Hollywood entra em pânico com “atriz” de IA que agências querem contratar
Tilly Norwood é criação 100% digital que promete "nunca envelhecer ou cansar" enquanto atores reais questionam: "E as centenas de mulheres cujos rostos foram usados?"
Hollywood descobriu seu novo pesadelo: Tilly Norwood, uma “atriz” inteiramente gerada por IA que está atraindo interesse de agências de talentos. A criação da empresa Xicoia/Particle6 foi apresentada no Festival de Zurique com a promessa de ser “a próxima Scarlett Johansson” – provocando revolta imediata de atores reais que perguntam se a indústria perdeu completamente o juízo.
Por que importa: Após greves históricas em 2023 sobre proteções contra IA, o surgimento de uma performer digital sendo cortejada por agências reais materializa o pior pesadelo dos atores. É a primeira vez que representantes consideram seriamente assinar contrato com algo que não existe.
“Vocês têm Scarlett Johansson” — Emily Blunt ao descobrir que querem criar versão IA da atriz
Eline Van der Velden, CEO da Particle6 e criadora de Norwood, revelou mudança radical no interesse: “Em fevereiro, todos diziam ‘isso nunca vai acontecer’. Em maio, já queriam fechar negócio. Vamos anunciar qual agência vai representá-la nos próximos meses.”
A reação de Hollywood foi visceral. Melissa Barrera postou: “Espero que todos os atores representados pelo agente que fizer isso larguem ele. Que nojo, leiam a sala.” Mara Wilson questionou: “E as centenas de mulheres jovens cujos rostos foram compostos para criá-la? Não podiam contratar nenhuma delas?”
Emily Blunt, ao ser informada durante podcast da Variety, teve reação de horror: “Isso é IA? Meu Deus, estamos ferrados. É realmente assustador. Agências, por favor parem. Parem de tirar nossa conexão humana.”
Os números revelam o absurdo: Norwood foi criada usando mais de 10 ferramentas de IA, incluindo ChatGPT e Runway. Promete “nunca cansar, nunca envelhecer e interagir com fãs” — basicamente, o sonho de executivos que odeiam lidar com humanos reais.
Diante da revolta, Van der Velden tentou se defender:
“Vejo IA não como substituição para pessoas, mas como nova ferramenta, um novo pincel. Assim como animação, marionetes ou CGI abriram possibilidades frescas sem tirar da atuação ao vivo, IA oferece outro modo de imaginar histórias. Sou atriz também, e nada — certamente não um personagem de IA — pode tirar o ofício ou alegria da performance humana.”
O argumento não convenceu. O roteirista Brian Duffield foi direto: “Bem revelador que a primeira investida da indústria nisso foi criar uma adolescente que eles pudessem controlar.” Nicholas Chavez, de “Monstros” da Netflix, foi seco: “Não é uma atriz. Boa tentativa.”
A real: Tilly Norwood, como já tá claro, não se trata de tecnologia ou arte. É sempre sobre controle e economia. Agências querem artista que não reclama de assédio, não envelhece, não pede aumento, não tem opinião política. Talvez seja o futuro distópico do entretenimento: performances sem alma para audiências que já consomem conteúdo no automático.

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