Super 8: Ao mestre com carinho • B9

Super 8: Ao mestre com carinho

por Fábio M. Barreto
Novo filme de J.J. Abrams declara seu respeito a Spielberg, reconstrói um período em que sonhar era obrigatório e fazer cinema era a maior aventura na vida de jovens apaixonados pela telona.

Vez por outra, o cinema tem seus momentos de avanço narrativo e tecnológico, entretanto, na maioria dos casos, o circuito comercial retrata infindáveis ondas cíclicas e temáticas. Trata-se de um mecanismo interno de auto-preservação e renovação embutido em Hollywood, afinal, platéias se renovam e expor novos públicos a grandes clássicos – em sua forma original – ou as experiências a eles agregadas, não é das tarefas mais simples; mera questão da diferenciação entre gerações.

A Era dos grandes criadores – Kurosawa, Fellini, Hitchcock, Ford e o pessoal da Nouvelle Vague – ficou para trás e, essencialmente, vivemos a segunda geração dos grandes intérpretes, sujeitos capazes de recriar sensações, redefinir histórias e agregar paixão à mais simples das histórias, especialmente para quem ama o ato de fazer filmes. “Super 8”, dirigido por J.J. Abrams, é um desses filmes.

Começando pelo título metalinguístico, “Super 8” reconstrói uma época fundamental para o cinema moderno, afinal, o final da década de 70 foi responsável pela formação conceitual da elite hollywoodiana atual.

Steven Spielberg, George Lucas, Francis Ford Coppola e Martin Scorsese atuavam com força máxima e suas ideias se difundiram rapidamente e se tornaram referência cultural. J.J. Abrams era um dos garotos deslumbrados pelos alienígenas, naves estelares, grandes sagas e personagens marcantes do período, características trabalhadas em sua carreira – especialmente no gênero da ficção científica – e inseridas com efetividade em seu novo filme.

J.J. Abrams comanda o elenco mirim no set de Super 8

Toda essa amalgama está presente em “Super 8” [filme de 8mm da Kodak e também câmera caseira vastamente usada pelas famílias norte-americanas entre as décadas de 60-80], que funciona, ao mesmo, como homenagem aos ídolos e declaração de princípios de J.J. Abrams. Impossível não pensar no nome de Steven Spielberg (produtor executivo do filme), a quem “Super 8” reverencia abertamente; mas o faz pelos olhos sonhadores do garoto J.J., presente em cada um dos integrantes do jovem, e fenomenal, elenco. Embora toda ação do longa-metragem ocorra por conta de um alienígena à solta numa cidadezinha no meio do nada, seu ponto alto está numa cena simples e poderosíssima envolvendo a garotada. E não há nada de “Goonies”; mesmo!

[SPOILER] Apaixonados pelo cinema e dispostos a fazer um filme cheio de “valor agregado de produção”, os personagens decidem realizar uma das cenas de “The Case” [que já nasce como item obrigatório para todo fã do gênero] na plataforma de trem, exatamente na hora que o expresso noturno passar e aproveitar a passagem dos vagões para deixar tudo mais bonito. A ideia é ótima e, bem, é 1979 e eles não estão em Los Angeles, ninguém perseguiria a molecada por tentar filmar sem autorização.

Antes de armar a câmera, as luzes, o som, os efeitos especiais, o figurino e maquiagem, o diretor resolve fazer um ensaio para ver se a personagem de Elle Fanning sabe atuar com o roteiro recém-reescrito. Quando ele diz ação, J.J. brinca de espectador com a câmera na mão e arrebenta na execução de seu roteiro. Difícil decidir se a interpretação de Elle surpreende mais que a cara de bobo dos moleques. Não satisfeito com o esmero da simplicidade dessa cena, ele logo emenda com um descarrilamento catastrófico. [/FIM DO SPOILER]


O alienígena de “Super 8” funciona como catalisador para as dinâmicas sociais existentes entre os humanos.

Embora não seja uma história autobiográfica, ela reflete um espírito empreendedor comum naquele período, algo compartilhado por todo garoto apaixonado pelos filmes e que pode pegar a câmera do pai ou de algum tio gente boa para fazer suas pequenas obras de arte que o mundo nunca veria. A homenagem à ficção científica acontece por duas razões: história condizente com a época, e as paranóias inerentes a ela; desejo declarado do diretor por criar monstros assumidamente norte-americanos.

‘Cloverfield’ foi o primeiro passo e não necessariamente criou uma tendência, mas cumpriu seu papel: mostrar que era possível fazer algo daquele escopo com apenas US$ 20 milhões”, diz J.J. Abrams em entrevista exclusiva ao nosso correspondente. Inevitavelmente, “Super 8” tem seu monstrinho que, visualmente, se encaixa no mesmo estilo do Slusho e também nos ETs ladrões de ouro de “Cowboys & Aliens”, de Jon Favreau. É a escola americana respondendo aos insetóides dos sul-africanos e ingleses [os diretores de “Distrito 9” e “Battle: LA” vem de lá; fique de olho no inglês “Attack The Block”].

O alienígena de “Super 8” funciona como catalisador para as dinâmicas sociais existentes entre os humanos. Duas famílias em conflito – numa plataforma criada de forma fantástica na sequência inicial, que logo alerta se tratar de um drama, não de um mero filme de gênero -, relações entre pais e filhos, amizades colocadas à prova e, claro, amor.

Os sonhos juvenis colocados em cheque pela realidade árdua dos adultos a todo momento, nos resquícios do flower power e as tensões sociais causada pelo conflito no Vietnã. A viagem no tempo se completa ao relembrarmos muito mais do que os dias necessários para se revelar um filme e recuperarmos a sensação de uma infância real, palpável e construída em memórias de experiências vividas, não imaginadas na tela de um tablet ou em perfis de redes sociais.

“Falei com Spielberg sobre isso e ele me lembrou de algo muito importante, não inventou essas dinâmicas, muito menos teorias da conspiração com alienígenas, elas já estavam por ali. O que ele fez foi nos apresentar a elas de forma mais palatável e, por que não, romântica. A vida lá fora poderia ser chata e cheia de obrigatoriedades, mas quando eu entrava no cinema para ver um dos filmes dele, tudo mudava. Aquele mundo ali fazia sentido!”, lembra, orgulhoso, J.J., enquanto discutíamos novas tecnologias, entre ela, o iPhone 4 e seus usos para o cinema. A entrevista completa será publicada em breve aqui no B9, fique atento.

“Acho divertido alguns críticos ficarem procurando referências para transformar em pontos negativos; ‘ah, ele copiou isso e aquilo outro’, mas um ano depois, eles vêem outros filmes e dizem que todo mundo copiou o que a gente fez, aí passo a ser referência e ganho valor do jeito errado. Vai entender”.

Toda essa inspiração faz sentido dentro dos ciclos hollywoodianos, pois, do mesmo modo como Spielberg influenciou Abrams, nos próximos dez anos, novos cineastas vão sentir as mesmas necessidades narrativas.

Entretanto, nenhum deles será capaz de replicar uma Era que não viveram e esse é o grande trunfo de Super 8, ser um testamento a um estilo de vida inexistente, com dificuldades patéticas se comparadas à tecnologia atual e, acima de tudo, com o amor pelo cinema acima de tudo. Afinal, sem o advento do vídeo online, fazer filmes em película era pura paixão, não busca pela fama instantânea.

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