“O Franco-Atirador”: Sean Penn como herói de ação envelhecido • B9

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“O Franco-Atirador”: Sean Penn como herói de ação envelhecido

Mesmo em um universo derivativo, diretor Pierre Morel consegue ser autoral em nova adição ao segmento brucutu 50+

por Virgílio Souza

⚠ AVISO: Contém spoilers

“O Franco-Atirador” é um bom longa de ação que se torna ainda mais interessante quando visto no contexto da filmografia de seu diretor, Pierre Morel. Trata-se de seu primeiro filme sem o nome de Luc Besson — talvez sua principal referência de cinema — associado ao roteiro e também sua primeira adaptação de outro material — o romance de Jean-Patrick Manchette, um dos autores responsáveis por revigorar a literatura policial nos anos setenta e oitenta. Chama a atenção, nesse sentido, a capacidade de, reunindo alguns dos elementos mais valiosos do trabalho do cineasta, confirmar uma visão muito particular do gênero.

Assim como “Busca Implacável”, “O Franco-Atirador” é também organizado em função de curtos momentos de alta intensidade

O primeiro aspecto que salta aos olhos é a forma como Morel trabalha o subtexto político, usualmente não muito sutil, mas eficiente nesta proposta e apresentado de maneira objetiva por meio de imagens de televisão que abrem e encerram a projeção. Se em “B13 – 13° Distrito” havia a questão dos guetos parisienses, em “Busca Implacável” se abordava o tráfico de mulheres da capital francesa para a Albânia e em “Dupla Implacável” (o menos discursivo deles) o foco era um ataque terrorista contra a delegação americana, aqui tudo gira em torno das ações de Jim Terrier (Sean Penn) no período de guerra civil na República Democrática do Congo, tendo o ano de 2006 como ponto de partida. Quase uma década após ser contratado para assassinar o ministro de minas do país, ele se torna o principal alvo de antigos conhecidos, ao mesmo tempo em que reencontra e passa a precisar proteger Annie (Jasmine Trinca), o amor que havia abandonado no passado e seu único indício de sanidade.

O diretor Pierre Morel no set

O diretor Pierre Morel no set

Gunman

A mudança de eixo de Paris para a África Central e, posteriormente, para Barcelona, com pequenos segmentos em Londres e Gibraltar, é fundamental para que o cineasta estruture toda a narrativa em direção à ação — a passagem dos personagens de e para cada um destes centros oferece dimensões distintas aos acontecimentos, inclusive no que diz respeito à forma como os confrontos entre eles ocorrem e ao tom assumido pela narrativa. Ainda que em menor grau do que em “B13” e “Busca Implacável”, quando o parkour e o combate físico ocupavam, respectivamente, o centro das atenções, “O Franco-Atirador” é também organizado em função desses curtos momentos de alta intensidade.

Exemplo claro dessa habilidade do filme é a sequência na casa de campo de Felix (Javier Bardem), quando Jim precisa escapar do local, uma verdadeira fortaleza, enquanto seus inimigos tentam tomá-la. Morel transforma esse simples esquema em algo de dimensões enormes: aumenta a tensão graças à presença de uma figura indefesa em cena, explora todas as possibilidades sonoras não apenas com tiros e gritos e, principalmente, compreende bem o espaço em questão, manipulando-o de maneira inteligente ao utilizar fogo e água para conferir ao embate um caráter único. É também impressionante o modo como se vale das regras do gênero e de traços muito próprios do suspense para elevar a ação no trecho da invasão do apartamento em Barcelona, quando a paciência desempenha um importante papel.

Nessa mesma lógica, os reencontros do protagonista com figuras do passado funcionam mais como propulsores de movimento do que propriamente como espaços para construção dos personagens ou aprofundamento da temática. Toda a discussão com Cox (Mark Rylance) no oceanário, por exemplo, pouco acrescenta para além de levar os atos para um novo cenário, o mesmo valendo para o segmento em que Felix está alcoolizado — a exceção talvez seja Stanley (Ray Winstone), embora sua importância seja oposta, de acalmar os ânimos e preparar o terreno para um novo segmento da trama. É quando aparecem novos rostos, como o do agente vivido por Idris Elba, que os eventos ganham maior senso de consequência e o filme situa, de fato, o que está em jogo.

Gunman

Capaz de ir além do caráter esquemático de produtos do gênero, “O Franco-Atirador” consegue se sobressair num universo repleto de repetições pouco inspiradas

No limite, porém, o que vale é a noção de desequilíbrio causada por Jim, seguindo a ideia anunciada a ele por outro personagem em certo trecho. A presença dele em cena causa desconforto seja por sua própria natureza, pela força das circunstâncias ou por sua condição de saúde, e a performance intensa de Penn, somada à sua preparação física, contribui para essa impressão — é o que ocorre nos momentos em que ele divide a tela com Bardem, ainda que este último não mantenha o porte firme de suas atuações em “O Conselheiro do Crime” e “007 – Operação Skyfall”. Seus delírios e alucinações, filmados com recursos óbvios que alteram o foco e estremecem a percepção do espectador, porém, são o ponto mais fraco de sua composição, não justificando a atenção voltada a eles, significando pouco nos termos de drama psicológico e adicionando ainda menos à lógica do herói envelhecido explorada anteriormente por Morel, por exemplo, em seu filme estrelado por Liam Neeson.

Dentre as tendências exploradas novamente pelo cineasta, funciona melhor a interação dos personagens com os cenários. O uso de objetos como arma e o contato contínuo dos corpos com aquilo que os rodeia são positivos para as sequências de ação e auxiliados também pelo uso competente do som, o que resulta, entre outras coisas, em uma das sequências mais interessantes do longa, em que a imagem do touro, tão recorrente e cara à narrativa, e os gritos de olé, típicos daquele universo, se unem com o mesmo propósito.

É por momentos como este, capazes de ir além do caráter esquemático de produtos do gênero, que “O Franco-Atirador” consegue se sobressair num universo repleto de repetições pouco inspiradas. Mesmo que alguns de seus principais méritos sejam derivativos, há algum frescor na forma como Morel trabalha tais elementos, conferindo a eles um grau de autoralidade mesmo em seus momentos mais convencionais.

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