Agora tem inteligência artificial pra gerar fake news

A desinformação é um dos grandes males deste fim de década e muita gente sabe disso, conforme inúmeros veículos buscam diariamente desviar a opinião pública com notícias falsas e sensacionalistas que atendem suas metas. E se com humanos redigindo estas fake news já são difíceis de se identificar, imagina quando encontrarem um jeito de envolver a tecnologia de inteligência artificial neste modo de produção.

Com isso em mente, uma equipe de pesquisadores da Allen Institute for Artificial Intelligence em parceria com a Universidade de Washington resolveu precaver a sociedade deste problema e ir atrás de um modelo de IA que fosse capaz de distinguir notícias criadas por redes neurais. Para isso, porém, o time precisou conceber antes um gerador automático de fake news para ajudá-los a estudar o fenômeno e permitir que seu futuro software aprendesse a detectar o problema, o que os levou a construir o Grover.

Grover, no caso, é um modelo de inteligência artificial cuja grande missão é de identificar a desinformação produzida por outras máquinas. Treinado com 120 gigabytes de artigos jornalísticos reais tirados de cinco mil publicações presentes no Google News, o software hoje carrega uma taxa de acerto de 73% neste processo, e para isso sua grande arma é gerar fake news. Isso mesmo: Grover consegue produzir longas matérias inteiramente falsas e que seguem fielmente o modelo de veículos estadunidenses consagrados como a CNN e o The New York Times – e ele está disponível ao público para brincar.

O funcionamento do programa é mais ou menos simples. No site do Allen Institute, a IA conta com quatro opções de customização básicas que incluem o veículo, a data, o autor e a manchete que o usuário quer que o Grover produza um artigo no estilo. Os dados são específicos porque o software consegue chegar a este nível de detalhe na hora de produzir fake news, escrevendo textos gigantescos que só espalham dados falsos.

Assustado? Bom, a boa notícia é que o Grover já consegue identificar a esmagadora maioria dos materiais que ele mesmo produz, contando inclusive com uma ferramenta de detecção de desinformação na página. De acordo com os pesquisadores, a IA soube identificar como de sua autoria 92% dos artigos que produziu, o que se por um lado significa que ainda há preocupantes 8% a serem decodificados, por outro também mostra que o programa está próximo de se tornar uma entidade de defesa contra a nova onda de fake news que ameaça bater nossas portas num futuro próximo.