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Capa - “Bohemian Rhapsody” é tudo que o Queen não era: burocrático e genérico

“Bohemian Rhapsody” é tudo que o Queen não era: burocrático e genérico

História do lendário grupo musical não se aprofunda em nada e parece retratar banda inventada

por Matheus Fiore

Contar a história de uma das figuras mais marcantes da história do rock é uma oportunidade para poucos cineastas. Quando essa figura é alguém com uma personalidade tão rica, cheia de nuances e de complexidades  quanto a de Freddie Mercury, é um privilégio ainda mais exclusivo. Portanto, Bryan Singer (de “Os Suspeitos” e quase toda a saga “X-Men”) teve nas mãos uma chance de ouro de apontar a câmera para um personagem de carisma e talento inigualáveis e debruçar-se sobre suas contradições, intimidade e trajetória.

O que vemos em “Bohemian Rhapsody”, na verdade, passa bem longe dessa dissecação que a figura de Mercury, na teoria, proporciona. O filme de Singer é burocrático, superficial e lavado. A todo momento, temos a impressão de que assistimos a uma versão “família” da história de um artista e de uma banda que, como tantas outras dos anos 60 e 70 (como Rolling Stones, Led Zeppelin e Black Sabbath, por exemplo), se afundou em excessos que custaram não só a saúde, mas a amizade entre os músicos. Pior: há pouco que caracterize “Bohemian” como a história do Queen, e não de qualquer banda genérica aleatória.

A escolha do roteiro e da direção de “Bohemian Rhapsody” é a deseguir um caminho bem mecânico para nos mostrar a trajetória do grupo. A obra acompanha toda a jornada da icônica banda inglesa, desde 1970, no dia em que Freddie (Rami Malek) conhece Brian May (Gwilym Lee), Roger Taylor (Ben Hardy) e John Deacon (Joseph Mazzello) – respectivamente, o guitarrista, o baterista e o baixista do Queen –, até o lendário show de Wembley para o Live Aid, em 1985.

“Bohemian Rhapsody” transforma seus músicos nas figuras mais genéricas possíveis. Freddie, o protagonista, é o típico rapaz que sofre bullying por suas origens e aparência, mas contorna as dificuldades por meio da expressão artística e de um talento incomparável; Brian é um guitarrista, astrofísico e… Só; Roger Taylor é um baterista mulherengo; John Deacon existe. Qualquer aprofundamento nas personalidades dos quatro músicos é jogado para escanteio por um filme que, mesmo que exponha falhas de caráter de seus personagens, parece estar sempre receoso de pisar em ovos.

O único que ganha alguma lapidação dramática é o próprio Freddie, que protagoniza a obra, mas seu desenvolvimento é problemático. Por boa parte dos 135 minutos de “Bohemian Rhapsody”, o roteiro encadeia momentos importantes da história sem soltar sua âncora sobre nenhum deles. Tudo ocorre de forma excessivamente passageira, tornando difícil que o espectador se apegue a algum arco dramático. Se em uma cena a banda entra no estúdio pela primeira vez, minutos depois ela já está com um grande empresário negociando o lançamento de “A Night At The Opera”

, seu quarto disco. Isso não só resulta em uma história que parece não ter obstáculos, como também torna frias as conquistas profissionais dos músicos – e isso, obviamente, pesa para que o hiato de 1983 não tenha peso dramático nenhum.

Já a segunda metade do filme aproveita a descoberta da bissexualidade de Freddie Mercury para utilizar seus relacionamentos com a ex-esposa, Mary (Lucy Boynton) e com seu novo namorado, Paul (Allen Leech) como bases para a transformação narrativa. A total falta de aprofundamento nas personalidades de Mary e Paul, porém, faz com que ambos pareçam artifícios de roteiro muito crus. Nunca entendemos a origem do amor de Freddie por Mary, por exemplo; é algo que existe porque… O roteiro precisa que exista. Ambos, porém, são eficientes para expor o que há de melhor e pior em Mercury, já que, enquanto Mary sempre põe o protagonista em situações que o desafiam a amadurecer e evoluir como ser humano, Paul sempre infla seu ego e o coloca contra todos que ama.

Mary e Paul existem para expor o que há de melhor e pior em Mercury.

Todo o desenvolvimento dessa dualidade de Mercury acaba soterrada por uma montagem que, pelo excesso de acontecimentos, picota todo o filme. Além disso, a atuação de Rami Malek parece não se encontrar. Mercury sempre foi uma figura muito expressiva e carismática no palco e um pouco mais contida fora dele (vide as inúmeras entrevistas disponíveis online), algo que Malek parece não compreender ao construir um personagem preso a duas chaves praticamente opostas. Seu Freddie, ora é extremamente desequilibrado, ora é extremamente introspectivo. Não há meio termo nem nuances sob as duas faces.

O resultado de um filme que parece não ter foco é uma obra que subaproveita várias de suas ideias. Qualquer traço que tente caracterizar a banda acaba soando como a reprodução de uma fala lida na Wikipédia – como o experimentalismo da banda dentro do estúdio ou suas composições que magicamente caem no colo dos membros da banda. Percebemos, inclusive, que o filme ainda tem ideias visuais que poderiam muito bem tornar-se a ideia central da narrativa, mas nunca são aproveitados. O longa abre e fecha com Freddie no palco de Wembley para o Live Aid, por exemplo. No primeiro momento, é filmado sozinho; no segundo, está com a banda completa. Fica claro que, pelo menos inicialmente, Singer pensou em construir uma narrativa sobre um personagem egocêntrico que aprende o valor da amizade, mas isso nunca é desenvolvido pelo roteiro. Essa desconstrução do mito Freddie Mercury não existe pois nós praticamente não percebemos nenhum aprendizado no personagem que não seja uma mera auto-reflexão. “Bohemian Rhapsody”, por se preocupar demais em não magoar ninguém, acaba por excluir da trama qualquer acontecimento polêmico e marcante que possa dar personalidade aos coadjuvantes ou humanizar mais o protagonista.

Qualquer traço que tente caracterizar a banda acaba soando como a reprodução de uma fala lida na Wikipédia.

É interessante notar que, mesmo que não seja um tema bem desenvolvido pelo roteiro, o isolamento de Freddie é algo bem trabalhado pela fotografia do filme, que constantemente utiliza uma profundidade de campo pequena a fim de manter o vocalista em destaque, mas embaça os outros personagens, mostrando como ele, no auge de sua prepotência, não se sente parte de um grupo, e sim alguém a ser idolatrado por todos. Há ainda algumas boas sacadas de iluminação, como quando Freddie Mercury e sua esposa se separam e, enquanto o personagem é iluminado em vermelho, representando seu amor, sua companheira está praticamente com o rosto pintado de azul, evidenciando sua tristeza.

Porém, de nada adianta um trabalho de fotografia competente se os outros elementos da narrativa não conversam para que o longa tenha alguma coesão. Com uma primeira metade apressada e excessivamente superficial e uma segunda metade indecisa entre os dilemas pessoais de Mercury e seus conflitos de ego com a banda, a obra não consegue emocionar por nunca cimentar, no ato inicial, aquilo que será desenvolvido ao longo do restante da projeção. “Bohemian Rhapsody” é, mesmo que divertido, tudo que o Queen e Freddie Mercury não eram: burocrático e genérico.

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