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Capa - Refilmagens e problemas de estúdio tornam “A Mulher na Janela” uma bagunça desonrosa
Imagem: Divulgação

Refilmagens e problemas de estúdio tornam “A Mulher na Janela” uma bagunça desonrosa

Diversas interferências que fizeram filme ser adiado em quase dois anos fazem da adaptação de Joe Wright um Frankenstein de muitos cientistas ruins

por Matheus Fiore

“A Mulher na Janela” teve uma das produções mais problemáticas dos últimos anos em Hollywood. Recheado de estrelas como Amy Adams, Julianne Moore e Gary Oldman, o filme de Joe Wright deveria ter originalmente estreado em outubro de 2019 mas, um ano e meio depois, finalmente chega à Netflix e com uma recepção majoritariamente negativa por parte de crítica e público. O projeto começou a ser concebido justamente na época da transição da Fox para a Disney, quando o estúdio do Mickey estava aumentando seu monopólio na indústria cinematográfica. Os problemas se alastraram e fizeram com que “A Mulher na Janela” passasse até mesmo por mudanças no roteiro e refilmagens após o projeto ter sido concluído.

É importante ressaltar essas questões extra-filme pois elas influenciam diretamente no resultado. O que vemos em “A Mulher na Janela” é um filme conflituoso quanto às suas intenções. Joe Wright claramente pegou o fiapo de história, que apenas refaz a lógica do clássico “Janela Indiscreta”, e troca o voyeurismo formal por uma experiência puramente estética na qual nem mesmo as motivações dos personagens importam ou são suficientemente sedimentadas para que a narrativa funcione para além da experiência de gênero

Joe Wright (à direita) conversa com Amy Adams no set

Anna Fox (Adams) é uma mulher com agorafobia que se isola em seu apartamento e passa a observar os vizinhos por sua janela. Após desenvolver relação com alguns desses vizinhos, que a visitam de maneira um tanto quanto invasiva, Anna testemunha um crime e, ao reportá-lo para a polícia, percebe que, ao que a perícia indica, o ato não existiu e a vítima foi substituída por outra mulher. Anna revive seus próprios traumas enquanto investiga o que de fato está acontecendo, e a partir disso Wright constrói uma relação da personagem com o espaço de seu lar enquanto cria um terror que surge da mente da própria protagonista e se alastra pelo o cenário físico ao seu redor.

Wright é um cineasta muito capacitado para criar uma relação entre a mente de seus personagens e o espaço. O interessante “O Destino de Uma Nação”, por exemplo, constantemente é beneficiado pela ótima noção de espaço e luz de Wright para fazer o espectador entender como o personagem se sente, mesmo quando ele se cala diante das crises políticas que enfrenta durante a Segunda Guerra Mundial. Essa característica também se faz presente em “A Mulher na Janela”, mas aqui o filme parece ter sido arrancado das mãos do diretor a partir de certo momento.

O filme parece ter sido arrancado das mãos do diretor a partir de certo momento

Por boa parte do filme, Wright apenas usa a situação de Anna como base para construir um pesadelo vivo em sua casa. Esse pesadelo é feito tanto pelo jogo de luzes, que confere um caráter lúdico ao espaço, mesclando sombras com luzes coloridas, quanto pelos momentos em que a confusão mental da personagem é aflorada pela narrativa e faz com que passado e presente se misturem. Há, por exemplo, uma grande revelação sobre o passado de Anna que faz com que um elemento importante referente a um trauma da personagem seja projetado no meio de sua sala de estar. Acertadamente, Wright escala essas imagens justamente nos momentos em que a personagem de Adams parece mais fragilizada em cena, mostrando como seus delírios e confusões afetam sua percepção de realidade e, por tabela, a nossa capacidade de compreender o que é real e o que é ilusão.

É bem claro como a interferência do estúdio prejudicou o andamento da proposta de Wright. As refilmagens parecem até mesmo ter cortado algo. Não por acaso, é o longa-metragem mais curto da carreira de Wright e tem um ritmo absolutamente problemático em sua reta final. Se podemos imaginar que, ao fim, a proposta de Wright era transformar o clímax em uma jornada de enfrentamento dos próprios traumas por parte de Anna, o que temos no filme lançado é apenas um clímax de terror que, mesmo que bem filmado, em nada solidifica as construções feitas pelo diretor até o fim do segundo ato. “A Mulher na Janela” ensaia se tornar um belo estudo da psique de sua protagonista e no fim é um filme que simplesmente fetichiza a materialização da mente da personagem.

O que temos no final do filme é um clímax de terror que, mesmo que bem filmado, em nada solidifica as construções do diretor

O resultado transforma o filme em uma bagunça completa. Tudo que o autor original do filme constrói para amarrar no fim parece ter sido simplesmente apagado durante a reescrita e refilmagem. Não por acaso, a conclusão da trama de “A Mulher na Janela” é apresentada em cenas que de cinematográfico pouco apresentam. São meros diálogos ilustrados em imagens sem nenhuma inventividade ou personalidade, como se, curiosamente, alguém tivesse simplesmente filmando o roteiro reescrito por Tony Gilroy – homem contratado na época da Fox para retrabalhar o projeto depois dos resultados negativos da sessões teste. 

“A Mulher na Janela”, então, é um filme abandonado. Nenhum autor de filme merece passar pelo que Joe Wright parece ter passado nesse projeto. Mesmo que não seja nenhum grande diretor, ele é um cineasta com alguma noção do que está fazendo, que consegue tornar interessantes as histórias mais simples e batidas simplesmente por ter alguma sensibilidade com a câmera. Como um filme que nasceu na Fox, passou para a Disney e acabou na Netflix, “A Mulher na Janela” é um projeto que perdeu um pouco de sua essência em cada estágio de sua trajetória pré-lançamento. Um filme que até tem algo interessante aqui e ali, mas que simplesmente sucumbe diante de tantas interferências e problemas.

É um retrato perfeito de como qualquer obra pode ser destruída pela interferência externa e um exemplo triste de como um filme com algumas boas ideias pode terminar sendo simplesmente desinteressante, opaco e ausente de alma. Não se trata de um filme desalmado desde sua concepção, mas de um projeto cuja alma foi simplesmente estraçalhada no processo.

“A Mulher na Janela” está disponível na Netflix.

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