Os espectadores que viram a final da NBA nos Estados Unidos podem ter pensando “que diabos foi aquele comercial maluco?”. Mas não foi alucinação. Era apenas a inteligência artificial do Google chegando ao horário nobre da TV americana – e trazendo todo o caos que você esperaria.
Por que importa: Este é o primeiro comercial criado integralmente com Veo 3, a ferramenta de vídeo do Google, a ir ao ar em um evento esportivo de grande audiência. Custou US$ 2 mil e levou dois dias para ficar pronto – 95% mais barato que produções tradicionais.
O anúncio da Kalshi (plataforma de apostas) é uma colagem surrealista que inclui: um idoso sem camisa envolto na bandeira americana, um fazendeiro flutuando em uma piscina inflável cheia de ovos, um alien bebendo cerveja e uma mulher de roupa rosa dirigindo uma máquina de limpar gelo.
“Kalshi me contratou para fazer o comercial mais insano possível para a final da NBA”, explicou PJ Ace, o criador (ou melhor, “prompter”) do anúncio.
A criação foi uma meta-experiência de inteligência artificial. Ace usou:
“Eu fiz a IA se promptar”, resumiu Ace. É IA fazendo IA para fazer TV.
“Slop” é como a comunidade tech chama conteúdo gerado por IA — geralmente de baixa qualidade, sem alma, feito em massa. O comercial da Kalshi representa um marco: o slop saiu das redes sociais e chegou à TV tradicional.
As limitações técnicas são óbvias: cada cena dura poucos segundos porque o Veo 3 ainda tem problemas com continuidade. Cenas mais longas ficam estranhas, com mudanças abruptas de ângulo e inconsistências visuais.
“Veo 3 tem limite de 8 segundos por clipe, então precisava ser estruturado como comercial que cortava rapidamente entre cenas diferentes”, explicou um porta-voz da Kalshi.
Orçamento tradicional: 6-7 dígitos + meses de produção
Orçamento com IA: US$ 2 mil + 2 dias
A Kalshi não estava planejando usar IA inicialmente. Só mudou de ideia quando recebeu orçamentos milionários de produtoras tradicionais com prazos que não atendiam suas necessidades.
“Não estávamos procurando especificamente um vídeo de IA no início”, admitiu a empresa.
O caso não é isolado. Em maio, a prefeitura de Ulianópolis (PA) já havia usado o mesmo Veo 3 para criar um comercial de festa junina — com zero humanos reais, da narração aos figurantes. A produção gerou debate nacional sobre IA vs. trabalho cultural.
O dilema democratização do acesso ou precarização do trabalho é global.
Ace, que tem 15 anos de experiência como diretor, fez uma previsão ousada: “Vídeos Veo 3 de alta dopamina serão a tendência publicitária de 2025”.
Sua visão para o futuro:
“Equipes pequenas fazendo conteúdo viral relacionado à marca semanalmente, obtendo 80-90% dos resultados por muito menos dinheiro”.
A Meta planeja automatizar completamente a criação de anúncios até o final de 2026, segundo o Wall Street Journal. O movimento da Kalshi/Google mostra que a corrida não é apenas entre plataformas, mas entre filosofias: IA barata e rápida vs. produção humana cara e lenta.
1. Qualidade: Será que “95% mais barato” compensa se o resultado é… aquilo?
2. Trabalho: O que acontece com produtoras, diretores e equipes técnicas?
3. Saturação: Quando todo mundo usar IA, como se diferenciará?
4. Regulação: TV vai precisar avisar quando conteúdo é 100% artificial?
Resumo: Enquanto produtoras brigam por contratos milionários, a IA está criando comerciais de TV por US$ 2 mil. Pode não ter alma, mas tem escala. E às vezes, escala vence alma — especialmente quando o orçamento é apertado e o prazo é ontem. O alien bebendo cerveja pode ser estranho, mas o preço é irresistível.
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