disse:

“Oi Ju e Cris, trabalho numa empresa de engenharia de telecomunicações que presta serviços para provedores de internet.

Hoje em dia, não há mais grandes empecilhos legais para se criar novos provedores de internet, pois não se trata mais de concessão, mas de autorização, que exige um processo mais simples. Assim, praticamente qualquer brasileiro pode montar uma empresa e criar um provedor de internet, TV por assinatura e telefonia fixa.
Apenas na telefonia celular que ainda há dificuldades, mas por conta do uso de radiofrequência, que é um recurso limitado, que é vendido em leilões caríssimos. Para ter uma ideia, de acordo com a ANATEL, hoje o Brasil tem 2.648 provedores de Internet autorizados.
Aqui no nordeste, as grandes teles praticamente não chegam nos subúrbios das grandes cidades e simplesmente não parecem ter interesse nas cidades do interior, o que fez com que essas áreas fossem dominadas por pequenos provedores, tornando esses mercados muito mais competitivos.
O problema é que essas pequenas empresas também tem que contratar links de internet das grandes Teles, que são as únicas com condições de fazer as conexões intercontinentais, com os EUA e Europa.
Tanto é, que a própria ANATEL possui um sistema para tentar facilitar a vida dos pequenos na hora comprar recursos dos grandes”.

Cris: Vamos agora para um e-mail de um Mamileiro Anônimo:

“Bilhões e bilhões de reais em multas já foram aplicadas pela Anatel contra as operadoras. Porque não foram pagas? ​Será que por incompetência da ​Anatel ? ​O nosso sistema jurídico prevê instâncias ​de recursos, seja dentro da Anatel ou posteriormente na justiça comum. ​E o sistema judicial brasileiro pressupõe o direito a contestação destas multas​, com recursos e manobras tantas ​que ​essas dívidas vão se arrastando, até que o mérito tenha sido julgado em todas as instâncias possíveis. A Anatel vem nos últimos anos adotando outra postura. Não é interesse da agência engordar o caixa da ​União, mas sim que o serviço seja oferecido ​e com qualidade. Desta forma, a agência, com anuência e concordância do Ministério Público, vem trabalhando com ​termo de ajustamento de conduta,​ obrigando as operadoras a fazerem as melhorias e cumprirem as regras. Há fiscalização ​do cumprimento destes termos e as sanções são bem pesada para quem não as cumpre.

Sim, a oferta de serviço de telecomunicações no Brasil tem seus problemas e pode melhorar, mas há uma mítica de que ela seja muuuuito pior do que realmente é. Tenho amigos que moraram na Espanha e na Inglaterra que já me disseram que acham a internet daqui melhor. Manter um celular pré-pago nos EUA e Canadá é muito mais caro do que no Brasil. Lá você também paga por ligações e mensagens RECEBIDAS. Na lógica adotada por eles, é interessa da pessoa receber a chamada em qualquer lugar. Aqui é diferente. Paga quem liga, não paga quem recebe. Por isso é mais caro ligar, enquanto receber ligações e SMS é virtualmente gratuito. Isso precisa ser ponderado quando as comparações são feitas”.

Ju: Muito bem!

[sobre trilha]

[desce trilha]

Ju: Vamos então para o Trending Topcs. E hoje o Mamilos é um programa muito, um crossover com os meninos do “NBW”, um podcast que a gente já cansou de indicar aqui. Estamos com o André. André, se apresente!

André: Eu sou o André. Eu sou belo, sou recatado e sou do lar.

[todos riem… ]

André: Eu sou jornalista. Abandonei o jornalismo porque eu não queria trabalhar mais nos finais de semana. E escolhi uma profissão…

Ju: Por que você queria ficar no lar?

André: É! Eu sou menino do lar! Sou menino do lar [risos]. E aí escolhi uma profissão que está entrando em falência…

Ju: Em extinção!

[todos riem… ]

André: Que é o marketing político [risos].

Ju: Ruim também… [risos]. O que significa o NBW, para os nossos ouvintes?

André: O NBW é “Nós Brigamos no War”. Na verdade nós somos 3 amigos, eu o Ulisses e o Barata. A gente… 15 anos atrás compramos um tabuleiro de War em quye a gente comprou a nossa inimizade naquele tabuleiro.

Ju: Entendi [risos].

André: E ai quando a gente resolveu criar o podcast a gente falou assim “tem que ser Nós Brigamos no War porque ele representa a nossa amizade”.

Ju: Coisa linda! Fala Barata, quem é você? Da onde você vem? Do que você se alimenta, que é o mais importante, é o que todo mundo quer saber no final… [risos].

Barata: Eu nunca imaginei que eu ia ser referência de alimentação!

[todos riem]

Barata: Essas coisas, meu…

Ju: Barata, você sofre bullyng, é por isso.

Barata: Eu sofro. Mas eu peço também, eu acho.

[todos riem]

Barata: Eu acho que eu deixo fácil para eles.

Cris: É que a vítima sempre acha que ela é culpada.

André: O Barata é filho temporão, então imagina… Ele nasceu no bullyng, já.

[todos riem]

André: Foi criado no bullyng

Barata: Nada é pior do que festa de família, assim… É bem pior.

Cris: Diga quem é você quando você é só o Barata

Barata: Quando eu sou só o Barata eu falo fora do microfone…

[todos riem]

Barata: Eu jogo videogame… Eu fico escutando podcast. O quê que eu faço, André?

André: Lê cinco livros por dia!

Barata: Quase! Não… Por mês. Mas assim… Não sei!

Cris: Agora que os meninos já se apresentaram a gente vai dar um tempinho para vocês entrarem no seu aplicativo e assinarem o NBW.

Tana, nana, nana, nananã! Tanananã! Tanananã! [cantarola a musiquinha de chamada em espera]

[todos riem]

Assinou? Então está bom, vamos em frente.

Ju: Giro de notícias!

Cris: Menina! Não poderia ser outra: Bela, recatada e do lar!

Ju: É uma reportagem sobre mim, basicamente.

[todos riem]

Cris: Em resposta a uma reportagem feita pela Revista Veja em que Marcela Temer é defendida como o padrão perfeito de mulher “bela, recatada e do lar”, mulheres de todo o Brasil tem postado fotos que quebram esse tabu do ideal feminino. Reforçando, o problema não é quem Marcela é – ela quem sabe o que a faz feliz – é vender Marcela como o padrão a ser seguido por todas as mulheres.

As “mina” rebolaram! Não foi?

Ju: É.

Cris: As mina “ficou louca”! Você está peladona no Facebook?

Ju: Eu?

Cris: Não?

Ju: Eu não.

Cris: Eu estou! Entra lá!

[todos riem]

Ju: Não porque eu sou recatada. Eu só não sou “do lar”.

[todos riem]

E dois: Por falta de quorum, Assembleia de SP não analisa fraude da merenda.

Segundo o Ministério Público, uma cooperativa de agricultores, a Coaf, assinou ao menos R$ 7 milhões em contratos com 21 prefeituras, além do governo estadual, somente entre 2014 e 2015, para o fornecimento de alimentos e sucos para a merenda. Parte desse valor, no entanto, era usada no pagamento de intermediários e agentes públicos que atuavam no sentido de facilitar ou fraudar as licitações para beneficiar a cooperativa. Apenas uma das quatro reuniões da comissão em 2016 teve quorum suficiente, e os legisladores deixaram de deliberar sobre vários temas na pauta relativos à investigação.

Ju: E aí, se você não é de São Paulo, se você é de São Paulo mas não entendeu bem a gravidade da situação, eu vou explicar. Porque eu vou te falar que até sendo mãe me escapou no primeiro momento isso. Porque assim, sabe o “não tem pão comam brioches”? Meio que foi a minha reação assim – Ah! Tá! Máfia da Merenda. Chato, né? Ficar roubando merenda de criança. Malz aí – E não entendi o que isso queria dizer até que chegou perto de mim assim: Se não tem merenda professor é obrigado a mandar as crianças para casa. Né? A minha tia trabalha em creche do município e ela estava comentando o bafafá que isso estava dando por conta do estado. Se não tem merenda tem que mandar a criança pra casa. Se manda a criança pra casa a mãe não pode ir trabalhar. Se a mãe não pode trabalhar ela está faltando no trabalho. E se ela está faltando no trabalho ela vai ser demitida. Demitida em um momento de crise em que as pessoas… o desemprego está altíssimo. Então, é só pra sentir qual é o… até onde vai a questão do “faltar a merenda”, né?

Cris: E nem é só isso

André: E gira a economia ao inverso, né?

Ju: É.

Cris: E porque você está na escola e tem direito a essa alimentação a gente sabe que muitas crianças vão por isso. Muitas crianças tem alimentação na escola. Quando ela não existe lá talvez ela não exista em lugar nenhum.

André: É muito importante. A gente está falando com um público que é de internet. É um público que é responsável por esses memes do “recatada, bela e do lar”. A falta de quórum ontem na câmara dos deputados de São Paulo, ela é muito mais importante do que um perfil da Marcela. Era que isso que a gente devia estar fazendo meme hoje.

Ju: Sim, concordo. Não sei porque. E isso é uma coisa que a gente poderia discutir em um programa inteiro depois. Esses problemas sérios que acontecem com o PSDB no governo do estado de São Paulo, ao contrário do que muita gente fala, não é que não viram notícia. Mas não decola, né?

André: Não.

Ju: Assim, não toma corpo.

Cris: Não reverbera.

Ju: Não reverbera! As pessoas não se indignam. Não…

Cris: Pode falar, Barata!

Ju: E não é que “ou um ou outro”.

André: Sim, sim.

Ju: É que os dois, né?

Barata: Eu acho que atrapalha. Fica mais complicado. Eu acho que já tem uma narrativa “vamos derrubar o PT” ou vamos…

Cris: Não vamos pulverizar.

Barata: Não vamos pulverizar se não a gente não consegue fazer nada. Eu acho que o Brasileiro tem um pouco daquele negócio assim… Se deixar muito difícil não vai dar em nada então vamos simplificar. Vamos uma coisa de cada vez porque brasileiro não consegue prestar atenção em duas coisas ao mesmo tempo.

Ju: Não, mas assim… O que o André estava falando nem era de “o brasileiro vamos pra rua” e nã, nã, nã. Ele estava falando do povinho da internet. Nosso um porcentinho aqui que fica fazendo meme.

Barata: Isso daí é verdade.

André: E aconteceu no mesmo dia.

Ju: Então assim, eu politizadona… né? Hashtag… Por quê que me mobilizo por umas coisas e não por outras? E aí eu acho que não tem como algumas coisas é “pisa mais no meu calo eu vou falar mais”. Então, assim… Quando você está falando de direito de homossexuais, mulheres, negros… Você está pegando minorias. Elas se unem pra se defender e fazem muito barulho. Isso é um direito mais difuso embora mais abrangente, até. Entendeu?

André: Sim! Sim, pode ser.

Cris: Na verdade eu acredito que quem tem tanto acesso à internet não use tanto a merenda escolar como um motivo de necessidade primária

André: Isso! Também tem isso. É. Mas aí me incomoda muito essa parte de “eu tenho que olhar para o meu umbigo”.

Cris: Não deixa de incomodar. Vamos lá! Número um: Dia do índio! Só que não!

Ontem, dia 20 de abril é considerado o dia do índio, mas não temos a comemorar. E para encenar um pouco desse panorama o Risca Faca fez uma matéria sobre A Última Família Juma. Aruká é o último homem do povo Juma. No século 18 eram cerca de 15 mil índios desta etnia, mas hoje só restaram o senhor de 82 anos e suas filhas Maitá, 31 anos, Borehá, 35 anos, e Mandeí, a mais nova, hoje com 28 anos. Como são patrilinear, ou seja, seguem a linhagem paterna, e como não existem mais homens, o futuro dos Juma já está condenado. Extinto. Esta é o final da família.

Essa ideia encena um pouco do que está acontecendo com os índios. A matéria é bem boa, vai estar linkada na pauta.

A última família dos índios Juma

E o reclame é que os índios são como os pretos favelados e mulheres só que com menos visibilidade ainda. Então é um tema que em algum momento vai ter que entrar a fundo. Hoje foi pra dar esse overview. Mas precisamos falar sobre índios.

Barata: Eu vou falar que… Assim. Eu fiz letras na USP e uma das matérias que eu fazia optativas era Tupi. Não tem dicionário de Tupi, não tem nada! A gente… E assim… Um tempo atrás se estudava no colégio. Era matéria obrigatória.

Ju: Tupi?

Barata: Em faculdade de letras. E sumiu! Ninguém… não se estuda. É engraçado… É invisível! Índio não causa. Ninguém liga.

Ju: Vamos falar então da votação do impeachment no congresso. O quê que aconteceu, então?

No último domingo, dia 17 de abril, o Brasil parou durante 6hs para ver os 511 deputados da câmara votarem a continuidade do processo de impeachment contra presidenta Dilma Rousseff o resultado final foram 367 votos a favor, 137 contra, 7 abstenções e 2 ausências.

A base da abertura do processo considera como crime as pedaladas fiscais (que são atrasos em repasses de recursos para bancos públicos pelo governo federal que, segundo acusa a oposição ao governo, serviram para mascarar as contas públicas em 2014 e 2015). De acordo com orientação do Supremo Tribunal Federal, os deputados que participaram da votação deveriam ater-se a essas práticas mas o que se viu foi algo bem diferente disso. Segundo levantamento da plataforma Aos Fatos, o termo pedaladas fiscais foram usados por apenas 11 deputados para justificar seus votos, enquanto “Deus” foi citado 76 vezes; “família”, 156 e “corrupção”, 87. Outros 34 deputados citarem expressões como “crime de responsabilidade”, “crédito suplementar”, “contas públicas”, “responsabilidade fiscal”, “fraude fiscal”, “responsabilidade fiscal” e “dinheiro público”. Ao final, dos 511 deputados federais, apenas 46 ativeram-se ao mérito do processo. De 21 deputados investigados na Lava Jato, 16 votaram ‘sim’. Dilma só teve maioria de votos contra impeachment na Câmara em 3 estados (Bahia, Ceará e Amapá).

Cris: Fora os números foi um show de tiro, porrada e bomba. Discursos espalhafatosos com dedos em riste, ausência de concordância verbal, dedicatórias ao estilo Xuxa com Bolsonaro e Jean no centro. Isso tudo num domingo, os deputados trabalharam com afinco. Mas ó: preocupa não! Porque agora eles tiraram uma semana de férias para repor as energias.

Então gente, recuperado o fôlego, vem sem pressa, vem sem medo. Na mesa hoje uma análise desse cenário. Por que existe, o que representa e onde nos leva.

Ju: E uma coisa que eu acho importante pra gente começar a discussão, só para deixar claro o viés, porque sempre vai ter viés e sempre vai ter recorte, né? É a gente estabelecer aqui quem votou em quem. Em quem que você votou para Deputado Federal?

André: Deputado Federal… No último foi Luiza Erundina.

Ju: A Luiza Erundina se Elegeu?

André: Eleita!

Ju: Eleita?

André: Ela é Deputada Federal

Ju: Ela estava lá votando?

André: Estava.

Ju: Ela votou? No quê que ela votou? Sim ou contra?

André: Ela votou contra.

Ju: Votou contra. E você, Barata?

Barata: Eu não lembro mais, mas não entrou.

Ju: Tudo bem. Se você lembrar em quem você votou você vai saber quem você elegeu. Que alguém você elegeu. Seu voto nunca é perdido. Foi para a legenda e alguém estava lá te representando.

André: É.

Barata: Para tudo! Calma!

Ju: É.

Barata: Eu votei em uma pessoa…

André: Claro!

Ju: Isso.

André: Aquele voto foi no partido dele.

Barata: E vai pro partido?

André: Vai.

Ju: Mais do que o partido, é pior do que isso.

Cris: Então calma aí que a gente já vai entrar nisso, amigo!

Barata: Eu não sabia disso, mano!

Cris: Não rasgue as suas fichas. A gente vai entender.

Ju: Explicaremos. Cris, em quem você votou?

Cris: Cris Bartis é uma menina muito malvada e não transferiu o seu título. Portanto ela não votou em ninguém.

Ju: Eu votei no Ivan Valente e, por tanto, eu contribui não só para eleger o Ivan Valente mas a coligação dele. Então eu tinha que ficar de olho nos deputados da coligação do PSOL. Bom…

Cris: E o Ivan Valente votou…

Ju: O Ivan Valente votou contra.

André: É. Toda a chapa PSOL votou contra.

Ju: Isso.

André: O Ivan Valente sempre foi o meu deputado. Eu votei na Luiza Erundina ano passado porque eu imaginava que ia ter mais dificuldade pra…

Ju: Pra se eleger

André: …pra se eleger e aí eu fui com ela.

Ju: É eu não sabia quando eu votei, assim como…

Cris: É um bom raciocínio, inclusive.

Ju: Como você eu não sabia, quando eu votei, de coligação. Eu não me importo com a coligação do PSOL. Ok. Mas no Deputado Estadual eu me ferrei. Porque eu escolhi uma pessoa ótima em um partido horroroso com a coligação pior ainda. Mas enfim… Te entendo, Barata!

Cris: Gente, calma lá! Vamos voltar aqui. Vamos conversar aqui um pouquinho sobre a coerência e a incoerência do discurso. Como a gente falou ali na introdução, tinha que falar um pouquinho sobre em quem e como você vai votar. A primeira coisa que eu queria saber é: Vocês assistiram essa tortura?

André: A gente começou ouvindo, né? Que a gente estava no avião.

Barata: A gente estava… é…

André: Nós viajamos no final de semana juntos para Florianópolis

Cris: Pessoas… [risos]

André: E aí a gente voltou. E aí a gente estava no carro. Eu fui deixar ele na casa dele. E a gente chegou tinha acabado de começar a votação, a gente foi ouvindo no carro. Aí eu fui até a minha casa ouvindo no carro. Cheguei em casa eu liguei a televisão e acompanhei. Agora, eu não me surpreendi com nada do que aconteceu ali. Do baixo nível de discursos… etc. Eu conheçomuitos… Muitos dos deputados que estavam lá eu conheço, eu trabalho com isso.

André: Tem um negocio que eu costumo falar que é o seguinte: cê tem vários niveis de profissionais da politica. E ai eu costumo separar isso por faixa, faixa de aikido, que é o que eu faço.

Ju: Ta, entendi

[Cris ri]

André: A ordem da faixa de aikido é: branca, amarela, roxa, verde, azul, marrom, preta.
O vereador ele é um faixa amarela, o faixa branca pra ele se candidatar e conseguir chegar lá ele primeiro faz ali a politica dele na comunidade etc e ai ele se candidata e chega na camara dos vereadores.
Então ele é um faixa amarela, ele pouco entende de politica, entende praticamente nada de politica. Ele é um cara bem raso, na maioria das vezes, obviamente sempre tem exceções tem os carreiristas de vereador.
O deputado estadual ele é um faixa roxa, ele já passou por vereador, já pegou aquela experiencia pra poder ir pro lado estadual.
O deputado federal ele é de faixa verde a faixa marrom, voce tem ali pessoas que são muito cruas, que vão ser eternamente cruas, alguns analfabetos, alguns que não tem raciocinio, que tão lá só fazendo dinheiro etc, mas que tem o nicho de votos dele ali e ai a gente viu o discurso dessas pessoas.
Você tem, obviamente, um Eduardo Cunha que ele é faixa preta, ele é um cara que é carreirista. O Eduardo Cunha nunca vai ter pretenção de ser um senador, nem presidente, ele sabe que não é o que ele quer. Ele quer ser deputado, porque ele já ficou rico sendo deputado e vai ficar se mantendo ali com essa liderança que ele tem ali.
Já no Senado você só tem faixa preta, no senado voce não tem um faixa colorida ali. Até um Romario da vida, ele é um cara que ele é um faixa preta, ele sabe muito.. ele é muito bem acessorado.
Então a gente não vai ver, isso que aconteceu no ultimo domingo, a gente não vai ver no Senado. No Senado vai ser uma coisa bem mais com classe, bem mais.. a gente pega a gente tem José Serra, Aluisio Nunes, temos…

Ju: Discussão em nível mais alto, isso que você ta falando

Cris: Vai ser transmitido, cês sabem? Eu não to sabendo

Barata: Ah, vai.

André: Não sei porque nem marcou data, então..

Barata: Mas vai.

Cris: É, tipo, vamo lá.. Momento né, classe. Então deputados é tipo secundaristas e senadores são tipo “passei na faculdade”. Então você vai ter discursos quinta D, sabe a quinta D?

André: Você tendo classe, você tem até classe financeira. Se você for no congresso e você atravessar do salão verde para o salão azul, que é o salão do congresso da camara dos deputados pro salão dos senadores, você vai deixar de cruzar com um monte de pessoas com terno Colombo, pra ver ternos Armani. É nitido isso dentro do congresso, com os assessores, inclusive. É uma separação de classe mesmo que tem dentro da casa do Brasil.

Cris: Ta certo.

André: E essa classe ela é também intelectual diferente. Intelectualmente diferente.

Cris: Quando a gente ouviu, a plataforma Aos Fatos fez um trabalho super legal de fazer analise de discurso e falando um pouquinho sobre votos coerentes, vou colocar um exemplo aqui tá? Pra gente falar o que é coerente e incoerente dentro do que narrou o mandatário que chamava as pessoas pra dar o seu voto. Então, por exemplo, vamo lá.. Marcio Marinho do PRB da Bahia, ele falou, por exemplo, “aqui não estamos caçando ninguém! Essa parte de examinar o processo e eferir se houve ou não crime depende do Senado Federal, queremos sim, nesse momento, dar oportunidade pra que essa população possa ver se houve ou não crime de responsabilidade. Mas nós temos a certeza que houve! Sabem porque temos certeza, senhoras e senhores? Porque a nossa bancada examinou com muito respeito, com muita competencia, que realmente houve crime de responsabilidade, porque foi ferida a constituição federal e também houveram as pedalas fiscais.” Eu suprimi aqui o erro de concordancia.

[todos riem]

Cris: Mas o que é que a gente ta falando? O cara fez um discurso coerente, eu posso não concordar com ele, mas ele chegou ali e expos o ponto dele dentro do ambito que circundava o assunto e colocou aa frase dele. E ai a gente vai para os discursos que tomaram conta na internet, que foram os discursos incoerentes, vou citar três aqui:
O primeiro: Pelo meu estado de São Paulo, governador a vinte anos por politicos honestos do meu partido!

André: [risos] Esse cara não mora em São Paulo.

Cris: Pelos produtores rurais, que se o produtor não plantar, não tem almoço nem janta.

Ju: Pela família quadrangular

Barata: esse eu vi algumas vezes

Ju: Pelo fim da vagabundização remunerada

[risos discretos ao fundo]

Cris: Em memoria do meu pai

Ju: Por causa de Campo Grande, a morena mais linda do Brasil

Cris: Pela BR 429

Ju: Por Daiane, Matheus e Adriane

Cris: Por todos corretores de seguro

André: Não, e pra mim o pior de todos é: pela troca de sexo na escola.

Ju: O que que ele quis dizer, né, com isso ?

Barata: Mas, cês não veem? É o mesmo jeito que eles fazem campanha politica.

Ju: Sim, exatamente. Virou horário eleitoral

Barata: É exatamente.. eles olharam e falaram assim: A oportunidade de eu falar na televisão, o que eu eu falo? Tenho que falar meu nome e uma frase que eu pego. Foi o jeito que a gente selecionou esses caras.

Ju: É, mas é que assim.. o que que eu acho, que eu até falei pra Cris, você teve nos dias anteriores um tempo pra realmente debate e que foi televisionado pela TV Camera, TV Senado, enfim.

André: É, na verdade sempre é televisionado pela TV Camera né, só que nos dias anteriores a globonews tava passando..

Cris: Nooossa, quase tão ruim quanto a globo.

Ju: Isso, pra que as pessoas pudessem ver que era assim, olha, tem 15 minutos pra cada lider e 15 minutos por partido, eu acho, tinha uma outra divisão além dos lideres que era para as pessoas realmente.. ai era pra fazer debate de ideias e ai era pra tipo que nem num tribunal, sabe? Aquelas apresentações de, ta, então mostra seu caso..

André: Teve também 25 minutos pro relator, 25 minutos pra defesa, pro Eduardo Cardoso.

Ju: Então, esse é o momento em que as pessoas vão formar opinião, ali era voto.. e ai voto, esse é o motivo do voto ser pessoal e ser televisionado, era transparecia de você saber, não, eu quero que meu candidato se posicione e diga. Eu votei no Ivan Valente, o que que o Ivan Valente, vai dizer?

André: Sim

Ju: E ai, eu acho que é isso. Porque você acaba falando, você não fala com o seu espectro todo, você fala só com aquela pessoa que vai te eleger.

Barata: Claro

Ju: Se você agradar só aquela parcela que vai te eleger, já ta feito, entendeu?

Barata: Mas é, é seleção natural, é quem nem funciona.. você não precisa ser o melhor, só precisa sobreviver.

Ju: Exato

André: E esses deputados eles falam com segmento. Eles não falam aberto, eles falam só com aquele cara. O Jean Willys fala com LGBT, o Bolsonaro fala com os militares. Com os caras que defendem o pulso firme.

Ju: Exatamente

Barata: Enquanto um cuspir no outro, os dois vão ser eleitos. É do interesse deles eles se espancarem. É do interesse deles que o bolsonauro existe e que o..

André: Um depende do outro

Barata: Um depende do outro, é Batman e Coringa.

Ju: Esse é o próximo ponto, né Cris.

Cris: Exato, porque quando a gente entra nesses dois personagens que dentre todas essas discussões pontuaram ai, né, foram o que mais chamaram atenção. A gente começa pelo voto do Bolsonaro. Então assim, o que que aconteceu? Nada acabou estremecendo mais grande parte dos brasileiros do que esse voto que foi o numero 317, num discurso de um minutos, porque todo mundo acabou falando muito rápido, mas ok são 511, demorou pra caramba.

André: acho que era 30 segundos na verdade, na verdade né.

Cris: É, mas ai a galera tipo discurso do Oscar, sabe?

André: quem era a favor podia falar 1 minuto não era vaiado, quem era contra era vaido.

Cris: É mais ou menos isso

Barata: E viva Cunha!

Cris: E dai o Jair Bolsonaro ele conseguiu homenagear, num discurso muito rápido, o Eduardo Cunha, a ditadura, as forças armadas, a inocência das crianças, Deus e um ex torturador, tudo em nome, claro, da liberdade. A citação ao nome de Carlos Auberto Estrela Ustra, citado como o pavor da Dilma, foi gatilho pra um monte de gente que sabe exatamente quem é esse cara. Ele é o ex-comandante do COI, ele faleceu em 2015, e sem responder pelos seus crimes. Ele era acusado de 47 homicídios e, inclusive, de sequestros também, sabe-se que nos processos de investigação que o Ustra fez coisas inimagináveis com a Dilma, pessoalmente. Ele tava presente nesses momentos. A gente não vai descrever aqui, mas coisas que eu não imaginava. Tem um nível de tortura porque eu confundo, inclusive, confundi no inicio disso bater é uma coisa, tortura é outra. E o que esse cara fez e pregou junto a Dilma e uma série de outras pessoas são coisas que eu não poderia imaginar.

André: Muitas vezes a tortura psicologia ela é mais pesada que a física.

Cris: É, ele tem uma mistura das duas cosias. Eu gostaria realmente de não citar, porque se isso me abalou tanto eu imagino falar isso aqui no ar.

André: E a gente só vai propagar, não precisa.

Ju: É, exatamente…

Cris: E ai, assim, eu não sabia que isso existia, né. Eu pensei, na minha inocência, que se fazia as pessoas confessarem por dor física e não é necessariamente isso. E esse cara se mostrou muito, digamos, criativo em fazer com que as pessoas falassem o que ele quisesse que fosse dito. E ai a ordem dos advogados do Brasil, a secção Pará, aprovou um pedido de cassação do deputado e o pedido será encaminhado ao supremo tribunal federal e foi interpretado pela ordem que, ao proferir esse voto, o Bolsonaro fez apologia a tortura ocorrida no período da ditadura militar e, diante disso, o presidente da OAB PA Alberto Campos, nomeara ai uma comissão de juristas pra elaborar um pedido de cassação do parlamentar carioca junto ao supremo tribunal federal.

André: e hoje a tarde, a gente ta gravando numa quarta feira né, hoje a tarde eu acho que o ministério publico federal acatou as 18 mil queixas que tiveram ai num site, não me lembro onde que foi feita essa queixa.

Ju: aaah eu fiz isso.

André: e ele vai investigar, vai analisar o discurso dele. O ministério publico.

Ju: Porque assim, qual é a questão, você tem o parlamentar, ele é protegido, ele tem uma proteção especial além do que o cidadão comum tem de que ele não pode ser processado por qualquer coisa que ele falar no exercício da legislatura…

André: Sim.

Ju: E isso é uma coisa importante…

Barata: Até por isso eu acho que muitos perderam medo e foram lá e falaram assim “Cunha você é um bandido, você é um gangster” porque ali eles não poderiam ser processados.

Cris: Foi, o Ivan Valente falou isso.

Ju: É necessário, é importante, enfim tem toda sua função. O que a gente está falando é o seguinte eu até falei para a Cris, eu não sei, não sou jurista, não sou especialista para entender se esse direito não é como todos os outros direitos que ele não é um direito infinito, ele tem um limite e o limite é definido em lei. Então por exemplo, você tem liberdade religiosa, qual é o limite da liberdade religiosa? Até que você não fira a…

Barata: O direito de outra pessoa.

Ju: Não é nem o direito da outra pessoa é a dignidade humana de outra pessoa, então quando um pastor vai lá no púlpito dizer que gay é uma abominação, isso não está seguro na defesa de liberdade de culto, não está, no Brasil você não pode ir em um púlpito e falar que ser homossexual é uma abominação, não pode, a lei não te permite isso, então da mesma maneira ele tem direito… o discurso dele está protegido por ser deputado, mas essa proteção encontra limite em alguma coisa? Que seja, o limite não é você ferir a própria democracia que te deu esse direito? Se você ferir a democracia …

André: ele é um eleito democrático e vai lá fazer a defesa da ditadura?

Ju: Pois é, se você for fazer defesa da ditadura você não está abrindo mão dos seus direitos porque justamente a democracia que você está querendo derrubar que te dá esses direitos? Essa é a discussão.

Barata: Eu acho que é complicado você fazer isso, eu acho que você não pode criminalizar discurso, Desculpa, mas é chato, talvez cria um mundo que eu não goste, mas eu acho que criminalizar discurso é uma besteira.

Cris: Por quê?

Barata: Eu acho que é melhor as pessoas falarem o que elas acham daí você pode responder e isso é uma coisa que a gente tem no Brasil, invés de você… Todo mundo é “aí o Brasil não tem preconceito, o Brasil é super legal”, mas assim, você nunca sabe a opinião de verdade das pessoas.

Cris: Tá, mas a partir do momento que ele fala o que quer ele pode ser respondido pelo que não quer.

André: Também acho, também acho.

Cris: Eu concordo que ele não deva ser silenciado o que eu concordo é que ele deve ser responsabilizado pelo o que ele disse.

André: Ele tem que ter discernimento.

Barata: Eu não acho, eu não acho que é o Estado que tem que discutir o que é aceitável ou não, tudo tem que ser discutido pela sociedade.

André: Mas não, se for discutido pela… se a gente for pra discutir com a sociedade ele está falando com o nicho dele, e ele vai ser eternamente deputado, acabou.

Barata: E eu acho que a brincadeira é justamente essa, e eu acho que se pegar e prender e cassar ele, você vai estar transformando 15 Bolsonaros.

Ju: Concordo, voto no Barata.

Barata: Ele está esperando o que ele mais queria, ele fez, ele calculou aquilo, ele fez uma fórmula…

Ju: Com certeza.

Barata: Para causar o máximo de …

Ju: Revolta.

Barata: de revolta, de abaixo assinado, de gente… porque o leitor dele, o leitor dele está…

Ju: Fica feliz de ver o outro enraivecido.

André: É, isso …

Cris: Mas Barata, Barata, peraí, quando eu vou lá e permito que um cara perpetue um discurso de ódio eu dou um aval e falo “pode fazer isso aí”, ele não tá angariando e aumentando o rebanho dele?

Barata: Quando uma criança fala uma coisa absurda você para tudo e fala assim “acabou”, ou você não leva muito a sério? Eu acho que …

Cris: Você acha que a arma é ignorar?

Barata: Eu acho que a arma é ridicularizar, o problema é falar assim “não, acabou” o Bolsonaro falou isso o mundo acabou, não, o Bolsonaro é um merda e a gente explica porque.

Ju: O que eu acho que o Barata tá querendo dizer é o seguinte, você tem que ser melhor do que ele, você tem que conseguir na conversa ganhar dele, e não cassar o direito dele de falar, o que o Barata está falando é ‘O discurso dele é perigoso? É, destrua este discurso, esse é seu job, vai’.

André: E destrua sem cuspir.

Cris: (risos)

Ju e Barata: Sem cuspir.

Barata: Você está fazendo a mesma coisa.

Ju: Não, não, não, a mesma coisa não, você escalonou, piorou…

André: É, também acho…

Barata: Mas você está fazendo a mesma coisa.

Ju: Escalonou? Escalonou.

Cris: Peraí, peraí, vamos voltar aqui e colocar um ponto que é bastante importante em quem está pedindo uma punição para isso. Quando a gente permiti que a pessoa fala, e aí a gente já está nesse ponto hoje que é “Que bom que você está falando, porque aí eu consigo conhecer quem você é”, ao mesmo tempo quando você fala e eu não te pressiono você está angariando viés, a gente tá vendo o ISIS alí que daqui a pouco a gente vai falar, que quando ele fala e pega essas pessoas que ainda estão na formação do senso crítico ele atraí e segura, a ideia de combater esse discurso é o que a gente está alinhando, tem uma série de pessoas de bem que querem combater, a dificuldade é que cada um quer combater de um jeito, o que eu queria entender um pouco de vocês, André, Barata, Ju é como vocês entendem uma forma saltar de combater um discurso sem privar a liberdade de expressão.

Barata: A questão é o seguinte, você tem que primeiro tirar a possibilidade da pessoa se… vitimizar?

Cris e Ju: Se vitimizar.

Barata: Isso aí, Obrigado. O sistema tem que ser cego, não é à toa que a estátua da justiça ela tem uma balança e ela tem um véu, tem que funcionar exatamente para todo mundo…

Ju: Concordo.

Barata: Do mesmo jeito, e é impossível o sistema ficar entrando nas peculiaridades, o cara tem… ou o cara tem direito de falar ou o cara não tem direito a falar.

Ju: Concordo, a gente já fez um programa inteiro sobre isso, então, só pra gente poder avançar eu diria que se você não concorda com o que o Barata falou tem um programa… um Mamilos chamado ‘Liberdade de Expressão’ que a gente gravou justamente depois do primeiro ataque ao Charlie Hebdo, porque a gente fez um programa sobre Charlie Hebdo, a questão da liberdade de expressão gerou tanto incômodo né, porque se a sua liberdade é para me ofender então você não tem liberdade, que a gente fez um programa só sobre isso, ai vale a pena voltar lá, vamos seguir?

Cris: e aí a minha pergunta é pra vocês, vale a pena deixar de seguir quem segue o Bolsonaro?

Barata: Eu acho, pelo contrário, eu gosto de seguir as pessoas que pensam diferente de mim, é um exercício, eu conversando com o André muitas vezes eu começo a falar obviamente coisas que eu não acredito só pra deixar…

André: Só pra criar discussão.

Barata: Só pra treinar, só para rolar alguma coisa…

Cris: “É só pra treinar” é ótimo (risos).

Barata: Senão a gente falar assim “É, verdade”.

Ju: Nossa, eu faço tanto isso aqui no Mamilos e as pessoas tem tanta dificuldade de entender, porque assim se eu estou … eu posso nesse programa falar uma coisa, porque você tá falando uma coisa, e no outro programa os convidados são outros eu tenho que falar outra coisa.

Barata: Claro, tem que fazer rodar.

Ju: Né.

Barata: Tem que fazer a mídia né.

Cris: Eu quero fazer um disclaimer, se você não tem um amiguinho provocativo, procure um.

André: É, procure.

Cris: Ele vai te tornar uma pessoa melhor.

André: Vai fazer você pensar mais na vida, pensar, estudar mais.

Cris: Não estou falando para ser amigo do Bolsonaro, mas pessoas que provocam você te ajuda a alimentar seus argumentos.

Ju: Sabe qual é a minha resposta, pra essa de tipo, se você pode não precisa seguir assim “olha gente que segue o Bolsonaro, muito obrigado e tal”, assim de verdade, o que a gente conversa bastante no Mamilos é você não vai viver na sua comuna hippie onde só as pessoas que acreditam como você convivem com você, onde o padeiro acredita no que você acredita, o taxista, a professora , o professor de ginastica, de balé.

Cris: Tem um filme assim né.

Ju: Não, não, você vai viver numa sociedade em que cada um acredita em uma coisa, então você vai ter atrito com o tio do bar, você vai ter atrito com o vizinho, você vai ter atrito com primos, você vai ter atritos, então assim, não dá para não seguir, porque assim, você até consegue não seguir no facebook, mas na vida você não consegue, então assim, precisamos aprender a conviver, precisamos mais do que conviver escutar, então assim, eu fiz esse exercício de antes de gravar esse programa de ligar pro meu primo que chama o Bolsonaro de Bolsomito e tira foto com ele…

(risos)

Ju: Temos, temos.

André: Todo mundo tem.

Cris: Temos de tudo.

Ju: E é meu priminho preferido né, o mais novo, o queridinho da turma, dez né, netos, então assim, ele não é um ser estranho, alienígena como a gente quer fazer as pessoas que gostam do Bolsonaro parecer, eu vi ele crescer, eu peguei ele no colo, eu dei comida, eu limpei a bunda, então assim, ele não vai deixar de ser tudo isso porque ele gosta do Bolsonaro entendeu? Então beleza, por que? Isso te ofendeu? O discurso que ele fez te ofendeu? O que você achou desse discurso? O que isso faz você pensar do Bolsonaro? Deixa eu entender, o que ele gosta, o que ele não gosta, até onde, como é que ele lê essa situação, porque definitivamente ele lê diferente de mim porque a reação dele é diferente da minha, então assim, você se afastar disso não vai ajudar porque conviver você vai obrigatoriamente ter que conviver, então se você deixar de seguir cada vez você vai entender menos.

Cris: Mora no Facebook.

André: É, mora… (risos) E imagina se seu vizinho for Bolsonarista né, o que você vai fazer? Mudar de casa? (risos)

Ju: É, o meu é no caso.

André: Então, vai mudar de casa.

Cris: Aquele cara que olha pra sua casa quando você está viajando pra praia, sabe, aquele gente boa pra caramba.

André: Agora, você não precisa seguir a página do Bolsonaro, você não precisa ir no extremo.

[00:39:15][Começo da transcrição por @caiovdecarvalho]

Cris: Descobri isso recentemente, tá? Que tem um aplicativo que você pode seguir sem dar like. Cris de Luca, thanks! Mas é isso, pra você sair da bolha e seguir essas coisas que te dão nojo, que você lê de um olho só sabe. Mas você entende o que está acontecendo fora do seu universo, tem essa ferramenta que é bem legal. Pra você seguir sem dar like. Porque aí você não computa como amador…

Barata: Sem tá assinando embaixo.

Cris: Mas olha, tão bizarro quanto é pra mim, entender pessoas que seguem e apoiaram e apoiam o Bolsonaro, é pra uma das minhas melhores amigas de infância eu defender a descriminalização do aborto. Ela olha pra mim e fala, “Cris, você? Você é tão querida! Você gosta tanto das pessoas, como você pode ser uma assassina? ”

Ju: De bebês!

André: Eu tenho em casa, a minha esposa. Ela não é religiosa, mas ela tem religião e eu sou ateu. E a gente tem uma discordância. Dentro de casa.

Cris: E aí vocês casaram né? [risos]

André: Nós casamos.

Cris: Veja isso! [risos]

Barata: E eles se dão bem! [risos]

André: E a gente se dá bem! [risos] E a gente conversa sobre o assunto. A gente tem que conversar sobre o assunto. Porque se o seu amigo ele defende o Bolsonaro, conversa com esse seu amigo. Vai entender. Que sabe você não passe a defender o Bolsonaro também. Quem sabe ele não te convence? [risos]

Cris: Vamos ver quem tem mais argumento? Eu tenho um amigo que sempre que eu posto alguma coisa e ele pensa muito diferente de mim, ele escreve lá, “abjeto”, aí eu falo, “cara, ‘abjeto’ não é argumento, elabore melhor”, e aí vai. [risos]

Barata: Mas assim, eu acho, as pessoas têm que diferenciar. Você pode estar certo pelas razões erradas e você pode estar errado pelas razões certas.

Ju: Isso! Eu falo muito isso!

Cris: Barata, que bonito isso!

Barata: Mas isso, você vê isso. Quando você dá aula, você vê muito isso. É mais legal o cara erra tudo, mas a lógica… tá trabalhando o processo. Pô, você tem tanta certeza que o Bolsonaro é o demônio, o capeta, vai escutar os cara falando!

Ju: Desconstrói!

Barata: Desconstrói! Eles vão te ajudar a desconstruir!

Cris: A gente não fala “capeta”, aqui a gente fala “tinhoso”, “o esquerdo”, “o mijador de parede”. [risos]

André: Agora, tem gente pior que o Bolsonaro.

Cris: Inclusive, falando em pior ou melhor, a gente está aqui falando do outro extremo que é A Cusparada.

Ju: Vamos lá.

Cris: Então, após terminar de anunciar seu voto no Plenário da Câmara, Jean Wyllys, PSOL-RJ, cuspiu na direção do parlamentar Jair Bolsonaro. Por serem do mesmo estado, os dois votaram no mesmo bloco, então eles estavam próximos e o Jean fala, “… na hora que eu fui votar, esse canalha decidiu me insultar e na saída agarrar meu braço, ele ou alguém que estivesse perto dele. Quando ouvi o insulto, eu devolvi, cuspi na cara, que é o que ele merece…”, perguntado se teria se arrependido do gesto, ele respondeu no dia seguinte, “… de jeito nenhum, eu cuspiria na cara dele quantas vezes eu quisesse, quantas vezes eu tivesse vontade…”. Existem vídeos na internet, eu assisti alguns, pra quem quiser comprovar o ponto que tiver mais vontade, nos dois que eu destaco, um deixa entender que o Jean não foi agredido e mesmo assim cuspiu. Já em outro que eu vi, parece claro que o filho do Bolsonaro cuspiu no Jean. Ou seja, tem cuspe pra todo lado.

Ju: O que você achou André?

André: Primeiro que eu não concordo com o “eu tomei um cuspe, eu preciso devolver com um cuspe”. Se eu tomei um tapa, não preciso devolver um tapa pra você. Posso virar e falar, “cara, você passou do limite”. Então a gente já tem um fato que a gente conversou por aqui, um depende do outro ali. Essa guerrinha entre os dois acontece diariamente na Câmara. É só você assistir o TV Câmara que você vai ver que existe essa guerrinha entre os dois. Quando o Jean Wyllys tá lá falando, ele tá gritando que ele é mulherzinha, menininha, menininha.

Ju: Ele ganha votos, ele ganha pontos com seus seguidores por ofender o outro.

Cris: Ambos né?

Ju: Isso!

André: O Bolsonaro ganha pontos por dizer que ele é homofóbico, “eu não defendo o LGBT”, ponto. E o Jean Wyllys ganha votos porque “eu combato esse cara que não defende LGBT”.

Ju: Isso! Exatamente.

André: Então, já tem essa guerra entre eles.

Cris: A luz e a sombra, um não existe sem o outro.

André: Aí, eu acho que o que aconteceu ali era, o Jean Wyllys é um cara que é mais passional, mais do que o Bolsonaro. O Bolsonaro é um cara muito frio. Esses caras quando são carreiristas, o Bolsonaro é um deles, ele é carreirista, lá dentro da Câmara dos Deputados, eles têm assessores, muitos assessores por trás. Ele não fala um “A” sem tá combinado, sem tá escrito, sem tá estudado. Ele não fala. O que ele fala ali, tá estudado. A declaração do Eduardo Cunha, “… que deus tenha misericórdia…”, foi muito estudada. Ele não tirou da cabeça dele na hora e pá, é isso! Foi muito estudado antes.

Ju: Em pesquisas, só pra complementar. Em pesquisa, mostra o que o brasileiro mais acredita: deus e família. Quais são as duas coisas mais importantes para o brasileiro? Deus e família. Por isso, não é no vácuo, que os discursos representam isso. “Por deus”, “pela minha família”, “pelo meu filho”, “pela minha mulher”, porque é isso que o brasileiro quer ouvir.

Barata: É como você consegue fazer mais impacto em dez segundos.

André: Me fala um candidato que tem coragem de chegar numa campanha eleitoral e dizer “eu sou ateu”?

Cris: Capaz. A própria Dilma não defendeu o aborto. Que todo mundo sabe que ela é pró.

André: E ela não defendeu o ateísmo dela, porque ela é ateia. Só que na hora ela refugou.

Ju: Sim. Então, só falando da cusparada, eu acho que algumas coisas têm que ser faladas, porque algumas pessoas não conseguem te ouvir. Que é tudo que foi falando contra o Jean tá errado. O bullying que ele sofre. A falta de decoro do outro lado. Tá errado. Isso é falta de decoro, né? Porque a gente tá aqui pra conversar e debater as pautas que são comuns à todos. A gente precisa no mínimo se respeitar. Você xingar tá errado, você empurrar tá errado, você pegar pelo braço tá errado. Que são práticas comuns do Bolsonaro e grande elenco. Ok. O Jean Wyllys estava e está sob pressão há muito tempo. OK. Tudo isso dado, compreensível. Da até pra você entender que uma pessoa erre, porque não tô tirando a palavra “erro”. Que ela erre sob essas condições, o que eu acho impossível de entender, pra mim, Juliana, é que no dia seguinte ele não respeite o meu voto. Porque seu eu votei no Ivan Valente, meu voto de certa maneira, né? Na legenda do PSOL, contribui aí, me sinto responsável…

André: Na verdade…

Ju: Não nele porque é do Rio, né? Mas de qualquer maneira, quero dizer que me sinto representada. Né? Sinto que assim, não me sinto responsável pelos erros do Bolsonaro, mas me sinto responsável pelos erros do Jean Wyllys. Por isso eu sou mais crítica com ele. Já falei no Mamilos aqui, que a gente tem que parar de apontar pros erros dos outros e ser mais crítico. Porque assim, se cada um melhorar o seu lado, o todo melhora. Então assim, eu sou responsável por quem eu voto, na qualidade de quem eu voto, por isso eu sou mais crítica com o Jean. Acho muito complicado ele vir à público no dia seguinte e não falar, “independente do nível dos meus oponentes, independente do tipo de tipo de debate que eles querem propor, eu estou aqui com a proposta de defender a democracia, para defender a democracia, eu sou a favor de que as pessoas se encontrem, conversam e encontre soluções, não existe possibilidade de se encontrar soluções quando a gente cospe na cara do outro. Eu como representante do povo, numa seção que vai ser histórica, que vai entrar pros livros de história, eu não posso dizer que quando alguém me ofende, eu escalono e cuspo, pra pessoa me dar um tapa na cara, pra eu puxar uma pistola e pra gente dar o exemplo e iniciar uma guerra civil. Então no momento que o país mais está precisando de diálogo eu falhei e peço desculpas”.

André: E ele é um cara que luta pelo diálogo.

Ju: Sim. Se ele não faz isso no dia seguinte, pra mim é tudo circo, é tudo armado. E ele que não está, se colocou no mesmo nível do Bolsonaro. Pra mim, como eleitora dele.

Cris: Que aí começa a conversa de “O que me separa daqui que eu estou lutando contra?”. A linha é muito tênue. Eu luto contra, se eu agir igual, o que vai me separar disso? E aí é toda a nossa conversa sobre; Até que ponto eu vou? Até que ponto eu devo ir? Até que ponto eu respondo com a mesma moeda.

Barata: Eu concordo com a Ju. O maior erro do Jean Wyllys não foi a cusparada e olha que absurdo, foi ele não se arrepender da cusparada.
Ju: Exato.

Barata: Ele voltar e falar, “não, eu faria de novo”.

Ju: “Quantas vezes eu quiser”

Cris: Aí virou populesco.

André: Isso só mostra o que a gente tá falando, ele ganhou eleitores com isso.

Ju: Eu vi eu vi muita gente, muita, muita gente dizendo “é isso aí, eu queria fazer isso mesmo”.

Barata: Eu hoje vi uma amiga minha no Facebook, “Jean Wyllys errou ao cuspir no Bolsonaro. Errou porque devia ter acertado no nariz”, sabe?

Cris: Aham! É porque quando é pra cuspir no nosso inimigo, a gente apoia pra caramba. Agora se fosse o Bolsonaro cuspindo no Jean a gente estaria apoiando? É só isso. E partindo disso, a gente entra na discussão de porque nem todos ali foram eleitos pelo voto direto. A gente precisa falar disso que é o mais importante. [risos] Então vamos lá, porque nem todos ali foram eleitos pelo voto direto? Os deputados federais que compram a câmara, na legislatura de 2015 à 2019, foram eleitos no sistema proporcional na Constituição Brasileira. Que tá previsto na Constituição Brasileira. Então nessa eleição, primeiro verifica-se quais foram as coligações partidárias que receberam mais votos, o total da Câmara que é quinhentos e treze(513). Porque a gente está falando de duas abstenções, por isso que quando a gente fala de voto foram quinhentos e onze(511). Então, dividindo proporcional, entra essas coligações. As vagas de cada coligação são distribuídas para os candidatos mais bem votados dentro de cada uma delas. E todos os 513 deputados eleitos tem a mesma legitimidade em seus mandatos. O fundamental nesse sistema é o coeficiente eleitoral. Jesus, o que é isso amigo? Me explique melhor! [risos] Vamos pra um exemplo: O Distrito Federal tem 8 deputados, se a gente pegar ali os 1,45 milhões de votos que são válidos e dividir pelos 8, a gente vai chegar nessa coisinha chamada “Coeficiente” que é 181,7 mil votos. Esse seria o número necessário para um candidato se eleger lá no Distrito Federal. Mas não se trata dessa eleição direta. E sim do proporcional. Isso permite que um deputado se eleja com menos de 100 mil votos. E ele tá lá. Quer dizer, pegou, dividiu, repartiu e é dentro dessa mexida, que somente 36 deputados que votaram lá no domingo, foram eleitos pelo voto direto. Então quando a Ju falou lá no início “…em quem você votou? em quem você votou? em quem você votou?…”, um monte precisou de um empurrãozinho.

Ju: Mas isso não é problema se você considerar que o nosso sistema ele é por partido e não personalista. Então por exemplo, seria problema maior se só quem tivesse voto…. porquê por exemplo,sei lá, você tem dez deputados que puxam todos os votos e aí quem não ta nesses faz o que com esses outros votos das outras pessoas? Então assim, é um jeito de todo voto ser válido. Nenhum voto para deputado é rasgado…

Cris: Eu discordo disso.

Ju:…Porquê você vai dentro da mesma legenda.

André: E o problema é o seguinte: É por conta desse coeficiente que nós temos Tiririca lá dentro do Congresso, porque o Tiririca arrastou seis, sete deputados que a gente não conhece.

Cris: Então Juliana…

Ju: Mas isso é distorção da medida. Entendeu? Tipo, você faz uma coisa pra atender um determinado problema e ela pode ser distorcida causando outro problema. Ok, o que eu acho é que nenhum tipo de sistema é à prova, 100% à prova de qualquer distorção…

Barata: Concordo.

Ju: …Então tudo vai ter a sua distorção. O que você precisa é entender o que que eu tenho de bom nesse sistema e qual é o risco de distorção e aprender a jogar com o sistema, é isso.

Barata: Mas sabe qual eu acho que é problema desse sistema. Esse sistema parte suposto que os partidos são a coisa que segura e a gente tem os piores partidos do mundo.A gente não tem… Pra mim a doença que tem no país hoje são os partidos políticos brasileiros.

Cris: Concordo.

Ju: Sim, mas aí é bem mais complicado da gente resolver né…

Cris: Ok, mas é por isso que a gente abre um partido a cada seis meses e com cem mil assinaturas. Eles não tem base, eles não tem filosofia, eles não se destacam dos outros…

Ju: Conteúdo programático, projeto de país.

Cris: …Não tem um planejamento. [risos]

André: Qual é a filosofia… O grande responsável pela Dilma ter perdido na Câmara foi o desembarque do PP. Se o PP não tivesse desembarcado do governo dela, seriam quarenta e quatro…

Cris: Desembarcar é tão emblemático…

André: …Seriam, não me engano, quarenta e quatro votos. Ela teria esses quarenta e quatro votos e não teria perdido. Qual é o programa do PP?

Cris: Oi? Quem é PP?

André: Qual é a ideologia do PP?

Cris: É disso que eu tô falando…

André: Não tem.

Cris: …O que eu tô falando é as coligações sobrevivem por dentro do sistema político.

Ju: Mas o PP não tem programa por causa do sistema? Não. O PP não tem problema porque…ele não deixa de ter.

André: O sistema…Pra você criar um partido, você precisa de quinhentas mil assinaturas. Você não precisa ter uma ideologia…

Ju: Exato, mas é isso.

André: …Você precisa de quinhentas mil assinaturas. O Kassab conseguiu quinhentas mil assinaturas pra criar o partido dele que não tem ideologia nenhuma…

Cris: E daqui a pouco ele cria outro.

André: …E a Marina, que tem uma ideologia, teve muito mais dificuldade pra criar o partido dela. Talvez porque as pessoas não se preocupem com ideologia ou talvez porque foi forjado os quinhentos mil do Kassab. Eu não sei como que foi, qual é a diferença entre os dois.

Ju: Não, talvez ele tenha uma máquina que possa ajudar e ela ainda não tenha. E ela não faça as alianças que ele faz. Enfim, o buraco é mais embaixo.

André: Mas é isso. A política, ela é feita de alianças. Alianças que não precisam de idealismo. No Brasil não precisa disso. A Marina…

Cris: É pra somar e subir.

André: …A Marina.Eu não sou defensor da Marina. Eu trabalhei na campanha da Marina, não votei na Marina… Desculpa, eu votei na Marina no primeiro turno em 2014. [risos] Eu não votei nela em 2010. Em 2010 eu anulei o meu voto. Mas a Marina tem uma coisa que ela tem entre a maioria dos políticos no país ela é a que mais fala sobre ideologia, sobre partido. Tem alguns que falam, tem alguns que falam. A gente não pode generalizar, mas a Marina fala. Agora, ela é a que mais peca em ter apoios. Porquê na hora de chegar no apoio falam assim: “ Ah, mas você não tem aliança. Como é que você vai governar?”. Ela perdeu a campanha por isso. Como é que você vai governar?.

Barata: Inclusive é porquê a Dilma ta caindo, ela não tem aliança.

Cris: Exatamente Barata e André. Chegamos onde? Por que estamos aqui agora? Porquê nós temos uma economia enfraquecida e uma ausência de aliança. E é por isso que a gente chegou nesse coeficiente de votação.

André: E isso mostra…não foi golpe. Foi conspiração. Não foi golpe…

Ju: Exato.

André: …Não é golpe.

Ju: Eu briguei muito por isso, hoje.

Cris: Opa! Você colocou uma segunda terminologia que não tem sido usada em todas as conversas: Conspiração.

André: Que houve conspiração? Houve! Não tenha menor dúvida! O Cunha, o Temer, eles se aliaram. Foi feita uma conspiração. Golpe? Não é golpe.

Ju: É que golpe não segue todas as regras né? Tá seguindo as regras… então…

Cris: Peraí, qual é a diferença de golpe e conspiração?

André: Se a gente tivesse tido um golpe no Brasil, no domingo, a Dilma não poderia ir pros Estados Unidos, na ONU e voltar pro Brasil como presidente. Ela teria caído já. Apesar que a oposição ta falando que ela não tem que ir pra lá porque ela vai envergonhar o país né. Isso é ridículo, pelo amor de Deus.

Cris: Bom, só dando um overview do que que que é isso. Ô Jú rápidinho. A Dilma ir pra ONU né. Ela ir e voltar. Do que que a gente ta falando? A presidente Dilma Roussef deve anunciar na ONU na próxima sexta, dia 22, que considera ser um golpe de estado no Brasil, segundo relatou os jornais Folha de São Paulo e O Globo. A petista terá direito a cinco minutos na tribuna das Nações Unidas em Nova Iorque e oficialmente estará para falar do pacto de Paris sobre… A discussão não tem nada a ver gente, é acordo climático. Mas ela pretende aproveitar a oportunidade pra mencionar questões internas brasileiras. Na hipótese de o apelo de Dilma reverberar de alguma maneira, caberia ao Conselho de Segurança, formado por Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China, adotar numa sessão separada posterior alguma monção condenatória sobre o Brasil…Isso, cara, muito improvável. A possibilidade é que chefes de Estados, individualmente, expressem a sua solidariedade. Então quer dizer, ta indo pra lá pra um congresso, pode ser que ela toque no assunto. Isso acaba reverberando um pouco, Jú, daquilo que você colocou aqui na pauta, sobre qual foi a visão das pessoas de fora falando sobre o que que ta acontecendo aqui.

Ju: É, reverberou muito mal. Mas no próximo assunto da pauta até a gente vai falar um pouco sobre isso. Reverbera mal pra quem é especialista, pra quem é diplomática, nos círculos mais… Mas pra população em geral dos outros países isso não pega. Mas fez manchetes no mundo inteiro bem bizarras. Eu vou dar só um exemplo. O Le Figaro que falou “é um sistema político marcado pela corrupção, os pequenos arranjos entre amigos e as alianças contra naturais que estão explodindo. É um sistema que perde seu fôlego”. Então enfim, teve uma série, o El País, na Espanha, colocou “um parlamento com momentos de circo decidem o futuro de Rousseff”. Teve uma séria de manchetes, nenhuma foi muito positiva sobre o Brasil. Eu só queria encerrar falando assim, sobre essa questão de representatividade, recomendo muito, muito, muito que vocês leiam uma matéria especial da Galileu que chama “Eles não nos representam: porque os políticos são tão diferentes de seus eleitores?”. Eu acho que assim, depois do circo de domingo, vale muito a pena ler essa matéria porque ela faz um raio X bem detalhado pra entender essa questão de representatividade. Se fosse diferente como que seria. Se não pudesse fazer coligação. Se fosse exigido fidelidade partidárias. Como é que seria o congresso hoje? Vale bastante a pena ler pra entender melhor.

André: Nós temos que conversar sobre uma reforma política no país. Não existe.

Barata: Eu até acho assim. Repercutiu mal? Não repercutiu. Falou o que que sempre todo mundo achou. Ninguém acha que o sistema político no Brasil ta bom. Nunca, quem fala assim “Não, ah, o políticos tão de boa. Ta tudo rolando direitinho”. Me acha um brasileiro que acha isso. Que fala assim “Não, eu confio em político. Político é o cara pra confiar na sociedade brasileira”.

Cris: Oooh…

Barata: Ninguém acha isso!

Ju: Mas no mundo eu acho né…

Barata: No mundo!

Ju: …Você tem uma crise de confiança de representatividade no mundo, na verdade. Parar de ser míope, né.

André: Sim, eu acho que a política no mundo esta passando por uma dificuldade. Em muitos países está sendo trocado direita pela esquerda, esquerda pela direita. Ta acontecendo isso no mundo. Eu preciso voltar um pouquinho na questão do “golpe-conspiração”. Que eu acho que consigo deixar claro agora…

Ju: Sim, muito bem.

André: Foi feita a pedalada? Foi feita a pedalada pelo governo Dilma. A pedalada fere a Constituição? Fere a Constituição. Isso é passivo de impeachment? É passivo de impeachment. Todos os governos fazem, a maioria, todos não. A maioria dos governos fazem. O Estado de São Paulo faz, fez pedalada recentemente…

Cris: Dezesseis governadores.

André: Dezesseis governadores fazem. Então, eles deveriam ser passiveis de impeachment? Sim, deveriam. Porque também existe impeachment pra governador e prefeito, não é só pra presidente. E aí entra o ponto: Não é golpe, é conspiração. Não fizeram a conspiração pro Alckmin cair, pro Beto Richa cair, fizeram conspiração pra Dilma cair. Ela não tem força política, ela não teve força, base política…

Cris: É um impeachment político.

André: …Aí tem a economia, tem a economia. Não, não só político. Ela é a pior presidente da história do país.

Ju: É, vocês falaram isso bem no último episódio. Explicaram bem direitinho conjuntura econômica, conjuntura política, o que que levou à essa situação insustentável que ela ta né.

André: É, ela se colocou nessa situação insustentável. Mas não é golpe. A gente pode falar de conspiração, mas golpe não foi. Porquê ela ta sendo “impeachmada” por um item que está na Constituição.

Cris: Mas quando a gente fala é um crime contábil e não um crime fiscal. Que o crime contábil não está previsto como tese de impeachment. E aí? Onde a gente entra? É essa a minha pergunta. É essa a minha dúvida. E aí o Juca Kfouri fez uma…um vídeo tipo pra…Tata, minha filha de cinco anos, entender, que ele fala assim: Quando um cara cobra um escanteio errado, ele é punido. Ele pisou na linha na hora de cobrar o escanteio, mas não é passível de expulsão, é uma pena leve. Ele ta fazendo um paralelo com pedaladas fiscais e jurídico. Mas e se o cara for punido com expulsão quando ele ta cobrando o escanteio, pô, é a mesma coisa que cê falar o cara roubou uma manteiga no mercado e ele foi pra prisão perpetua e o cara que assassinou e foi pra prisão perpetua. São crimes de pesos diferentes…

André: A questão é essa, ela é passível de expulsão. Agora, aí vai do juiz. E é o juiz que vai resolver.

Cris: Que a gente ta chamando aqui de Senado na próxima etapa, certo?

André: É senado, é.

Barata: E eu acho que um pouco, a Dilma, o que ela fez, ela foi assim, tudo bem você cobra o escanteio meio errado, dai vem o juiz falar com você. Você cospe na cara do juiz, o juiz te…

Cris: Então o que você ta falando é que a Dilma cuspiu?

Ju: Ela cuspiu no juiz? Certeza? Se o juiz são os deputados federais…

Cris: Dilma é a Dilma [risos]

Ju: …Ela cuspiu.

Barata: Ela cuspiu, entendeu? Ela não fez a jogada.

Ju: Ela sabia quem que ia julgar ela e ela cuspiu no juiz de boa.

André: O juiz é o Eduardo Cunha, não são os deputados.

Ju: Exato.

André: Os deputados tão representando o Eduardo Cunha. O Eduardo Cunha ta como presidente da Câmara não é porque ele se elegeu sozinho. Ele tem uma base que teve a maioria dos votos e foi eleito presidente da Câmara dos Deputados. Ela cuspiu na cara dele quando lá trás, ao invés de ela apoiar a candidatura dele, ela colocou e apoiou um candidato próprio do PT, eles foram arrogantes. Perderam a candidatura, ele entrou com a faca nos dentes e falou: “Agora eu te mato”. E matou.

Cris: A gente ta vendo que ele é bem forte né?

André: Ele é forte.

Cris: Bom, então como não poderia deixar de ser, aguardemos cenas do próximo capítulo. A gente tem um Senado né, passamos pra próxima fase, o Senado vai votar muito provavelmente a favor do afastamento e aí começam as análises profundas sobre impeachment ou não. A gente ta no meio do caminho então essa discussão aqui é muito humana sobre quem ta tentando entender o processo. Aguardemos.

[sobe trilha]

Cris: iniciando agora o tema número 2 que é tão simples e leve quanto o número 1 Estado Islâmico ameaça o Brasil. Qual que é o fato? 200.000 pesquisas no Google em uma semana. Em apresentação sobre ameaças terroristas aos Jogos Olímpicos Rio 2016, realizada na Feira Internacional de Segurança Pública e Corporativa, o diretor da Agência Brasileira de Inteligência afirmou ter confirmado a autenticidade do perfil no Twitter de Maxime Hauchard um integrante do Estado Islâmico que postou a ameaça “Brasil, vocês são nosso próximo alvo” em novembro de 2015, logo após os atentados de Paris. Hauchard é um francês de 23 anos que foi colocado na lista de terroristas procurados pelos Estados Unidos em 2014, depois de aparecer com uma faca ameaçando decapitar o norte-americano Peter Kassig. Dentro do Estado Islâmico, Hauchard é conhecido como “O Francês”

Ju: Na avaliação desse diretor da ABIN é que a probabilidade de o país ser alvo de ataques terroristas foi elevada nos últimos meses devido aos recentes eventos ocorridos em outros países e ao aumento do número de adesões de nacionais brasileiros à ideologia do Estado Islâmico. E aí assim, primeira pergunta que é óbvia é porque o Brasil? Por que esse interesse agora pelo Brasil? O que que a gente tem a ver com esse pato? Tipo, a gente não tem nada a ver com isso, mas uma daquelas coisas do corolário brasileiro né? Temos corrupção, temos problemas de estrutura tem não sei o que, mas temos uma natureza linda, não temos terremotos, desastres naturais, não sei o que e não tem essa putaria de terrorismo aqui. O que que a gente tem que ver com essa briga.
André: eu acho que nós temos duas coisas a ver com essa briga. Primeiro nós temos uma olimpíada na frente, então…

Cris: vai ter olimpíada esse ano André?

André: disseram que sim!

Cris: é esse ano, jura???

André: eu fiquei sabendo que vai ter olimpíada porque eu vi hoje que o Cielo não vai estar na olimpíada…

Ju: não vai… Tristíssimo isso.

André: … Porque ele não conseguiu. Que triste né? Um dos maiores nomes olímpicos do Brasil não vai estar lá.

Cris: deve estar chateado com essa confusão.

André: Ricardo Paes vai ser o prefeito dessa olimpíada. Então a gente tem essa olimpíada e aí a exposição no estado islâmico, o estado islâmico… qualquer desses caras precisam de exposição, marketing então tem uma exposição clara se tiver um atentado ali na olimpíada. É o único ponto eu acho de um atentado no Brasil. E o segundo ponto é aquele tabuleiro de War que a gente brinca né, é expandir mercado, dar um just a little cutucs!

RISOS

Ju: é cara sabe o que eu acho mais importante assim, porque a gente lida como se fosse só uma questão de publicidade né? Ah os caras querem aparecer – olimpíadas, ótima possibilidade de aparecer e tal e não sei se to sendo muito emotiva de falar isso mas as olimpíadas são um significado muito forte pra gente né? Porque as olimpíadas são o momento em que a gente baixa um pouco as nossas rivalidades pessoais e as rivalidades nacionais, regionais pra gente celebrar o espírito humano né? Então as olimpíadas assim, é muito diferente como comunicadora você trabalhar com copa e com olimpíadas. Copa só tem um vencedor, olimpíada a gente celebra a humanidade, a gente celebra…

Cris: todo mundo ganha né de alguma forma?

Ju: O quanto a gente consegue o mais longe o mais forte o mais… Tipo é ultrapassar limites…

André: pra mim a cena mais fantástica de olimpíada é um nadador eu não me lembro qual é o país dele que ele completou 50m em 3 minutos, coisa que Cielo faz em 50 segundos…

Barata: todo mundo bateu palma…

Cris: é o cara tá lá!

Ju: ele representou o país dele

André: todo mundo bateu palma porque ele tinha o direito pelo país e ele foi e o cara mal sabia nadar. Ele foi e todo mundo aplaudiu de pé! Tem esse vídeo…

Barata: Foi na Austrália 2002.

Cris: aí meu fiquei emocionada. Eu torço muito pas minoria! Eu sou muito errada!

Ju: é que assim… Olimpíadas… Sério assim é muito legal. O espírito de paz, de competição mas sem tipo eu não preciso te odiar pra competir com você enfim tem uma série de valores olímpicos que dizem muito sobre humanidade, sobre o mundo que a gente constrói e tal e sobre o que a gente tem em comum tá? Então olimpíadas é o Mamilos muito maior do mundo né? Olimpíadas – o Mamilos do mundo! Por que que eles não usam esse slogan não é mesmo?

Cris: humildona!

Ju: mais aí cê vai lá, e aí assim o cara escrotizar isso aí você entende muito bem o que que quer dizer terrorismo, porque não são as vítimas que ele faz é o que ele ataca né? Então assim, vai fazer um atentado nas olimpíadas e ferir 2, 3 pessoas eu entendo que o nosso jeito de atacar, ele é muito mais virulento e mata muito mais gente né? Quando a gente entra em guerra, quand a gente vai pra lá escrotizar o país deles a gente escrotiza muito mais.

Barata: é já tá rolando há um tempo esse lance do terrorismo

Ju: sim concordo… Sem disputar isso. Mas quando ele faz uma coisa é consegue, uma pessoa que ele mate nas olimpíadas, ele matou a ideia. Ele conseguiu não matar a ideia mas… Ele conseguiu atingir a ideia é colocar o pânico no coração de todo mundo do mundo inteiro. É isso que você entende qual é o problema do terrorismo e porque que ele é levado tão a sério e porque que isso é realmente uma ameaça a ser combatida né?

André: mas eu entendo um pouco, se você vive num mundo onde não tem paz onde a perspectiva que você vai ser ouvido e que você vai poder participar de um jeito positivo e você vê um evento que tá falando assim “ah todo mundo participa de um jeito positivo o mundo tá junto” dá um pouco de vontade de cagar em cima né? É assim… É o pixo…

Barata: eles perderam uma grande oportunidade no último domingo lá em Brasília!

Cris: veja bem Shoshana! Au revoir! E aí quando a gente vê esse universo colocado né, uma situação tão delicada, o que que o brasileiro faz? Ele corre? Ele tem medo? Ele revida? Não! Ele vai criar um bullying em cima do isis. O isis nem é tão perigoso assim.

Barata: vai fazer um monte de meme… Do Temer com o….

Cris: eu não sei se vocês tiverem esse mesmo prazer mas na minha comunidade acabou rolando descobriram o telefone de alguém, não sei se isso é sério ou não mas to colocando aqui pra você ver o quanto a gente tem um distanciamento de quanto isso pode ser sério que é um distanciamento mesmo a gente simplesmente não consegue realizar isso. Então acharam um telefone do moço e começaram a mandar um monte de WhatsApp pra ele “ vem que aqui é tiro, porrada e bomba”, mandaram Inês Brasil pro cara, carreta furacão dançando…
Risos
André: pro terrorista…
Risos
Cris: pro terrorista! Acharam o telefone do moço no WhatsApp e começaram a mandar “ olha a Dilma aqui vem aqui que a gente precisa de bomba” o “Eduardo Cunha falando moço por favor joga aqui” mandaram o Google maps pra ele com onde ele devia jogar a bomba. Aí eu te pergunto amigos, a gente tem que rir por que não dá pra não rir?

André:: é… eu acho que mostra primeiro um pouco do complexo de inferioridade né? A gente pode brincar com isso que ninguém vai se preocupar com o Brasil mas eu acho que tem um dado interessante que é o seguinte no Brasil se não me engano são 58.000 homicídios por ano.

Cris: não do Isis, maaaassss…

André: A gente só perde em violência por luta armada no oriente médio pra Síria.

Ju: cara é sério, é tanto assim? Eu sabia que era grande… Mas peraí, isso são em números absolutos ou relativos, porque olha o nosso tamanho e olha o oriente médio né, acho que…

André: não não não, dentro dos países…

Barata: então obviamente…

Ju: então compara o número do Brasil com…

André: eu queria ver o número do Rio de Janeiro, dos não declarados também…

Cris: nossa se você juntar com os policiais que não contam como homicídio, olha amigo…

André: se você pegar a conta da secretaria de segurança pública de SP, essa nova conta que eles fizeram… Elimina essa nova conta e pega… Adiciona a chacina, porque na chacina de Osasco tiveram acho 8 mortos e eles contabilizaram 1.

Ju: ah porque foi um crime só né? Então acho que é justo!

André: um crime só… então se você expandir SP. SP é do tamanho da Síria e ver proporcionalmente, só que a Síria vive numa guerra.

Cris: declarada.

André: declarada! Oficial! A gente nem guerra civil é…

Ju: Não, cara mas é que eu acho que é diferente, a gente falou isso quando a gente falou do atentado aqui, que assim… eu entendo que você fala: – ahh todo dia tem morte e tal. Mas se começa a ter tipo um cara explodindo no metrô… sabe, o pânico é outro, você não atinge quem foi atingido pela bala você atinge todo mundo.

André: Claro… sem dúvida, o terrorismo ele é… o terrorismo é o terrorismo.

Cris: É o terrorismo é justamente isso, tirar você da situação de segurança e colocar em fragilidade sem nenhum motivo aparente.

André: Sim, eu vou, eu vou agora daqui duas semanas eu vou tirar férias. Eu vou a Nova York e a minha esposa virou…. E eu comprei o ticket pra subir o novo WTC e a Luciana virou e falou assim: Putz, eu tenho medo de subir lá.
Eu falei assim: não, não. Lá é o lugar mais seguro do mundo hoje, não tem a menor chance de acontecer alguma coisa. Mas ela tem medo, porque o terrorismo está embutido, agora eu acho que a comunidade muçulmana no Brasil, de libaneses, de sírios no Brasil, ela…. são médicos, são…

Ju: Mas não é isso que está pegando bonito, não é isso que está pegando, não são eles.

Barata: Mas deixa eu falar uma coisa, os terroristas tem um perfil de ser altamente educados, os terroristas que são radicalizados no ocidente, eles são altamente…. O Bin Laden ele tinha curso universitário e o caralho.

Ju: Mas não é essa a questão

Cris: Tipo Eduardo Cunha

Barata: Tipo Eduardo Cunha

Ju: Mas não é essa questão, por exemplo, o que a agência de inteligência brasileira está preocupa e está monitorando não são essas pessoas, não são essas comunidades… não! São por exemplo, a Folha fez uma matéria surpreendentemente boa, parabéns Folha, justamente é brasileiros que estão por exemplo no Ciência sem Fronteira na Europa, você viu?

André: Eu vi essa matéria inclusive.

Ju: Cara que matéria é essa? Até meio que dá pra desacreditar né?! E aí são coptados lá justamente porque eles buscam você estar longe de casa, estar com saudade e nãnãnã. E o passaporte brasileiro é um passaporte super cobiçado, porque ninguém desconfia daqui né? Cara brasileiro é o que, bunda, futebol né? Carnaval… não precisa temer né? No máximo você guarda a carteira, que é o que se pensa.

André: Inclusive se eu não me engano, existe uma lei olímpica que o turista que chegar no país com o ingresso, ele entra, não precisa do visto.

Cris: Uuuuuuu não sabia disso.

André: Tem um negócio desse, que eu acho que já existia, sempre existiu e estava sendo revisto depois dos ataques da França, que aí começaram a rever essa lei, entrar em acordo com o COI pra ver se já se consegue mudar essa lei. Porque o país não pode negar o visto de uma pessoa que comprou ingresso pra vir assistir, um familiar de um atleta que veio assistir como é que você vai negar o visto pra mãe do atleta, pro irmão, pro primo “doido” do atleta? Ou o nadador francês que veio aqui e que tem um primo que morou na Bélgica um tempinho e está vindo pra cá e eu sou primo daquele nadador… pra negar o visto pra ele.

Cris: Quem nunca né Barata?

Ju: Mas é assim, estão mesmo monitorando células que estão atuando no Brasil. Já existem dez brasileiros filiados ao estado islâmico que foram monitorados e dez eles consideram um número grande, entendeu?

Cris: É os caras que acharam o Bolsonaro raso (risos).

Ju: Exato

André: Dez você pode ir na praça da Sé já, no metrô da Sé.

Ju: Porque assim num vôo coordenado dez tal, mas assim dá pra nove fora, sobra o cara que consegue fazer um estraguinho que precisa entendeu? Então a questão é, não tô falando dessa comunidade que é essa comunidade que você falou, não tem nada a ver com eles. Você vai pegar pessoas que tem uma revolta social, que não tem laços familiares, que não tem expectativa de vida, que não tem nenhuma ideologia não sei o que. Você vai se aproximar, dar atenção, dar afeto, condições, grana, não é nenhuma ideologia by the way.

Cris: Ju é super importante isso que você está falando porque no momento que a gente está de polarização puxada muito forte pros extremos é um campo muito fértil pra alguém que já tem uma ideologia organizada te oferecer um propósito.
Num momento em que a gente está tão, meu Deus… pra onde vou, quem sou, onde estou. Se chega alguém e trás pra você um PMO.

André: Uma oportunidade dessa pra aparecer pro mundo né?

Ju: O que que é PMO?

Cris: É um processo de organização que vai mostrar pra ele quem sou, onde estou e para onde vou, no momento em que a pessoa está flutuando, é sedutor. Então acho que é disso que a gente tem que falar com um pouco mais de seriedade, eu concordo e dou muitos likes nos gifs porque eu acho que o humor mostra o nosso ridículo.
Eu acho isso super legal e eu acho que o brasileiro faz isso melhor do que qualquer outra pessoa, mas num outro outro, em paralelo, eu acho que a gente precisa analisar o quanto isso realmente representa um risco, num momento onde a gente está tão flutuando no nosso futuro é muito fácil corruptar pessoas pra um processo que já está instaurado. Que mostra exatamente pra onde você deve ir e não venha me falar que isso está muito longe da nossa realidade, porque a gente está discutindo algumas facetas tão extremas quanto isso tem sido feito fora do país.
Eu acho que essa é a mensagem que a gente deve deixar aqui, é preocupante, eu acho que é isso, a gente pode estar zuando, eu vi o Titanic do impeachment e vi o bullying com o whatsapp do terrorista, só brasileiro é capaz, nenhum outro povo.
Mas em ultima estância a gente precisa prestar atenção nisso, que futuro a gente está oferecendo pras pessoas pra que elas não se sintam seduzidas por isso, por algo posto.

Barata: E até uma coisa assim, o bairro onde eu vivo tem muçulmanos, tem as moças com “hijab” e tal até a escola que eu dou aula teve até um caso que ela sofreu bullying e teve que sair porque chamaram ela de terrorista. Eu fico com um pouco de medo, coitados dos muçulmanos aqui que o André estava falando que são médicos, estão querendo criar a família deles aqui tal, o quanto eles vão sofrer com os brasileiros puxando treta.

Ju: Exato, por isso que eu já corrigi aqui, não é a comunidade árabe no Brasil que está sendo investigado, sob suspeita.

Cris: comunidade muçulmana, que vai além da árabe.

Ju: É…. nem isso, não é isso, o nosso problema e o que a gente tem muito mais do que muçulmanos no Brasil são pessoas em situação de risco, entendeu?

Barata: Sim

Ju: Então jovens em situação de risco, sem família, sem perspectivas, sem filiações religiosas né, profundas assim, outro significados de comunidade que possam segurar eles, que possam deter eles, são facilmente coptados assim, o Brasil sinceramente, está fácil pro estado islâmico se quisesse entendeu. Não é um lugar que é complicado em termos de… não tá faltando mão de obra, se precisar coptar isso, tá beleza.

André: Tem aquela ponte do Paraguai ali

Cris: Lembra da avó falando, não anda com esses “menino”, eles vão tirar seu juízo, é por aí. É isso Juliana xxx?

Ju: vamos para o Farol Aceso.

Cris: Temos aqui um trending topics recheado

Ju: Temos, polêmico… muito polêmico.

Cris: Vamos falar de farol aceso.

Ju: Vamos para o “falol” aceso.

Cris: “Falol”

Cris: Vamos então para o farol aceso que eu tô doida pra saber o que esses moços vão indicar, conta aí André:

André: Vou indicar duas, uma é curiosamente questão de dois anos atrás eu estava ouvindo o braincast. E aí eles falaram de passagem não foi o qual é a boa, foi de passagem eles falaram sobre um teatro em nova iorque chama sleep no more, e eu achei super interessante voltei anotei o nome eu tava com passagem comprada pra nova iorque comprei o ingresso e fui lá assistir. E foi a coisa em relação a arte mais absurda que eu já assisti na minha vida. E agora eu vou voltar a nova iorque e já comprei ingresso de novo pra reassistir. O que acontece é um teatro de imersão ele é dentro de um hotel é… Mcbeth é representado lá Mcbeth de Shakespeare, quando você entra no teatro você ganha uma máscara, uma máscara parecida com a do anonymous. E aí você entra no hotel e você acompanha a peça, a peça ela não é linear ela é uma peça que acontece em vários cômodos são três andares, do hotel…

Cris: Que tesão hein?

André: ela acontece… não é demais ela acontece em três atos, são na verdade não três atos são três vezes a peça então a peça começa com o baile, aí tem o baile lá no primeiro andar aí os atores se separam e vão embora aí você escolhe quem você quer seguir você vai átras…

Cris: Aí menino que indecisa que eu ia ficar…

André: E esse é o grande barato do negócio, porque você tá ali vendo com um monte de gente mascarada do seu lado, só não tá mascarado os atores. Você tá ali a peça ela é muito pouco falada ela mais dancante, é um balé contemporâneo e um street dance…tudo

Cris: Juliana ia adorar…

André: E aí você tá naquela cena de repente você vê uma correria atrás e aí você olha pra trás de você tem um monte de gente de máscara correndo atrás de uma pessoa você fala assim: putz deve tá pegando o bicho ali, você abandona aquela cena e vai atrás daquele outro. E aí você vai construindo a sua própria peça, uma hora depois eles, todos os atores se reunem levam você pra sala de jantar, que é onde tem o desfecho de Mcbeth e aí acaba esse desfecho tem o baile de novo eles se dissipam e você vai atrás. Então você tem três vezes a história contada e você escolhe as três vezes.

Cris: Gente, cadê Miguel Falabella pra trazer isso pro Brasil.

André: Pois é… se alguém quiser investir em mim eu consigo dirigir já.

Risos

Cris: Adorei, não vi e já gostei.

André: Não, é fantástico é fantástico esse teatro. Então é sleep no more é off broadway, não é broadway fica no bairro do Chelsea que é o bairro mais legal do momento em nova iorque. Então quem quiser ir, e eu devo isso ao B9. minha outra indicação é um livro que é em cima desse tema que a gente fez agora do Estado Islamico o livro chama: Submissão do autor francês Michel Rouellebecq. Esse livro ele conta a história é um futuro distópico, ele foi lançado uma semana antes do ataque do Charlie Hebdo e inclusive ele até na época do lançamento ele cancelou a divulgação tudo, o que acontece esse livro ele acontece ele é passado em dois mil e vinte e dois e em dois mil e vinte e dois a fraternidade mulçumana ganha a eleição presidencial na França. E aí ele conta a história do que acontece com a França, ela se tornando mulçumana, então conta a história das mulheres, ele é um cara que não era mulçumano. O livro é contado em primeira pessoa, o personagem ele é um professor de Sorbonne eu não lembro qual é o curso que ele dá aula, acho que é História não me lembro qual é o curso mas ele é um professor doutor de Sorbonne. Ele tem que se transformar em mulçumano a partir da fraternidade mulçumana virar presidente, e aí o livro discorre sobre o que aconteceria com a França a França a gente sabe tem muitos mulçumanos lá dentro. Então é um futuro distópico mas é interessante essa análise que ele faz, é um bom livro, Submissão.

Cris: Parece bom mesmo, Barata.

Barata: Eu vou indicar uma palestra do TED meio antiga da Chimamanda Ngozi Adichie que eu acho que assim é uma coisa que normalmente quando eu encho a cara sozinho eu fico vendo pra mim pra dar uma inspirada assim de vez em quando assim eu…

Cris: é bom essas coisas.

Barata: Essas coisas são foda…

Cris: Adoro, eu tenho umas três coisas que eu também sempre vejo quando eu tô tipo meia boca.

Barata: Então eu faço isso também, eu tenho uma…

Cris: Depois eu te conto as outras tá?

Barata: Por favor, por favor. Então eu conto as minhas também. E é bem legal que assim conversa com o tema um pouco que eu acho que a gente falou tal, e que é o perigo de uma história só né? E é bem legal, eu não vou saber explicar o André sabe ficar explicando várias coisas aí. Assiste porque eu não sei falar… Mas é isso.

Cris: Olha gente eu já vi então escutem Barata, Ju.

Ju: Bom indico primeiro o terceiro episódio do código aberto que é uma entrevista com a Carol Baracat, head de marketing do Spotify tá super legal. E eu tenho uma não indicação pra fazer.

Risos

André: Eu gosto de não indicação.

Barata: O André adora.

Ju: Que é no caso assim, eu deveria indicar alguma coisa pra vocês mas eu não consigo por que todo meu tempo livre eu estou ocupando com uma coisa que eu não posso indicar pra vocês, tá? O que eu não indico é um novelão mexicano com sotaque britânico da BBC, que é escapismo absoluto e irrestrito entâo assim todo mundo que tá comigo né vai no Twitter fala pra mim Ju tá muito dificil essa semana Ju, não consigo aguentar as timelines o que que eu faço, me ajuda me abraça.

André: Não assista.

Ju: Não é assim, confere comigo o checklist: Drama de época? Check! Figurinos incríveis? Check! Mocinha ingênua, batalhadora de bom coração vinda direto do interior pra vencer na cidade grande? Check! Chefe rigida sargentona mas que no fundo tem um bom coração e só quer zelar pelas meninas? Check! Inimiga maquiavélica tramando intrigas mas que no final vai se transformar na sua melhor amiga porque afinal de contas, a gente fugiu pra ficção justamente pra tudo funcionar não é mesmo? Check, check! Que mais? Moço complicado porém envolvente, porém comprometido, porém tão legal, porém inacessível amor proíbido? Check! Tem orfão, tem tio bonachão, tem amigo divertido, tem vilão misterioso malvado…
Risos

Cris: É Betty a feia…

Ju: Você pode escolher o trope que quiser que eles entregam. É delivery de trope de seriado, tem gente tem, eles não tem vergonha nenhuma dos clichês, eles assumem a canastrice mas tem um certo frescor. Sabe o que mais te incomoda na novela? Que é clássico de novela que é assim, qual é a trama clássica? Eu tô tramando alguma coisa contra você, então eu te chantageio e você tem que proteger sua mãe, seu irmão, sua melhor amiga, seu namorado o que você faz? Ao invés de você ir lá e falar com ele, você fala não, vou te proteger então você some, você faz o que a pessoa que tá te chantageando quer.

Cris: Você fica com aquela cara de quem tá escondendo alguma coisa.

Ju: Não, você… você sabe, você abre mão da sua vida, do seu amor do seu filho de qualquer coisa pra proteger aquela pessoa beleza. Sabe o que eles fazem com esse negócio? O mano fulana veio aqui e falou: isso, isso isso. E que se eu não fizer isso, isso e isso vai dar ruim pra nós. É muito bom…

Risos

André: é o novelão dos ingênuos.

Ju: Eles economizaram umas duas, três temporadas disso aqui. Essa conversinha aqui economizou umas três temporadas aqui. Então assim, eles não tem medo de ser clichê, não tem medo.

André: Não tem, eu adoro quando a pessoa… como eu adoro gente que não tem medo de ser clichê, brega essas coisas.

Ju: Não tem, mas assim eles tem esse frescor de tipo pegar algumas coisas que você acha que você já sabe que puta então agora vai ficar isso, vão ficar o seriado inteiro em torno dessa coisa de quero te amar mas não posso te amar, mas não vai dar mas eu quero mas… e não eles resolvem em três diálogos, mano veio aqui falou tal coisa e que que a gente vai fazer agora? Vamos fazer isso e tá resolvido gente.

Cris: é da BBC né miga?

Ju: é da BBC…

André: Vou dar o último check.

Ju: Qual é o último check?

André: o último check é: em dois anos o SBT ou a Band vai comprar os direitos.

Risos

Ju: é então assim, se você não tiver Netflix você espera a Band ou o SBT. o nome da série é Paradise tá? Tá na Netflix, é assim desliga o cérebro e embarca nessa aventura amigo, é isso. E você Cris?

Cris: então menina, todo mundo sabe que eu não escuto música né? Porque uma pessoa que não tem sossêgo quase não consegue escutar música, mas eu descobri uma plataforma recentemente e achei legal demais. Chama: Radio-o-o-o-o não é eco, é rádio com cinco ós. Então vai tá aí na pauta por que você não vai guardar isso, mas são rádios com cinco ós então é: Rádio-o-o-o-o.
O que que é? A usabilidade é ruim tá? Mas vai por mim que é legal, de mil e novecentos aos tempos atuais, músicas do mundo inteiro, então você clica lá no mil e novecentos clica no mapa do mundo e você ouve música daquela região naquela época. Então é um tipo de navegação completamente diferente apesar da usabilidade. Amigos me chamem eu faço de graça porque eu gostei do projeto.

André: Mas rola uma playlist? Ou é uma música?

Cris: Você não tem controle total do sistema, essa eurística de Nielsen foi barrada mas o que você vai ver basicamente é um mapa mundi, e aí você acessa a década que você quer a música e você acessa em qual planeta ou parte mundo você quer ouvir, vai aparecer o cantor que alguém alimentou a plataforma e você vai ouvir.

André: É o primeiro, é o número um da Billboard da época.

Cris: Exatamente é o Billboard da época no Alasca, e aí em cada uma das décadas você vai escutar e eu ouvi tanta coisa legal. E eu gosto tanto da oportunidade de ouvir músicas de lugares que eu jamais ouviria em qualquer outra plataforma, passa um avião meio maluco no meio mas você suporta isso porque você vai ouvir músicas de lugares que você nunca ouviu. Então eu recomendo muito o radio… desculpa eu só vou falar assim: Radio-o-o-o-o.

André: É interessante, porque se você volta lá pros anos cinquenta, sessenta acho que um pouco… é anos cinquenta antes de Beatles, no mundo você tinha as músicas cada um da sua cidade né? Do seu país não tinha ainda a troca de músicas global.

Cris: Cara eu ouvi umas coisas muito loucas assim que você percebe a qualidade de som bem aquém, mas de uma coisa que é muito antiga. Então eu me sentia tão parte da história, então eu recomendo achei a plataforma muito legal tá aí na pauta, entrem e escutem. Temos um programa?

Ju: Temos super, meninos muito obrigada agora a gente vai querer que vocês venham direto aqui.

Cris: Eu acho que NBW no elenco fixo, podemos pedir?

Ju: Isso e queremos que Ulisses da próxima vez fique acordado pra gravar com a gente.

Cris: Ulisses, a gente só tem que te dizer um beijo, obrigado por liberar seus comparsas. Mas da próxima vez a gente exige você certo?

André: Nesse momento são uma e trinta e cinco ele deve tá acordado já, é meninas gostei e falo pelo Barata, muito de tá aqui então contem com a gente sempre de verdade.

Cris: Que bom, fica a gostosa sensação de mais um Mamilos muito obrigada, um beijo!