John Boyega critica Disney por tratamento de Finn em “Star Wars”

John Boyega parece nada contente com as decisões tomadas pela Disney para a conclusão da trilogia de “Star Wars” lançada entre 2015 e 2019. O ator, que viveu Finn em “O Despertar da Força”, “Os Últimos Jedi” e “Ascensão Skywalker”, reclamou que seu personagem não teve o aprofundamento merecido na série, enquanto personagens brancos foram muito mais trabalhados pelo estúdio, roteiristas e diretores da saga.

Em entrevista a GQ Magazine, Boyega externalizou seu incômodo: “É complicado de lidar. Você se envolve em projetos e nem sempre vai gostar de tudo. Mas o que eu digo para a Disney é que não se cria um personagem negro e o vende como alguém importante na franquia apenas para depois jogá-lo de lado. Não é certo, vou falar a verdade.” . Boyega ainda acusa a Disney de menosprezar outros personagens secundários, como Poe Dameron (Oscar Isaac) e Rose Tico (Kelly Marie Tran). “Deram desenvolvimento só para Adam Driver e Daisy Ridley, vamos ser honestos. Daisy sabe disso. Adam sabe disso. Todo mundo sabe, não estou expondo nada.”

Para o ator, apenas Rey (Daisy Ridley) e Kylo Ren (Adam Driver) tiveram algum carinho nos filmes. Dos cinco personagens citados, vale lembrar, apenas Rey e Kylo Ren são interpretados por brancos. Boyega é negro, Isaac, latino e Tran, asiática. O caso de Kelly Marie Tran é um dos mais problemáticos, já que Rose ganhou grande destaque ao lado de Finn no segundo filme, dirigido por Rian Johnson, mas foi completamente menosprezada na terceira parte da trilogia após muitos fãs reclamarem de sua existência.

Outra reclamação seríssima feita por Boyega é a do tratamento racial de seu personagem. “Sou o único ator do elenco que teve sua experiência em “Star Wars” baseada em sua cor de pele, digamos assim. Isso te deixa irritado com todo o processo e faz você se tornar mais militante. Te muda porque você percebe: ‘Consegui essa oportunidade, mas estou em uma indústria que sequer está pronta para mim’. Mais ninguém do elenco ouviu que as pessoas boicotariam o filme só porque você está nele”.

Apesar de ter se tornado um ator relevante em Hollywood, protagonizando filmes como “Detroit em Rebelião”, de Kathryn Bigelow, Boyega viu seu personagem ir de um dos protagonistas para uma nota de rodapé no terceiro filme. De uma figura que buscava seu próprio destino após romper com a Primeira Ordem em “O Despertar da Força”, Finn foi para um mero coadjuvante apaixonado pela protagonista em “A Ascensão Skywalker”. Mesmo assim, a Disney parece contente com o resultado, afinal, arrecadou mais de US$ 1 bilhão com a bilheteria do último filme.