SXSW 2024: uma visão otimista de futuro sobre os nossos empregos

Desembarquei no SXSW 2024 determinado a ampliar e a aprofundar as perspectivas sobre a evolução da inteligência artificial e como ela se vai se integrar e redefinir a nossa nova realidade de trabalho e colaboração. Impactado por conversas profundas que tive nos últimos meses com clientes, colegas e times de tecnologia, onde frequentemente foram manifestados receios e angústias em relação ao nosso futuro powered by AI, eu estava especialmente decidido a voltar de Austin com uma visão diferente. A minha ideia era coletar perspectivas e argumentos que me ajudassem a revigorar o otimismo geral quanto ao potencial transformador dessa tecnologia. 

Retorno extremamente satisfeito, empolgado, mais otimista e convicto de que, apesar das incertezas e da enorme responsabilidade que temos como seres humanos, também possuímos totais condições de influenciar o desenvolvimento da IA para que ela seja uma força tecnológica transformadora a favor do bem da humanidade. Ela deve ainda habilitar uma realidade híbrida e hiperautomatizada que vai ampliar as nossas capacidades e liberar o nosso tempo e a nossa banda mental para que nos tornemos ainda mais humanos. 

E, para compartilhar um pouco das razões do meu otimismo renovado, optei por destacar os pontos de vista centrais de uma palestra que me impactou muito, pois ela aborda o futuro do trabalho, a sua correlação com a IA e o seu papel em ampliar e não diminuir a capacidade humana. A visão compartilhada por Ian Beacraft, CEO da Signal and Cipher, demonstra que precisamos criar um amanhã onde a IA atua como nossa parceira na jornada coletiva, desafiando-nos a pensar grande, inovar de forma responsável e abraçar as vastas possibilidades à frente.

Beacraft: IA criando times de valor bilionário. Divulgação SXSW

Em sua talk intitulada Billion Dollar Teams: The Future of an AI Powered Workforce, Beacraft projetou uma perspectiva muito interessante e otimista, porém, realista sobre a revolução do trabalho impulsionada pela IA. Ele chamou a atenção para o impacto transformador dessa evolução tecnológica nas estruturas de equipes dentro das organizações. Além disso, propôs uma abordagem focada na integração pragmática dessa tecnologia para reimaginarmos os processos atuais e mudarmos o foco de tarefas do dia a dia. 

Para ele, a IA não substitui, mas amplia o potencial humano, nos permitindo alcançar patamares de criatividade, inovação e produtividade sem precedentes. Contudo, a IA deve remodelar as estruturas organizacionais atuais,  possibilitando uma visão mais fluida e dinâmica de trabalho baseada em missões/projetos/tarefas em vez de departamentos/cargos/funções fixas, permitindo maior flexibilidade e aproveitamento das habilidades individuais. Pessoalmente, concordo integralmente com esses pontos de vista. 

Outro destaque foi como a integração da IA pode transformar pequenas equipes em forças poderosas, potencialmente criando times de valor bilionário, mesmo com poucos membros, que serão capazes de inovar e resolver problemas complexos com uma rapidez e uma escala sem precedentes. Assim, teremos cada vez mais companhias no mundo, entretanto, elas vão ser menores e terão como principal aliada a IA.

Essa reconfiguração vai provocar uma inevitável mudança nos empregos e nas dinâmicas que conhecemos hoje. Algumas ocupações deixarão de existir, outras serão transformadas e muitas novas surgirão. Tudo isso demandará novas competências e habilidades. Até aqui, nada diferente do que já vivemos anteriormente por conta de outras grandes revoluções tecnológicas. O fato é que a demanda por trabalho vai continuar a existir. Ele será diferente, mas existirá. 

Essa perspectiva sugere um cenário onde a colaboração humano-IA remodela esse conceito, tornando-o mais adaptativo e resiliente às demandas futuras e desafia o medo comum de que a inteligência artificial possa causar a extinção dos empregos humanos. Embora o futuro dos nossos empregos traga incertezas, a melhor abordagem não é resistir à mudança, mas abraçá-la, reimaginando as práticas e os modelos de negócios para aproveitar o seu potencial. Precisamos não só reconhecer e desenvolver novas habilidades, mas também adotar novos sistemas de gestão para distribuir expertises de forma dinâmica e gerenciar o trabalho em sua nova forma.  A chave para esse mundo mais promissor é uma cultura de aprendizado just-in-time, onde indivíduos e organizações estão continuamente se adaptando, aprendendo e inovando. 

Para navegar nesta nova época, temos que rejeitar tanto a arrogância quanto o medo. O segredo de construirmos um grande amanhã não está na resistência ao avanço tecnológico, mas na nossa curiosidade e na nossa capacidade de nos adaptarmos e, mais importante, de definirmos o curso dessa tecnologia de modo que amplie as nossas capacidades, elevando o nosso potencial humano coletivo.

Espero que o seu otimismo com relação ao nosso futuro como seres humanos empoderados por IA esteja revigorado, assim como o meu, após mais um SXSW.



➜ Acompanhe a cobertura B9, apresentada por Globo, do SXSW 2024 no canal b9.com.br/sxsw e no nosso Instagram.
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Publicador por
Fernando Ostanelli

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