Entre o progresso e os velhos hábitos, Oscar abraça o mais pop em 2019 • B9

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Entre o progresso e os velhos hábitos, Oscar abraça o mais pop em 2019

Lista de indicados à 91° edição do prêmio refletem um corpo de votantes dividido graças às recentes e seguidas expansões

por Pedro Strazza

O último ano foi difícil para o Oscar. Depois de mais uma edição assistindo os índices de audiência de sua cerimônia despencarem, a pressão executiva fez com que a diretoria da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas se visse em meio ao mais puro creme da polêmica ao anunciar (entre outras coisas) a criação de uma nova categoria destinada a premiar “o melhor filme popular” do ano. É claro que deu tudo errado, com a entidade não só “arquivando momentaneamente” a ideia da estatueta como queimando a própria reputação sem maior motivo no processo.

Mas ainda que o tal “prêmio popular” tenha naufragado por um momento, o desejo de reaproximação da organização com a dita “produção popular” não deixa de ter se materializado no Oscar deste ano. Enquanto a lista total de indicados reduziu consideravelmente o número de produções consideradas para as 24 categorias (somente 52 projetos foram lembrados pelos votantes, 7 a menos que no ano passado e 10 em relação à cerimônia de 2017), os oito filmes escolhidos para compor o páreo pela estatueta de Melhor Filme orbitam, no geral, bilheterias estrondosas. Descontando-se “Roma” (cuja repercussão hoje só é conhecida pela Netflix), todos os indicados ao principal troféu da noite já ultrapassaram a marca dos 40 milhões de dólares arrecadados ao redor do mundo, um registro que já contradiz a lógica “independente” predominante dos últimos anos – como não esquecer do ano de “Sniper Americano”, que era o único filme “de sucesso” na lista principal?

A predominância de grandes sucessos, porém, é apenas a ponta do iceberg. Enquanto executivos da Academia, das emissoras de TV e dos grandes estúdios (que custearam seis dos oito principais nomes) festejam as fortes possibilidades de aumento de lucros com os filmes e a própria cerimônia, a lista de filmes da “91° classe” do Oscar também reflete uma pulverização radical da massa de votantes do prêmio em duas frentes maiores: uma mais progressista, que encontra espaço entre as grandes levas de novos membros proporcionadas pela entidade para evitar um novo “Oscars So White”; e outra de caráter conservador, composta de eleitores convidados há mais tempo para o corpo da Academia e que procuram preservar a seu jeito a lógica tradicional da premiação.

Cena de “Roma”, indicado a 10 categorias do Oscar 2019

É um conflito que se anuncia em múltiplas frentes nesta edição, mas que se encontra melhor materializado na disputa de Filme. Enquanto “Infiltrado na Klan” e “Vice” conquistaram os votos de uma parcela dos votantes determinada a incluir temas políticos e sociais na pauta do Oscar, “Green Book” soa como o desejo de uma camada considerável por um filme que trate de assuntos “do momento” de uma forma neutra e conciliadora. Se “Pantera Negra” é o triunfo da representatividade no gênero dominante da Hollywood contemporânea, “Bohemian Rhapsody” e “Nasce Uma Estrela” soam como um retorno repaginado a um tipo de filme de estúdio que conquista todas as massas. Por fim, há “Roma” e “A Favorita”, os dois “filmes de arte” que refletem respectivamente uma indústria em ascensão (a Netflix e o streaming) e outra que busca evitar o declínio (a Fox Searchlight que em breve passará ao controle da Disney).

Além de favorecer os estúdios, esta polarização também foi o que definiu estes longas como os únicos oito indicados da corrida deste ano. Filmes mais “isentos” e que buscaram conciliar as duas partes envolvidas na votação morreram na praia aos montes, fossem eles um “O Retorno de Mary Poppins” – que ficou esquecido nas categorias técnicas e não conseguiu alçar Emily Blunt ao páreo de Atriz – ou um “Se a Rua Beale Falasse”, independente maior da corrida cujo drama menos pulsante nas temáticas raciais acabou o confinando a meras três categorias da estatueta mesmo depois de uma pré-temporada inteira entre os grandes nomes da corrida. Mesmo “O Primeiro Homem” e “Um Lugar Silencioso”, duas fortes apostas de estúdio que chegaram a ser cotados durante os últimos meses, sofreram em parte com esta condição de não atender demandas dos dois lados, ficando restritos no fim a disputas técnicas específicas como Edição de Som e Efeitos Visuais.

Mas enquanto os “conciliadores” foram capados, estas produções que terminaram dentro da categoria principal viram suas indicações multiplicarem perante o clima de radicalização e de um inevitável conflito entre os votantes. Depois de anos de domínio de produções com 3 ou 4 nomeações, a corrida de Filme em 2019 é composto exclusivamente por campanhas que arrebanharam pelo menos cinco indicações para si, um feito que só acentua uma ideia de triunfo do “velho modelo” de Oscar.

Cena de “Green Book”, filme indicado a cinco Oscar

Posto isso, o Oscar não é definido apenas por seu Melhor Filme, mas também por outras 23 categorias que mais do que nunca ressaltam o clima de transformações progressivo que a Academia já vê há alguns anos em seus mecanismos e que alcançaram o auge na 90° edição. O grande destaque, claro, foi a expansão agressiva de candidatos e cineastas estrangeiros para outras categorias: “Roma” e “Guerra Fria” conseguiram escapar da órbita da categoria para alcançar os principais páreos da cerimônia, que incluem um Melhor Diretor dominado por não-americanos – se desde 1976 não se via a categoria com dois nomes estrangeiros, este ano compensou com três. Os alemães, enquanto isso, fizeram a festa com dois filmes, o “Never Look Away” que cavou espaço em Fotografia e o “Of Fathers and Sons” que pegou lugar de nomes fortes como “Won’t You Be My Neighbour” em Documentário.

Mas houveram outras, mais específicas e não por isso importantes ao processo histórico da Academia como um todo. Dos 20 atores e atrizes indicados aos prêmios de atuação, como bem pontuou Mark Harris no Twitter, nada menos que sete foram lembrados por papéis LGBT+ em produções que não exatamente giram em torno do tema. Spike Lee, um dos cineastas negros mais celebrados pela indústria, enfim foi indicado ao prêmio de Direção, enquanto o roteirista Paul Schrader também foi finalmente reconhecido nas categorias de Roteiro. E Yalitza Aparicio não só se tornou a primeira mulher de origem indígena a chegar à briga de Melhor Atriz, mas também é a primeira latina-americana a ser considerada para a categoria em catorze anos – a última sendo Catalina Moreno, pelo já distante “Maria Cheia de Graça”.

Isso porque há ainda “Pantera Negra”, que para a alegria de muitos se tornou o primeiro filme pertencente ao gênero de super-herói a registrar uma nomeação na categoria de Melhor Filme.

Resta agora saber, porém, quem diabos pode sair campeão de uma temporada de Oscar tão explosiva e conflituosa. A tendência, pelo menos por enquanto, é que o clima de intempéries nos gostos dos votantes ajude quem mais movimente as duas correntes, algo que no momento favorece as campanhas de “Green Book” – o vilão “tradicional”, como bem coloca Nate Jones em seu artigo na Vulture – e “Roma”, cuja consagração representaria um triunfo do streaming tão temido pelos defensores dos velhos hábitos.

Mas como o Oscar é todo sobre narrativas, sempre há espaço para reviravoltas na premiação – algo que saberemos em breve na cerimônia do próximo dia 24 de fevereiro.

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