9 indicados ao Oscar 2021 que você talvez não tenha visto (mas deveria) • B9

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9 indicados ao Oscar 2021 que você talvez não tenha visto (mas deveria)

2 animações, 3 documentários, 3 indicados a filme internacional e 2 candidatos a categorias técnicas que merecem tanta atenção quanto os concorrentes ao prêmio de Melhor Filme

por Pedro Strazza

Acontece no próximo domingo, 25 de abril, a 93° edição do Oscar, o principal prêmio da indústria hollywoodiana concedido anualmente pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. E faltando menos de cinco dias para a cerimônia, a premiação deste ano já parece despida de grandes mistérios: há quem possa bater “Nomadland” em Melhor Filme? poderia Anthony Hopkins bater o saudoso Chadwick Boseman na corrida de Melhor Ator? A maior das indefinições parece ser o páreo de atriz, onde quatro das cinco candidatas ainda mostram chances de levar a desejada estatueta para casa.

Este ano, porém, acompanhar a corrida foi mais fácil que assistir aos filmes indicados. Mesmo com meses a mais no calendário, a pandemia e o distanciamento social impuseram ao circuito distribuidor e exibidor brasileiro uma tarefa que não foi honrado, de buscar meios alternativos para levar os grandes filmes da temporada para a casa do espectador. Se nos EUA e outras partes do globo foi o Oscar mais acessível de todos, por aqui nada menos que quatro dos oito indicados permanecem exclusivos dos cinemas, com dois – “Bela Vingança” e o favorito “Nomadland” – nem chegando a estrear antes da premiação. Quem optou pelo streaming ou a locação digital certamente se deu melhor.

No B9, a cobertura foi feita na medida do possível e buscando sempre os indicados que chegaram de fato a serem disponibilizados aos leitores por vias legais. Se por um lado isso significou uma cobertura incompleta dos 8 candidatos a Melhor Filme, por outro deu espaço a mais indicados do resto da lista.

Como em toda lista do Oscar, há para todos os gostos. Teve cobertura da análise de autoria sobre “Cidadão Kane” de “Mank”, do exercício de defesa dos direitos de “Os 7 de Chicago”, da narrativa de demência de “Meu Pai”, da celebração à vida de “Druk”, da investigação histórica de “Destacamento Blood” e até mesmo da defesa de valores de “Relatos do Mundo”. Nomes menores da corrida como “Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars”, “Borat: Fita de Cinema Seguinte”, “Uma Noite em Miami”, “Dois Irmãos”, “Soul”, “Greyhound” e “Tenet” também foram contemplados com críticas – e houve até espaço para entrevistas com criativos por trás de “A Caminho da Lua” (incluindo uma muito especial) e “O Céu da Meia-Noite”.

Mas a lista de indicados ao Oscar 2021 é extensa, e como em 2020, 2019 e 2018 está na hora de olhar uma última vez a classe de filmes contemplados pela Academia em busca de gemas perdidas. A seguir, o B9 elenca nove longas-metragens indicados este ano que podem ter passado batido pelos olhos do público, mas que merecem serem vistos, discutidos e comentados. Uma lista diversificada, vale acrescentar, composta por 2 animações, 3 documentários, 2 indicados ao prêmio de filme internacional e 2 filmes mais “comerciais” que merecem pelo menos serem enxergados pelo mérito de seu lado técnico.

Confira a seguir.

Agente Duplo

É apenas inevitável que o Oscar de documentário de 2021 acabe nas mãos de “Professor Polvo”, que apesar da cafonice entrega toda a emoção e beleza estética que se espera dos campeões do prêmio. Mas se é pra buscar o candidato de maior empatia da categoria, o representante chileno é mais envolvente no registro dos problemas que cercam os asilos e sua relação de abandono, até porque a diretora Maite Alberdi torna tudo palatável ao mergulhar a trama no gênero da espionagem – uma agência contrata um senhor de idade para se infiltrar em uma das casas para vigiar uma das residentes.

É possível (e necessário) questionar o exercício de narrativas aqui, em especial porque Alberdi muitas vezes reitera os temas e discussões sem progredir muito, mas o efeito final é visível na estrutura. A denúncia acontece de maneira melodramática o suficiente para não comprometer o documentário ou seus entrevistados pela punição, mas é perfurante ao mostrar as limitações de humanidade em torno do ato de se manter o público idoso “afastado” e tratar como um problema a ser resolvido pela sociedade – a questão sempre será muito complexa para que o asilo resolva.

“Agente Duplo” está disponível no Globoplay.

“Amor e Monstros”

Tudo bem, é uma roubada falar de um indicado que recentemente explodiu na Netflix ao redor do mundo – no Brasil, “Amor e Monstros” permanece no Top 5 do serviço uma semana depois de seu lançamento na plataforma. Mas é justamente por ter sido descoberto pelo público enquanto “blockbuster da semana” que vale a pena localizar o filme de Michael Matthews nas disputas do Oscar, até porque entre os cinco indicados a efeitos visuais ele talvez seja o mais recompensador na forma como se relaciona com o lado técnico da coisa.

A criação de monstros é o ponto alto da produção, afinal, até porque fundamenta sem grande pompa todo o universo pós-apocalíptico narrado no prólogo e apenas sugerido ao longo da jornada do personagem vivido por Dylan O’Brien para encontrar a paixão da adolescência (Jessica Henwick). É o raro caso de evocação dos anos 80 que não se prende a nostalgia, com cada criatura servindo como versão “agigantada” dos pequenos seres contaminados pela radiação e obtendo uma personalidade inteira apenas no visual e comportamento. O clímax com o siri reúne todos esses elementos em um tipo de ação a la “Fúria de Titãs”, mas as cenas com o caramujo e a lacraia são grandes momentos que podem passar batido em meio à estruturação descompromissada.

“Amor e Monstros” está disponível na Netflix.

“Better Days”

A presença de “Better Days” no Oscar acontece menos por mérito que pela polêmica. Anunciado no Festival de Berlim de 2019, o filme na época foi retirado de última hora da programação do evento pelo governo chinês, que encontrou problemas na autorização da produção. A história rendeu no noticiário, ainda mais depois que o filme foi lançado e se percebeu a artificialidade das cartelas explicando ações do governo em torno do tema principal – o bullying no ensino – e isso sem dúvida ajudou o longa a ser lembrado pelos votantes durante a escolha dos indicados – ainda mais com o curta “Do Not Split”, dedicado aos protestos de Hong Kong, entre os candidatos de documentário.

O representante do país na corrida pelo Oscar de Filme Internacional é muito melhor que a reputação implicada na história acima sugere, porém. Focado nos últimos dias de preparação dos estudantes do ensino médio para o vestibular nacional, o filme tem na pressão o maior recurso para impulsionar a narrativa da história, focada numa jovem (Zhou Dongyu) que é diariamente vítima de bullying pelos colegas. A trama diverge para a relação que a protagonista tem com um garoto das ruas (Jackson Yee), que vive a vida do crime por falta de opção, mas a direção de Derek Tsang aproveita muito do clima de competição e da lógica de cobrança da entrada na faculdade para movimentar o espectador durante o longa.

Para quem for capaz de ignorar as vinhetas inseridas a fórceps pela censura, o resultado é intrigante, ainda mais porque “Better Days” é muito esperto em constantemente fazer o puxa e repuxa nas consequências desse jogo sem se perder na alegoria mais básica. O é uma crítica contundente ao sistema educacional mas também uma história de amor, e talvez seja mesmo uma ironia muito cruel a atuação do governo nos rumos dessa mensagem.

“Collective”

“Collective” é de longe o mais sisudo dos documentários indicados ao Oscar deste ano, uma característica que ao representante romeno chega como qualidade. O filme dirigido por Alexander Nanau acompanha todas as reverberações do incêndio da boate Collectiv, um evento que acabou por revelar toda uma fraude na distribuição de suprimentos médicos no país e forçou todo o governo a renunciar.

A produção se divide em duas metades para acompanhar primeiro o lado dos jornalistas que descobriram o esquema de corrupção e depois o comitê tecnocrata que assume na esteira da renúncia do governo e tenta arrumar a casa enquanto novas eleições não são realizadas. Essa decisão da produção divide um pouco as reações do público e da crítica ao filme – até porque o lado jornalístico é bem mais encorpado que o acompanhamento da última parte – mas a narrativa se encarrega de trazer à tona as dificuldades envolvidas no monitoramento de questões essenciais da população. Enquanto as discussões de quebra de confiança de um governo com o povo devem ressoar com mais força entre os brasileiros, a ausência de resolução perante a constatação crescente de um sistema governamental em plena erosão sem dúvida impacta a todos pelo sentimento comum de desesperança.

“Emma.”

A presença de “Emma.” nas categorias de figurino e maquiagem e penteados a princípio deve afastar muitos dos espectadores casuais dos filmes do Oscar, até porque seu perfil de filme de época lembra muito o tipo de produção “nobre” que habita anualmente o prêmio da Academia – ainda mais na parte técnica. A estreia de Autumn de Wilde na direção não deixa de fazer jus a esse estigma, mas também serve como mais uma reinvenção curiosa do gênero nos últimos anos – e uma particularmente mais interessante que “A Favorita”, se vale ficar no exemplo popular.

Isso porque a nova adaptação do livro homônimo de Jane Austen percorre um caminho similar ao do parente mais famoso, “As Patricinhas de Beverly Hills”, sem abandonar a ambientação histórica correta. A ideia aqui é acima de tudo revigorar o formato, e Wilde toma a decisão curiosa de apelar ao senso estético dos tempos de redes sociais para dar vida à clássica história de romances e casamentos. O trabalho de Anya Taylor-Joy como a protagonista parece vir como uma conciliação entre quem já chega pronto pra adorar e aqueles que reviram os olhos ao menor sinal do gênero, mas enquanto uma tentativa de “filme jovem adulto” esta versão de “Emma.” pode ser um experimento curioso.

“Emma.” está disponível no Telecine Play e na locação digital.

“Quo Vadis, Aida?”

Parece impossível a essa altura do campeonato que “Druk” perca o prêmio de Melhor Filme Internacional, mas se há alguém que pode surpreender nesta reta final da corrida da categoria, este com certeza é o representante bósnio. “Quo Vadis, Aida?” é um indicado típico da categoria, com tema forte e localizado num episódio histórico terrível – o massacre de refugiados no país em 1995, no qual milhares foram assassinados em um terrível ato de genocídio.

Para além das questões do registro histórico e todo o debate em torno de recriações do tipo, porém, é inegável o trabalho da diretora Jasmila Žbanić para trazer a tona o desespero do momento de uma forma que o público compreenda. Concentrado em um dos campos de refugiados e acompanhando os movimentos de uma tradutora oficial para salvar a família, o filme evolui como uma verdadeira bomba relógio, apresentando todos os erros das Nações Unidas para lidar com os criminosos e responsáveis pelo massacre enquanto a situação perde o controle. A reta final pode se perder na expiação de dores, mas a narrativa de suspense envolve o espectador sem aprisioná-lo de fato, impedindo a estrutura de ser apenas um reprodutor de sofrimento sem propósito.

“Quo Vadis, Aida?” está disponível para compra digital no Google Play.

“Shaun, o Carneiro, o Filme: A Fazenda Contra-Ataca”

A grande surpresa da categoria de animação deste ano pode ser confundida como um ato de preguiça (a Aardman já levou um Oscar e o primeiro filme da franquia também foi nomeado em 2015) ou de humor (tudo menos Dreamworks?) da parte dos votantes, mas é outro caso de filme superior à reputação. Se o antecessor, “Shaun, o Carneiro”, era bem mais encorpado por se tratar da estreia de um personagem valioso do estúdio nos cinemas, “A Fazenda Contra-Ataca” já carrega a leveza da sequência que pode se aventurar sem grande compromisso, e a premissa espacial deixa bem claro o tom infantil proposto.

A questão é que o filme ainda é uma produção da Aardman, um estúdio de animação que sabe como poucos trabalhar a comédia dentro de todo o artesanato – e neste ponto vale acrescentar que o stop-motion da produtora continua encantador como na época de “A Fuga das Galinhas”. A narrativa é pensada para crianças, mas a comédia física envolve todos os públicos interessados e permite ao longa que faça valer sua jornada durante seus 80 minutos. Tem até espaço para referências nerds, dedicadas obviamente ao universo de “Doctor Who”.

“Shaun, o Carneiro, o Filme: A Fazenda Contra-Ataca” está disponível na Netflix.

“Time”

Bastante querido pela crítica norte-americana, o documentário “Time” talvez seja experimental demais para conseguir vencer o Oscar da categoria este ano, mas é um projeto peculiar não apenas pela narrativa desencontrada. Focado na jornada de Sibil Fox para ver o marido libertado de uma pena de 60 anos na prisão, o filme de Garrett Bradley faz o registro da história não pelas vias práticas, mas sentimentais: é menos sobre a luta para corrigir uma injustiça do sistema prisional que entender os efeitos de uma pena excessiva na vida de todos os que estão ligados a ela, seja o acusado, seus familiares ou amigos.

Para isso, a produção capitaneada pelo New York Times vai e volta em materiais de arquivo da família e filmagens e entrevistas com Fox e seus filhos, criando uma tapeçaria que privilegia exatamente o lado emocional de viver dentro de um sistema dominado por absurdos. A decisão certamente não é para todos os gostos (ainda mais quando se demora a se ambientar no estilo disperso de narrativa), mas os últimos 20 minutos dão cabo da tarefa de unir todas as pontas e ganham muito com os últimos momentos.

“Time” está disponível no Amazon Prime Video.

“Wolfwalkers”

Se o favoritismo descalibrado de “Soul” para Melhor Animação reforça o problema da preferência de via única da Academia pela Pixar nos últimos anos da categoria e até atrapalha a avaliação das qualidades do filme de Pete Docter (que são muitas, aliás), ele também esconde o outro grande nome na corrida deste ano. Além de um dos dois originais do Apple TV+ na premiação, “Wolfwalkers” também é o novo filme da Cartoon Saloon, um estúdio irlandês que sempre marca presença e nunca leva o Oscar, e surge como uma espécie de coroação do estilo requintado e bem pensado da produtora.

Isso porque o filme de Tomm Moore e Ross Stewart tem na história de homens-lobo – ou melhor, mulheres-lobo – uma premissa expansiva e que vai desde a mensagem ambiental aos dramas paternais e maternais, ideal para construção de um épico localizado que o formato já mostrou tantas vezes ser capaz de realizar. Considere que o estilo de animação bidimensional só acrescenta à mitologia e a narrativa em curso e tem-se aí uma obra potente em seus atos.

“Wolfwalkers” está disponível no Apple TV+.

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