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Capa - Em “Godzilla II: Rei dos Monstros”, o apocalipse nunca foi tão banal

Em “Godzilla II: Rei dos Monstros”, o apocalipse nunca foi tão banal

Combate entre as criaturas gigantes dominam todas as atenções da sequência, que sofre para escapar do inchaço e conferir dramaticidade aos eventos

por Pedro Strazza

Entre o segundo remake de “Godzilla” e sua continuação, “Rei dos Monstros”, existe um intervalo de cinco anos que ajuda a explicar em parte o porquê de ambas as produções, embora reunidas sob o guarda-chuva de uma mesma franquia, se distinguirem tanto entre si. O longa de 2014, dirigido por Gareth Edwards e lançado depois de uma campanha misteriosa e que anunciava o projeto praticamente como uma versão “verossimilhante” do surgimento e invasão de um monstro de quilômetros de altura, vinha pouco depois do auge comercial da trilogia do “Cavaleiro das Trevas” de Christopher Nolan nas telonas e da urgência de produções mais “realistas” dentro do formato do blockbuster hollywoodiano, o que talvez tenha ajudado o filme a ser recebido de forma tão dividida em sua estreia e num debate movido a reclamações da ausência de sua principal atração em grande parte da história.

Já a sequência comandada por Michael Dougherty chega aos cinemas num momento muito diferente, quando a principal moeda de troca do mercado parece morar na relação com os fãs e – graças ao sucesso do Marvel Studios – na expansividade contínua e ininterrupta de um grande universo por trás das produções, munidas ainda de um flerte cada vez maior dos estúdios estadunidenses pelo setor asiático e os cinemas chineses, que injetam quantias cada vez mais agressivas de bilheteria aos lançamentos arrasa-quarteirão. Talvez por conta de seu peso (literal nas telas, simbólico nos números), este segundo “Godzilla” não demora a se mostrar direcionado por esta trindade de valores comerciais, até porque sua meta inicial soa em alguns momentos como um “reparo” daquilo que tinha saído “errado” no anterior aos olhos dos fãs – uma relação que aos poucos vai se mostrando deteriorante aos próprios caminhos da produção.

O diretor Michael Dougherty (à direita) conversa com Millie Bobby Brown no set

Os sinais mais claros desta engenharia reversa surgem de bate pronto na maneira como os monstros (ou titãs, para ficar na linguagem da trama escrita por Dougherty e Zach Shields) são retratados na narrativa. Se no longa de Edwards reinava uma perspectiva mais humana e “do chão” sobre os conflitos entre os superseres, “escondendo-os” não por uma questão de suspense comercial mas de incredulidade humana sobre os eventos, a continuação já nos primeiros minutos declara seu interesse quase solitário sobre as criaturas, que aqui se multiplicam e dominam as atenções da tela a todo e qualquer instante. O chamariz da narrativa, afinal, é única e exclusivamente o grande combate entre Godzilla e seu nêmesis King Ghidorah, cujas batalhas são encenadas numa perspectiva da destruição quase idêntica às dinâmicas de luta de “Dragon Ball”, desconsiderando eventuais arredores para amplificar a potência dos atos e as evoluções de poder subsequentes – só o Godzilla deve ter umas três formas na história.

Mesmo o elenco humano de personagens subexiste neste atendimento dos kaijus e seus conflitos, como o drama principal que é encenado em cima de relações familiares disparadas e movidas pela passagem das criaturas. A exemplo dos protagonistas do filme de 2014, a família vivida por Kyle Chandler, Vera Farmiga e Millie Bobby Brown revela logo no início um trauma causada pela presença e passagem do Godzilla, mas aqui sua condução é gerida pelo debate subsequente à revelação deste e outros titãs, mal disfarçado numa questão ambiental que logo se mostra vaga e banalizada ao tom do bom e velho apocalipse mundial.

As batalhas são encenadas numa perspectiva da destruição quase idêntica a uma dinâmica de luta de “Dragon Ball”

Se aos olhos dos fãs estas alterações já parecem vir como bálsamo em sua definição, por inverterem a ordem de importância narrativa e “focar naquilo que é bom de verdade” (ou seja, a porrada), dentro do filme as novas dinâmicas no fundo retornam o longa a uma posição antiga de blockbuster de grande orçamento dos anos 90, uma ditada pela grandiosidade destrutiva de efeitos visuais que a narrativa nunca parece assimilar direito. Isso porque ainda que busque se afastar do antecessor e privilegiar a bombasticidade dos duelos, “Rei dos Monstros” muitas vezes tenta resgatar as noções de escala do cinema de Edwards para dentro de sua destruição, afim de garantir peso a seus desfechos pelas casualidades humanas envolvidas, mas isso somente contribui para denotar a falta de impacto dos conflitos sobre o cenário e a trama. Se personagens morrem em um segundo e cidades inteiras são aniquiladas num estalar de dedos, a narrativa nunca é capaz de dar vazão ao clima apocalíptico que se instala e, pior, insiste em reproduzir isso por outros canais.

Na prática, claro, isso significa litros e litros de diálogos expositivos, com direito a coadjuvante (a cientista interpretada por Ziyi Zhang, no caso) existindo apenas para preencher a briga de qualquer enchimento mítico ao alcance. Mesmo um dos grandes momento dramáticos da história, o conflito direto entre os dois discursos presentes no roteiro, é reduzido a uma ligação de Skype que ainda isola todos os envolvidos no quadro, reforçando o individualismo semi-novelesco e incoerente com a discussão em pauta; as relações familiares são introduzidas para despertar interesse sobre os personagens, mas logo se convertem em batidas emocionais clichês a serem seguidas pelo elenco.

Fica a sensação, assim, de um fim do mundo banalizado, um cujo clima de consequências fatais nunca se mostra verdadeiro mesmo quando monstros gigantescos se mostram comprometidos na tarefa de arrasar cidades e aniquilar a humanidade. A necessidade da história tentar esclarecer a todo instante a ausência de grandes fatalidades no decorrer da história – uma medida que só acentua a noção paradoxal de um desastre global pontual, vide todo o clímax em Boston – não ajuda muito nestes momentos, mas no fim o próprio desinteresse dos personagens sobre o debate e as consequências catastróficas da destruição dos monstros só reforçam a fragilidade estrutural do filme como um todo – isso e a recorrência insistente de menções ao King Kong e sua Ilha da Caveira, que existem aqui para preparar o terreno do próximo grande apocalipse do próximo grande capítulo da história.

Fica a sensação de um fim do mundo banalizado, um cujo clima de consequências fatais nunca se mostra verdadeiro

O que sobra então no filme, entre os destroços e os gritos vazios de desespero? Sobra a porradaria franca e pura entre os titãs, cujos conflitos Dougherty aqui e ali acha um ponto de vazão emocional pela destruição cada vez maior dos ambientes e dos monstros, mesmo sem nenhuma noção sobre a amplitude destes efeitos – chega a ser irônico que a primeira grande batalha na Antártida e a última em Boston soem visualmente parecidas, por exemplo. Personagens icônicos da franquia “Godzilla” como Mothra, Rodan e o próprio Ghidorah são introduzidos e alinhados como vilões e mocinhos sem maiores explicações, desempenhando suas funções dentro do suposto épico enquanto cabe aos humanos, personagens ou espectadores, preencherem seus atos de qualquer ladainha que convenha à suposta grandiosidade mostrada.

Esta centralidade dos efeitos visuais na narrativa, aliás, encaixam sem muita surpresa nos anseios do mercado chinês atual por superproduções hollywoodianas nos moldes do super caos apocalíptico da safra do fim dos anos 90, um ato que em si não deixa de ser curioso dado as consequências indiretas que desperta. Se considerar o próprio remake de “Godzilla” dos anos 90 (uma tentativa clara de adaptar a franquia japonesa segundo as normas do cinema de orçamento inchado da época), com “Godzilla II” os “fãs” de uma franquia pela primeira vez na História parecem ter completado um ciclo em Hollywood, no curso de 20 anos saindo e voltando à mesma condição de blockbuster descerebrado sobre criaturas gigantes destruindo cidades a partir das reclamações e desejos de algo “único” dentro do circuito de estúdios – a única mudança “conquistada” por eles, na real, foi mover a bagunça de Nova York para Boston.

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