
– E Cannes, hein? Tá vendo as coisas?
– Tô. A ideia das legendas é demais, minha favorita. E a “Three Words” também. Acredita que ontem, na agência, comentei todo empolgado sobre essas ideias e os juniors nem tchum? Impressionante como não tão nem aí pra Cannes.
– É, bicho, a nova geração não tem o tesão em propaganda como a gente tinha na idade deles.
– Eu li num post que eles nem pensam tanto em sexo, vão lá ter tesão em propaganda…o negócio deles é TikTok.
– Kkkkk, imagina Fábio Fernandes fazendo um dueto de dancinha com a Lore Improta, para explicar o desce redondo da Skol?
– Nah, muito forçado. Acho que a GenZ aprenderia melhor sobre propaganda se, no dia 1 do estágio, o diretor de criação desse – antes do manual do estagiário, do Eugênio Mohallem -, uma tabela que compara os publicitários às divas do pop.
– Trend véia essa, hein? Mas com certeza o David Ogilvy seria a Enya.
– E Genz lá conhece Enya?
– Toda hora tem meme que viraliza com alguma trilha dela… mas não importa. Fato é que a gente não tem noção do tanto que a Enya e o Ogilvy influenciam a nossa vida. Os dois inventaram um estilo único, sólido. As tendências passam, as agências se fundem, os grupos acabam, mas a Ogilvy fica. Assim como não existe spa sem música da Enya, não existe propaganda sem a Ogilvy. Além do mais, os dois em questão se aposentaram e foram morar em castelos.
– Ok, mas sendo mais Genz… Quem é a Taylor Swift da propaganda?
– Putz…A Susan.
– Qual Susan? Credle? A que criou os M&Ms?
– Isso. As duas são loiras, americanas, têm um monte de fãs, são boas de estratégia.
– Elas também têm ótimos chapéus.
– Que comentário aleatório.
– Agora batalha de titãs: quem seria a Beyoncé? O David Droga ou o Marcello Serpa?
– Difícil. Os dois têm um legado impecável. Aparentemente são obcecados por excelência e têm um histórico de “não errarem nunca”. Talvez o David Droga seja o Lemonade, por causa do viés mais político, tipo no TAP Project. E o Serpa seja aquele visual álbum Dangerously in Love, por causa do refino estético e artístico (vide campanhas da Havaianas).
– Você não acha que o Dan Wieden dá pra Britney Spears no auge? O cara criou o “Just Do It” da Nike, que nada mais é do que o “Ops, I did it again” da propaganda.
– Os DPZ seriam as Destiny’s Child, por motivos óbvios.
– Óbvios.
– E a Madonna, quem seria?
– Ah, acho que depois daquela propaganda do Itaú, a turma da Africa adoraria ser a Madonna.
– Não, eu não imagino o Gordilho como a Madonna. O Washington é a Madonna. Os dois reinventaram o jogo. Ela, inventou o conceito de diva pop, ele de publicitário pop. Foda. Os dois têm, inclusive, sutiãs icônicos. O WO, o da Valisére. A Madonna, o do Gaultier.
– Nossa, que blá de planejamento. Ficou perfeito, adorei.
– Tá…e o homi?
– Acho que ele seria a nossa Mariah.
-Eu gosto muito do headline “Nizan: a Mariah Carey do Brasil”. Certamente um dos maiores e melhores.
– Defina maior e melhor.
– E tem mais: para além do trabalho incrível, os dois já viraram lendas. Não tem uma roda publicitária que não conte causos dele. A história do girassol, a do dia que ele demitiu todo mundo que chegou atrasado…dos gritos.
– Os gritos. Tá aí outra correlação com a Mariah.
– Mas e o Fábio Fernandes, hein? Saudades F/Nazca.
– Saudades… Muitos hits memoráveis. Skol, Brahma, Pipoca com Guaraná. Pô, quando ele saiu do mercado deixou um monte de gente de luto. Por isso ele é a Amy Winehouse.
– Por isso, mas pelo topete também.
– kkkk, melhor deixar o Fábio com a Lore Improta.
– Acho que nenhum 30 menos vai entender a propaganda assim. Mas pelo menos a gente se divertiu.
– Pelo menos a gente não tá no TikTok.

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