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Capa - “Os Crimes de Grindelwald” mostra desespero para agradar mesmo tendo nada a oferecer

“Os Crimes de Grindelwald” mostra desespero para agradar mesmo tendo nada a oferecer

Continuação de “Animais Fantásticos” vive do suspense e dos easter eggs, mas só existe para preparar para “o que está por vir” dentro da mitologia do mundo mágico

por Pedro Strazza

É em determinado momento do clímax final de “Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald”, depois de muita preparação nos bastidores, que o nefasto e poderoso mago Grindelwald (Johnny Depp) enfim ganha espaço na trama para discursar pela primeira vez ao seu séquito, livre para disseminar e imprimir com maior firmeza sua ideologia sobre seus seguidores. A cena em teoria possui todos os elementos para se tornar uma passagem marcante, não apenas para a franquia à qual pertence mas também à altura da situação histórica que honra dentro da mitologia: em algum grau liberto do estereótipo de atuação que o amaldiçoou nos últimos dez anos, Depp encarna o bruxo malévolo com todo o charme e imposição ao qual lhe é permitido, destilando palavras de ódio ao mundo trouxa com o magnetismo pérfido pedido enquanto o diretor David Yates registra seus movimentos como os de um lorde inglês. A verossimilhança do discurso do vilão com o mundo real também está ali para impulsionar a sequência a um status maior de qualidade, refletindo muitas das palavras proferidas por diferentes líderes de extrema-direita que agora ascendem aos principais cargos políticos nacionais em diversas partes do mundo pregando valores não muito distantes dos de Grindelwald.

Mas se todos estes alicerces citados inspiram a certeza de que o filme alcança a grandiosidade neste momento da história, a cena em si resulta numa sequência praticamente oposta a toda este gesto em direção ao magnífico. Por mais poderoso que sejam as falas do antagonista, a cena em si soa deslocada e reduzida em potência, tão esfriada na execução a ponto de parecer tola mesmo com a produção querendo expandi-la a algo a mais a todo custo. A situação em si chega ao filme cansada e exaurida, incapaz de refletir o que quer que esteja mirando mesmo tendo a melhor das intenções em mãos.

É este sentimento de frustração, sob certo ângulo paradoxal pela percepção da falta de gigantismo naquilo que supostamente é a grande cena do longa, que denota o nível de perdição no qual se encontra não apenas o novo capítulo da série “Animais Fantásticos” como da própria franquia “Harry Potter” nos cinemas. A falta de peso emocional do discurso de Grindelwald não deixa de ser um reflexo do processo que a história baseada nos livros de J.K. Rowling vem passando nestes últimos anos, regido por uma combinação perigosa entre o desejo de manter vivo o “culto à marca” que qualquer estúdio ambiciona ter e um erro de cálculo no arranjo de poder feito para possibilitar esta expansão.

David Yates (à esquerda) com Eddie Redmayne no set

⚠ AVISO: Contém spoilers

No caso da saga do menino que sobreviveu, o problema deste arranjo está na centralidade do controle criativo dado pela Warner Bros. a J.K. Rowling, que depois de anos vendo seus livros serem dissecados e reorganizados para as telonas por roteiristas resolveu cortar os eventuais intermediários – no caso Steve Kloves, autor de 7 dos 8 capítulos da agora série original – e assumir os roteiros e a produção dos filmes baseados em seu universo mágico. Se a decisão a princípio parecia resolver todo o criticismo feito pelos fãs à franquia ao longo dos anos, na prática ela apenas levou o agora auto-intitulado Wizarding World a um novo e mais perigoso buraco de Alice: de posse de todo o controle criativo e dos rumos da narrativa, Rowling parece estar cada vez mais interessada na tarefa de preencher buracos do cânone da História de seu universo que na concepção de boas histórias dentro de seu mundo, uma inversão de propósitos que explica grande parte das instabilidades sentidas na criação dos capítulos de “Animais Fantásticos” até o momento.

O caso de “Os Crimes de Grindelwald”, porém, é mais profundo e problemático que esta monopolização da criadora. Se o primeiro “Animais Fantásticos e Onde Habitam” já dava sinais do desgaste inerente a este procedimento de se contentar em ocupar lugares vazios dentro da mitologia da série, a continuação não demora a desempenhar o mesmo jogo em uma chave ainda mais esquizofrênica, especialmente por repetir todo o conjunto de ruídos e desmontes do antecessor sem a “desculpa” de se pautar como capítulo introdutório daquele cenário. Tão verdade que todas as decisões drásticas do final da primeira história são dispersas pelo roteiro de Rowling sob alegações baratas, seja a obliviação do trouxa Jacob Kowalski (Dan Fogler), dispersa com uma espécie de cláusula do feitiço, ou a “morte” de Credence (Ezra Miller), cujo retorno acontece sem nenhum motivo maior. Além do próprio uso da magia como muleta de escrita, esta desconsideração geral dos fatos vistos anteriormente revelam também o quanto este capítulo soa alienado em seus propósitos, uma atestação que logo há de se tornar tendência narrativa na trama.

Todas as decisões drásticas do final da primeira história são dispersas pelo roteiro de Rowling sob alegações baratas

Mas qual é a premissa deste segundo “Animais Fantásticos”, afinal? Embora proporcione e equilibre múltiplos arcos dramáticos ao longo de suas duas horas, esta é uma pergunta que o próprio filme não sabe a resposta e disfarça na base da correria. Na Paris que provavelmente é a encarnação mais britânica da capital francesa, o longa vai se alternando entre as procuras desesperadas de Newt Scamander (Eddie Redmayne), do Ministério da Magia – encabeçado pelo irmão do protagonista Theseus (Callum Turner) e a futura cunhada Leta Lestrange (Zoë Kravitz) – e do próprio Grindelwald para encontrar Credence, mas esta busca nunca chega a ser explicada ou tem seus mecanismos de urgência expostos. A direção de Yates, nesse meio tempo, sofre para fazer o malabarismo de todos estes núcleos sem um norte mais claro, até porque todas as tramas cometem o ato paradoxal de apontarem para caminhos diferentes e chegarem no mesmo local – e que a obra resolva apelar no terceiro ato para uma reviravolta de “grande esquema armado” pelo antagonista denota muito deste vácuo narrativo que mora no centro da produção.

Dentro disso, os dramas em torno deste gato e rato são tocados por um suspense no qual se presume o prendimento do espectador aos fatos, mas não se incomoda em recompensar o público pelo interesse. Do mistério sobre a família Lestrange – que muitas vezes arrisca, mas não chega a se constituir como principal tema da história – ao confronto entre o vilão do título e o jovem Dumbledore (Jude Law, confortável na posição rejuvenescida e “no armário” do personagem) que há tempos já mostrou-se ser a principal razão de existência da franquia, “Os Crimes de Grindelwald” parece bastar-se da aura de “preparação” para conflitos maiores que não vão se manifestar em sua história, sobrevivendo de forma débil neste encadeamento de falsos começos. Dumbledore e Leta discutem sobre o problemático passado da jovem Lestrange em Hogwarts? Melhor cortar para um flashback que dá pistas sobre as dificuldades da moça na juventude ao invés de terminar o diálogo entre os dois personagens. A relação entre Newt e Tina (Katherine Waterston) está prestes a entrar nos trilhos mais uma vez? Melhor deixar a conversa de apaziguamento dos dois pela metade e perdida no meio de uma cena de invasão para preservar a expectativa sobre o vai-não vai.

E no fundo é exatamente esta estruturação do filme que o torna tão refém de si mesmo, pois estando despido de qualquer compromisso com o passado e dependente do futuro não há nada capaz de justificar a apresentação dos fatos presentes. A sensação ao se ver o filme é como de ler um livro da própria série “Harry Potter” sem um mistério principal e voltado para a preparação do confronto final entre o bem o mal que só vai acontecer três ou quatro livros pra frente: todos os eventos retratados ali não fazem a mínima diferença para o que vem depois, e o questionamento sobre o porquê de se estar assistindo aquilo não demora muito a aparecer.

A sensação ao se ver o filme é como de ler um livro da própria série “Harry Potter” sem um mistério principal

Não é à toa então que “Os Crimes de Grindelwald” se apoie tanto no uso de easter eggs e referências ao cânone da série principal para manter o interesse sobre os eventos aceso, pois além das criaturas mágicas do “protagonista” Newt (cada vez mais perdido na própria história) elas são a única arma de Yates e Rowling para manter qualquer noção de deslumbre ativo no filme. É uma verdadeira metralhadora incessante de informações “para fãs” que o filme empunha sem nem saber como controlar, cuja falta de noção – considere a informação de que é Nicolau Flamel (Brontis Jodorowsy) quem “salva o dia” no clímax final da história – apenas prova o quão triste é o momento passado pela franquia aqui.

Talvez seja inevitável nesta hora a comparação de “Animais Fantásticos” com outras séries prequels “infames” de marcas consagradas que também pareciam existir apenas para preencher buracos de cânone e aumentar os ganhos da franquia original, como “O Hobbit” e a trilogia do início dos anos 2000 de “Stars Wars”

. Mas enquanto estes prelúdios ainda se atrelavam a pressupostos mínimos de história e pelo menos mostravam ter algo a oferecer à sua própria mitologia, a saga de Newt Scamander e do testemunho do grande confronto entre Grindelwald e Dumbledore soa cada vez mais como se estivesse condenada do início a servir como mera burocracia, desinteressado até mesmo de cumprir com seu objetivo inicial de tapa-buraco.

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