“Rótulos que Falam”: Nestlé muda 1.200 embalagens para serem lidas por app de acessibilidade

A Nestlé anunciou nas redes que suas embalagens tinham mudado. Ninguém percebeu nada. As latas de Ninho, Leite Moça, KitKat e Nescau pareciam exatamente iguais. Influenciadores entraram na conversa brincando que era pegadinha.

Era isso mesmo.

A alteração estava no código, não no design: 1.200 rótulos passaram a ser compatíveis com leitura automatizada pelo app AliaInclui, permitindo que pessoas cegas, com baixa visão ou não alfabetizadas ouçam informações nutricionais, ingredientes, alergênicos e modo de preparo apenas apontando o celular para o produto.

Para quem lê rótulos sem pensar, a diferença pode parecer pequena. Para cerca de 17 milhões de brasileiros com alguma impossibilidade de leitura, é a diferença entre depender de alguém e fazer compras sozinho.

No filme da campanha “Rótulos que Falam”, criado pela Publicis Brasil com produção da O2 Filmes e Jamute, uma usuária resume o desafio cotidiano: “Se eu for comprar um KitKat, a Liz me leva até ele. Tem três caixinhas, cada uma com um sabor. Se alguém muda de ordem, eu compro errado. Já aconteceu várias vezes.” Outra participante completa: “A gente não quer pessoas com a gente o tempo todo. A tecnologia hoje é como se fossem os nossos olhos.”

A comunicação foi construída como descoberta. Primeiro o mistério nas redes, depois influenciadores dizendo que não viram diferença alguma. A revelação veio de creators cegos, que mostraram que a mudança não era para quem enxerga, e sim para quem nunca teve autonomia no mercado. A campanha ainda ganhou desdobramento no MasterChef com a participação de Regiane Silva, nutricionista cega da Nestlé e integrante do time que ajudou a desenvolver o projeto.

A real: é uma iniciativa que funciona porque responde a um problema concreto com uma solução prática. Não é um grande manifesto sobre inclusão, mas um ajuste técnico que muda a experiência de quem sempre precisou improvisar. A Nestlé abriu o sistema para que outras empresas possam aderir, o que pode transformar um detalhe quase invisível em padrão de mercado. Esse é o tipo de inclusão que escala.

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Publicador por
Carlos Merigo

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