SXSW 2021: Seu background de reunião virtual revela mais do que você imagina!

Uma das coisas que me divertiram bastante nos últimos dias de SXSW foi prestar atenção nos cenários, contextos, elementos que apareciam atrás de cada palestrante que assisti.

Vi backgrounds intencionalmente arrumados, alguns claramente improvisados e outros cuidadosamente desarrumados. E aí comecei a pensar que, de fato, o que nossos colegas de trabalho e mercado veem de nós neste momento de confinamento é uma imagem que enquadra na média de nossa cabeça à nossa cintura, talvez – e o ambiente à nossa volta.

Aí comecei a refletir que os palestrantes estavam usando seus fundos de forma comparável a roupas e acessórios que a gente antigamente vestia ou portava, para falar sobre si mesmos. Resolvi criar aqui, então, uma “breve teoria dos backgrounds”.

Primeiro, os mais populares em frequência nas telas até agora: as estantes. Comparáveis na moda a uma boa peça de alfaiataria, estantes trazem aquela sensação de autoridade, credibilidade. Uma estante clássica, num fundo de tela, é garantia de intelectualidade, cultura, profundidade. Aí vem as variações do tema: 

Há estantes “clássicas”. Divisões mais ou menos simétricas, de madeira ou cores como branco e preto. Essas dizem “fiz a minha lição de casa, sei do que falo”. Há quem empilhe mais cuidadosamente as lombadas dos livros, pra mostrar-se atualizado nas leituras. E quase todos os autores de livro cuidadosamente orientam suas capas para a câmera, mesmo quando a palestra não fala dele. 

Há quem ouse e faça estantes pouco ortodoxas. Fred Dust, que escreveu “Making Conversations”, apresentou-se com uma estante lateral com prateleiras de madeira rústica, anguladas e de tamanhos diferentes. Me lembrei dos meus tempos de trainee, em que eu admirava uma das diretoras da empresa que tinha a ousadia de usar um terninho lilás. Extremamente bem cortado, com caimento perfeito, mas lá estava a cor pra dizer: aqui você encontra segurança com uma pitada de ousadia.

E por último, importante mencionar o que batizei de “estantes astronômicas”. Aquelas que você não consegue entender onde começam e onde acabam. Bruce Mau e Yuval Harari, dois dos melhores palestrantes da edição deste ano, trouxeram exemplares do tipo. E se não fossem estes dois os donos delas, talvez eu as comparasse àqueles carros enormes, dos quais as pessoas saem olhando pros lados.

O segundo pano de fundo mais visto foram elementos relacionados à arte. Valem quadros, fotografias, artefatos mais artesanais, instrumentos musicais. Os que me chamaram atenção: 

Fotos de família (escolhidas por Mayim Bialik, por exemplo, como cenário à sua direita), mostraram a importância que ela dá a esta parte da sua vida

Obra de artes “sérias”, como o quadro na sala da Carole King. Dava até pra ver o fiozinho do sistema de segurança na parede! Assim como uma joia grande, este tipo de elemento diz: sou sofisticada, bem-sucedida e tenho bom gosto – e gosto e opinião cada um tem o seu, não é?

Skateboards coloridíssimos e pendurados nas paredes. Jess Holbrook, do Google, tinha. Outros 3 palestrantes do campo de design e tech, também. Me lembrou do combo “camiseta com mensagem interessante + tênis estampado”.

Pianos. Tanto Mayim quanto Carole tinham pianos perto delas. Pra esta última, a associação é mais obvia – mas vamos combinar que um piano ao seu lado implica que você sabe o que fazer com ele, né?

Depois disso tudo, tô aqui cuidadosamente pensando no que vou colocar na parede do meu home-office. O troféu de vencedora do “Background Bingo” vai pra Carole King – que conseguiu juntar estantes, livros virados para o espectador, um quadro que parece uma pintura original e de alto valor E um piano no seu set. Não é à toa que ela é quem é, não eh mesmo?