Spotify Wrapped 2025 transforma ouvir música em competição e revela novos hábitos da era pós-playlist

O Spotify Wrapped 2025 chegou e, pela primeira vez, não é só uma retrospectiva, mas um jogo social. Além dos tradicionais dados de sempre (música mais ouvida, minutos totais, artistas favoritos), o serviço adicionou camadas competitivas que transformam escuta em performance.

A novidade mais chamativa é o Wrapped Party, um modo em que amigos disputam quem é o “fã mais intensamente estranho” do grupo. Os prêmios incluem títulos como The Onion Chopper (para quem ouve as músicas mais tristes) e classificações coletivas que vão de Copy and Paste (quando todo mundo tem o gosto igual) a Chaos Crew (quando ninguém compartilha um único artista em comum).

Como sempre, o Wrapped avança mais do que parece. Junto do Party, ele traz:

  • Top Albums, pela primeira vez, reconhecendo que parte da geração ainda ouve discos inteiros;
  • Audiobooks, agora mapeados por gênero;
  • Clubs, que transformam gêneros em identidades (“Grit Collective”, “Dreamwave Society”, etc.) e distribuem papéis como Scout e Archivist;
  • Listening Age, que revela sua “idade musical” — ou seja, se você ouve como alguém de 18 ou de 70 anos, independente da certidão.

É o Wrapped abraçando a era do gosto como identidade e levando isso ao extremo.

Por que importa: O Wrapped virou um dos rituais culturais mais fortes do mundo digital, mas 2025 marca uma virada: ele gamifica o afeto. Em um ano em que Apple, Amazon e YouTube se anteciparam com seus próprios resumos, o Spotify respondeu não com velocidade, mas com espetáculo, transformando dados em dramaturgia social.

É a evolução natural de uma plataforma que entende que música não é só consumo: é pertencimento, comparação, narrativa pessoal.

O que realmente fez a cabeça do mundo em 2025, segundo o Spotify

Bad Bunny voltou ao topo do planeta

Pela quarta vez, Bad Bunny é o artista mais ouvido do mundo, com 19,8 bilhões de streams. Ele também levou o álbum nº1 global com DeBÍ TiRAR MáS FOToS.
O Spotify celebra o feito com uma campanha global, incluindo o curta Leap Year e ativações para fãs.

O Top 5 global ficou assim:

  1. Bad Bunny
  2. Taylor Swift
  3. The Weeknd
  4. Drake
  5. Billie Eilish

As músicas mais ouvidas: pop maximalista, parcerias fortes e um certo filme…

  • Top global de músicas: “Die With A Smile”, de Lady Gaga e Bruno Mars, com mais de 1,7 bilhão de streams.
  • O segundo lugar ficou com “BIRDS OF A FEATHER”, de Billie Eilish.
  • O terceiro, “APT.”, parceria de ROSÉ com Bruno Mars.

E o cinema também deixou marca:
A trilha de KPop Demon Hunters ficou como álbum nº2 global.

Entre as surpresas:

  • Sabrina Carpenter e Billie Eilish repetem presença no Top 5 pelo segundo ano.
  • Short n’ Sweet resiste com força.

Tendências globais (segundo a equipe editorial do Spotify)

No relatório, os editores explicam as ondas que moldaram 2025:

K-Pop “expandido”

K-Pop Demon Hunters colocou grupos ficcionais (interpretados por artistas reais) como HUNTR/X e Saja Boys no centro do pop. É o K-pop como metaverso narrativo.

Afrobeats como idioma global

Agora se mistura com latinidades via Kapo, Beéle e colaborações com gigantes do gênero.
O Spotify chama isso de “movimento cultural global”.

A cena alternativa de Copenhagen

Mistura pop esquisito, texturas experimentais e elegância minimalista.
Erika de Casier, Smerz, Astrid Sonne puxam o fenômeno.

Country rock 2.0

Bandas como Treaty Oak Revival e Ole 60 trouxeram guitarras pesadas para o mainstream country.

Rom-com pop

Olivia Dean, Alex Warren e Sombr dominam com pop emocional “de trilha de comédia romântica”.

Trip-hop revival

De PinkPantheress a Addison Rae, a névoa dos anos 90 está de volta.


Podcasts: o domínio dos antigos

Pelo sexto ano seguido, The Joe Rogan Experience é o podcast nº1 global.
Na sequência:
2. The Diary of a CEO
3. The Mel Robbins Podcast

E 2025 consolidou o podcast como espaço para comentar cultura pop em tempo real, de polêmicas no TikTok a barracos em premiações.


Audiobooks: romantasy reina absoluta

Autores como Rebecca Yarros e Sarah J. Maas ocupam quase todo o Top 10 global, reforçando o poder dos “novos clássicos” que leitores revisitam anualmente.

Top global inclui:

  • Fourth Wing
  • Iron Flame
  • A Court of Mist and Fury
    — todos com força de saga cinematográfica.

E o futuro? Spoiler: 2026 será mais pesado

A equipe editorial do Spotify prevê que sons agressivos vão tomar o mainstream: gabber, rage rap, punk, latin trap, country rock turbo. E a próxima onda global deve vir da Ásia, com artistas japoneses e indonésios ganhando impulso real.

A real: O Wrapped 2025 é menos um “resumo do ano” e mais um perfil psicológico do que significa ouvir música em 2025. É competição, é identidade, é autoanálise. E acima de tudo, é o Spotify traduzindo um fenômeno cultural maior: num mundo saturado de timelines, ouvir virou performance e compartilhar virou parte da experiência.

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Publicador por
Carlos Merigo

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