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Oscar 2017: uma chance de fazer história

Um ano após o #OscarSoWhite e os protestos contra a falta de diversidade, Hollywood se reúne diante de uma oportunidade rara para sinalizar uma mudança de rumos

por Virgílio Souza

Há cerca de um ano, apresentamos aqui uma série de dados que, naquele momento, confirmavam as principais reivindicações centralizadas na hashtag #OscarSoWhite. A ausência completa de indicações para profissionais negros nas quatro categorias de atuação pelo segundo ano consecutivo, bem como a esmagadora presença branca nos demais prêmios, fez despertar uma forte campanha por diversidade. Em resposta ao movimento, apoiado por figuras importantes da indústria e dono de notável repercussão, a Academia anunciou que trabalharia para tornar seu conjunto de membros mais representativo.

Avaliar os resultados imediatos desse tipo de medida leva a sinais promissores, mas parece prematuro. Embora a premiação tenha sido um marco nas discussões sobre racismo em Hollywood, é necessário lembrar que a questão tem componentes mais profundos. O reconhecimento do talento é importante, mas os números da atual edição e eventuais recordes quebrados não podem mascarar um fato central: uma performance precisa acontecer para poder ser celebrada. Ou, parafraseando o discurso de Viola Davis ao receber o Emmy em 2015: você não pode ganhar troféus por papéis que não existem. É preciso pessoas diferentes para contar histórias diferentes.

Assim, a lista de tarefas dos tomadores de decisão do cinema americano inclui não apenas oferecer mais e melhores oportunidades a atores que pertencem a minorias, como também inserir esses grupos em todas as etapas do processo. A quarta edição do ótimo Relatório da Diversidade em Hollywood (confira aqui), organizado pelo Centro de Estudos Afro-Americanos Ralph J. Bunche, da UCLA, lista uma série de iniciativas relacionadas à democratização do cinema e da televisão nos Estados Unidos, mas alerta para a importância de mudanças mais drásticas, sobretudo no que diz respeito às posições de comando e à mentalidade vigente. Ainda que simbólico e pequeno diante da realidade, o Oscar pode dar mais um passo em direção a isso.

Ainda que simbólico e pequeno diante da realidade, o Oscar pode dar mais um passo em direção à igualdade

Manchetes como “Bradford Young é o segundo diretor de fotografia negro indicado em 89 anos” ou “Joi McMillon é a primeira mulher negra indicada como montadora”, vistas nas últimas semanas, são encaradas com um misto de alegria pelo reconhecimento e frustração pelo atraso histórico com que ele chega. Mesmo que a dupla não saia da festa com troféus em mãos, o trabalho desempenhado em “A Chegada” e “Moonlight”, respectivamente, é digno de aplausos — “La La Land”, porém, segue favorito nas duas categorias.

De todo modo, as prováveis (e merecidas) vitórias de Mahershala Ali e Viola Davis como coadjuvantes deverão ser pontos altos na noite: ele, o principal destaque de um dos filmes mais memoráveis do ano; ela, primeira negra a alcançar três indicações na função, uma grande protagonista relegada sem razão à posição secundária. No caminho do ator, estão Dev Patel (“Lion”), um londrino de pais quenianos com origens indianas, e Jeff Bridges (“A Qualquer Custo”), um veterano amado por seus pares. Já entre a atriz e o prêmio não parece haver obstáculos, e é possível acreditar que ela venceria também se disputasse a categoria principal.

Falando em crenças possíveis, há quem imagine que Denzel Washington vá ultrapassar Casey Affleck na corrida pela estatueta de melhor ator. O protagonista de “Manchester à Beira-Mar” tem dominado a temporada até aqui, e sua indicação pode ser a única do filme a corresponder às expectativas de sucesso. Ele foi superado pelo colega de “Um Limite Entre Nós” em apenas uma ocasião: na premiação do sindicato dos profissionais da área. O problema é que a associação e o Oscar não optam por nomes diferentes desde 2004, quando a Academia corrigiu os rumos e premiou Sean Penn  (“Sobre Meninos e Lobos”) depois de o SAG ter escolhido Johnny Depp (“Piratas do Caribe”).

Entre as atrizes principais, apenas Emma Stone participa de um indicado a melhor filme, o que sinaliza um desequilíbrio na forma como são recebidas narrativas centradas em homens e mulheres — dos cinco atores indicados, apenas um não figura também na categoria principal. Isabelle Huppert, dona de uma força incrível em “Elle”, é a única que ensaia se tornar uma ameaça à estrela do musical, mas não deve ir além disso. A indicação de Ruth Negga, cuja performance é um dos principais atrativos de “Loving”, salva um excelente filme do esquecimento. Natalie Portman, de “Jackie”, e Meryl Streep, de “Florence: Quem É Essa Mulher?”, completam a relação, que poderia ser ainda mais forte se Amy Adams tivesse sido lembrada por “A Chegada”.

No restante do tempo, haverá outras expectativas a confirmar. “La La Land” conseguirá igualar ou bater o recorde de onze troféus, juntando-se a “Ben-Hur”, “Titanic” e “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei”? Caso seja superado, a Academia terá seguido o sindicato dos atores, que premiou o elenco de “Estrelas Além do Tempo”, ou ido na contramão do que se espera, novamente premiando um longa de Mel Gibson, “Até o Último Homem”?

Bradford Young e Ava Duvernay

“Zootopia” será escolhida a melhor animação, consagrando o poder de seu discurso contra o preconceito? E o cineasta iraniano Asghar Farhadi, de “O Apartamento”será novamente premiado, mas agora impedido de receber a estatueta de melhor filme estrangeiro em função do banimento imposto por Donald Trump a cidadãos de sete países de maioria muçulmana? Ou “Toni Erdmann”a excepcional comédia da alemã Maren Ade, seguirá a trajetória de sucesso iniciada no Festival de Cannes? Damien Chazelle terminará a festa como o diretor mais jovem já celebrado (aos 32 anos, ele é meses mais novo que Norman Taurog à época do prêmio em 1931)? Ou Barry Jenkins se tornará o primeiro negro a vencer na categoria, após apenas três indicações em quase nove décadas?

Finalmente, quem ficará com o Oscar de melhor documentário, em uma das categorias mais interessantes de anos recentes: “O.J.: Made in America”, com oito horas de duração e produção da ESPN; “A 13ª Emenda”, fruto da parceria entre Netflix e Ava DuVernay, a única diretora negra entre todos os filme dessa edição; ou “Eu Não Sou Seu Negro”, a história do racismo pelos olhos do genial James Baldwin? Só nos resta conferir tudo isso na madrugada de domingo para segunda-feira, entre os batuques de escola de samba do carnaval brasileiro e os discursos políticos enérgicos que certamente tomarão conta da cerimônia do lado dos americanos.

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