Transcrição Mamilos 57 - Ondas gravitacionais, carta aberta ao Brasil e eleições americanas • B9
Mamilos (Transcrição)

Transcrição Mamilos 57 - Ondas gravitacionais, carta aberta ao Brasil e eleições americanas

Capa - Transcrição Mamilos 57 - Ondas gravitacionais, carta aberta ao Brasil e eleições americanas

Jornalismo de peito aberto

Esse programa foi transcrito pelos Melhores Ouvintes: Alan, Angélica, Gabriel Ícaro, Luiz Felipe Vilela, Daniela, Luisa e Gilberto.

Início da transcrição:
(Bloco 1) 0’ – 10’59”

(Abertura) Esse podcast é apresentado por: B9.com.br

(Trilha sonora)
There’s an old friend
That I once heard say
Something that touched my heart
And it began this way

I was born by the river …

Cris: Mamileiros e Mamiletes! Eu sou a Cris Bartis e essa é minha irmã de microfone…
Ju: Ju Wallauer!
Cris: Estamos aqui para falar o que queremos e ouvir o que não queremos, porque nem só de concordância vive o mundo. Mamilos está chegado na filosofia de Espinosa: Um assunto só há de ser completo se houver contrários. Vem conosco dar um passeio pela diversidade! Crescimento garantido ou seu dinheiro de volta.

Ju: E a gente já falou na semana passada, mas só para reforçar, o aplicativo nativo do Iphone para podcast está bugadíssimo! Então se você tiver dificuldade de baixar o mamilos, nossa sugestão é que você baixe o aplicativo gratuito Overcast e nunca mais tenha problemas.
Cris: E se você não conseguiu baixar, você não vai ouvir esse aviso, mas está na nossa timeline pô.
Ju: Tamô tentando se comunicar. [Estamos tentando nos comunicar]. Caio, Esse semana a gente tem um pedido especial! Vamos abrir uma exceção e pro nosso som do mamilos e colocar Aretha Franklin porque tem um mamileiro que está precisando escutar.
Cris: Beijo Messias!
Corraini: Olá, Personas! Corraine aqui novamente para trazer à vocês os responsáveis por dar mais cor ao mamilos dessa semana! Lembrando sempre que se você quiser colaborar com o conteúdo musical desse programa, pode nos recomendar bandas ou artistas independentes brasileiros no e-mail: [email protected]. [email protected] (brrrr) E hoje, como vocês já puderam perceber, é um pedido especial das chefas. Então, fiquem ai com Aretha Franklin, no Som do Mamilos.
(Trilha sonora)
I went, I went to my brother
And I asked him, “Brother
Could you help me, please?”
He said, “Good sister
I’d like to but I’m not able”
And when I, when I looked around
I was right back down
Down on my bended knees
Yes I was, oh

There’ve been times that I thought
I thought that I wouldn’t last for long
But somehow right now I believe
That I’m able, I’m able to carry on

Ju: Beijo para:
Cris: Auckland, na Nova Zelândia. Para a redatora que eu mais amo no mundo: Luanda! Vou responder seu e-mail com carinho.
Ju: Um beijo para “bel Zonte” para o Daniel Miranda.
Cris: Você sabia que a gente não gosta que fala assim, né?
Ju: Sério? Por quê?
Cris: Ah, porque não. Fica parecendo Jacu.
Ju: Sério?
Cris: É!
Ju: A gente acha que é um charme!
Cris: Né nada![não é nada]
Ju: Então tá bom! Para Belo Horizonte, para o Daniel Miranda!
Cris: Obrigada! Pirapora do Bom Jesus, em São Paulo. Para o Mario e para a Van.
Ju: Para Gama e Brasília, No Distrito Federal.
Cris: Montes Claros, Paraopeba e Uberlândia, em Minas Gerais.
Ju: Areado, Padre Paraíso e Rio Acima, em Minas.
Cris: Eu só queria dizer que meu vô morou em todas essas cidades, tá? Eu já fui ai! Para a Mineiros e Aparecida de Gôiania, Goiás.
Ju: Para Juiz de Fora no Rio de Janeiro, Opa! Em minas!
Cris: Ha, Ha , Ha (risada sarcástica). Maricá e Niterói, no Rio de Janeiro.
Ju: Para Monte Negro e Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.
Cris: São José dos Pinhais, no Paraná.
Ju: Para Belém, que está bombando de mamileiro graças ao Pedro!
Cris: Para Castanhal do Pará, para Ana Carolina e todos os N’s do alfabeto.
Ju: Para Jupi, Pernambuco.
Cris: Para Itacaré e São Félix, na Bahia.
Ju: Fortaleza, No Ceará.
Cris: Barras, no Piauí.
Ju: Manaus, no Amazonas. Beijo também para Cláudio, em Minas, para Letícia e para a Carol, que reascenderam na gente a ideia de fazermos o encontro Mamilos. Dessa vez, talvez, durante o Lollapalooza, que pode ser uma desculpa para os ouvintes dos outros estados virem para cá. Então assim, se vocês gostaram da ideia, se vocês querem fazer o encontrinho do mamilos, a gente pensa um lugar que seja fácil de chegar, e que seja gratuito, que tenha uma infra [infraestrutura] básica, escrevam para a gente, falem …
Cris: Ah! Eu tiro foto também com as pessoas, tá? Não tem nenhum problema com isso!Eu tenho algumas.
Ju: E gente, eu queria agradecer e mandar beijos, beijos, beijos, beijos, para todos os mamileiros que foram na Combi do Chefe que ficam mandando beijo para mim pelo meu irmão. É muito legal porque ele me fala que os mamileiros são os melhores clientes e nenhuma novidade aqui, não é mesmo? Muito obrigado gente! É muito fofo!
Cris: Vamos então para o merchan?
Ju: Gente, a Fernanda Cascado, que é uma mamileira, nos mandou uma websérie, que ela participa, que é simplesmente sensacional. Eu já coloquei nas nossas redes sociais, vou colocar no post desse episódio. Vale muito a pena assistir! O nome do canal é Destruindo Relacionamentos. E um vídeo particularmente que eu recomendo, que tá muito bom o texto, é: Como seria se as mulheres gostassem do machismo. Vale a pena conferir! O Link vai estar no post.
Cris: Ela é muito fofa! Pessoal, vamos lá! Recado é o seguinte: Fale com a gente! Você pode escolher o canal que a gente está em tudo quanto é lugar! A gente tá numa coisa de onipresença! No facebook, você fala pelo facebook do Mamilos. No Twitter, Periscope, Instagram e Pinterest, tem o perfil @Mamilospod. Tem ainda o e-mail: [email protected]. E tem a página do Mamilos no B9. É muito legal quando as pessoas comentam na página, porque assim dá oportunidade para que outras pessoas debatam sobre aquele assunto. A gente adora receber e-mail, mas compartilhar o que vocês pensam com outras pessoas enriquece a discussão.
Ju: Você também podem contribuir com esse projeto pelo Patreon. Patreon.com/mamilos.
Cris: Vamos então para o fala que eu discuto!
(Trilha sonora)
Baby baby, sweet baby
There’s something that I just got to say
Baby baby, sweet baby
You left me hurtin’ in a real cold way
Cris: A Renata Roveri nos disse: “Meu nome é Renata, eu sou negra, filha adotiva de pais brancos. Quando mais nova não percebia muitas atitudes preconceituosas das pessoas porque, afinal as crianças são sempre bem vindas. A história muda conforme vamos crescendo e vivendo em sociedades. Somos confundidas com funcionários; os funcionários te julgam assim que você entra em determinados estabelecimentos; ao entrar na loja, se mais de uma pessoa negra entra no mesmo instante, a atendente pergunta se estamos juntas; O pior do preconceito é esse velado, é esse sem querer. As pessoas te olham e tem o olhar de reprovação. “
Ju: Tem o Lucas Rafael Justino de Morais, também, que ele escreveu no e-mail uma coisa que eu queria que tivesse ido para o ar, então por isso que a gente vai ler: “Sobre a comparação da Juliana e seu filho com a bolsinha, eu acho que não cabe. O menino não sofre preconceito por conta da fantasia de macaco, ele sofre porque é negro. Ele já foi chamado de macaco, pejorativamente, por causa da etnia. Enquanto o filho da Juliana só estaria usando a bolsa, que ele pode afirmar que é porque quer usar e pronto. Não tem porque achar errado. Não é como se ele fosse ser chamado de mulherzinha, odeio esse termo, a vida toda e a bolsa fizesse referência ao preconceito.”
Cris: Ou seja, algo que ele não consegue tirar, né?
Ju: Exatamente.
Cris: A Patrícia, trouxe uma série de pontos interessantes nos comentários do B9. Tá lá no post, na página do programa. E tem um aqui que a gente queria pinçar: “Isso de o quanto você se deixa afetar, é algo que também precisa ser debatido em todos os movimentos. Na discussão do podcast deu para ver ai o quanto é confuso quase se faz as perguntas. E ai, devo deixar de fazer o que eu quero porque existe racismo? Quando devo? Quando isso me enfraquece? Quando me empodera? Também parece ter uma grande zona cinzenta quando o assunto é: Mas quando o racismo poderá ser considerado erradicado? Porque parece haver uma tendência de ampliar, indefinidamente, os problemas.”
Ju: O Daniel Miranda disse: “Meu nome é Daniel e tenho 19 anos. Comecei a ouvir o Mamilos há alguns meses. Comecei do primeiro e ouvia indo para o cursinho. Fiz o Enem antes de ouvir o maravilhoso Mamilos 41 [Violência contra a mulher na internet], mas fui bem usando argumentos de outros mamilos, como o números 2 sobre aborto e o vocabulário adquirido durante todos os programas e fui muito bem na redação. Tirei 920! Graças essa nota eu passei no curso que queria. Durante um tempo fiquei mal e parei de ouvir o mamilos por cause de um episódio, não lembro ao certo qual, mas foi um dos primeiros no qual a Ju falou “Os Travestis”. Aquilo me doeu bastante, pois eu sei o que é ser chamado pelo gênero errado. Eu me assumi há mais de um ano, mas só comecei o tratamento hormonal em janeiro. Então eu passei, e ainda passo, por muitos momento em que fui tratado no feminino. E isso acaba com meu dia. Eu tenho vontade de voltar para casa e me esconder por meses. Dói muito. Ouvi o programa seguinte para ouvir alguma errata e nunca aconteceu. Então parei de ouvir. Até que ouvi o Anticast sobre gênero como construção social e ouvi a Ju em processo de desconstrução. Doeu ouvir mais alguns erros de gêneros, porém o Ivan logo corrigia e eu perdoei e segui em frente ouvindo o Mamilos. Quando ouvir o programa falando sobre pessoas trans podendo usar o nome social no Enem e ouvi todos os pronomes certinhos, eu abri um sorriso e senti um calor no coração de que eu não pequei em continuar ouvindo esse podcast maravilhoso.” A gente colocou esse relato aqui, apesar de ele não se referir exatamente ao programa anterior, porque ele se refere de uma forma muito pura com o que é a experiência do Mamilos. Para todo mundo que ta chegando aqui, que não ouviu os outros programas, enfim… E mesmo para quem começou a jornada em algum ponto. O que o Daniel relatou é o viver em comunidade, simplesmente. Porque a gente é diferente. E a princípio a gente é ignorante dessas diferenças. A gente não sabe o quanto elas se afetam. Conviver é aprender e mudar, mas esse processo causa dor e causa desconforto. Até acertar, até entender, até respeitar, tem um tempo. Para todo mundo é assim com algum aspecto, desde os mais triviais, como uma menina que nos escreveu essa semana falando sobre timidez e introversão, até os mais polêmicos. Para dar certo, a gente precisa de doses cavalares de amor e fé. Esperar pelo melhor e perdoar os machucados que acontecem no caminho, entendendo que o objetivo é sempre acertar. Então eu queria aproveitar esse e-mail para agradecer quem ta nos acompanhando por ter nos dados novas chances, porque claro que a gente vai errar. Vamos construindo juntos uma relação que não machuque.
Cris: Com certeza a gente tem uma audiência muito generosa. É gostoso isso porque as pessoas complementam, nos ensinam e entendem que nós também estamos em desconstrução, tá todo mundo, né? Tamo junto! Vamos então para o bloco 2, para o trending topics!
Ju: Bora!
(Bloco 2) 11’ – 20’59”
Ju: Vamos então para o Trending Topics e antes de qualquer coisa eu preciso dar um big, um super, um over obrigada para a Tati que já merecia esse obrigada a vários programas porque ela nos ajuda sempre a fazer a pesquisa prévia dos TT’s, há meses sem nenhum pagamento nem reconhecimento a gente sequer falava dela no ar, só pelo prazer de fazer parte do Mamilos. Tati é uma delícia trabalhar com você, você é super pró-ativa, você é super inteligente, você é… sempre me inspira, as vezes a gente ta atrasadíssimo, apertadíssimo de costura e ela que salva o dia, e ela que faz todas as pesquisas preliminares. Muito obrigada por enriquecer nossas pautas e facilitar as nossas vidas.
Cris: Valeu Tati! Vamos apresentar os colaboradores que estão conosco para fazer o Trending Topics hoje, e tem uma novidade ai… nós teremos dois convidados mas na verdade vamos ter um só, mas não é por conta disso que a gente vai deixar de mandar um beijo pra Camila, Camila se cuida e cuida dos marmeleiros que estão vindo por aí.
Ju: Mas quem está conosco hoje é o Alec, Alec apresente-se:
Alec: Boa noite
[Risos]
Alec: Boa noite pra vocês
Ju: Quem é você Alec, donde vem? do que se alimenta?
Alec: Eu sou jornalista, eu sou corintiano, sou gaúcho também…
Ju: Sério?
Alec: É verdade.
Ju: Aprendendo coisas novas.
Alec: Eu apenas estou disfarçado de paulista.
[Risos]
Alec: Esse é um grande segredo pra sobreviver em São Paulo.
Ju: Entendi.
Alec: E é um prazer ta qui com vocês mais uma vez.
Ju: Muito bem.
Cris: Deixa eu conta uma coisa de bastidores pra vocês, desde que a gente aderiu a esse de pedi o convidado pra se apresenta é muito bom a cara que eles fazem a hora que a gente fala assim apresente-se, porque a pessoa fala assim: “Ok, e agora?”
Alec: Claro! puta sacanagem!
Cris: É muito bom!
Ju: [Quem sou eu né?=
Alec: Claro.
Cris: É.
Ju: =Como me definir?
Cris: Olha né, nesse momento aqui… quem sou? Onde estou ? Pra onde vou? [Risos]
Alec: Então só pra registrar, na dúvida fiquem com corintiano apenas, que não vai ter erro.
Ju: Como que um gaúcho pode ser corintiano que eu não entendi essa parte? Eu presumi que você era paulista.
Alec: [Um Gaucho=
Ju: [Por ser corintiano=
Alec: =Veja bem, é… não, um gaúcho que gostava do Grêmio, veio quando criança e viu um mosqueiro e falou “Olha o Grêmio lá!”
Ju: [Ahh… faz sentido=
Alec: [Não, é Corinthians=
Ju: =Ahh… faz sentido.
Cris: [Boa história]
Alec: =Né, as pessoas esquecem que o mascote é o mesmo, sempre me fazem essa pergunta e na verdade…
Ju: [É muito natural=
Alec: [Para uma criança é absolutamente normal=
Ju:=Mas você continuou Gremista então, no fundo do coração?=
Alec: =Gosto, gosto muito do Grêmio também.
Cris: Menos quando joga com o Corinthians.
Alec: Verdade.
[Risos]
Cris: Vamos lá, vamos pra o giro de notícias então? A ABRASCO diz ter sido mal interpretada e não vê ligação entre microcefalia e larvicida, no final da semana passada teve uma reportagem em inglês, de blogs ambientalistas que acabaram atribuindo a médicos argentinos e brasileiros uma afirmação de que a substancia Piriproxifeno, aprovada pela Anvisa, teria sido a causadora da má formação em bebês. A fonte seria na verdade um relatório de uma rede universitária de ambiente e saúde, que é a Arrudas, uma associação de médicos e professores universitários contra agrotóxicos. Eles citavam ali, de uma maneira incorreta, uma nota técnica da ABRASCO sobre os métodos de combate aos mosquitos que transmitem o Zika, e ai em nota a BBC Brasil a associação esclareceu que “em momento nenhum afirmou que os pesticidas, larvicidas ou outros produtos químicos sejam responsáveis pelo aumento no número de casos de microcefalia no Brasil”, o que a nota da entidade dizia é que ela considera perigoso que o controle do mosquito seja feito principalmente com larvicidas, esse larvicida é jogado em água potável e tem nota técnica da Organização Mundial de Saúde referenciando esse larvicida como importante pro combate. Então assim, mal entendido com um negócio sério desse é muito complicado, é importante que as pessoas, principalmente os governantes, porque a partir do momento…
Ju: [Os jornalistas que tão fazendo o filtro dessas informações né=
Cris: A partir do momento que o Rio Grande do Sul suspendeu o uso do larvicida ai todo mundo falou “Opa! É sério!” , então assim é muito importante que a gente aprofunde um pouco mais as discuções porque em tempos de epidemia boato vira coisa muito séria
Ju: =É assim, não tem estudo científicos que comprovam [não existem estudos científicos que comprovem] que comprovem que esse larvicida cause má formação, nem em humanos nem em outros animais, tem lugares que se usa esse larvicida e não tem caso de microcefalia e tem lugares que não se usa o larvicida e tem muitos casos de microcefalia como Recife, então a correlação tá muito difícil de ser feita aí. Teve outro texto que circulou bastante dizendo que foi da Colômbia, dizendo que na Colômbia teve casos de Zika e não aumentou os números de microcefalia.
Cris: [Na verdade tem mais de é… foi afirmado=
Alec: [São 3.200 grávidas=
Cris: =Sem casos de microcefalia.
Alec: =Que é… infectadas pelo Zika sem, sem microcefalia.
Ju: Tem brasileiro indo lá pra Colômbia pra checar esses dados, pra ver o que que está acontecendo e pra tentar entender, então assim, eu tenho só duas cunhadas, as duas estão grávidas. Eu estou me agarrando a qualquer boato que diga que não é um mosquito que transmite, porque qualquer outra coisa seria mais fácil, entendeu? Então não tome água, tome água só de garrafinha, então… sabe… qualquer outra coisa seria mais fácil do que você ter que evitar qualquer picada de mosquito, que é uma coisa muito mais complicada. Mas gente, hoje as informações que a gente tem são as informações que estão no programa de Zika, a gente está cada dia tentando, é…
Cris: [Acompanhando=
Ju: [Entender outras coisas mas é complicado sair repetindo coisas sem ter confirmação, né.
Alec: A verdade é que a gente sabe muito pouco né, sobre isso…
Cris: [Exato=
Ju: [Não]
Cris: =Foi a conclusão do programa inclusive, a gente hoje… é que assim, a tentação de ir pra teorias conspiratórias pra explicar alguma coisa que ninguém entende é muito grande, mas isso só causa mais pânico de desinformação, então vamos nos apegar as dados por enquanto.
Ju: 4 – O Supremo Tribunal Federal suspendeu a decisão do Confaz e restabeleceu as regras do e-commerce pras micro e pequenas empresas.
Cris: Eu fiquei sabendo que foi depois que eles ouviram o Mamilos…
Ju: [Foi!=
Cris: [É verdade?=
Ju: =Mamilos foi decisivo, quando a gente falou que eles estavam quebrando a economia eles falaram “Gente! A gente não tinha pensado nisso!” [risos] “Que que a gente tá fazendo?”
Cris: =A gente fala de Zika a OMS emite relatório, a gente fala de ICMS geral vai lá… gente!
Ju: Assim, as pessoas tem que assumir que a gente é formadora de opinião e nos colocar na Hora do Brasil.
Cris: [Tá bom]
Ju: Pronto… Enquanto não colocam a gente na Hora do Brasil a responsabilidade é sua mamileiro de fazer esse conteúdo viralizar, então vamo bora! Bom, o que aconteceu foi isso. Foi coisa linda, decisão tomada no final da tarde dessa quarta-feira, dia 17, o STF derrubou essas novas regras de cobrança do ICMS que prejudicavam os pequenos negócios, principalmente quem tinha o e-commerce. Com isso micro e pequenas empresas que vendem pra fora do estado de origem voltam a pagar só o Simples Nacional nas transações, a liminar foi concedida a Ordem dos Advogados do Brasil, que impetrou uma ação direta de inconstitucionalidade, pedindo a suspensa das novas regras de cobrança do tributo, e ai gente… mais uma vez… toda vez que o MP faz alguma coisa bacana a gente fala. Ta aí! OAB…
Cris: [Pra isso que serve]
Ju: Sebrae, Associação das Industrias… Todo mundo se juntou, procurou um jeito legal de “Qual é a regra do jogo?”, e vamos fazer… Se não foi boa essa decisão, se está todo mundo sofrendo vamos pegar o regulamento, vamos na regra do jogo e deu certo. Então muito bem, as regras estão funcionando.
Alec: Lembrando que o Ministério Público só age se for acionado, né.
Cris: Opa! Importante!
Alec: Então nós precisamos recorrer ao Ministério Publico pra que ele faça alguma coisa, ele não faz nada sozinho.
Ju: [É que ele tem sido bem atuante, a gente tem falado bastante no Mamilos, por exemplo=
Cris: [Mas porque ele tem sido é=
Alec: Isso, mas sempre né, movimentado, alavancado pela sociedade.
Cris: =Isso é muito importante.
Ju: =Então assim, é bom… a gente sempre reclama de quando as regras não funcionam e de quando as coisas estão ruins, então é bom a gente também reforçar quando dá certo. Então gente, pode comemorar! Abram uma cerveja que já deu certo.
Cris: 3- Samarco tenta resgatar imagem mas gera revolta nas redes. A Samarco divulgou nessa semana uma propaganda institucional com o intuito de tirar seu nome da lama e resgatar sua credibilidade. A peça é aberta com a mensagem “É sempre bom olhar para todos os lados”, antes de mostrar depoimentos de funcionários novos e antigos da companhia. A veiculação acabou gerando muita revolta nas redes. Nessa quarta a empresa entregou uma nova versão do plano de recuperação ambiental para o Ibama, na primeira versão o levantamento dos impactos da Barragem do Fundão e as ações propostas eram genéricas e superficiais, a empresa tão pouco tinha estipulado prazos definidos para as ações propostas, impossibilitando assim o acompanhamento delas. O governo espera assinar até sexta-feira um acordo de processo indenizatório no valor de 20 bilhões e é isso que tem sido discutido.
Ju: É, não… então assim… Só pra quem está perguntando pra gente o que que está acontecendo? O que a Samarco está fazendo? Então assim, a gente tem duas frentes. Uma frente que é cuidar das pessoas, a indenização das pessoas que perderam tudo. Perderam a forma de viver, de se sustentar e tal. Isso está sendo encaminhado, está sendo resolvido, entre aspas, por um acordo do governo com a Samarco, de um fundo de uma verba indenizatória. Isso se espera que se resolva até sexta-feira. A outra frente é “Bom, como a gente resolve o dano ambiental?”, e ai é com o Ibama que a Samarco tem que se resolver, essa semana eles entregaram, a gente não sabe quanto tempo vai demorar para o Ibama analisar, quando o Ibama analisar e disser que isso está bom ou se está ruim, se está suficiente ou não aqui no Mamilos a gente trás pra vocês o resultado.
Cris: 2- Ameaças contra o Sakamoto são um alerta para todos os jornalistas do Brasil. Depois de um artigo falso escrito em seu nome ter circulado a internet o jornalista passou a receber muitas ameaças, diversas, e mais de 40 ameaças de morte fazendo com que ele registrasse diversos boletins de ocorrência na policia. Não é preciso ser de esquerda para defender o Sakamoto, e cada jornalista ameaçado pelo exercício da sua profissão é um jornalista que está tendo a liberdade de expressão cerceada. Tem um vídeo até postado na internet essa semana que a gente viu aqui e achou muito interessante, ele fala assim: “Se o que você diz não ameaça a vida de ninguém, mesmo sendo uma grande besteira, ou algo que você discorda,

(Bloco 3) 21’ – 30’59”
Cris: isso não deve ser impedido, por que isso sim é um crime: [não] permitir que as pessoas falem”. Nós aqui no Mamilos, a gente defende igualmente a liberdade de expressão do Olavo de Carvalho, do Diogo Maynard… de tantos outros que, mesmo não concordando, têm o direito de falar.
Ju: Beijo Constantino.
Cris: Risos.
Cris: [Eu acho que… =
Ju: Tia Ju te ama também… [entonação de voz usada com crianças]
Cris: = Eu acho que o deixar falar é ganhar liberdade de discordar; Então, assim, é muito ruim isso pelo que o Sakamoto tá [está] passando e a gente espera que seja investigado. E fica a dica: não é todo mundo que vai falar o que você concorda. Se ela [a pessoa] não tá cometendo um crime, você não pode fazer nada sobre isso. A não ser estruturar um pensamento pra discordar.
Ju: Um: “queda de homicídio em São Paulo é obra do PCC e não da polícia, diz pesquisador”. A gente já tinha falado sobre isso, então apareceu essa notícia e eu achei bom a gente colocar. Em anúncio recente o governo de São Paulo informou ter alcançado a menor taxa de homicídio doloso do estado em 20 anos – a gente falou aqui no Mamilos. Pra [para] um pesquisador que acompanhou a rotina de investigadores de homicídio em São Paulo, o responsável pela queda é outro: o próprio crime organizado, no caso o PCC – a facção que atua dentro e fora dos presídios do estado. Aí… esse professor da Universidade de Cambrige fala que a regulação do PCC é o principal fator sobre a vida e morte em São Paulo; o PCC é produto, produtor e regulador da violência. A queda de 73% nos homicídios do estado desde 2001, que é o marco inicial da série histórica, é muito brusca pra ser explicada por fatores de longo prazo como avanços socioeconômicos e mudança na polícia. Fica claro pra ele – o pesquisador segue dizendo – quando se constata que antes da redução os homicídios se concentravam de forma desproporcional em bairros de periferia da capital paulista. Esses lugares foram pacificados quase em 80 % e coincide exatamente com o momento a partir de 2013 em que a estrutura do PCC se ramifica e chega ao cotidiano das regiões. Vale a pena ler a matéria completa na BBC sobre esse estudo.
Cris: E o governo tá feliz né? Com essa afirmação de um cara que ficou aqui um tempão fazendo essa análise. [tom de ironia]
Ju: Mas ele [o governo] já respondeu… Como que ele respondeu?
Cris: Bloqueando o acesso, o sigilo de 50 anos sobre o boletim de ocorrência.
Alec: A gente não tem condições de aferir se esses dados sobre homicídios, por exemplo, são corretos né; então existe uma dificuldade. Com relação à participação do PCC, faz sentido também, pelo fato de já há alguns anos o PCC ter migrado parte de sua atuação pra negócios “legais” entre aspas.
Cris: Uhum.. Virou um busines.. Né?
Alec: [Então de alguma forma… =
Cris: E não é interessante pra eles a violência, por que chama a atenção pra eles.
Alec: = Issoo! Exatamente, exatamente.
Cris: Então a hipótese que ele levanta, ela… ela é bem coerente.
Alec: Faz bastante sentido, mas a gente jamais vai ter condição de confrontar e de verificar isso, a partir do momento em que os dados não tão disponíveis, e eu não tô [não estou] dizendo aqui do nome das pessoas, do telefone, etc… mas os dados que a gente vai ter à disposição, eles vão ser, muito provavelmente, tão fragmentados que não vai ser possível… enfim: confrontar essas estatísticas oficiais né [não é].
Ju: Pô Geraldo [Alckmin], assim fica feio, assim não dá pra te defender.
Cris: Vamo [vamos] então entrar no Trending Topics: Tema número 1: Ondas Gravitacionais previstas por Einstein há 100 anos, são detectadas.
Ju: Porque que isso é importante? Porque que eu deveria entender alguma coisa disso?? [voz risonha]
Cris: Noossa Juliana, por que agora a gente pode viajar que nem [igual] no filme “Interestelar” !
Ju: É sério isso?
Cris: Acho que é. Não?!
Ju: Pra entender, o que a gente fez? A gente chamou alguém que realmente entende do assunto pra nos explicar e pra explicar pra vocês é…=
Cris: É que assim: a gente sabe que é uma coisa importante, mas.. é só uma gostosa sensação, e a gente precisa realmente entender o assunto. E a gente chamou um cara pra nos ajudar que tem um canal muito legal no YouTube que chama “Físico Turista”, e… ele tá [está] em Amsterdam mas nos atendeu.A gente fez aí um bate-papo com ele, a Juliana conversou com ele, e ele explicou pra gente direitinho se a gente vai poder enfim brincar de “De volta para o futuro”. Ouve ai o Caio Gomes:
[Inicia a reprodução da gravação da entrevista de Juliana com Caio Gomes]
Caio: Eu sou o Caio Gomes. O pessoal me conhece muito pelas participações que eu faço no Nerdcast no time científico, então.. Com Átila, com Pirula, são pessoal já conhecido mas são… A gente tem falado de ciência juntos na internet faz algum tempo; eu ajudo o Átila no canal Nerdologia quando ele tá em vídeos que sejam mais de Física ou tecnologia e [ele] sempre acaba pedindo minha ajuda; eu criei o meu canal no YouTube, que é “O Físico Turista” onde eu tô [estou] falando um pouco de Física, Matemática, Estatística, e das experiências de morar no exterior pras pessoas conhecerem melhor como é Holanda, como é Amsterdam… então mistura um pouco de tudo lá que … das experiências que tenho vivido nos últimos meses.
Ju: Muito bem. Agora já que você é o físico turista, a gente vai te perguntar algumas coisas que colocaram a física no centro dos debates essa semana. Que foi uma descoberta que quem é leigo não entendeu muito bem porque que era tão importante. Então, se detectaram pela primeira vez ondas gravitacionais que já estavam previstas na Teoria da Relatividade de Einstein há 100 anos. O que são isso? O que que são essas ondas gravitacionais?
Caio: Então, essa descoberta ela é muito importante porque ela era umas das previsões básicas das teorias físicas que ainda não tinham sido medidas, mensuradas, como se fala. Então em 2012 teve todo aquele fuzuê [agitação] com a descoberta do Higs que era uma dessas outras descobertas que estavam ainda em aberto. Essa é do nível daquela. E o que acontece? Quando Einstein escreveu as Leis da Relatividade Geral o que ele fez na verdade foi explicar como a gravidade funciona da maneira mais precisa do que as leis de Newton. Newton escreveu as leis da gravidade mas com o tempo a gente percebeu que elas não eram precisas o suficiente. Elas não descreviam toda a realidade da maneira que tinha que ser descrita. E Einstein vem e descreve uma nova lei que rege a gravidade, e a partir disso ela descobre uma porrada de novos fenômenos: buracos negros… e a própria formação do Universo surge dessas equações que ele descobriu. E pra surpresa dele próprio, em 1916 ele descobriu que tinha uma solução de ondas dentro dessas equações. O que é uma solução de onda? Pra ficar mais fácil, onda é basicamente aquilo que você vê na piscina: você vai lá e dá uma barrigada na piscina e sai fazendo aquele monte de ondinha … aquilo é uma onda. Então a mesma equação que descreve aquela onda da piscina que cê [você] deu uma barrigada, é a mesma que Eisntem descobriu nas equações dele. Isso é muito importante por que, voltando um pouco, voltando um século antes de Einstein quando as leis da eletricidade e do magnetismo foram descobertas, o cara que descobriu isso, o Maxwell , ele mostrou que ele tinha uma solução de onda nessas equações que era a luz. Então ele provou que a luz era uma coisa que era uma mistura de eletricidade e magnetismo (que a gente chama de electromagnetismo hoje em dia). E… foi muito surpreendente a existência dessa onda, essa medição de ondas gravitacionais, por que era um efeito que a gente nunca tinha visto, que a gente não tinha ideia que pudesse existir. Então foi uma coisa muito surpreendente pra época, e que levou muitas pessoas por 40 anos depois da descoberta delas por Einstein – descoberta pelo Einstein é claro – a argumentarem dentro da física se aquilo era um efeito real ou se era só uma coincidência delas existirem dentro das equações.
Ju: Entendi… Agora como que foi possível primeiro detectar essas ondas? Se a gente ficou 100 anos em que isso era só uma teoria, uma hipótese, isso era uma equação… como é que a gente agora conseguiu provar a existência conseguiu medir, conseguiu detectar?
Caio: Então, uma coisa importante a ser dita, e eu não tenho visto muitas pessoas falando por ai, apesar de todo o debate que sempre existiu nos primeiros 40 anos depois da descoberta das ondas gravitacionais, a gente já sabia que elas existiam. Não por uma medida direta, como foi feito agora. Agora a gente mediu a onda em si, mas nos anos 70, mais precisamente em 1974, a gente já teve uma medição das ondas gravitacionais feita de maneira indireta. Então basicamente, o que aconteceu: alguns astrônomos observaram um sistema de duas estrelas girando em sistema binário, então uma estrela gira em torno da outra. E a gente sabe esse tipo de sistema binário gera muitas ondas gravitacionais, e observando isso eles perceberam que a distância dessas estrelas estava diminuindo com o tempo, e isso não poderia acontecer, porque… a gravidade… se elas estão girando, a distância delas tinha que ser a mesma. A única coisa que podia explicar é se a gente tivesse perdendo energia pra fora do sistema. Isso é explicado pelas ondas gravitacionais. Eles foram lá, fizeram as contas e conseguiram ver que era exatamente… é o que eles tão medindo no telescópio, e esse foi o Nobel de 93.
Ju: Tá. Então digamos que a gente… então a gente tinha uma medição… uma comprovação indireta, mas não uma comprovação direta, que foi o que aconteceu agora..
Caio: Exatamente, exatamente.
Ju: Não é que eles viram o efeito da onda, eles conseguiram ver A Onda agora.
Caio: Agora eles viram A Onda em si. Essa é a diferença. Isso é uma coisa que pouca gente ta falando na mídia; eu Acho importante ressaltar isso. Mas o que é importante agora… Em primeiro lugar é que você tem o aspecto tecnológico. Só pra poder da ruma noção do quão precisa é essa medida, – se você pegasse uma linha e medisse essa régua daqui até Apha Centauro, – isso pra vocês terem uma ideia é uma distancia de 36 trilhões de quilômetros – o tamanho do efeito que a gente mediu numa mudança equivalente a um fio de cabelo. Essa é o tamanho da precisão da medida que a gente mediu. Então tem um aspecto tecnológico inacreditável ai, você já conseguir fazer isso.
Ju: Quais são as aplicações que a gente tem então a partir dessa nova tecnologia que a gente desenvolveu pra conseguir detectar as ondas gravitacionais? e a a partir dessa aplicação mesmo de saber que elas existem, que que a gente faz com essa informação, a partir do momento que a gente consegue ter mais dados sobre isso? Mais do que simplesmente saber que existem, é saber como elas se comportam… enfim sei lá, o que que a gente consegue a partir do momento que a gente consegue efetivamente medir?

(Bloco 4) 31’ – 40’59”
Caio Gomes: quando a gente fala aplicações aqui, a agente tá falando de aplicações científicas. A gente ainda não está pensando em nada que seja em aplicações práticas. Mas, do ponto de vista científico, só essa descoberta já mostra pra gente várias coisas que a gente não sabia antes, por exemplo. Até recentemente a gente não sabia se sistemas com dois buracos negros existiam. Porque basicamente a gente sabe que sistemas, por diversas condições que não vem ao caso, a gente não consegue medir eles usando a luz visível, que a gente enxerga. Então, a gente nunca tinha medido eles. E agora, com essa descoberta, ela foi feita pela descoberta de um sistema de dois buracos negros. Um girando em torno um do outro. Então, além de a gente ter feito a medida direta, a gente já de quebra, ganhou uma outra medida que falaram pra gente. Olha só, existem sistemas com dois buracos negros. E, além de tudo, a gente conseguiu medir toda a evolução da fusão desses caras. Então eram dois bichos. Dois buracos negros girando um em torno do outro, até ele se fundirem e formarem um no final. Tudo isso eram coisas que a gente sabia qualitativamente. A gente sabia que poderia acontecer. Que era um modelo teórico, e a gente nunca tinha visto. E a gente já conseguiu de cara, comprovar tudo isso por essa medida. O gráfico que eles mostraram com a unificação dos dois buracos negros é muito bonito, que mostra isso que ocorre exatamente como os modelos teóricos previram. Isso já dá uma visão muito maior de como o universo funciona pra gente. Outra coisa muito legal – é que eles já tem ligações – esse tipo de medida pode ajudar com outras medidas muito mais complexas que tão relacionadas a coisas de como a física mesmo funciona. Da unificação da gravidade com as outras forças. Então, são todas as medidas muito teóricas que a gente não tinha nenhuma maneira que significar e agora a gente pode começar a verificar com elas. E essa visualização, essa medição das ondas gravitacionais – permite que a gente – que agora abre o que o pessoal está chamando de uma nova era na astronomia. Que é o astronomia de ondas gravitacionais. Porque com isso e aí a gente vai conseguir enxergar efeitos e eventos que antes a gente não poderia enxergar. Só porque eles estavam escondidos porque eles não geravam luz visível e que são eventos muito importantes para formação do universo. Só para vocês terem uma ideia, esse efeito, agora, essa medida da fusão dos dois buracos negros. É uma coisa tão energética que obviamente ocorreu muito longe, né? Ele ocorreu a 1.3 bilhão de anos luz de distância. Então, há muito tempo atrás também. Mas, a quantidade de energia gerada na fusão desses dois buracos negros, ela [energia] é equivalente, no momento final da fusão dos dois, a cinquenta vezes toda a energia que o universo gerou no mesmo instante. Então a gente está falando…

JU: é tudo muito superlativo. Ou é a menor menor menor do que a gente jamais imaginou, ou é a maior maior maior do que já jamais se imaginou.

Caio Gomes: agente tá falando de uma coisa que realmente são tão superlativas que obviamente elas estão fora da nossa escala do dia-a-dia.

Ju: pois é.

Caio Gomes: está totalmente fora da escala do nosso dia-a-dia. Mas, eles são lupa para compreensão do universo que a gente não tinha antes. A gente vê uma nova lupa muito poderosa do… do Papai Ciência. Uma lupa muito legal pra gente. Que a gente pode ver coisas que a gente nunca imaginava ver mesmo. E é nisso que está todo mundo muito empolgado.

Ju: o que eu achei muito interessante. Uma das cientistas que trabalhou no projeto ela tava explicando o que uma das possibilidades que se abre, a partir dessa medição, é você enxergar, entre aspas, coisas que você não conseguia ver antes. Então, como se fosse ouvir as coisas. As coisas que não emitem luz você não enxergava antes. Agora você consegue medir através dessas ondas gravitacionais. Então ela usou uma metáfora que eu achei legal, que ela falou “nossos ouvidos agora começam a escutar a sinfonia do universo. É uma descoberta histórica que abre uma nova era na compreensão do cosmos. E é em função dessa metáfora de som, ela fez uma outra, que eu achei interessante, que foi com o Shazam. Que ela falou assim: “Ah! É como se a gente tivesse aqueles aplicativos que escutam no bar que dizem o artista e o nome da canção, mesmo que tenha muito ruido ao redor. Exceto pelo Big Bang, as fusões de buracos negros são os fatos mais luminosos do universo”. Ela falou. Então, o que ela quis dizer foi o seguinte: que por exemplo buraco negro, enfim, vários aspectos do universo que a gente não conseguia explorar antes, a gente passa a poder explorar. Então as possibilidades se abrem imensamente.

Caio Gomes: isso! Isso! Como ela falou, a gente está falando de efeitos que são os mais energéticos do universo, e que até agora a gente não conseguia enxergar nenhum deles. Então imagina só. Vamos voltar lá. Quinhentos anos no passado. Quando a gente descobriu a lupa, a gente começou a observar o universo. A nossa compreensão do que acontecia em volta da gente aumentou muito. A gente entendeu o que era o sistema solar, a gente entendeu como a gravidade funciona… Nos anos sessenta, cinquenta, quando a gente começou a entender astronomia de rádio, uma nova visão do universo surgiu. A gente viu o quão vasto o universo era com coisas que a gente não imaginava. E a gente tinha uma uma parcela gigante de coisas que a gente não podia detectar até agora. Então, com essa nova lupa, a gente pode descobrir coisas que estão ao nosso redor, E a gente não tem nenhuma noção do que está acontecendo. Porque a gente realmente não enxergava. A gente não tinha nem como saber o que estava acontecendo. E se a gente observa, que é um dado muito interessante, se você olhar a composição da matéria do universo que a gente conhece – então – a matéria que está em nosso entorno, há prótons, nêutrons, elétrons, que a gente chama de matéria bariônica. É o nome… é um termo de nerd. Se você observar essa matéria em torno da gente, ela compõe de 2 a 3% da matéria que a gente sabe que existe no universo. Quanta coisa que tem torno da gente? Que se a gente mede, tá lá, mas a gente não conseguiu detectar diretamente. Que que será que essas coisas fazem? Ter essas novas visões permitem que a gente tenha uma compreensão do universo que a gente não imaginava até agora. Pode ser que tenha muita coisa que a gente tá perdendo porque a gente não tinha como ver. E é por isso que a comunidade científica ficou tão feliz e tão animada com essa descoberta do dia 11 de fevereiro. Porque é do nível, realmente, das dez maiores descobertas da história da ciência.

Ju: tá. O que a gente realmente quer saber – você falou de fusão de dois buracos negros e tal – a gente quer saber se Interstellar agora vai ser possível. Se eu vou poder viajar no tempo ano que vem.

Caio Gomes: [risos]

Ju: [risos]

Caio Gomes: [risos] então… Infelizmente isso não vai ajudar a gente a descobrir coisas mais relacionadas à Interstellar. Mas…

Ju: nãããããããão.

Caio Gomes: Infelizmente não. Infelizmente não. A gente ainda não tem como ajudar a gente como Interstellar ali. Mas assim… vai saber o que a gente pode descobrir agora. Realmente a gente vai descobrir novas coisas. E pode ser que a gente descubra coisas mais impressionantes do que o Nolan mostrou pra gente em Interstellar.

[Sobe a música]
Real, real, real, real…
[Desce a música]

Ju: No trending topics dois, a gente vai discutir uma carta polêmica! Desde Michel Temer que a gente não recebe uma carta tão polêmica.

Cris: eu tô… eu tô achando que tá muito frequente essa parada de carta…

Ju: Né?! Gente…

Cris: … em pleno 2016!

Ju: a gente tá démodé. Uma carta aberta ao Brasil. Que que foi isso? Se você não viu nada sobre isso… que feliz que você é. [Ambas riem] Um gringo que morou aqui nos últimos quatro anos, e casou com uma brasileira, publicou uma carta aberta discutindo os problemas do Brasil. Que foi compartilhada a exaustão na última semana.

Cris: até vídeo gravaram narrando a carta. Pra quem, tipo… Estilo Marcelinho.

Ju: então qual era o ponto? O objetivo do texto era contar o que que fez do Brasil um país tão inferior aos países do primeiro mundo. Nas próprias palavras do texto: por que os países da Europa e América do Norte são prósperos e seguros, enquanto o Brasil continua nesses altos e baixos, entre crises, década sim, e década não. É bom que nos Estados Unidos não crise viu bem? Fica tranquilo que lá é sussa! Mas tudo bem, até entendo que dentre as crises deles eles não têm quedas bruscas como a gente tem. Mas vamos lá! E aí? O que que há pra se falar sobre essa carta? Você concordou? Você achou linda a carta? Você se inspirou? Você compartilhou loucamente?

Cris: dá um reply to all aí pra gente. [ambas riem]

Alec Duarte: primeiro. Até porque a gente falou de Montes Claros, né? Aí eu me lembro do professor Darcy Ribeiro, né. Que é a figura mais ilustre de Montes Claros. Cidade que eu amo.

Cris: uma das mais do Brasil.

Alec Duarte: morei em Montes Claros por sete meses. Tive o prazer. Volto muito à Montes Claros. Darcy Ribeiro preciso pesquisar durante 30 anos para descrever o povo brasileiro, né. Que é uma obra-prima, né. Um tratado sobre o que a gente é, foi e será, né. E o nosso amigo Mark Manson tem também todo direito de discorrer sobre experiências pessoais, né.

Ju: sobre o macro ponto de vista da Vila Madalena. De onde ele observou toda sociedade brasileira.

Alec Duarte: lamento pelas companhias também. [risos da Ju] Que certamente influenciam esse tipo de…

Cris: eu acho que sacanearam o cara. porque ele inclusive, no início do texto, fala assim: Eu mostrei para diversos amigos que acabaram me incentivando a publicar. [risos da Ju] Migo, eles não são seus amigos. [ambas riem]

Alec Duarte: e tem outra coisa que é o contexto. A contextualização. Ele vive disso. Ele escreve vários textos polêmicos.

Ju: pois é menina. Eu não sabia disso.

Alec Duarte: inclusive contra os próprios americanos, né. Trazendo os americanos a realidade. É um escritor…

Cris: a realidade dele. [riso]

Alec Duarte: isso. Já desfilou preconceitos contra outros países latino-americanos. Porto Rico, República Dominicana. Porto Rico é um estado associado aos Estados Unidos. Mas, enfim. Sempre, né. A celeuma em torno dê uma opinião baseada em experiências pessoais. Enfim.

(Bloco 5) 41’ – 50’59”
Ju: [Vamos falar um pouquinho sobre o que ele concluiu: que a solidariedade aos amigos e a família em detrimento do senso de justiça e da comunidade… é isso que causa os nossos problemas, que a gente protege o nosso, que não seja o nosso sendo eu mesmo…
Cris: [Coletivo]
Ju: =[Mas sendo a minha família, meu time…=
Alec: [Um americano falando isso]
Ju: =Né, outra causa raiz dos problemas brasileiros é a vaidade, é o fato da vaidade ser mais valorizada do que a produtividade. Isso justificaria o endividamento, os preços exorbitantes, inclusive a violência. Se a gente mata mais é por vaidade, porque eu quero ter um tênis, então eu mato por causa de um tênis, a vaidade que explica tudo isso. Não é a desigualdade, não é isso. É a vaidade. E a ultima é o nosso jeitinho de evitar confronto direto, então como a gente evita o confronto as pessoas ficam acomodadas e onde não existe confronto não há progresso. Resumindo é isso o texto.
Cris: Meu ponto de vista sobre o texto… Eu não acho que ele falou nenhuma mentira.
Alec: Concordo.
Cris: Quando eu leio o texto eu falo assim, eu me identifico em várias dessas situações, eu sei que nós temos vários desses pontos, eu vi algumas pessoas discutindo tipo: “Nós não somos humildes suficientes pra escutar o que alguém está falando”. Eu acho que quando a gente lê a carta puramente simples, você fala assim “É verdade o que você está falando” só que ela é… ela é de um simplismo, ela é de um… de um olhar tão raso sobre a história, sabe… sobre de onde nós viemos, que ai ela me soa muito arrogante, porque eu não vou na sua casa e fico na sua casa 4 horas e saio de lá falando quais são os problemas e como você deve gerenciar a sua casa.
Ju: Ou você não deveria fazer e se você faz isso você é muito mal educado.
Cris: [Eu acho que você dar impressões a sua vivência no país é normal, eu já vi cartas de vários brasileiros, o podcast que a gente adora que é O Nome Disso É Mundo são os brasileiros contando as suas experiências de vidas em outro país, isso é natural e é gostoso de ouvir, mas quando uma pessoa é taxativa em afirmar…=
Ju: [Eu resolvi o problema, a equação está aqui gente]
Alec: [Isso… lições de moral para a humanidade é horrível]
Cris: =“Eu vou te contar uma coisa que você não sabe: O problema do seu país é você!”, então assim… Não foi legal sabe, por isso… Porque a gente já tem estudiosos que fizeram realmente estudos científicos para entender quem somos, e nós nunca fomos um país verdadeiramente livre.
Alec: [Não, e trata-se do famoso quem… Sem qualificação pra tratar desse tema pra além da experiência pessoal. Toda vez que isso acontece eu me irrito profundamente. [Risos] Porque isso nada mais é do que um post de Facebook=
Ju: [Então, mais ai que está, ele só escreveu um post que tudo bem, entendeu…=
Alec: [=Não pode ser tratar essa celeuma…=
Ju: =[Eu acho que isso, ele escreveu um post que tudo bem…=
Alec: [=Mas é que foi escrito pra provocar isso, porque ele faz isso.=
Cris:[E a gente caiu. Está vendo como funciona?!=
Ju:= É, mas eu acho que é isso=
Alec:=Exatamente!
Ju:=O problema não está em ele escrever, você pode escrever as suas opiniões sobre qualquer coisa.
Alec:=Claro!
Ju: O problema é que milhares de pessoas compartilharam e deram uma proporção pra esse texto que ele jamais teve e jamais deveria ter.
Cris:[Mas é que, é ai que me dói.]
Alec: =Mas teve uma proporção política também.
Ju: É isso, acho que o que a gente tem que discutir é por que que tanta gente achou que isso sintetizava os nossos problemas.
Cris: Inclusive formadores de opinião e pessoas que empreendem no país, pessoas que constroem o país vieram e falaram: “Está vendo gente? É aqui que a gente tem que mudar”, jura que você não sabia?! Jura que precisou vir uma pessoa de fora e falar isso pra você realmente… (ironia)
Alec: Você acha Ju, que as pessoas se sentiram mal tipo: “Nossa!”?
Ju: Não, não… Eu acho que, até vou falar isso em defesa de que compartilhou, que que eu acho: Tudo bem que ele tenha falado pelas atitudes. Tudo bem que ele tenha falado de coisas que ele já sabia, mas ele inegavelmente escreve bem. Então ele conseguiu organizar as coisas num texto fácil de ler, gostoso de ler, e que tem uma… um sequenciamento lógico das coisas. Então assim, eu entendo quem compartilhou, eu achei o texto interessante também por alguns pontos que eu olho e que eu acho que fazem sentido, e eu acho que é aquela coisa do… que a antropologia fala muito isso do estranhamento cultural. O peixe não vê a água, né. Quando você está ali no meio das pessoas que você conhece as coisas são naturalizadas, você não se pergunta, as coisas são assim porque elas são. Então assim… quando você vai para outra cultura, não é porque a outra cultura é melhor, é porque simplesmente você saiu do aquário e você consegue ver a água, é só isso. Então por exemplo: quando eu fui para os Estados Unidos, as estradas… elas são muitos simples. Bom, eu vou fazer uma estrada, beleza. Se eu vou fazer uma estrada as pessoas vão ter que parar pra fazer xixi, vão ter que parar pra comer, e vão ter que parar pra abastecer. Tá, beleza. Mais ou menos qual a distância razoável? Ah… 25km? Tá, beleza. Então a cada 25km a gente tem que ter um ponto onde as pessoas possam fazer isso. Beleza.Então quando que faço a estrada eu já penso em pontos de 25 em 25 quilômetros pras pessoas fazerem isso. Onde você acha que seria razoável ter esse ponto? No meio da estrada, certo?! Porque dai os caras que estão indo de qualquer direção podem parar no mesmo ponto, então ao invés de ter fazer um de cada lado você faz um no meio. Então beleza. Você faz uma estrada, a cada 25 pontos tem centros de parada, vai… de assistência, onde você tem essas coisas e depois você vende esses lotes aí, com comida, banheiro.. nan nan nan… Não parece muito obvio? Isso é só uma questão de planejamento. A gente não tem, nenhuma estrada do Brasil tem isso. E assim… é uma coisa tão simples,você sempre andou em estrada e achou que estrada era assim, que é assim que se fazia. E aí quando você vai fala… pra lá… você fala…
Alec: [E as estradas são retas também, né…=
Ju: [Porra! Podia ser…=
Alec: =Lá fora, que não são aqui.
Ju: [=Porra! Podia ser assim…=
Cris: [É, aqui as vezes você nem vê a outra pista.=
Cris: =Mas não é sempre.
Ju: Podia ser assim, e o que eu quero dizer é o seguinte: Eu entendo que o… quando você sai, você olha pras coisas que você sempre fez e você vê com outro olhar, então eu entendo que um estrangeiro, mesmo que ele esteja a pouco tempo aqui, as coisas não são naturais pra ele. Então ele estranha mais e esse estranhamento é rico pra você poder falar assim: “Gente, olha só. Isso como vocês estão fazendo não é como é, é como vocês fazem mas tem outros jeitos de fazer”, então eu entendo a riqueza disso, desse outro ponto de vista, tá. Que o cara pode ter ficado um dia no Brasil, que ele já tem isso, que eu em 30 anos aqui talvez não tivesse.
Alec: Mas é… questão é… E me irrita profundamente o fato da gente estar falando disso porque ele conseguiu o que queria, ele vive disso, né….
Ju: Não, tudo bem.
Alec: Ele tem, o trabalho dele é esse tipo de provocação, tanto que auge dele chegou hoje, nós estamos no Mamilos falando de Mark Manson.
[Risos]
Cris: [Exato]
Ju: Parabéns Mark Manson.
Cris: [E assim, eu acho muito legal que é a onda perfeita da internet, né. Ele soltou o texto, um monte de gente compartilhou, passa um pouquinho vem a segunda onda… que são as pessoas que problematizaram aquilo e trazem um retorno. E muita gente compartilhou também. É uma conversa saudável. Eu acho que…=
Ju: [É verdade]
Cris: =Muitas das pessoas que compartilharam e inclusive raciocinaram sobre aquilo, sobre o quanto é importante aprofundar um pouco mais o olhar, e principalmente: Ninguém pode conhecer o seu povo se não tiver aqui tempo suficiente e empregando um métodos de pesquisas sólidos pra desenvolver uma opinião afirmativa. Você pode ter impressões, agora, nesse retornos também vieram coisas bastante interessantes. Eu, particularmente, até cheguei a comentar em um post do Michel Lent, quando ele fala “Concordo, eu sei que a gente tem que melhorar nisso, a diferença é a solução, eu acho que a gente tem solução sim, eu inclusive morava fora eu voltei para o Brasil porque eu quero construir essa solução, e sei que tem um monte de gente junto comigo que quer construir também”. E eu sei que é verdade isso porque a gente faz o Mamilos e quer também, e junto com a gente tem 30 mil pessoas ouvindo, querendo fazer também.
Ju: [40 mil agora]
[Risos]
Cris: Ultrapassada.
Ju: Ultrapassada.
Cris: [Então tem muita gente querendo fazer isso mudar, então você não precisa vir me falar o que eu tenho que fazer, eu tenho senso crítico suficiente pra saber e eu estou me mobilizando pra isso…=
Alec:[Eu acho…=
Cris: [= Junto com as outras pessoas de bem e que querem…=
Alec: =Eu acho que pode, pode, ajuda na construção vir falar, né… O que está se sentindo, o que está se percebendo… Mas não como se fosse uma tábula rasa, né. Como você disse são impressões, nada definitivo=
Cris: = Taxativo.
Ju: [É…]
Alec:= Então quando existe todo esse escândalo em torno disso, nada mais é do que impressões.
Cris: E teve até uma resposta mais ácida do Diego Quintelho, que também é bastante legal, e no final ele meio que se despede assim: “Então tá! Até o próximo Carnaval!”
Ju: Das reflexões que se fizeram sobre o texto dele, o que eu achei de mais interessante foi de falar assim, que os povos não são intrinsecamente melhores ou piores, as pessoas não são feitas de um tecido diferente ou capacidades diferentes e tal, o que acontece é que as pessoas vão se comportar de acordo com o grau de punição que as coisas tiverem. Então, se existe punição para o comportamento errado, se as regras são claras e existe punição para o comportamento as pessoas vão se comportar de um jeito mais esperado. Então, por exemplo, o brasileiro médio não vai fazer as coisas que são erradas porque ele tem senso de justiça, do que é certo e errado e ele não vai fazer e ponto. O resto vai se comportar de acordo com a lei. O que ele está falando é: o brasileiro médio é parecido com o americano médio, que também tem a sua consciência, para todos os outros casos existe a lei. Nos Estados Unidos a lei funciona melhor do que no Brasil, então as pessoas não são mais virtuosas nos Estados Unidos porque elas tem mais virtude que no Brasil, elas são mais virtuosas porque elas sabem que se elas não forem a lei funciona. O que eu acho? Eu entendo isso e eu acho que sim, isso é certo e uma vez eu até tentei explicar uma coisa que até não soa muito bem, que é o fato de nos Estados Unidos eu entendi o que é esse circulo virtuoso de: se você faz errado você se da muito mal, mas em compensação se você faz certo a vida é muito fácil. Então assim, por exemplo, no trânsito… você vai no transito em Orlando, as ruas são largas, tem muito estacionamento, você pode sempre virar a direita, é sempre livre. Então assim, não tem por que você cortar alguém, não tem porque você estacionar em lugar proibido, não tem por que você não dar passagem… por que assim… você nunca tem que dá grandes voltas, grandes retornos, o máximo que você vai dar é uma volta em uma quadra.
Cris: Juliana ficou apaixonada pela lógica do trânsito nos Estados Unidos [Risos]
(Bloco 6) 51’ – 1:00’59”
Ju: Não… É… O que… Não, peraí… [mas o que eu tô falando é assim… =
Alec: [Mas tudo isso é um recorte também… =
Ju: = o meu marido…
Alec: = tudo isso é um recorte…
Ju: = é… é que é assim… Eu tô falando sobre regra, não sobre os Estados Unidos. [Eu tô falando que é assim… =
Alec: [Mas as regras também… existem acochambros também… fora. Não é essa grande coisa que é a que a gente enxerga.
Ju: Não, claro que não. A Grande Aposta tá aí pra falar dos acochambros gigantescos, que não são pequeno, e tal. Beleza. Mas o que eu tô querendo dizer é o seguinte: o meu marido é o Pateta no trânsito aqui em São Paulo, sabe? Aquele cara que super bonachão, entrou no carro vira uma criatura detestável. Lá em Orlando era a melhor pessoa do mundo. Porquê? Porque simplesmente, você só precisa seguir a regra e tudo vai dar certo na sua vida. Então porque não seguir a regra, entendeu? O que eu quero dizer é o seguinte: eu entendo que as pessoas se comportam diferentes em lugares que as regras são diferentes. Eu entendo isso. Que não é inerente de cada país. Não é inerente, tipo, o brasileiro inerentemente não respeita regras e o americano inerentemente respeita regras. Eu não acho que seja essa a diferença. Por outro lado, se você tem esse argumento de que: “ah, os resultados são diferente porque as leis são diferentes, a aplicação das leis são diferentes”. Quem fez as leis? Quem fiscaliza pra que a leis sejam cumpridas lá e aqui? São as pessoas, entendeu? Não é nenhuma mágica, não é nenhum deus que deu uma regra pra lá e uma regra pra cá. Foram as pessoas que fizeram as regras que tão lá, que fiscalizam as regras que tão lá. E foram as pessoas que fizeram essas regras que a gente tem aqui e que fiscalizam essas regras que a gente tem aqui.
Cris: Eu acho que entra o fator, também, tempo de desenvolvimento e posição frente o cenário mundial, né? A gente tem uma Europa… é interessante isso, né? Porque, principalmente com o advento da internet e com a globalização onde você consegue viajar pra esses lugares, cê começa a se comparar o tempo todo com eles. Mas na verdade nós somos uns adolescente nos comparando a um senhor idoso. E querendo ter a sabedoria de fazer tudo que esse senhor idoso construiu. Então se a gente voltar na idade que nós temos hoje e vermos os Estados Unidos, a gente não estava muito diferente, né? Nós não estamos muito diferente.
Ju: Os Estados Unidos é o mesmo tempo que a gente.
Alec: É, ó… [essa compara… =
Ju: [A Austrália é o mesmo tempo que a gente
Alec: = Essa comparação… essa comparação vale para a Europa. [Os Estados Unidos… =
Cris: [Os Estados Unidos, desculpa….
Ju: [Os Estados Unidos e a Austrália, por exemplo, não.
Cris: = Vale para a Europa.
Alec: É, [de certa forma tem o mesmo… =
Cris: [E aí…
Alec: = De certa forma, não! Tem praticamente como… [uma diferença pequena.
Ju: [Não! A Austrália é pior que a gente, ainda…
Cris: É, não… [até porque as técnicas de colonização foram bem diferentes, né? =
Alec: […mas …isso
Cris: = Lembrei dos povos. Mas o que eu quero dizer…
Alec: Isso acho que é até mais determinante, mas aí são 800 mil programas… [pra gente debater =
Cris: Mas o que eu percebo é que existe um tempo de maturação para que as coisas acontecerem. [Eu vejo o Brasil despencando por uma série de fatores =
Alec: [Também.
Cris: = Todos ao mesmo tempo.
Alec: Concordo.
Cris: Eu vejo uma urgência de um amadurecimento surgindo em todos os cantos, todos os lugares. Eu e o Alec trabalhamos na mesma empresa, para quem não sabe. E outro dia eu fui conversar com o Lan, um cara que trabalha lá com a gente, ele falou assim: “Cê não vai acreditar. Minha filha de 14 anos virou pra mim e falou que não vai mais assistir uma determinada aula porque o professor dela é muito machista e que ela não aceita isso”. Cara, quando você ouvia isso da geração passada? Eu nunca, eu nem sabia que que era isso. Então, assim, existe uma urgência de amadurecimento. E eu acho que cada um fazendo a sua parte, e tá certo sim, de não… não dar… é a gente precisa evoluir, e descaracterizar esse jeitinho brasileiro.
Alec: E… mas… tem uma coisa também que é o cerne da questão que é a… generalizar, né? Tem cara que arrebenta o retrovisor do carro e não vai fazer nada nos Estados Unidos… na Indonésia…
Cris: No mundo todo, né?
Alec: Então acho que é só não levar a sério demais este tipo de coisa e ao mesmo tempo servir como uma reflexão, né? Pro que a gente é, como sociedade. Então talvez esse cidadão tenha feito um bem até.
Cris: Isso suscitou uma conversa importante, na minha opinião. Eu achei que no final das contas foi bastante produtivo até pra gente… A gente tem que parar com esse complexo de vira-lata, meu. Que os outros são melhores do que nós. A gente tem plena capacidade, pleno poder pra poder fazer as coisas mudarem.
Alec: Eu muitas vezes tenho medo até de falar isso porque… te percebem como, sei lá, um nacionalista. Mas eu tenho exatamente essa visão do Brasil. Eu acho que a gente tá caminhando e… certamente está muito melhor do que quando eu mais novo. Certamente. Coisas…
Ju: Também acho…
Alec: Coisas que eu jamais imaginei que aconteceriam estão acontecendo.
Ju: Então, pode parecer muito pior, e eu falo isso pra todos os mamileiros que chegam e falam assim: “Cara, mas todo dia tem machismo, todo dia tem racismo, todo dia tem… Caralho! como é que dá para viver nesse país!? Não sei que…” Eu sei que pode parecer que tá muito pior. Sabe porque? Porque a gente acendeu a luz. Porque a gente viu a bagunça. E tá uma zona, e tá tudo sujo, e tá tudo errado! A gente vai ter que limpar e vai ter que arrumar. E beleza! Mas a luz tá acesa. Antes você nem enxergava essas coisas. Então hoje, tudo é debatido, tudo é discutido. Tá tudo na mesa.
Cris: E é cansativo, é isso mesmo. Tem hora que cê fala: “Meu Deus, não aguento mais!” Ué, a dor do crescimento.
(Trilha sonora)
Chain, chain, chain, chain, chain, chain
Chain, chain, chain, chain, chain, chain
Chain, chain, chain, chain, chain, chain
Chain, chain, chain, chain of fools
Cris: Vamos entrar agora no Trending Topics número 3: a morte de Scalia, um dos juízes mais conservadores da Suprema Corte americana acabou por acirrar a disputa eleitoral nos Estados Unidos. Alec, o que que tem a ver lé com cré?
Alec: Tem a ver que tem uma escalada conservadora lá como cá, né? Nos Estados Unidos. E a partir do momento em que se abre uma vaga na Suprema Corte… Isso acontece aqui no Brasil que segue, inclusive, essa mesma…
Ju: Lógica.
Alec: … esse mesmo modelo, né? O presidente tem a condição de substituir, né? A indicação é feita pelo presidente que pode, obviamente, indicar alguém mais alinhado com o seu pensamento.
Ju: Não, é que, lá… Lá, não é pode, né? Aqui no Brasil é pode. Lá é, é!
Cris: É (risos)
Ju: Lá é, assim. Porque aqui no Brasil não quer dizer porque um ministro foi indicado pelo presidente, por exemplo, pelo Lula ou pela Dilma, que ele vá votar sempre de acordo com o que o Lula, Dilma, pensa. Não quer dizer. Agora lá, não…
Alec: Mas nos Estados Unidos também não.
Ju: Eles votam alinhado. É democrata e republicano.
Alec: Há casos na Suprema Corte que não.
Ju: Então…
Alec: Há casos de, de juízes, né? [Que tem ido… =
Ju: [Tem um juiz
Alec: = tanto pra um lado quanto pro outro.
Ju: Tem um juiz na Suprema Corte hoje que é assim…
Alec: Que é o grande pêndulo, né?
Ju: Isso
Alec: O grande equilíbrio da Suprema Corte.
Ju: Então nós temos nove juízes. Você tinha quatro republicanos, quatro democratas e um que era pêndulo. Esse pêndulo, ele é republicano, mas as vezes, de acordo com o assunto ele votava com os democratas.
Cris: Mamileiro, ele.
Ju: Mamileiro, beleza. O que acontece que um dos republicanos, esse Scalia, que era um dos mais é, eloquentes, um dos mais polêmicos, um dos que mais aparecia, o que era um… posso dizer, um bastião republicano. Ele era uma figura muito…
Cris: Inclusive tava no cargo a pouco tempo, né? Ele foi indicado pela Reagan.
Ju: É mas, aí, isso é um outro capítulo. Ele morreu. Sem nenhuma expectativa. Não se esperava isso, né? [Ele não era… =
Cris: [ …imagina, né?
Ju: = o próximo na linha de sucessão.
Alec: Quando menos se espera a gente morre.
Ju: Tudo bem, ele não era supernovo, mas ele não era o mais velho dos juízes. Ele não tava nem pensando em se aposentar. Ele era realmente ativo. Ele era saudável, pelo que as pessoas sabiam, né? E ele morreu deixando todo mundo muito estupefato. O que acontece é que hoje, com a morte dele, você tem um empate técnico na Suprema Corte. Então qualquer assunto que for passar na Suprema Corte, em tese, você tem um empate, quatro a quatro. E que acontece? Não vale nada. Fica valendo as decisões regionais, das cortes regionais. Então teoricamente, enquanto você tiver um novo juiz apontado, ou aceito, né?
Cris: Eleito.
Ju: Eleito. [É que não é eleito… =
Alec: [Indicado, né?
Ju: = Não ser indicado, [mas aceito =
Alec: [Indicado pelo presidente
Ju: = Mas enquanto não entrar…
Alec: É porque tem que passar por uma sabatina [no Senado…
Cris:
Ju:
Alec: = que é a questão que a gente vai chegar.
Cris: Que é justamente…
Ju: É
Cris: Exato
Ju: Enquanto ele não tomar posso, esse novo juiz, o Supremo Tribunal deles lá, tá paralisado, teoricamente. Beleza.
Alec: E aqui, só um parênteses, no Brasil é maravilhoso porque aí a gente dá um jeito de um dos caras não participar e voltar a ficar impar. (Risos) É, e então a gente consegue… houve casos aí…
Cris: Um morreu o outro triou licença.
Alec: …dois anos, né. Um ano e tantos, sem a indicação do cara que complementaria, porque sempre dão um jeito de ficar ímpar e se resolve.
Cris: Ninguém merece.
Ju: Tá e aí…
Alec: É o jeitinho brasileiro [que o Mark Manson reclamava =
Ju: [É o jeitinho brasileiro resolvendo problemas.
Cris: [Tá vendo
Alec: = Pô, Mark, é bom isso aí, pô.
Ju: É, resolvendo problemas. É… Bom, qual o problema? Problema zero. O Obama vai lá, indica mais uma pessoa, o Senado sanciona e tá resolvido o problema. O Supremo não fica parado, certo? Errado gente, errado! Cês acham que os conservadores vão abrir mão de ter maioria justo no Supremo que tem poder, eu diria, até maior que o presidente, porque ele muda as regras do jogo. Eles vão abria mão desse poder, que é um poder que não muda a cada quatro anos, né? É um poder maior. Eles vão abrir mão disso em ano de eleição? Segura aí. [Deixa contar pra ver como é que fica. =
Cris: = De um presidente que não vai se reeleger.
Ju: [E ano que vem a gente conversa.
Alec: Isso, que é o presidente, lembra, [que é o pato manco =
Cris:
Ju:
Alec: = É um presidente em final de mandato. Ou seja…
Cris: Em final de segundo mandato.
Alec: Que…
Cris: Então acho que…
Alec: [Que não vai apitar mais nada =
Ju: [E eles… E eles tem chance mesmo. Assim…
Alec: = na política americana
Ju: Se você for pensar só estatisticamente a chance é que agora venha um republicano. Porque o governo nos Estados Unidos nunca ficou muito tempo… A tradição deles é de alternância de poder. Então, republicano, democrata, republicano, democrata. Até pode ter mandato sanduíche, dois mandatos seguidos, mas não mais do que isso. Então a lógica é que agora dê um republicano.
Alec: A cidade de São Paulo tem isso também. E o Rio Grande do Sul mais ainda, onde ninguém nunca se reelege.
Ju: Exato.
Alec: Né?
Ju: Então assim… Nah, até pode pode reeleger mas assim, duas candidaturas e não mais do que isso. Aí a questão é: se a gente vai pegar o governo daqui um ano, cê acha que eu vou abrir a Suprema Corte pra virar democrata, a Suprema Corte agora. Gente, segura esse processo aí! E assim, é tão bom que o Senado, a maioria é republicana e os caras tem a cara de pau de virar pro Obama e falar: “Oh, nem indica [não perde o seu tempo =
Cris: [Nem indica que a gente vai vetar.
Ju: = Vamos vetar.
(Bloco 7) 1:01’00” – 1:10’59”
Alec: Só uma vez na história o senado se recusou a sabatinar um indicado a Suprema Corte, nos anos 1800, foi um caso muito especifico. Se apresentar, se se apresentar a indicação vai se colocar um bode na sala.
Ju: [É cara de pau]
Cris: [Vai ser uma saia justa]
Alec: E muito provavelmente o Obama fará isso, não tem nada a perder também.
Ju: Não, muito provavelmente não, ele já falou. Ele vai fazer.
Alec: Claro.
Ju: Ele falou assim: “Olha”…
Alec: Tem que provocar o constrangimento em primeiro lugar.
Ju: Lógico! Obviou! Não, e ele não tem nada a perder indicando, ele tem tudo a perder não indicando, então assim…
(Alac) O Obama está se retirando da cena politica…
Cris: [Vai sair por cima]
Alec: [Pra se colocar em um pedestal, que é uma coisa muito bacana da politica americana… Que no caso da presidência, quem exerceu a presidência jamais vai participar efetivamente com um mandato de qualquer outra coisa.=
Cris: De qualquer outro cargo politico.
Alec: =Ele passa ao panteão da pátria, né, como um colaborador importantíssimo do país.
Ju: Sim.
Alec: Mas em uma outra posição. O Obama tem a tranquilidade de fazer isso, mas qual o reflexo disso Ju? Você uma entendida no processo eleitoral americano, que é um pouco a onde a gente quer chegar. Na eleição americana, na eleição para presidente que via acontecer em outubro, aquela eleição maluca.
[Risos]
Cris: É tipo o superbol…
Alec: As prévias… as prévias já são tão malucas…
Ju: É divertidíssimo, eu estou assistindo com pipoca.
Alec: Lembra a prévia que foi decidida na moedinha? Em Iowa… [Risos] “Não, está muito igual, sorteia na moeda pra ver quem ganhou”.
Cris: [Justo!]
Alec: E a Hillary ganhou ou a Hillary perdeu na moeda… A Hillary ganhou na moeda.
Ju: A Hillary ganhou, a Hillary ganhou na moeda.
Cris:[Sorte no jogo…]
Ju: Você lembrou de uma, mas assim… A eleição que o Bush ganhou foi uma eleição em que você chegou tão empatado que foi pra Suprema Corte decidir quem tinha ganhado. Então assim…
Alec: [E na verdade o Al Gore ganhou a eleição]
Ju: [Exato! Então assim, vem comigo…=
Cris: [O que será que teria acontecido?]
Ju:=A não muitas eleições atrás um presidente dos Estados Unidos foi definido, a escolha do presidente foi definida não pelos votos, mas pela Suprema corte. Essa…
Alec: [Aí vem um cidadão deles falar que o Brasil que está errado] [Risos]
Ju: [Mas essa é a importância da Suprema Corte. Então, se você está comigo atá agora você vai entender o seguinte: A Suprema Corte é muito importante lá e a gente tem vários assuntos para serem votados agora em março. Então assim, você tem na pauta aborto, você tem na pauta regras de eleição, você tem na pauta imigração…=
Cris: [Até o caso da imigração que é sério]
Alec: [Maconha]
Ju: =Ma… tem muito caso… Assim… Mas assim é pra esse ano pra votar, sacou? Que não vai ser votado porque não tem essa outra pessoa. Então assim, está tudo pendente desse pessoa chegar. Então isso é essa importância. O Senado que hoje está pra votar e vai vetar, por que assim… O governo vai votar em um democrata, o senado vai vetar, vamos pra o ano que vem resolver essa pendenga. Ano que vem é novo presidente mas… tcharará… Um terço do senado é novo, ou seja, os republicanos que estão vetando tudo hoje podem amanhã ser um senado que é democrata. Ou seja, ninguém é obrigado a votar nos Estados Unidos, essa simples mudança no supremo faz com que muita gente se mobilize, não só votar como pra doar dinheiro pra campanha, porque entende que agora, mais do que nunca, é importante ter um senador democrata. Porque… “Eu não estou nem ai pra política”, “Eu acho que são tudo um bando de ladrão”, mas eu queria o casamento gay… Então pega dinheiro comunidade! Junta o dinheiro da bolsinha porque é agora que a gente tem que eleger senador, por que é agora que o senador tem que chancelar quem será do STF, porque é agora que o STF tem que votar as medidas que são do nosso interesse.
Cris: [Então na verdade a população se mobiliza pra poder financiar os políticos que ela entende que vão defender as causas que são caras para ela=
Alec: [A população virgula…=
Cris: =É, são os grupos de interesse…
Alec: [= Claro. Sempre vai ser o ativista, muito mais do que o cidadão comum…
Ju: [Sim]
Cris: [Aham]
Alec: = Mas de toda forma é uma mobilização muito maior do que a que a gente vê aqui.
Cris: [É tipo um… Aqueles dominós, né. Então assim, a morte desse cara acabou deflagrando ai um aquecimento da corrida dos candidatos, das mudanças nesse senado. É assim, eles estão lá com pauta tipo a gente: é uma teta atras da outra.=
Ju: [É, lá está assim também]
Cris: = Tem coisa muito trash pra resolver e a gente tem o Obama que nesse momento é corajoso, né. Por que não tem nada a perder e vai indicar mesmo.
Ju: [E não é só indicar mesmo, o que ele vai fazer, ele vai indicar de acordo com as pesquisas demográficas, o que mostra por exemplo: o Obama, ele já fez duas indicações…
Alec: [Qual é o tema mais candente… Claro!]
Ju: = Isso.
Cris: [Exato!]
Ju: [Ele já fez duas indicações, ele indicou duas mulheres, agora adivinha qual o próximo que ele vai indicar? Ou ele vai indicar um latino, ou ele vai indicar um negro, ele vai… ele vai indicar…
Alec: [Eu acho que é a hora do latino, inclusive.]
Ju: Então, mas ele vai indicar um juiz que tenha uma carreira… Uma reputação que fique chato até para os republicanos vetarem, porque assim por exemplo, aqui a Dilma acabou de indicar o Fachin (Luiz Edson Fachin). Por pior que estivesse a popularidade da Dilma não pegava nem bem reprovar o cara. Nunca reprovaram… não sei o que. Por pior que ela estivesse passou… Lá o que ele vai fazer é a mesma coisa, vai expor os republicanos de mostrar que estão não estão pensando na Suprema Corte, que eles estão pensando em eleição. E ai ok, colocado isso ele vai chamar o povo as urnas por que ó: Se entrar um democrata ele pode reapresentar a mesma pessoa que o Obama apresentou em foi negada. Então o discurso do Obama é “Botei fulano”, que é latino por exemplo… aqui pelo que eu sei o que está na corrida é um asiático americano, um americano asiático (não sei como se fala), então assim ó… “Coloquei ele, que é filho de imigrantes, não aceitaram. Se você colocar um democrata no poder vai ser ele de novo e se o senado for democrata ele passa. Então as urnas! Vamos ajudar a eleição desses caras”. É muito interessante esse processo, como eles fazem isso, né, e como eles conseguem colocar a eleição para discutir temas que as pessoas se mobilizam pra de fato ir as urnas, porque ninguém é obrigado a votar, né.
Alec: [E ao mesmo tempo tem, a gente até já pincelou isso aqui, um aspecto quase amador, né, efetivamente no processo operacional de voto…=
Ju: [Ah sim! Contagem…]
Alec: [=A que… já falamos… a moedinha…
Cris: [Tem brasileiro querendo isso de volta.]
Alec: = O cara que ganhou mas não ganhou… Chega a ser inacreditável.
Cris: É.
Ju: É.
Alec: Mas faz muito parte do jogo, né. A gente vai falar de eleição americana propriamente dita ou vamos parar nas prévias?
Ju: Pode falar. Pode falar…
Alec: Que hoje o nosso amigo Donald Trump arrumou briga com o Papa. [Risos]
Cris: Com ninguém menos que o Papa.
Alec: Uma coisa maravilhosa! (ironia)
Cris: [Eu acho muito legal[
Alec: [Pra que… pra que jornalista? Nada melhor, né, no quesito “Isso vai dar notícia” do que…=
Cris: [Do que ter um candidato desses]
Alec: Do que ter um presidente Donald Trump, e mesmo um presidente Bernie Sanders que é um presidente socialista nos Estados Unidos… Hellow?! Filme do Bunuel? O que está acontecendo? [Risos]
Cris: Eu acho interessante isso que é, o que eu tenho percebido desses dois… dois candidatos… Me parece que as pessoas estão cansadas da imagem do político tradicional, sabe? Aquele cara que é bem formatadinho, que fala… até o tom de voz… A forma como ele se veste e tudo mais… As pessoas estão indo para os estremos, pro diferente, alguém que trás um discurso diferente. Então de um lado a gente tem o Donald Trump que cada um tem o Bolsonaro que merece, né, e eu achei muito engraçado essa comparação… E do outro lado a tende tem o Sanders, que cada um tem a Luciana Genro que merece. Então assim, a gente tem esses dois extremos e as pessoas tentando se apegar a isso pra tentar tem efetivamente alguma mudança mais radical porque eu acho que esse negócio, a democracia, ela demora, né… porque você tem que ir num entendimento, votação, aceitação e o radical… ele impõe muita coisa. O Donald Trump, na verdade ele parece um… eu achei muito legal a posição do Barack Obama, que falou nesses dias com aquela classe que ele tem, né, que não tem como ele ser presidente dos Estados Unidos porque o país não é um reality show.
Ju: [Eu… O que eu acho legal, disso que você estava falando, é que você observa nos Estados Unidos a mesma coisa que tem no Brasil, então se a gente achava que era tão diferente não é, então o desencanto com o político de carreira na verdade… O que se fala muito no partido republicano nas prévias, nos debates entre os candidatos a candidato republicano é “Eu não sou establishment”, até o Jeb Bush está querendo dizer que ele não é establishment [Risos]. Essa coisa de “Não. Eu não sou o candidato da situação, eu sou o azarão, eu sou o cara que é…”=
Cris: [Ninguém quer ser mainstream]
Ju: Não. E do outro lado, quando você vê a Hillary e o Bernie Sanders, eu achei muito interessante o… aquele podcast que eu já indiquei pra vocês o NPR Politics, eles falando que o que: Quando você vai para os comites da Hillary e do Bernie… na Hillary você tem pessoas muito pragmáticas, que não é que acreditam nela, acreditam que ela ela tem mais chance de derrotar o candidato republicano. Então assim olha… “A gente sabe que é difícil continuar os democratas no poder então se for pra isso quem consegue é a Hillary”. Então eles estão lá por causa disso. No comitê do Bernie é completamente diferente. As pessoas são apaixonadas por ele, pela mensagem dele, acreditam que ele pode fazer diferença, que ele tras pra discussão coisas que eles nunca viram ou que não veem a muito tempo, ou que eles acham que precisam ser discutidas, ou então… NInguém está preocupado com estatística, com o que pode e o que não pode. Os caras acreditam e fazem tudo por ele.
Cris: Eu queria informar pro Mark que a gente já passou por isso, era Color versus Lula. Foi essa a eleição dos estremos, dos discursos diferentes, que todo mundo olhava pra aquilo e falava “Nossa! Que diferente, né!”
Alec: [Por isso que eu tendo a acreditar que o próximo presidente vai ser a Hillary, poque se você juntar Trump e Sanders eu encontro a Hillary no meio disso, né. Me parece o equilibrio natural. =
(Bloco 8) 1:11’00” – 1:20’59”
Ju: [Uma coisa que acho interessantíssima pra gente…
Alec: = numa disputa como essa. Que é que talvez que tenha faltado em 89 na eleição que você mencionou.
Cris: Não tinha o meio termo né?
Alec: É.
Ju: [Então, o que eu acho interessantíssimo pra a gente estar com pipoca assistindo isso, é que é o seguinte: se der Ted Cruz, por exemplo, e o Bernie, o Trump já disse que ele concorre como independente. Porque não é que nem no Brasil que você tem que ir por um partido… =
Cris: [partido]
Ju:[ = lá você pode…Então assim, ele ta tentando pelos, é… =
Cris: [Pela via cega] (Risos)
Ju: = pelo partido republicano. Se ele não conseguir, e ele vê que os candidatos são fracos e que ele consegue, ele vai partir no individual. E assim, pipoca, pega a pipoca que vai ser divertidíssimo.
Alec: [É, a verdade é que um país que já teve como presidente Ronald Reagan e o próprio Bush, né? Bush filho, né? =
Ju: [Sim.
Alec: = Pra não precisar avançar muito… Aliás uma coisa muito curiosa é o Bush, o filho, ele tem, é, uma aprovação péssima, né? Uma imagem péssima nos Estados Unidos… =
Ju: [Nossa, preciso falar disso.]
Alec: = Mas agora precisamente chegou… =
Ju: [Isso (Risos)
Alec: = a primária que é na Carolina do Sul… =
Ju: [(Risos)
Alec: = que é único lugar onde o irmão dele pode levá-lo, porque ele tem uma aprovação… =
Ju: [Ai, que dó, gente…
Alec: = maior que nos outros lugares.
Ju: Eu tenho pena do Jeb Bush. Ele é tão ridículo, eu tenho muita pena. Que dai escutando o NPR falando assim: tá, então ele tá tão ruim que assim, ou ele ganha essa primária ou ele tá fora da disputa. E assim, tudo bem que o George Bush foi um dos presidentes que terminou com a pior popularidade, oba oba, mas esse distrito justamente tem muito militar e tal. E as pessoas assim, como tem muitos anos que tem democrata no poder, acaba sendo essa coisa de saudosismo, né? Ele era o último conservador no poder, enfim… Então as pessoas ainda respeitam ele. Então ele vai lá pra dar o apoio pro irmão, a primeira vez que ele vai entrar de fato na campanha, tal. Ai um comentarista falou assim: gente, mas isso não é ruim? Porque o irmão sempre ficou, o Jeb sempre ficou na sombra do George. Dai, tipo agora que ele que precisa ganhar, ele coloca o irmão. Ai o irmão vai ta tomando frente na campanha, não ele né? E assim, ate a mãe já falou que o irmão é o preferido, tipo, fica chato ele ser salvo pelo irmão nessa hora, né? =
Cris: [(Risos) Tá chato, né?]
Ju: = Mano, é o seguinte, ele só vai perder. Então assim, é a chance que ele tem é essa e ele tá jogando tudo que ele pode. Ele é muito coitadinho, né? Tipo nunca serão, vai dá, não tem como dar certo pra ele. Já deu errado, né? =
Alec: [É, esse jogo político é muito… =
Ju: = De qualquer jeito ele perde, né?
Alec: [ = é muito interessante. Assim, já acho que a gente pode dá esse tipo de picato, até pelo o que a gente tá enxergando, acompanhando pesquisas, né? Me parece que a questão republicana tá bastante encaminhada.
Ju: Pra quem? Você acha que Ted Cruz?
Alec: Não, eu acho que pro Trump. Acho que… =
Ju: [Não pode ser gente…
Cris: [Não, não…
Alec: = Acho que o Trump é muito ardiloso… =
Ju: [Olha pra mim…
Cris: [Eu acho que no final das contas…
Ju: Olha pra mim que você acha que ele vai ser o candidato, não vai ser gente, não vai ser, nunca…
Alec: = Eu acho que o Trump é muito ardiloso…
Cris: Sabe quando o cara tem apoio… =
Alec: [Mas é…
Cris: = mas ele tem um alto grau de rejeição? =
Alec: [Claro!!
Cris: = Eu acho que é ai no final onde ele perde.
Alec: Mas é a própria essência dos Estados Unidos. Me parece que representa muitíssimo bem, né? Essa parcela… =
Ju: [Gentee, não… Eu acho que os republicanos nunca deixar ele…
Cris: [Não mas, é, eu se Hillary fosse, estaria torcendo pra ser Trump!
Ju: [Certeza
Alec: = Mas voltando ao que eu disse, pra quem teve Reagan. Que aliás manejou situações gravíssimas. Situações de aperto de botão e o mundo acaba.
Ju: Sim!
Alec: Num vivenciamos mais isso hoje. E o próprio Bush, né? Que são ambos completos imbecis…=
Cris:[Pra quem tem Schwarzenegger como governador, não duvide!
Alec: = Por exemplo! É, não é algo…
Ju: [Não gente, de verdade, eu não acredito. Eu não acredito!
Cris: [Não, vamos esperar pra vê gente! Tem aqui…
Ju: Eu só preciso terminar com uma última coisa que eu mandei até pro Alec hoje, um twitte…
Alec: Maravilhoso, MARAVILHOSO, digitem: Jeb Bush.com. E descubram esse segredo fantástico!
Ju: (Risos) O Trump colocando que o Jeb Bush esqueceu de renovar o pagamento do domínio dele… =
Alec: [Vinte e oito dólares, né? Um domínio, né? De web. Vinte e oito dólares.
Ju: = Adivinha quem comprou gente? Jeb Bush, gente…
Cris: (Risos) Ai que juvenil!!!!
Ju: Ai gente é muito… que peninha, eu to com tanta peninha, que não é possível que o cara seja tão juvenil, gente!
Alec: Você sabe que você me mandou aquilo e eu me coloquei naquele comitê de campanha… =
Ju: [Nooossa imagina, ai meu Deus!
Alec: = Dizendo: ai meu Deus, nós não pagamos o domino de internet.
Cris: Chama o menino da internet!
Alec: Chama o menino da internet!
Ju: (Risos) Meu Deus do céu!
Cris: É uma beleza. Vamos agora encerrar o nosso Trending Topics e entrar no: Farol Aceso.
(Trilha Sonora)
You make me feel
You make me feel
You make me feel like a natural woman

You make me feel…
Cris: Vamos então para o Farol Aceso, e vamos comecar com a Ju! Que que tem aí?
Ju: Eu tenho um monte de coisa também.
Cris: Fazedora de coisas.
Ju: Maratona Oscar: eu assisti “Trumbo” e eu tava com a expectativa zero, porque já tinham me falando que nem tinha que ta no Oscar. E cara, eu achei muito bom, não sei se é porque eu tava interessada na historia. Não sei julgar se o filme é excelente tal, mas assim a historia é muito legal. Que eu não sabia de nada, história sobre um diretor que entrou na lista negra de Hollywood, naquela época que eles estavam perseguindo comunista… =
Alec:[Macartismo.]
= É, cara, muito interessante e principalmente como todas as vezes que você for vê um filme ou lê uma historia…
Alec: Não tem um filme com o De Niro que é exatamente isso, não? =
Ju: [Não sei]
Alec: = Em que ele interpreta o diretor perseguido?
Ju: Pode ser eu não sei, eu não vi.
Alec: Mamileiros nos corrijam ai, ou me corrijam, na verdade. Mas creio que essa historia já foi abordada no cinema.
Ju: É, não sei já foi abordada essa e de repente era uma outra, enfim, porque muitas pessoas foram perseguidas… =
Alec: [Claro.]
Ju: Talvez tenham sido diretores diferentes. Mas, que na verdade… Me perdoem, ele não era diretor, ele era roteirista, né? Então ele era um roteirista que entrou na lista negra. Então, que que eu acho, quando você vai ver qualquer história que fala sobre um período em que as pessoas foram perseguidas e nã nã nã, não pense: nossa como que puderam fazer isso? Pense: qual é a perseguição que a gente tá fazendo hoje, sabe? Quais são as ideias que a gente tá fazendo. Então assim, eu achei muito interessante, fiquei refletindo muito sobre isso, porque que a gente tava discutindo sobre censura na semana passada, eu e a cris bastante. E esse filme me fez pensar sobre a censura nossa de cada dia, que assim as conquistas elas não são… a gente não vive uma história linear. Então todos os dias tão nascendo novas crianças e todos os dias a gente recomeça a história do zero. Então assim, você não consegue conquistas definitivas e nem derrotas definitivas. A gente ta sempre recomeçando. Então essa luta pela liberdade, pela liberdade de pensar, pela liberdade de escolher, pela liberdade de fazer, ela é uma luta constante. Então não acabou lá, quando ele conseguiu sair da lista negra, essa luta não acaba. A gente continua tendo a mesma discussão que ele teve naquela época, a gente continua tendo hoje. Então assim, acho um filme super bom pra fazer pensar. E aí ele me faz pedir que vocês escutem, por favor quem é não é Mamileiro desde o início, quem entrou em qualquer ponto do caminho, voltar no Mamilos 8: Liberdade Expressão. É um dos meus mamilos preferidos, e ele é muito importante para o momento atual que a gente ta de polarização. Você vê que nos Estados Unidos, na Europa, em todos os lugares tá se tendo a mesma discussão, por que? Porque não é natural nosso. É uma construção que a gente fez, e como construção ela precisa ser refeita, na cabeça das pessoas todos os dias. Então vale a pena ouvir esse Mamilos sobre liberdade de expressao e pensar um pouco sobre isso. O Pirula fez um vídeo sobre politicamente correto, militância, efeito mola, que tem tudo a ver com as coisas que a gente discutiu semana passada sobre racismo.
Cris: Beijo Pirula!
Ju: Pirula sempre incrível! Ele fala bastante sobre construir pontes, né? E finalmente, ontem eu fui assistir Deadpool. Era uma sessão fechada da Adobe, obrigada Adobe pelo convite. Eu encontrei Mamileiros, dei beijo em Mamileiros, apertei bochecha de Mamileiro. Fica de novo o convite de que se vocês nos encontrarem em qualquer evento, na rua, onde for, por favor venham falar com a gente.
Alec: Eu pensei que: por favor apertem nossas bochechas!
(Risos Ju, Cris e Alec)
Ju: Não, não tem coisa mais legal do que dar sorte do encontrar uma pessoa que gosta das mesmas coisas que você, no mesmo lugar. Então foi demais! Lilian um beijo. E o filme é muuuuuuito divertido. Muuuuito divertido. Então assim, se você gosta de super herói não preciso nem dizer cê já vai assistir. Mas pra quem não gosta de super herói e trabalha com arte de qualquer maneira, vale muito a pena assistir, porque durante o tempo que você ta assistindo o filme você fala: esse cara não aprovaram o roteiro com ninguém, né? Eles não tiveram que aprovar o roteiro. Porque a sensação é que eles tiveram liberdade pra criar enorme. Porque a gente tá tão acostumado com as coisas apertadinhas que não pode isso, não pode aquilo, não pode aquilo, não pode aquilo outro, tem que agradar todos os demográficos e tem que ser o mais pasteurizado possível que quando vem um filme que nem esse, assim é: nooooosa que delícia, o cara poder falar o que ele quer e poder fazer piadas que sejam mais pesadas. Enfim, Deadpool é muito divertido. É uma metralhadora de piadas, uma metralhadora de referências, tem referência o tempo inteiro. Tanto que você sai do filme querendo assistir de novo porque você sabe que você só pegou metade da piadas, você não entendeu tudo. É muito divertido, vale a pena assistir.
Cris: Alec, derrame-nos o seu conhecimento.
Alec: O meu não. Eu vou falar do conhecimento de 26 autores que participaram de um projeto colaborativo muito bacana, que é o “Para entender as mídias sociais”, o volume 3 acabou de sair, o e-book, é só bater ai no Google: Para entender as mídias sociais. Disclaimers. Eu colaboro, né, dessa vez com um artigo questionando um pouco…
Cris: A sua parte é aquela que fala que basta acompanhar o Faceboook pra saber o que ta acontecendo no Brasil?
Alec: Isso, exatamente! (Risos)
(Risos Ju)
Cris: (Risos) Só que não!
Alec: Sempre levando em conta que metade da população brasileira nem se quer tem acesso a isso. Então eu sou sempre o pessimista da coisa.
Ju: A voz dissonante eu diria. Não pessimista.
Alec: Mesmo trabalhando com isso, né? Eu não puxo a sardinha pra minha brasa, né? A gente tem que vê os aspectos limitadores dessa coisa maravilhosa que é a conexão das pessoas em produtos ou sites de rede sociais. E eu preciso antes de me despedir, agradecer mais uma vez ao convite, mandar um grande beijo pro meu irmão Fernando Monteiro, Zé Fernando Monteiro, que ta passando por um momento péssimo, porque ele torce pro São Paulo Futebol Clube
Ju: Ô tadinho.
Cris: O Fernando não houve esse programa.
Alec: O Fernando não só ouve esse programa, como solicitou esse abraço especial.
Ju: Um beijo Fernando.
( Alec) Que é a única alegria que vai ter numa semana em que o São Paulo foi derrotado N vezes, beijo Fernandão.
(Risos, Ju e Cris)
Ju: E você Cris?
Cris: Eu fiz alguma coisa essa semana
Ju: = Olha só, olha só.
Cris: Eu tenho três indicações, a primeira dela é o Dress coração, o que aconteceu é que muitas pessoas quando viram a Tata vestida de Nina Simone para o carnaval falaram que lindo, como esses tecidos são bonitos e na verdade não é muito fácil achar tecido que tem motivos étnicos, africanos essas cores mais fortes muito grafismo e Dress coração ele tem uma loja online, tem ai o site, vai ta na pauta, onde você vai encontrar muita coisa bonita, tem muito turbante, tem muita saia, shortes, e é uma disseminação, um brilho nos olhos assim de tanta cor, então ta aqui a indicação, e quem me indicou foi a Tais Fabres, nossa amiga , beijo Tais, e eu fiquei apaixonada. A minha segunda indicação, eu tô na contramão do oscar, porque eu não tô conseguindo ir no cinema assistir nada, inclusive eu queria fazer aqui um apelo, eu já até falei no cinemark sobre isso, que estou disposta a pagar o ingresso um pouco mais caro, pra ter um espaço do lado de fora da sala de cinema para que minha filha fique brincando monitorada ali numa sala, para que eu possa ir no cinema.
Ju: Aí ó, não é muito difícil de fazer, pode contratar minha agência que a gente operacionaliza.
Cris: Eu estou disposta, eu pago por isso.
Ju: = Nada complicado. Espaço kids gente, nada complicado.
Cris: Eu não quero diversão para ir com minha filha, eu quero um programa de adulto e óbvio que eu não tenho com quem deixá-la pra cuidar, e qualquer coisa é só no WhatsApp na sala eu saio e vou ver o que que aconteceu porque no cinema gente, me ajudem eu quero muito ir a um cinema. E como eu não fui a Netflix me salva, e eu assiti um filme incrível e eu tenho um pouco de vergonha de falar que eu nunca tinha visto, mas nunca é tarde, eu assistir era uma vez na américa que faz parte da trilogia de filmes do Sérgio Leone e é simplesmente encantador, o filme tem quase 4 horas, então se você quiser, você não precisa assistir de uma vez, você pode dividir em um capítulo por dia.
Ju: Mas porque ele não dividiu?
Cris: Mas o filme está dividido em capítulos.
Alec: Mas vocês ficaram vendo séries.
Ju: = Mas custa editar? Tem uma preguiça gente que não edita. Mas aí ele edita em 45 minutos.
Cris: = Não, Juliana assiste o filme e depois você reclama.
Ju: = Série é exatamente por isso.
Cris: Porque na verdade ele tem uma história extremamente envolvente ele conta, ele narra a vida de um grupo de criança até idoso, é uma série.
Ju: = Custa dividir em quatro episódios gente?
Alec: Esse é um exemplo do que a gente chama de filmaço.
Ju: Divide em 4 episódios de 45minutos, assim todo mundo assiste. Mini Série.
Alec: Olha, eu só assisto documentários. Se vocês quiserem saber quais são os bons documentários do oscar, depois vocês me perguntem, email.
Cris: No próximo encontro, fale sobre eles.
Cris: Era uma vez na América é um filme para assistir devagarzinho, para ele custar acabar, a trilha sonora é impecável o Robert De Niro foi um ator incrível, porque hoje ele ta pagando a conta de luz ai, tem que pagar mesmo, ta certo, mas assim, o filme é sensacional, eu não vou entrar em spoiler mas é assim, narra a vida de umas crianças que formam uma “ganguezinha” de judeus, italo americanos, e o final é de cair para trás assim, é tipo, oi? Depois que você já esta tão envolvido, que você já é da família daquelas pessoas, o cara te taca uma coisa e você fala. Ah não, jura? Então recomendo fortemente, faça como a Juliana sugeriu, divida em capítulos, em uma semana você vai assistir o filme e vai ficar muito feliz. A minha última dica, amigos, eu vou convidá-los para uma desconstrução, eu tenha a entender que eu já fiz tudo errado nessa vida né? Então, minha vida agora é desconstruir e a ultima coisa que eu tenho feito recentemente que tem me levado a questionamentos é sobre levar refeições para o trabalho. Aqui no Brasil a gente tem muito a cultura de que, quando você leva a refeição para o trabalho as pessoas falam: Tá difícil né?
Ju: Ta levando marmita.
Cris: Ta levando marmita né? Coitada, agora, mas você é diretora, como assim você come de marmita? No Imaginário coletivo que se a pessoa tá levando a refeição de casa não tem dinheiro pra isso não é uma verdade. As pessoas podem comer muito bem e muito saudável levando comida para o trabalho.
Ju: Aliás é muito mais fácil que ela comam saudável levando comida para o trabalho.
Alec: Eu, você sabe que sou um adepto disso né?
Cris: = Sim
Alec: = há milênios aliás
Cris: Eu tenho aderido a isso recentemente.
Ju: você é ripster aliás. Você já levava antes de todo mundo.
(Ju, Cris e Alec) Risos
Alec: Eu sempre levei comida poque eu não preciso comer uma tonelada de óleo na rua.
Ju: = Mensal né?
Alec: Não é nem a questão de grana, poderia até ser. Um amigo meu que é o Alan e o Gabriel que esta fazendo um papel na Regra do Jogo, não perguntei qual é, mas é o garotão ali do RAP, ele disse que tava andando de ônibus no Rio e que as pessoas ficam olhando, como assim?
Cris: = Horrorizada.
Alec: O ator da novela da globo esta andando de ônibus? É um pouco na linha do que você esta dizendo, é uma coisa tão babaca.
Cris: Inclusive, eu vou alem tá?
Ju: Há, mas se o americano souber que a gente é vaidoso não pode, segue o jogo.
(Ju e Alec) Risos
Cris: Inclusive, eu andei uma boa temporada de ônibus, agora recentemente por opção e tal e eu lembro.
Alec: Mas as pessoas olhavam para você? A Cris ta aqui no ônibus?
Cris: Isso, A CEO da empresa me chamou e ela virou pra mim e disse: “Olha, você esta passando uma mensagem errada para as pessoas, que a empresa paga mal, e que por isso você tras comida e anda de ônibus”. E ela inclusive parou no ponto de ônibus uma vez pra me oferecer carona, não, eu te levo pra casa, não precisa de você ficar aqui esperando o ônibus.
Alec: Chama o Mark Messon.
(Alec, Ju e Cris) Risos.
Cris: E aí nesse negócio de querer levar uma alimentação gostosa, o grande erro que se comete quando a gente leva comida é querer reproduzir a comida que ta ali na mesa, e nisso a minha indicação é um programa da Rita Lobo, salada especial chamada Marmitinha que ela da dica sensacionais, do que você pode levar pra comer no trabalho e fica gostoso que não fica com cara de requentado, é super ativo e não tem nada de super Gourmet, são coisas bastante simples de fazer mas eu acho que esse que é o erro, você querer reproduzir o quê você serve no prato na marmita.
Alec: E a minha marmita, claro né, ta todo mundo livre para discordar, ela é fria , ou seja, não tem cheiro, para comer em qualquer lugar, poque eu não quero incomodar as pessoas com essa história.
Ju: Graciano Barbosa.
Cris: Mas é sério, eu apliquei algumas das sugestões dela, tô comendo super bem, e é gostoso, e eu acho muito legal, porque quando eu chego as pessoas falam: “Onde você comprou essa comida?”. Eu digo, fui eu quem fiz, não é possível que você fez, por que? Eu não tenho cara de quem faz isso?
Ju: Eu não tenho capacidade?
Cris: E eu sugiro isso, assistam então.
Ju: Fora que é a desgraça que ferra a dieta de muito brasileiro é o advento desses por kilo, porque para poder agradar todo mundo eles colocam uma diversidade gigante, aí a gente faz o que? há, vou provar só um pouquinho e você acaba comendo um monte de coisa que você nem comeria.
Cris: = comer strogonoff com feijão
Ju: A marmita você faz o que? É aquela porção bem. É aquilo que você vai comer, você não vai repetir, você não vai ter outra, você não tem várias opções, você vai comer aquilo, o que você racionalmente já escolheu o cardápio o que funciona.
Alec: Um dia, quando o mamilos tratar do bufet, por favor me convidem, porque eu sou o maior crítico do bufet, comida não foi feita pra ficar exposta né? Comida é feita para ser consumida, detesto bufet, odeio.
(Cris e Ju) Risos
Cris: Não é marmita, é compact food.
Cris: Bom, ta ai o especialzinho da Rita Lobos, eu vou colocar o link, assistam e peguem dicas bem legais para vocês, é isso aí gente, temos um programa?
Ju: Temos, hoje, vocês não imaginam os bastidores deste programa, faltou luz, faltou bateria, deu pane no trem, deu tudo errado e deu tudo certo.
Cris: = Deixa quieto
Cris: Fica a gostosa sensação de ter conversado com vocês mais uma vez. Obrigada Alec
Ju: Obrigada Caio
Cris: Beijo Camila, beijo gente, obrigada.
Alec: beijo, tchau.