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Shein vai abrir primeira loja física na França (justamente onde mais é odiada)

Gigante do fast fashion escolhe país que tenta bani-la por lei para testar varejo físico; movimento provoca indignação de políticos e redes de departamento

por Carlos Merigo
Capa - Shein vai abrir primeira loja física na França (justamente onde mais é odiada)
Imagem: Primeira loja pop-up da Shein, em Madrid, aberta em 2022 / GettyImages

A Shein decidiu abrir suas primeiras lojas físicas permanentes exatamente onde ninguém a quer: França. A gigante chinesa do ultra fast fashion anunciou parcerias com Société des Grands Magasins (SGM) para ocupar espaços dentro de lojas de departamento em Paris, Dijon, Reims, Grenoble, Angers e Limoges — movimento que gerou reação imediata de políticos, varejistas locais e até da própria rede que vai abrigá-la.

Por que importa: É aposta arriscada em mercado hostil. França aprovou legislação específica para combater empresas como Shein (taxas ambientais, proibição de anúncios) e tem movimento com 270 mil assinaturas pedindo banimento da marca. Abrir lojas físicas lá não é expansão natural, é declaração de guerra cultural contra establishment fashion francês que vê ultra fast fashion como ameaça existencial ao savoir-faire nacional.

Grafite em pop-up de Dijon dizia “Shein mata”, mas marca escolheu França mesmo assim para lojas permanentes

A reação foi explosiva. Galeries Lafayette — rede de departamentos de luxo que opera sob acordo de franquia com SGM — disse publicamente que “discorda profundamente” da decisão, afirmando que “posicionamento e práticas” da Shein “contradizem oferta e valores” da rede. Mais: alegou que movimento viola acordo de franquia e prometeu tentar impedir abertura das lojas.

Anne Hidalgo, prefeita de Paris, denunciou em post no LinkedIn: “Esta escolha é contrária às ambições ecológicas e sociais de Paris, que apoia comércio local responsável e sustentável.” Yann Rivoallan, chefe da federação francesa de moda feminina, foi direto: “Depois de destruir dezenas de marcas francesas, [Shein] pretende inundar nosso mercado ainda mais massivamente com produtos descartáveis.”

Quando pop-up da Shein abriu em Dijon no verão, apareceu grafite na parede externa: “Shein mata” e “exploração, trabalho forçado, escravidão, poluição”. É contexto cultural onde marca opera: França tem tradição histórica de valorizar durabilidade, savoir-faire artesanal e construção de guarda-roupa ao longo de gerações. Shein representa oposto literal dessa filosofia.

Os números explicam a fúria: Shein adiciona 7.200 novos itens por dia ao site. Entre 2022 e 2023, introduziu 1,5 milhão de produtos no mercado american: 37 vezes mais que Zara, 65 vezes mais que H&M. “É paroxismo da descartabilidade”, disse Sophie Abriat, repórter de moda do Le Monde. “Difere da tradição cultural francesa de manter objetos. Shein carrega estigma moral.”

A marca justificou escolha da França citando “mercado de moda global influente” como “escolha natural” para testar varejo físico. Promete criar 200 empregos e “revitalizar centros urbanos”. Christophe Castaner, ex-ministro do Interior que agora comanda comunicação da Shein França, acusou legisladores de “punir compradores de baixa renda” com “IVA sobre produtos dos mais pobres”. A marca usa discurso de inclusão (tamanhos grandes, preços acessíveis) como escudo contra críticas ambientais e trabalhistas.

Há ironia histórica: França teve própria era de fast fashion nos anos 80-90 com marcas como Naf Naf e Kookaï no distrito Sentier de Paris, baseado em produção rápida e pequenas quantidades. Essas marcas eventualmente desapareceram ou se reposicionaram quando H&M e Zara escalaram operações. Hoje, essas mesmas marcas internacionais são vistas como aceitáveis enquanto Shein é pária — parcialmente porque H&M se legitimou via colaborações com Karl Lagerfeld e Zara via consultores como ex-editora da Vogue Paris.

A questão trabalhista persiste: investigação de 2024 da ONG suíça Public Eye encontrou trabalhadores em fornecedores fazendo 75 horas semanais. Shein respondeu que “trabalha incansavelmente para garantir que casos isolados sejam removidos da cadeia de suprimentos” — declaração que não nega problemas, apenas promete resolvê-los eventualmente.

A real: É movimento provocativo que pode ser genial ou desastroso. Shein está testando se presença física normaliza marca em mercado que a rejeita ideologicamente mas consome via app (franceses compram, só não admitem). A aposta é que lojas físicas em cidades menores (não Paris fashion elite) atingirão público que precisa de preços baixos e não liga para estigma moral.

Problema é timing: abrir lojas meses depois de França aprovar lei visando especificamente combater você não é expansão, é dedo do meio regulatório. Vai funcionar? Depende se SGM consegue sustentar pressão política, se Galeries Lafayette consegue bloquear legalmente, e se consumidores franceses de classe média baixa superam vergonha social de entrar em loja Shein fisicamente.

Aposto que lojas abrem, geram protestos, vendem razoavelmente bem em cidades menores, e se tornam símbolo de batalha cultural entre acessibilidade fashion e sustentabilidade. No fim, se trata menos de varejo e mais sobre Shein forçando França a admitir hipocrisia: odeiam ultra fast fashion mas não conseguem parar de comprar.

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