Cannes e a IA: futuro, propósito e o que nos faz profundamente humanos

E o Festival de Cannes começou! E logo após uma importante conferência da Organização das Nações Unidas sobre o oceano em Nice — a UNOC 3, focada em “Acelerar a ação e mobilizar todos os atores para conservar e usar o oceano de forma sustentável” —, o mundo da publicidade parece fazer tudo mais parar. Nesse cenário de holofotes, glamour e negócios, uma reflexão se impõe sobre um futuro incerto, mas, surpreendentemente, essa incerteza não vem da política, da economia ou das guerras. Ela vem da Inteligência Artificial (IA).

Enquanto os jornais exibem a intensidade dos conflitos globais, nas discussões pelos calçadões de Cannes o tema predominante é um só: o impacto da IA nos empregos de tantos profissionais reunidos aqui.

Como entusiasta do futuro e da tecnologia, acredito que estamos caminhando para um futuro brilhante. Nele, as máquinas assumirão as tarefas automáticas e racionais, liberando a humanidade para focar no que realmente importa: potencializar emoções. Criar. Prestar atenção nos detalhes, nas pessoas.

Logo de cara, Tor Myhren, VP de Marketing e Comunicações da Apple, trouxe uma perspectiva esclarecedora com seu talk “A IA não vai nos matar. A IA não vai nos salvar”. Em seguida, Dan Fogelman, produtor e roteirista de “This is Us”, uma das séries mais premiadas do mundo – e uma das minhas favoritas -, reforçou a ideia da emoção como algo único e intransferível, algo tão profundamente humano que nenhuma máquina conseguiria traduzir ou reproduzir. Enquanto ele percorreu seu drama pessoal, a perda da sua mãe muito jovem que com certeza influenciou muito de sua obra This is Us, fica a certeza pra mim de que essas emoções sempre irão nos diferenciar.

Enquanto alguns publicitários temem o avanço da IA, sigo entusiasmada com esse futuro. Nele, dedicaremos nosso tempo ao que nos torna únicos e nos diferencia. Meus temores, sem dúvida, residem mais sobre a própria humanidade do que sobre os avanços tecnológicos.