Google entra no Conar e big tech assume autorregulação
Primeira plataforma digital no conselho, gigante quer influenciar as regras do jogo da publicidade online

O Google Brasil oficializou hoje sua entrada no Conar, quebrando um tabu de 45 anos: até agora, só anunciantes, agências e veículos tradicionais ocupavam cadeira no órgão que vigia a ética da propaganda.
Por que importa:
O movimento coloca uma das maiores vendedoras de mídia do planeta dentro da entidade que julga… a própria mídia. Isso pode acelerar a adoção de boas práticas no ambiente digital — mas também levanta a clássica pergunta “quem vigia os vigilantes?”.
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O que muda na prática
- Assento direto nas decisões: plataformas antes falavam no Conar via IAB; agora, o Google vota nas próprias regras.
- Grupos de trabalho conjuntos sobre políticas de anúncios (ex.: programa Priority Flagger, para denúncias rápidas de fraudes).
- Sinal aos concorrentes: Meta, TikTok, X e companhia ficam pressionados a aderir ou explicar a ausência.
Cartão de visitas do Google
- 5,1 bi de anúncios removidos e 39,2 mi de contas suspensas globalmente em 2024.
- 201 mi de peças retiradas e 1,3 mi de contas bloqueadas só no Brasil.
Entre a autorregulação e a lei
O timing não é neutro: o STF discute alterar o Art. 19 do Marco Civil, o que pode tornar plataformas responsáveis por conteúdo publicitário ilegal. Trazer o Google para dentro do Conar parece uma manobra preventiva — mostrar boa-vontade antes que Brasília imponha regras mais duras.
Zoom out: Autorregulação funciona quando é ampla e transparente. Se outras big techs ficarem de fora, o Conar corre o risco de virar clube restrito — e o Congresso pode sentir cheiro de oportunidade para legislar tudo no detalhe.
Próximo capítulo: acompanhar se o Google ajudará a criar critérios claros para IA generativa em anúncios (tema ainda nebuloso) e se verá seus próprios formatos — como search ads e YouTube Shorts — na berlinda dos julgamentos.
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