Cannes Lions retira Grand Prix da DM9 e lança freios ao uso de IA

Cannes Lions oficializou nesta sexta (27) a retirada do Grand Prix de Creative Data concedido à DM9 por “Efficient Way to Pay”, campanha da Consul. A decisão vem após o festival concluir que o videocase usou conteúdo gerado e manipulado por IA para “simular eventos reais”, violando regras de representação factual. Confira o case original abaixo:

Por que importa

• Credibilidade em xeque: O maior prêmio de dados do festival virar pó acende o alerta para a “cultura do case” que vale mais que a realidade.
• De olho no Brasil: DM9 é uma das agências-símbolo do mercado; o escândalo respinga em toda a indústria local.
• IA sem freio = sanção. Cannes estreia protocolo duro antes que deepfakes virem rotina nos Leões.

O que Cannes mudou:

Pilar	O que entra em vigor
Compromisso	Novo Código de Conduta obrigatório para todo inscrito.
Transparência	Divulgação de uso de IA na ficha de inscrição; omitiu, dançou.
Detecção	Ferramentas de content detection para checar casos suspeitos.
Julgamento	Comitê dedicado com especialistas em IA, ética e integridade de conteúdo.

O festival agora prevê desclassificação, retirada pública de prêmios e exposição do infrator.

E a faxina não parou no Grand Prix

• DM9 retirou, “por vontade própria”, outros dois cases (“Plastic Blood” e “Gold = Death”). Motivo: “insatisfação com o nível de legitimidade de cada um dos trabalhos.” Todos os Leões associados serão devolvidos.
• O copresidente e CCO Icaro Doria deixou o cargo.

O que fica depois da polêmica

• Pressão de alto risco. A caça crescente por prêmios empurra agências a “embelezar” dados; agora o custo ficou real.
• Benchmark ético. Cannes sobe a barra — clientes e outros festivais tendem a exigir o mesmo disclosure de IA.
• Próximo passo: Como as auditorias vão validar resultados de campanhas que misturam mídia paga, first-party data e algoritmos proprietários?

Frase oficial do festival: “Celebrar criatividade real, representativa e responsável.”