Jogamos a toalha para Rick Baker • B9

Jogamos a toalha para Rick Baker

por Fábio M. Barreto
Capa - Jogamos a toalha para Rick Baker

O prédio de fachada sóbria e escura não tem nenhuma indicação além do número. Uma porta de aço gigante é a única dica de que aquele lugar, escondido no meio da movimentada cidade de Burbank, tem algo especial. Basta abrir a porta da recepção e dar de cara com pôsteres de clássicos como “O Monstro da Lagoa Negra” e “Drácula”, além de algumas estatuetas e prêmios, para todo o mistério terminar e se ter a certeza de que, ali dentro, os sonhos mais alucinados de Rick Baker ganham vida… bem, o mais próximo da vida que maquiagem, látex e animatronics permitem.

Embora estivesse lá para conversar com ele sobre “Homens de Preto 3”, só conseguia pensar em uma coisa: “Guerra nas Estrelas”!

Rick Baker foi o responsável pela criação da maioria dos alienígenas em “Uma Nova Esperança” e, especialmente, pela cena da Cantina de Mos Eisley, que só existiu graças a seus esforços malucos para “um filme de ficção cheio de alienígenas esquisitos”, como diz. É meio inevitável assumir que, depois dos X-Wing e dos sabres de luz, a cena da Cantina – mais especificamente, a banda Figrin Dan e os Modal Nodes – marcaram muito visualmente e ali estava eu, prestes a conversar com o cara que fez tudo aquilo.

Fiquei mais empolgado ainda quando a “área de espera” era uma mistura de vila gótica européia, uma escadaria protegida pelos macacos alados de “O Mágico de Oz” e um cemitério bizarro, com lápides de Bela Lugosi, Ed Wood e outros ícones do gênero.

O cemitério foi construído para uma festa de Halloween e eles nunca tiveram coragem de desmontar.

Conversar com Baker sempre foi um daqueles sonhos malucos e comecei a ter ideias quando fui assistir “Super 8”, numa exibição dentro da sede da Academia lá em Beverly Hills. Ele estava sentado na fileira da frente. O fanboy quase venceu a briga, mas resisti bravamente e não fui tietar. Parece que eu sabia. Pois bem, lá estava eu, bobo com a entrada da oficina do Baker. Já ouviram a expressão “Tolinho!”.

O show estava apenas começando.

Subimos as escadarias – juro que os macacos from hell parecem olhar para você! – e depois de passar por corredores com uma vibe meio Hogwarts, cheios de estátuas e elementos assustadores, foi impossível conter o sorriso e a alegria. O escritório de Rick Baker, que é basicamente uma mistura de área de trabalho com mega show-room e “recanto particular” é do tamanho de uma quadra de futebol de salão. É um lugar onde sonhos nascem e, os melhores deles, ficam guardados!

É o orgulho de um profissional apaixonado pelo que faz e, como toda a indústria, ainda luta para se manter em atividade.

Os alienígenas da franquia “Homens de Preto”, inclusive do novo filme, que estreia hoje nos cinemas brasileiros, ocupavam o lado direito, no começo do salão e eram seguidos por uma floresta habitada pelo “Grinch”, General Thade (“O Planeta dos Macacos”, de Tim Burton) e o pé-grande Harry, além do gigantesco gorila de “Poderoso Joe”. Esse cara gosta de símios, né? Eddie Murphy também estava por ali, representado pelos personagens de “O Professor Aloprado”.

Um dos itens mais maravilhosos – e escondido longe do oba-oba de MIB3, porém – foi algo muito marcante na minha formação como nerd de raiz: a máscara original do lobisomem que ataca os americanos nas colinas em “O Lobisomem Americano em Londres”. “Construí a cabeça e também a operei no set”, conta Baker, sempre sorridente e com seu tradicional rabo de cavalo, me surpreendendo ao se aproximar da peça pela qual só eu babava – o resto dos jornalistas tentava tirar foto justo do que não era permitido, os aliens de Homens de Preto.

“O pior de tudo foi falar para os atores ‘evite manipular o focinho com força, ele vai quebrar!’ e adivinha a primeira coisa que o Griffin Dunne faz na hora do ataque? Ele agarrou com tanta violência que arrancou a mandíbula fora! Todo mundo riu. Eu não. Bem, não na hora.” A olho nu, não havia dano aparente.

“Consegue ver aquela resina nos dentes traseiros? Entupi aquilo com cola e arame. Funcionou e nunca mais mexi com medo de quebrar de novo”. Os olhos do sujeito brilhavam ao falar de algo feito em 1981. É o orgulho de um profissional apaixonado pelo que faz e, como toda a indústria, ainda luta para se manter em atividade.

“A coisa mais bizarra que acontece comigo é sempre encontrar jornalistas ou até gente do mercado me perguntando por que me aposentei e se pretendo voltar à atividade”, revela Baker, enquanto falávamos sobre pontos marcantes da carreira.

Nada mal para quem começou a fazer suas primeiras máscaras de látex cozinhando o produto no fogão da mãe, não é?

“Eu nunca parei. Pode parecer esquisito, mas é preciso lembrar as pessoas que no nosso ramo [maquiadores e modelistas] manter uma estrutura como essa requer muito trabalho, dedicação e um desprendimento absurdo da fama. Em resumo, não temos muito tempo para festas e oba-oba, nosso comprometimento é com a borracha e a próxima tarefa!”.

Entre os créditos de sua companhia nos últimos 12 anos estão “Encantada”, “Tropic Thunder”, “X-Men 3” e “O Lobisomem”, além de Baker ter sido consultor em “Hellboy”. Nada mal para quem começou a fazer suas primeiras máscaras de látex cozinhando o produto no fogão da mãe, não é?

Dedicação não faltou durante a produção de “Homens de Preto 3”. “Desde o primeiro filme venho tentando incluir algumas ideias e referencias, mas o Barry [Sonnenfield, o diretor] sempre preferiu fazer outras coisas ou teve outras necessidades. Dessa vez, logo de cara, perguntaram: e aquelas suas ideias?” O sorriso que se seguiu revelou o fanboy nerd existente dentro de Rick Baker.

“Foi como se tivesse aberto uma cartola mágica e as ideias não paravam de pular”.

Sonnenfield tomou a decisão certa, pois a construção da franquia precisava se apoiar em novidades e Baker tinha uma visão mais saudosista e insistia em referências. O roteiro de Homens de Preto 3 foi perfeito para isso, pois ao visitar o passado, ele precisava das homenagens idealizadas pelo maquiador. “Tem um E.T. ligando para a casa dele, por outras razões, mas ele está ali”, diz Rick Baker, apontando para a estátua da criatura abestada e com olhos estranhos.

“Mas nem tudo é tão óbvio assim e temos muitas referências aos filmes da Era de Ouro da Ficção Científica. Pensei no seguinte, se os alienígenas existem e influenciam a gente, quer dizer que alguém viu um desses caras e transportou o visual para as raízes da cultura pop. Então, vamos ver trajes espaciais típicos dos anos 50 e 60, criaturas retro-inspiradas em monstros de filmes e livros e outras homenagens que retratam a época, mais do que retratam seus criadores”. Logo, a viagem no tempo do Agente J é também um mergulho no túnel do tempo do gênero.

Mas claro que precisávamos falar sobre Guerra nas Estrelas, não é mesmo? Vestido a caráter, com camiseta da Saga, ele sabia que eu perguntaria e faltou pedir para entrar no assunto. “Uma Nova Esperança foi um trabalho meio estranho, pois entramos quando o show já estava em andamento e tivemos que correr atrás do prejuízo”, conta. “Outro dia apareceu um cliente pedindo algo parecido, mas ele estava preocupado com a qualidade, pois teríamos que incluir uma cena – feita no mesmo ambiente – mas que já havia sido filmada. Bem, toda a cena da Cantina de Mos Eisley foi filmada 6 meses depois do fim da fotografia principal. Com o iluminador certo e as orientações necessárias, podemos incluir qualquer coisa em qualquer filme. E se conseguimos fazer aquilo em 76, imagine agora?”

Para Baker, “a chave da criatividade é exercitá-la diariamente, em qualquer coisa que você faça, é ver o potencial de tudo e, se puder, transformar aquela coisa em algo melhor”.

Sua opinião é muito semelhante à de J.J. Abrams, não é à toa que os garotos do filme o relembraram de sua infância. “Poderia jurar que inspirei aqueles moleques, bem, não eu, mas minha geração. Precisávamos buscar modos de ser criativos e tudo a nossa volta se transformava em ferramenta. Era uma questão de necessidade, daquela tara pessoal de pensar em algo e fazer de tudo para transformar em realidade”.

É dessa inspiração que nossos sonhos nerds são construídos, de gente insatisfeitas com as coisas como eles são, com ideias pedindo para ganhar vida. No caso de Rick Baker, elas nascem de moldes de borracha, maquiagem realista e referências de sua carreira.

E você, como dá vazão à sua inspiração?

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