Cannes Lions 2025: Valores e princípio(s)
Os princípios humanos podem evitar que as empresas se tornem operacionais e não inspiracionais

A manhã de hoje aqui no Palais foi cheia de estrelas – da publicidade, do entretenimento, das grandes corporações. O traço comum nas primeiras três talks que vi foi uma ótima maneira de inaugurar a semana do Cannes Lions: princípios e humanidade.
A Apple, ao falar de seus produtos e campanhas, começou fazendo um statement forte: algoritmos e AI são inteligentíssimos e lógicos – mas o caminho para as conexões humanas nem sempre é lógico.
Tor Myhren falou que a companhia defende o toque humano (figurativa e literalmente). Que a maior parte dos produtos e funcionalidades que cria partem deste lugar e de 5 outros princípios:
- A bússola moral, mais do que a receita. Foi assim que ele mostrou a nova funcionalidade dos airpods, que agora podem ser usados como solução para dificuldades ou deficiência auditiva. Sir John Hegarty falou uma frase que o auditório Lumiere registrou em silêncio: ” o dinheiro tem voz, mas não tem alma”.
- Privacidade.
- Intimidade: o que está por detrás de aparelhos como o Apple Vision Pro, que nos deixam em contato intimo com a história sendo contada.
- Keep it real: humanos querem interagir com outros humanos e de forma humana.
- Otimismo (até porque o mundo já tem bastante do contrário, não é mesmo?
Tor nos deleitou com lindos slides (que ele fez questão de dizer que foram executados com um Apple Pencil em um iPad Pro) e explicou a obsessão da Apple pelo craft: “detalhes extremos são inerentemente humanos”.
Depois, foi a vez da Disney falar sobre storytelling – num painel com o creator e celebridade Sterling K Brown e o roteirista Dan Fogelman (que escreveu, pasmem: This is Us, Only Murders in the Building, Paradise e muitos outros sucessos das telas). A frase que ficou do painel, dita por Sterling: “é preciso gostar de pessoas para poder escrever sobre elas”.
E pra terminar a manhã, Sir John Fogerty falou sobre a armadilha do crescimento para as empresas. De como em tempos de AI o jogo vai mudar, não só a criatividade, mas quem pode brincar de ser criativo. Agora, todo mundo pode ser um.
E é aí que ele volta aos princípios humanos para evitar que as empresas se tornem operacionais e não inspiracionais. Segundo ele, as grandes marcas que resistiram ao tempo foram fiéis aos seus princípios e souberam comunicá-las mesmo depois da morte de seus fundadores. Um bom exemplo de quem fez isso pra ele? A Igreja Católica.
A vantagem que temos agora é que com AI, uma empresa inteira pode conversar com seu fundador falecido. Basta criar um agente, treiná-lo com toda a informação disponível sobre a vida do fundador e… você volta a poder ter aquela lente presente na vida da empresa. E para o palestrante, essa “volta ao futuro” é de grande importância justamente pelo resgate dos princípios.
John terminou chamando a platéia para acompanhá-lo num novo momento da indústria que, segundo ele, reside em criar idéias corajosas e ousadas em escala. Com AI trabalhando como uma colaboradora, mais do que como ferramenta.
Será que vamos habitá-lo em breve?

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