Web Summit 2023 – Rio: ChatGPT e jornalismo, aliados ou inimigos?

Sempre tive vontade de participar do Web Summit. Quis o destino que eu fizesse a minha estreia no Rio, e nada como estar no quintal de casa para aproveitar ao máximo. Dizem que a primeira vez é inesquecível, mas a verdade é que a gente nunca está preparado para o que vai encontrar. E como estamos falando do maior evento de tecnologia e inovação do mundo, é claro que o hype do momento, o uso de Inteligência Artificial, não poderia ficar de fora das discussões. Dentre vários painéis sobre o tema, um específico me chamou atenção por envolver a minha área de atuação: o ChatGPT vai matar o jornalismo? 

Um dos pontos interessantes foi a comparação do efeito que a IA está causando no jornalismo, e disso ser similar ao impacto gerado pela chegada da internet. Um abalo real nas estruturas como conhecíamos e que mudou tudo. Confesso que ainda não tinha pensado sobre isso com esse olhar. Boa parte da discussão girou em torno do papel fundamental que o jornalismo tem como serviço público e como a precisão dos fatos é muito importante para que a sociedade tenha todas as informações necessárias para tomar decisões que impactam no seu dia a dia. Em um momento que o mundo está muito polarizado, boa parte das pessoas não acreditam mais no jornalismo e as manchetes são mais importantes que o conteúdo da matéria, o comportamento impulsionado pelo imediatismo das redes sociais e aproveitado para a propagação de fake news tem um fator importantíssimo: o grande diferencial na condução disso tudo só pode ser o ser humano. 

No painel, a troca foi sobre o ponto de que, ao invés de atuar na produção jornalística em si, o ChatGPT poderia funcionar como um assistente, ajudando em atividades mais mecânicas, como organização de escala do time, contribuir em brainstormings, gerar títulos e tweets sobre as matérias. A vantagem é que as pessoas poderiam ficar mais livres para o trabalho criativo e original.  Novamente, volto ao ponto de que tudo é sobre como a gente usa a tecnologia. O grande diferencial da SOKO, agência criativa onde lidero um time de broadcasters, é ter a visão Earned before Pay de criar histórias baseada em dados. Isso quer dizer que a gente cria campanhas pensando em como elas vão ganhar o mundo organicamente. Quem é a pessoa certa para contar aquela história, como, de que forma e em que momento. O viral que você vê por aí tem muita estratégia por trás. E a gente consegue fazer isso hackeando o algoritmo com o maior ativo que nós temos, um time diverso, não centrado no eixo RJ x SP, com múltiplas vivências e com o radar cultural superquente. 

Então, quando penso sobre o futuro da comunicação e o impacto que a IA tem nela, é uma discussão meio Poliana. Vejo mais como algo positivo, mas ainda estamos sabendo como lidar, e o desconhecido dá medo. Se há alguns anos a internet era vista como a vilã e hoje é a grande aliada de todo mundo em uma relação quase que simbiótica, a IA e seus desdobramentos tendem a ir pelo mesmo caminho. Mas uma coisa é certa, nenhuma tecnologia será capaz de substituir o ser humano em sua essência. 

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