Cannes Lions 2024: Quando você não muda, você escolhe

Esta foi uma das frases fortes que ouvi por aqui na segunda, na conversa liderada por Sherilyn Shackell, fundadora e CEO Global da Marketing Academy, num dos palcos mais intimistas do Palais. O papo era sobre resiliência – que ela define como a habilidade de “quicar de volta” depois de um evento adverso. E isso pode ser qualquer situação: uma briga no seu relacionamento, um feedback duro de um cliente ou um chefe, ou qualquer outra coisa parecida.

Sherilyn falou coisas que parecem ser óbvias, mas é como dizem: o óbvio precisa ser dito. Dentre as dicas que ela deu, destaco duas:

1. Como fazer para evitar o que ela chama de “a escalada do desespero” – aquele momento em que a gente comete um erro e só fica pensando em todas as consequências ruins que ele pode gerar (sempre terminando numa que é potencialmente catastrófica, usualmente). Ela usa a técnica do 3×5, que consiste em basicamente perguntar:
   
   • Isso vai importar tanto daqui a 5 minutos?
     
   • Vou me lembrar disso daqui a 5 horas?
     
   • Me sentirei da mesma forma (ruim, com medo) daqui a 5 dias?
     
2. A técnica do “sanduíche de reunião ruim”. Explico: toda vez que você for interagir com uma pessoa que drena sua energia ou te gera um impacto ruim, faça intencionalmente uma coisa que te faz feliz antes e uma depois. Vale ligar pro mozão, ver vídeo de filhotinho de cachorro, o que for. Isso nos ajuda a diminuir o tempo do nosso corpo em estado de tensão.

Curiosamente, à tarde, Deepak Chopra, autor best-seller do NYT e defensor da medicina alternativa, confirmou uma das informações que eu recebi dela mais cedo: se você consegue segurar a sua resposta a um estímulo por 10 segundos, você provavelmente conseguirá pensar antes de responder (ao invés de simplesmente reagir). Taí mais um exercício pra gente fazer.

Ele também trouxe um ponto importante para qualquer pessoa que lidera (pessoas, áreas, empresas) nos dias de hoje: nossa lente de percepção para o mundo é a cultura. Portanto, cuide das que você estabelece, especialmente nos ambientes de trabalho. Até porque Sherilyn foi cirúrgica em mais uma colocação: pessoas mal lideradas se tornam líderes ruins. E se queremos quebrar este ciclo, precisamos agir já.

Termino esta conversa com uma frase dela que caiu como uma bigorna na sala, ao final de sua palestra: “Nós gastamos uma parte desproporcional do nosso tempo com pessoas que não irão ao nosso enterro”.

Todos podemos mudar essa realidade. Mas quando você não muda, você também está escolhendo permanecer como está.