Há uma longa cena até que sejamos apresentados aos créditos de “Mogli – Entre Dois Mundos” . Após uma violenta batalha na selva, uma pantera encontra uma criança e, em vez de matá-la, a leva até o conselho da floresta. Lá, os animais líderes da comunidade debatem sobre a permanência do humano na  selva. Os ...", "description":"Há uma longa cena até que sejamos apresentados aos créditos de “Mogli – Entre Dois Mundos” . Após uma violenta batalha na selva, uma pantera encontra uma criança e, em vez de matá-la, a leva até o conselho da floresta. Lá, os animais líderes da comunidade debatem sobre a permanência do humano na  selva. Os ...", "url": "https://www.b9.com.br/100828/mogli-entre-dois-mundos-cria-dois-universos-essencialmente-violentos/", "author":{ "@type":"Person", "name":"Matheus Fiore", "sameAs":"https://www.b9.com.br/autor/mfiore/" }, "inLanguage":"pt_br", "itemReviewed":{ "@type":"Movie", "name": "Mogli – Entre Dois Mundos", "sameAs": "", "image":{ "@type":"ImageObject", "url":"https://i0.wp.com/assets.b9.com.br/wp-content/uploads/2018/12/cvouWIwTGsj3eEisiZMTcnWFvaW.jpg?fit=2048%2C1152&ssl=1" } }, "publisher":{ "@type":"Organization", "name":"B9", "sameAs":"https://www.b9.com.br" }, "reviewRating":{ "@type":"Rating", "worstRating":0, "bestRating":5, "ratingValue":3 } } "Mogli – Entre Dois Mundos" cria dois universos essencialmente violentos • B9

Comentários

Sua voz importa aqui no B9! Convidamos você a compartilhar suas opiniões e experiências na seção de comentários abaixo. Antes de mergulhar na conversa, por favor, dê uma olhada nas nossas Regras de Conduta para garantir que nosso espaço continue sendo acolhedor e respeitoso para todos.

Capa - “Mogli – Entre Dois Mundos” cria dois universos essencialmente violentos

“Mogli – Entre Dois Mundos” cria dois universos essencialmente violentos

Filme apresenta versão mais sombria e violenta para "O Livro da Selva"

por Matheus Fiore

Há uma longa cena até que sejamos apresentados aos créditos de “Mogli – Entre Dois Mundos”

. Após uma violenta batalha na selva, uma pantera encontra uma criança e, em vez de matá-la, a leva até o conselho da floresta. Lá, os animais líderes da comunidade debatem sobre a permanência do humano na  selva. Os lobos e a pantera querem protegê-lo, mas o tigre, que é o ser mais cruel da região, quer devorá-lo. Desde o primeiro fotograma do filme, Mogli está em perigo, e só quando o conselho finalmente decide deixá-lo viver e aprender com os lobos, é que finalmente são projetados os créditos de “Mogli – Entre Dois Mundos”. É como se os créditos de abertura da obra fossem a sentença de vida daquele ser que esteve a uma mordida da morte.

Essa introdução, que apresenta o cenário e os personagens antes mesmo de anunciar o filme, é um retrato muito eficiente do mundo que Andy Serkis quer construir com seu “Mogli”. É uma selva bem distante da que usualmente é retratada em fábulas e animações infantis. Não é apenas a figura antagonista que põe a vida do protagonista em perigo, mas todo o ambiente. A própria rotina dos animais, que Mogli precisa seguir por viver com eles, é repleta de atividades perigosas.

Não é apenas a figura antagonista que põe a vida do protagonista em perigo, mas todo o ambiente.

A visão de Serkis, porém, não é de um mundo essencialmente cruel. A selva de “”Mogli – Entre Dois Mundos”” é um espaço organizado, que respeita suas hierarquias, leis e tradições. É harmônico. A fotografia de Michael Seresin respeita muito essa harmonia, criando planos com a câmera próxima ao chão, tendo a imagem geralmente atravessada por folhas de plantas. É um cenário contemplativo e belo; que usa, muitas vezes, uma luz dourada para glorificar a harmonia daquele ambiente. A violência existe em virtude da natureza dos seres – tanto animais quanto humanos. Há, porém, uma ética que norteia os personagens.

Ao criar esse mundo, fica fácil para Serkis fazer com que Mogli não pareça pertencer ao lugar e evidenciar que a jornada do protagonista é justamente para encontrar sua identidade. Imagens do personagem principal correndo pela selva, tentando acompanhar seus irmãos e amigos lobos, são usadas em diversos pontos, sempre destacando como o protagonista encontra empecilhos onde os animais não encontram – se os lobos passam correndo livremente por um trajeto, Mogli é retardado por folhas, galhos e outros objetos. O reflexo disso é uma aparência sempre suja ou ferida para o protagonista, como se sua existência na selva fosse, por essência, algo tortuoso.

Andy Serkis (diretor) no set de “Mogli”

A ideia dessa primeira metade da projeção é estabelecer essa sensação de “não pertencimento” para, posteriormente, trazer o personagem conquistando seu espaço. É a partir daí, infelizmente, onde “Mogli” começa a escorregar. Personagens extremamente superficiais e acontecimentos muito apressados impedem que haja qualquer drama na brusca mudança de vida de Mogli, que é obrigado a abandonar sua família. Na tentativa de desenvolver a busca por identidade de seu protagonista, “Mogli” esbarra em uma sucessão de cenas verborrágicas e expositivas nas quais surgem personagens que parecem existir apenas para explicar tudo, tim-tim por tim-tim, para o público – paralelamente, o próprio Mogli assume uma postura passiva pouco condizente com seu papel protagonista; é um personagem que muito ouve e pouco fala.

Serkis e os roteiristas Rudyard Kipling e Callie Kloves parecem tão fascinados com o lindo visual criado, que se esquecem de que o que torna aquela trajetória realmente relevante são os seres vivos daquele mundo. Parece haver pressa para reinserir a narrativa na selva e logo abandonar o núcleo humano, algo que impede que possamos ter uma ideia de quais são as semelhanças e diferenças que definem esses dois universos.

O visual, claro, não é o problema; é muito bem feito, na verdade. Mesmo que os animais tenham, no geral, um visual muito caprichado, a narrativa nunca almeja fazê-los parecer animais reais. Há muitas concessões. Há uma fuga da realidade presente em pequenos gestos, como um tigre que praticamente coça o queixo com sua pata, como se ela fosse um braço. O problema mesmo é que tais personagens parecem não ser capazes de ir além de arquétipos do mito do herói. Há o mestre, a figura paterna, o vilão… Todos se atém demais às características típicas de cada um desses arquétipos. O vilão vivido por Benedict Cumberbatch, por exemplo, só está lá para representar o perigo, mas é um personagem demasiadamente superficial. Já a serpente interpretada por Cate Blanchett parece ser apenas um meio de o filme explicar coisas para o espectador.

O filme estabelece uma sensação de “não pertencimento” para depois proporcionar a conquista do espaço.

Há uma queda de qualidade enorme na segunda metade de “Mogli – Entre Dois Mundos”. O filme parece não funcionar fora da floresta. Os bem interpretados animais e a cativante selva apresentados na primeira metade dão lugar a um vilarejo sem personalidade, com personagens que parecem não ter nada a dizer ou representar. Fica nítido desde o início questão um lugar de passagem, e que Mogli jamais criará laços ali, e o roteiro não faz nenhum esforço para atenuar essa situação pelo menos tentando construir um laço entre Mogli e os humanos. É um lugar que serve apenas para reafirmar que o lugar do menino é na selva, mas isso já fica estabelecido desde a primeira cena, quando Mogli é colocado em uma jaula, ambiente que nunca esteve quando entre os animais.

“Entre Dois Mundos” talvez seja a adaptação mais sombria da obra “O Livro da Selva”. Serkis abre mão da inocência que é essencial para os filmes mais populares que adaptaram a história, inserindo em seu lugar um cenário mais violento e sombrio. Mogli precisa encontrar seu lugar não para simplesmente ser uma “criança feliz”, mas para ter o direito de viver. Serkis faz da trajetória do menino lobo uma jornada pela sobrevivência. A Mogli, resta encontrar seu lugar no mundo e lutar por ele. É elogiável esse esforço por tirar o cânone da zona de conforto, mesmo que no meio do caminho, o filme, bem como o próprio Mogli, encontre alguns percalços.

nota do crítico

todo tipo
de conversa
para quem quer
sair do raso
Photo by Prince Akachi on Unsplash

transforme sua marca em conversa
conte com o b9

20 anos de pioneirismo digital

Aqui no B9, a gente adora uma conversa. Mais do que uma paixão, elas viraram o nosso negócio. O B9 já produziu milhares de episódios, canais temáticos, eventos, palestras e campanhas que contam histórias, expandem horizontes e criam conexões autênticas com a audiência. Buscando diferentes pontos de vista e com ideias que nos tiram do raso. Através de oportunidades de mídia, conteúdos originais em podcast e projetos multiplataformas, o B9 também coloca marcas e empresas nessas rodas de conversa. Pra conhecer nossos cases e tudo o que o B9 pode fazer pela sua marca acesse o site:

negocios.b9.com.br
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro
  • Logo de parceiro