Ainda que muito bem inserido no universo Marvel, “Homem-Formiga” consegue ser único • B9
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Ainda que muito bem inserido no universo Marvel, “Homem-Formiga” consegue ser único

Com o auxílio de Paul Rudd, diretor Peyton Reed conduz um filme que se mostra bastante consciente da própria natureza

por Virgílio Souza

⚠ AVISO: Contém spoilers menores

Observado à distância, “Homem-Formiga” parece ser o filme mais necessário realizado pela Marvel nos últimos anos. É verdade que se trata de um capítulo genérico, em termos de trama e formato, no plano de construção deste amplo universo do estúdio, mas as lições deixadas no que diz respeito à escala do projeto e sua inserção neste contexto são valiosas. Resta saber se certas características podem e serão transpostas para heróis de maior renome — o palpite mais fácil é de que não.

Centrado em Scott Lang (Paul Rudd), um personagem semi-desconhecido pelo grande público, o filme se mostra bastante consciente da própria natureza desde o princípio, quando se dedica pacientemente a apresentar o protagonista e os elementos que, em seguida, após quase uma hora de projeção, o tornarão um herói. A escolha para a direção de Peyton Reed, experiente em comédias como “Sim Senhor”, “Separados pelo Casamento” e vários seriados televisivos, se revela certeira: diferente de filmes como “Guardiões da Galáxia” e “Os Vingadores” (ou até mesmo os dois últimos “Homem de Ferro”), “Homem-Formiga” não é uma comédia travestida de ação.

Da forma como o personagem principal rejeita seu uniforme e os poderes que ele carrega aos carismáticos coadjuvantes que o auxiliam na missão (Michael Peña, David Dastmalchian e T.I.), tudo parece direcionado para produzir humor não como uma competição de pequenas tiradas entre os heróis mais poderosos de todos os tempos, mas com uma naturalidade que impressiona positivamente, fruto do roteiro escrito com competência por Edgar Wright, Joe Cornish, Adam McKay e o próprio Rudd a partir de uma história concebida pelos dois primeiros.

Peyton Reed (à esquerda) e Paul Rudd no set

Peyton Reed (à esquerda) e Paul Rudd no set

Homem-Formiga

Nesse sentido, o intérprete do protagonista é uma força a ser reconhecida. Habitual colaborador de Judd Apatow (“O Virgem de 40 Anos”, “Ligeiramente Grávidos”, “Bem-vindo aos 40”) e não propriamente um galã hollywodiano, mas o mais próximo disso possível, ele adapta o papel de mocinho charmoso e levemente sarcástico para um universo que muitas vezes falha por se levar tão a sério mesmo quando trata, com humor ou drama, dos eventos mais absurdos.

Um dos grandes méritos do filme, aqui, é não sofrer por falta de realismo ou plausibilidade, sabendo reconhecer, de maneira bem direta, que as tais explicações pseudo-científicas para os acontecimentos em tela não interessam e chegam a dar sono. Ainda assim, é interessante a forma como Reed consegue articular um pequeno conjunto de ideias básicas e incorporá-lo ao desenvolvimento da trama — uma sequência decisiva no terceiro ato, que sequer parece pertencer ao estúdio por trabalhar tais questões com maior liberdade, inclusive visualmente, é sinal claro disso.

É dessa capacidade de reconhecer sensações incômodas comuns a filmes da Marvel e usá-las a seu favor, que deriva boa parte das qualidades de “Homem-Formiga”.

Se as principais produções dos estúdios por vezes se prendem excessivamente à lógica de action figures destruindo maquetes criadas em computador, aqui é uma maquete real que acaba destruída enquanto uma criatura minúscula tenta desviar dos destroços. Este aceno, que surge também em outras cenas, demonstra o acerto em partir do gigantismo e da megalomania para investir em espaços reduzidos, que permitem situações curiosas (o atropelamento de trem) e de grande intensidade (a banheira inundando e o combate no ar ao som de The Cure, por exemplo).

O sucesso do filme parte muito mais de seu caráter único do que de um vínculo reforçado para agradar um público específico

O modo como o longa se equilibra entre as dimensões reais do protagonista e seu tamanho reduzido quando transformado pelo uniforme é também digno de nota. Variando entre close-ups voltados para os rostos dos personagens e planos bem abertos, a câmera é capaz de conferir energia às sequências e oferecer profundidade àquele universo, duas marcas do currículo de seu diretor de fotografia, Russell Carpenter (de “Titanic”). O exercício de imersão, aliado ao ótimo trabalho de efeitos visuais, sobretudo quando as formigas estão envolvidas em cena, permite que o filme se mantenha contido na escala da ação e possa experimentar aspectos mais criativos — o humor visual e ágil típico de Wright, por exemplo, surge em vários momentos, inclusive nos curtos flashbacks, mesmo após sua saída da direção.

Ant-Man

Ant-Man

Contribui para a abertura de novas possibilidades o fato de que, estabelecidas as origens do herói, a trama se torna um típico filme de assalto. Assim, é possível explorar o planejamento e a execução da missão antes de mergulhar de vez no típico conflito mocinho versus bandido — que, não se engane, também é bem executado, apesar de Darren Cross/Jaqueta Amarela (Corey Stoll) ser o elo mais fraco da trama.

Neste caminho, ainda há espaço para tratar da dinâmica entre pai e filha, vivida tanto pelo criador do uniforme, Dr. Hank Pym (Michael Douglas), e Hope (Evangeline Lilly) quanto pelo protagonista e a ótima Cassie (Abby Ryder Fortson). Em ambos os casos, a temática é pautada pela ausência da figura paterna e, muito embora ela se dê por razões distintas, é inegável sua contribuição para a construção dos personagens individualmente.

Por mais distante que possa parecer em termos de proporção, porém, “Homem-Formiga” se aproxima bastante e bem objetivamente do universo Marvel no cinema. Além das menções seguidas aos Vingadores, a participação em tela de um deles — na primeira cena em que Scott domina seu uniforme, como em um ritual de iniciação — é fundamental para atar os laços entre os filmes, o mesmo podendo ser dito da cena pós-créditos. De todo modo, é importante notar que seu sucesso parte muito mais de seu caráter único do que de um vínculo reforçado para agradar um público específico, uma percepção que o terceiro ato — intenso, inusitado e incrivelmente bem elaborado — coroa perfeitamente.

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