ChatGPT vira ecossistema de apps (e pode mudar como você usa serviços online)

A OpenAI anunciou hoje que ChatGPT agora roda apps de terceiros diretamente na interface de conversa. Usuários podem invocar Spotify, Canva, Booking e outros serviços apenas nomeando-os no chat — “Spotify, crie playlist para festa na sexta” — e interagir com interfaces completas sem sair do chatbot. A empresa lançou Apps SDK baseado no protocolo aberto Model Context Protocol (MCP) para desenvolvedores começarem a construir hoje.

Por que importa: É aposta ambiciosa da OpenAI para transformar ChatGPT em plataforma de distribuição tipo App Store, não apenas ferramenta de IA. Com 800 milhões de usuários ativos, o chatbot vira ecossistema próprio onde apps vivem dentro de conversas. Se funcionar, muda radicalmente como interagimos com serviços digitais. Você não abre Spotify, você pede ao ChatGPT para conversar com Spotify por você. É intermediação em escala industrial.

OpenAI promete monetização futura para desenvolvedores — transformando ChatGPT em marketplace conversacional

Os apps funcionam de duas formas: você invoca explicitamente ou ChatGPT sugere contextualmente durante conversa. Se você está falando sobre hospedagem, o chatbot oferece Booking automaticamente. Primeira vez que usa app, ChatGPT pede permissão para conectar e explica quais dados serão compartilhados.

Parceiros iniciais disponíveis hoje incluem Booking.com, Canva, Coursera, Figma, Expedia, Spotify e Zillow. Spotify deixa usuários premium gerarem playlists personalizadas; Canva cria designs de Instagram que você refina via prompts; Expedia sugere hotéis e voos baseado em orçamento. Tudo acontece dentro da janela do ChatGPT, sem abrir sites ou apps nativos.

Mais 11 parceiros chegam ainda este ano: Uber, DoorDash, Instacart, OpenTable, Target, Peloton, Tripadvisor e AllTrails. A empresa começará aceitar submissões de desenvolvedores independentes “mais tarde em 2025”, criando diretório navegável similar a lojas de apps tradicionais. Apps que atendem padrões de design e funcionalidade serão destacados, tanto no diretório quanto em conversas.

O SDK está aberto hoje em preview para qualquer desenvolvedor. OpenAI tornou código open source para que apps construídos com ele “possam rodar em qualquer lugar que adote este padrão”, um movimento que sugere ambição de criar protocolo universal para apps conversacionais, não apenas jardim murado da OpenAI.

A empresa promete “detalhes sobre monetização em breve”, incluindo suporte ao Agentic Commerce Protocol — padrão aberto que permite checkout instantâneo dentro do ChatGPT. É sinal claro: OpenAI quer que desenvolvedores ganhem dinheiro na plataforma, criando incentivo para migração de funcionalidades de apps nativos para mini-apps conversacionais.

Guidelines de design proíbem apps de usar chatbot para “conteúdo longo, workflows complexos, anúncios ou mensagens irrelevantes”. Foco é utilidade imediata: reservar Uber, pedir comida, checar disponibilidade, rastrear entregas. Apps devem “parecer consistentes, úteis e confiáveis enquanto estendem ChatGPT de formas que agregam valor real.”

Usuários da União Europeia ainda não têm acesso, certamente devido a questões regulatórias do Digital Markets Act. OpenAI diz que espera “trazer apps para usuários da UE em breve” mas não especifica quando.

A real: OpenAI está apostando que conversação vira interface universal. Você não navega menus, apenas descreve o que quer. Funciona? Para tarefas simples e transacionais (pedir comida, reservar hotel), provavelmente sim. Para workflows complexos (editar vídeo, análise de dados), veremos.

A vantagem é contexto: ChatGPT teoricamente sabe sua conversa inteira e sugere apps no momento certo. Mas isso exige IA perfeita (e sabemos que não é).