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A provocação veio logo após exibir um comercial da Puma criado inteiramente com IA pela Monks:
“Essa peça, que em tempos normais levaria meses para produzir e custaria milhões de dólares, agora é criada, produzida e distribuída em 10 ou 11 dias, por centenas de milhares de dólares”.
Sir Martin Sorrell, Executive Chairman da S4 Capital, não estava sozinho em suas previsões. Ao lado de Linda Sheng (MiniMax) e Tanzeen Syed (General Atlantic), o painel transformou o Debussy Theatre em uma visão sobre o futuro inevitável da produção criativa.
Tanzeen Syed, da General Atlantic, abriu com uma observação que silenciou a plateia: “O que é ao mesmo tempo inspirador e assustador é que a criação de vídeo com IA está no seu pior momento hoje. Só vai melhorar daqui para frente.”
A TRANSFORMAÇÃO EM NÚMEROS:
Linda Sheng, da MiniMax, foi ainda mais direta: “Essa indústria não existia há um ano. Agora vocês estão vendo conteúdo e não conseguem dizer que foi feito com IA.“
Durante o painel, Sorrell exibiu o comercial da Puma criado pela Monks há dois meses – trabalho 100% feito com IA. “Não vai ganhar prêmios aqui em Cannes”, admitiu, “mas mostra exatamente para onde a indústria está indo.”
A revelação mais impactante: a Monks já está fazendo trabalhos secretos no setor automotivo com a mesma tecnologia, mas ainda mais avançada.
Em demonstração de força, a MiniMax anunciou o lançamento de “um modelo e um produto por dia” durante toda a semana do festival. “Se vocês pegarem o celular agora e procurarem MiniMax no Twitter, vão ver que ontem lançamos o Hailou-2, nosso modelo de segunda geração que já é o número 2 global”, revelou Sheng.
O FUTURO SEGUNDO A MINIMAX:
“A melhor forma de começar essa conversa é sobre como aumentar receita, não cortar custos”, alertou Sheng. “Assim que você entra na discussão de economia, rapidamente desce para custo por token, que é perda para todos.”
Tanzeen complementou com uma citação de Jensen Huang, CEO da Nvidia: “Ninguém mais precisa programar. Qualquer pessoa que fala uma língua pode criar produtos.” E completou: “Uma marca pequena com 3 ou 4 pessoas pode criar uma campanha que rivaliza com um comercial do Super Bowl de US$ 20 milhões.”
Sorrell foi categórico sobre o que CMOs, CTOs, CFOs e CEOs deveriam focar:
“BYD pode produzir um carro por US$ 10 mil. Também lançou um EV por US$ 25 mil”, alertou Sorrell. “Em algum momento, o CEO vai dizer ao CMO: você precisa reduzir o budget de mídia para sermos competitivos.”
O exemplo da GM já mostra a mudança: “Norm de Greve [CMO] está focado em um modelo diferente, com agências estratégicas criando assets em escala a custos menores.”
No final do painel, Sorrell anunciou o lançamento da Humain , “a nova empresa global de IA lançada da Arábia Saudita”, em parceria com a Luma AI. O vídeo demonstração mostrou criação de jogos, ambientes 3D e experiências interativas criadas instantaneamente através de prompts.
“O que antes precisava de equipes, tempo e orçamento, agora pode ser criado em momentos”
“Há 20 anos vimos a mudança do offline para online, depois para performance marketing, que tirou uma fatia enorme do brand marketing. IA usada estrategicamente permite que o poder da personalização traga essa fatia de volta.”
“A indústria está preocupada se este é o fim de uma era dourada. Tendemos a olhar com nostalgia para Bernbach, Ogilvy e outros. Eu acho que esta é uma NOVA era dourada”, concluiu Sorrell.
Bem, é fácil estar otimista quando você é investidor em empresas de IA e dono de capital que está surfando na onda da IA. Mas senti falta de aprofundar a respeito de toda a cadeia produtiva que será (possivelmente) devastada. Produtoras de vídeo, fotógrafos, diretores de arte, cenógrafos, editores, coloristas, profissionais de pós-produção – milhares de empregos e empresas que construíram o ecossistema criativo por décadas.
A “nova era dourada” de Sorrell pode ser o apocalipse para quem não está no topo da pirâmide tecnológica.
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