Longevidade: a nova buzzword do momento?

Há menos de uma década, vimos surgir de forma despretensiosa (e ainda no campo conceitual) os primeiros debates sobre inteligência artificial e como esse movimento viria a transformar a humanidade nos principais palcos de inovação do mundo. Naquela época, ainda eram mais questionamentos do que aplicações práticas, e o dia em que ela estaria de fato presente em nosso cotidiano parecia ser um futuro distante.

Hoje, se olhamos a programação do SXSW desse ano e filtramos pela palavra-chave “inteligência artificial”, mais de 30 sugestões de palestras aparecem, cobrindo desde cases práticos a discussões maiores sobre o impacto do seu uso na sociedade.

E por que decidi começar esse artigo com essa provocação? Porque acredito que estamos observando o surgimento de uma nova buzzword no glossário de termos de negócio, que irá não apenas influenciar a maneira como nos relacionamos e enxergamos, mas também transformar o mindset de negócios como um todo.

O termo ao qual me refiro é o conceito de longevidade, e talvez ao ler isso você perceba que essa palavra tem aparecido mais recorrentemente nas mídias e discursos empresariais do que nos últimos anos. Porém, qual o motivo por trás do crescimento desse movimento?

Como CEO da principal empresa de tendências de comportamento de consumo a nível mundial, sei que mapear o despontar desses movimentos e como eles evoluirão nos anos subsequentes é a essência do nosso negócio. Em 2017, começamos a reportar o impacto do envelhecimento populacional e como a inversão da pirâmide etária influenciaria nossas necessidades e padrões de vida.

Até 2050, 22% da população global terá mais de 60 anos, uma alta de 12% em relação a 2015. À medida que nossa vida útil se prolonga, buscaremos não apenas viver mais, mas também viver melhor. Com isso, as visões sobre o envelhecimento também estão evoluindo, com muitas pessoas rejeitando a crononormatividade (a expectativa de atingir os marcos tradicionais da vida em uma determinada idade), o que leva a uma mudança maior em direção a soluções preventivas e especializadas que abrangem a experiência do envelhecimento em vez de tratá-lo como algo que precisa ser consertado.

Tive a oportunidade de compartilhar mais sobre o assunto na apresentação feita em parceria com Renata Gomide do Grupo Boticário, onde compartilhamos quatro tendências que movimentarão o universo da beleza: espectro etário, sobreviver e prosperar em meio a calamidade climáticas, design inclusivo e acessível e, por último, beleza pautada por ciclos de vida.

Renata Gomide, do Grupo Boticário, e Carla Buzasi, CEO da WGSN. Foto: Divulgação

E o mais interessante das tendências trazidas é que elas poderiam facilmente ser aplicadas como objeto de estudo para qualquer outro segmento, considerando que nos próximos anos vivenciaremos uma mudança de poder considerável para gerações mais maduras, com um em cada seis consumidores atingindo 60 anos ou mais até 2030.

Hoje, a única constante é a mudança, o que afeta o meio ambiente, a política, as relações sociais e a comunidade. Embora a transição demográfica apresente muitos desafios, um nível crescente de interesse em torno do bem-estar, da saúde e de novas maneiras de alcançar melhor qualidade de vida está criando oportunidades de mercado em vários setores.

Atualmente, nossas previsões sobre como essas tendências evoluirão e impactarão todos nós representam uma enorme oportunidade para as marcas, sobretudo para refletirmos qual tipo de mundo e relacionamentos desejamos construir, inclusive como tomadores de decisão em nossos respectivos segmentos.



➜ Acompanhe a cobertura B9, apresentada por Globo, do SXSW 2025 no canal b9.com.br/sxsw e no nosso Instagram.

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Carla Buzasi

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