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Capa - “Wasp Network” não consegue conciliar espionagem com drama humanitário

“Wasp Network” não consegue conciliar espionagem com drama humanitário

Apego de Olivier Assayas aos fatos torna narrativa truncada e dramaticamente nula

por Matheus Fiore

O cineasta francês Olivier Assayas sempre foi interessado em estabelecer os gêneros a partir não só da construção audiovisual de seus filmes, mas também dos diálogos e das interações humanas mais simples. “Vidas Duplas”, por exemplo, opera sempre nas relações interpessoais de seus personagens para construir uma comédia sobre a relação humana com a tecnologia e como ela influencia nossa relação com a produção e o consumo de arte. É, portanto, um filme de mudanças, de transformações, que retrata uma transição cultural entre o físico e o digital.

O grande acerto de “Vidas Duplas” é justamente o grande defeito do novo filme de Assayas, este “Wasp Network: Rede de Espiões” que conta a história real de agentes cubanos incluídos nos projetos de espionagem do governo de Fidel Castro durante os últimos momentos da Guerra Fria. Inspirado diretamente no livro “Os Últimos Soldados da Guerra Fria” – escrito pelo brasileiro Fernando Morais – o longa tenta mesclar a reconstrução histórica que parece importantíssima a Assayas com uma narrativa calcada no drama pessoal, mostrando como as famílias dos agentes eram impactadas por seus trabalhos, e uma típica história de espionagem.

O longa já nasce com problemas. Após sua primeira exibição no Festival de Veneza, em setembro de 2019, Assayas chegou a levar “Wasp Network” de volta à sala de montagem por não estar satisfeito com o resultado do primeiro corte – e infelizmente o novo corte não adiantou muito. O que ocorre no filme é um apego tão grande à reconstrução dos eventos históricos que o diretor parece deixar de lado a dramatização dos eventos. O cineasta comete um pecado básico para qualquer obra cinematográfica: esquecer que o importante no cinema não é a história, mas como ela é transformada em uma narrativa.

“Wasp Network” pula de cena em cena, de momento em momento no tempo para desenvolver as histórias dos espiões mas o resultado – tanto pela verborragia infértil quando pela total ausência de articulação visual da obra – é uma narrativa episódica, digna de uma série de televisão muito pouco cinematográfica. A própria abordagem de Assayas na decupagem do filme (isto é, a organização de sua narrativa em planos) é problemática, visto que a linguagem escolhida pelo diretor é demasiadamente televisiva e dependente de planos e contra-planos que mergulham o filme na monotonia. 

Assayas mergulha o filme na monotonia ao depender exclusivamente de planos e contra-planos excessivamente televisivos

Durante a Mostra de São Paulo do ano passado, Olivier Assayas esteve no Brasil para divulgar o filme e, durante a coletiva, chegou a declarar que seu interesse “era nas famílias destes soldados, mais exatamente as consequências sofridas pelas esposas e filhas destes homens que da noite para o dia desertavam sem dar explicações”. É nítido como seu filme sempre reduz ou subjuga a trama de espionagem para focar nos efeitos dela nas famílias retratadas. É normal em “Wasp Network” que quando uma reunião secreta ocorra, por exemplo, não tarde para o assunto da mesa ser redirecionado para a gravidez da esposa de um dos espiões.

É uma constante no filme essa troca do profissional pelo pessoal. O maior drama dos personagens acaba não sendo arriscar suas vidas por seu país e emprego, mas por em jogo seus relacionamentos pessoais, a segurança e a paz de espírito de suas esposas e filhos. O que ocorre, porém, é que pela quantidade de acontecimentos e pela necessidade de Assayas de ser fidedigno a uma longa história sem criar um filme maior do que o que já existe (127 minutos), “Wasp Network” passa por tudo de forma muito rápida e fria. Nunca há tempo para construir um drama em torno dos acontecimentos, que são filmados como se fossem qualquer coisa corriqueira e genérica. Quando o diretor aposta em filmar uma família se reencontrando na sala de visitas de uma penitenciária, praticamente não há drama, pois além de não termos visto aqueles indivíduos reunidos por mais tempo, a própria abordagem do momento é fria e distante, já que a câmera parece respeitar demais suas figuras históricas para no mínimo utilizar seu sofrimento para dramatizar o filme.

O filme passa por todos os seus temas de forma muito rápida e fria

O filme cria a sensação de que todo o drama foi lavado em prol da reconstrução histórica. Mesmo as poucas discussões e dilemas que surgem na vida dos personagens, logo são postos de lado para que na tela sejam projetadas mais informações históricas que, para além de seu valor histórico, nada acrescentam cinematograficamente. “Wasp” é uma obra tão preocupada em ser fidedigna que se esquece de que, para que um filme funcione, é necessário que sua história seja transformada em linguagem, em forma.

A impressão que fica é a de que assistimos a um piloto de seriado, que tem como força exclusivamente seu texto, mas que jamais tenta articular seu drama pelo caminho mais importante: o audiovisual. Não há um trabalho de montagem que faça tudo convergir para um grande clímax, não há uma abordagem estética que mostre o quão afetados são os personagens por suas situações – nem mesmo a trilha exerce uma função relevante nessa narrativa. É, portanto, um filme que parece simplesmente inacabado, cujo roteiro foi filmado sem que houvesse qualquer olhar por parte de seu diretor. Uma pena que uma obra tão interessada no lado humanitário seja tudo menos humana.

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